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Significado de Zacarias 13:7-9
Em Zacarias 13:1-6, o SENHOR prometera restaurar e purificar os judeus, removendo os ídolos e os falsos profetas da terra. O povo se dedicaria a Deus de todo o coração, tanto que os pais de um falso profeta estariam dispostos a executá-lo. Os falsos profetas se tornariam tão impopulares que começariam a esconder sua identidade e profissão por medo de serem punidos.
Na presente seção, o SENHOR descreve um dia vindouro em que Seu líder ungido morreria, fazendo com que dois terços da população perecesse, enquanto um remanescente de Israel (um terço) seria salvo e proclamaria o SENHOR como seu Deus. Esses acontecimentos parecem estar afastados da era mencionada nos capítulos 12 a 13:6, quando Israel passaria a reconhecer Jesus como Messias. Esta seção começa falando do tempo do primeiro advento de Jesus, quando Ele seria rejeitado e traspassado.
Deus inicia com o imperativo: “Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro” (v. 7). O verbo “despertar” significa "estimular" ou "agitar", ou seja, tornar alguém ou algo ativo. Muitas vezes, Javé é quem causa essa ativação. Por exemplo, "moveu Jeová o espírito de Ciro, rei da Pérsia, para fazer por todo o seu reino" para permitir que todos os exilados retornassem à sua terra natal (Esdras 1:1). Da mesma forma, "Jeová suscitou o espírito do governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e o espírito do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e o espírito de todo o resto do povo; eles vieram e trabalharam na Casa do seu Deus, Jeová dos Exércitos" (Ageu 1:14).
Aqui em nossa passagem, o SENHOR ordena que a espada despertasse como se fosse uma guerreira. Este instrumento de morte, afirma o Senhor, seria “contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro”.
A frase “Meu Pastor” significava um líder divinamente designado para Israel (Ezequiel 34:23). A expressão “Meu companheiro” transmitia a idéia de uma relação íntima entre Deus e o homem. Esse pastor não seria um homem comum. Ele não seria como os "pastores imprestáveis" que não cuidavam do povo de Deus (Zacarias 11:17). Ele seria o representante especial do SENHOR na terra e Seu companheiro, o que significava que sua natureza era idêntica à de Deus. Em essência, Deus e Seu Companheiro eram um só (João 10:30). O Pastor era o mesmo que Seu Companheiro - ambos se cumpriram em Jesus.
Deus convoca a espada para golpear o Pastor para que as ovelhas fossem espalhadas. O Pastor é Aquele traspassado, conforme mencionado em Zacarias 12:10. Ele é o verdadeiro Pastor, Jesus. No Evangelho de Mateus, Jesus se refere a Si mesmo como o "Pastor" de Zacarias 13:7. Jesus é o Messias. Ele é o Companheiro de Deus (João 1:18; 5:37; 6:46). Ele é "o Bom Pastor" (João 10:11, 14). Assim, quando Zacarias profetiza: “Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas”, ele prevê que, quando o povo prendesse e executasse o Messias, Seus seguidores ("as ovelhas") seriam espalhadas pelo medo.
No caminho para o Jardim do Getsêmani, Jesus disse a Seus discípulos que a profecia de Zacarias estava prestes a ser cumprida naquela mesma noite, quando eles se espalhariam como ovelhas para escapar da desgraça que viria sobre Ele (Mateus 26:31). O profeta Isaías também profetizou a respeito do abandono do Messias ao escrever: "Era desprezado e rejeitado dos homens; um varão de dores e que tinha experiência de enfermidades" (Isaías 53:3).
Vale a pena notar que, embora a profecia afirmasse que os discípulos seriam espalhados por causa de Jesus, eles ainda foram responsáveis por sua covardia e pecado (Mateus 26:31). O cumprimento dessa profecia não os isentou de responsabilidade. Eles escolheram fugir; eles se dispersaram e se espalharam porque não entenderam o plano de Deus (Mateus 16:23).
A previsão de Jesus sobre os discípulos foi precisa. Poucas horas depois de lhes dizerem esta verdade, todos se afastaram e foram "dispersos por causa d'Ele naquela noite" (Mateus 26:31). Uma vez que as multidões saíram para prender Jesus, "todos os discípulos o deixaram e fugiram" (Mateus 26:56).
O versículo 7 conclui dizendo: “Voltarei a minha mão para os pequeninos”. “Voltar a mão” para alguém significava prejudicar ou machucar a pessoa. Os “pequeninos” representavam os cordeiros jovens do rebanho ou os mais infelizes (Zacarias 11:7). No contexto, a expressão “pequeninos” poderia se referir às ovelhas dispersas. Porém, parece referir-se melhor ao povo de Judá, já que o versículo seguinte se refere a “toda a terra”.
O profeta Zacarias, agora, explica como Deus desencadearia Seu julgamento sobre o povo de Judá. Ele começa com a cláusula “Em toda a terra”, visando referir-se ao tempo em que Deus interviria na história para realizar um aspecto específico de Seu plano (v. 8). Zacarias, então, faz uma pausa e insere a expressão profética "diz Jeová", buscando confirmar a fonte da mensagem e dar credibilidade a ela.
Então, ele retoma seu discurso sobre o juízo de Deus sobre a terra e diz: “Duas partes nela serão exterminadas e perecerão, mas a terceira ficará nela”. Isso provavelmente significava que dois terços da população da Judéia morreriam ou seriam exilados. Mas Deus preservaria o terço restante. O cumprimento dessa profecia pode ter ocorrido em 70 d.C., quando os romanos destruíram a cidade de Jerusalém, causando muitas mortes e fazendo com que o povo judeu fosse espalhado em todas as direções. Também pode se referir a um tempo futuro, como veremos no capítulo seguinte, referindo-se a uma data futura quando Jerusalém seria atacada.
O capítulo termina com uma nota positiva através da qual o SENHOR explica o destino dos remanescentes, aqueles que foram fiéis a Deus. Ele afirma: “Farei passar a terceira parte pelo fogo”. No mundo antigo, as pessoas usavam o fogo para cozinhar seus alimentos (Êxodo 12:8; Isaías 44:15), para aquecê-los (Isaías 44:15) e para produzir luz (Isaías 50:11). O fogo também era um instrumento de guerra porque os vencedores costumavam incendiar as cidades que conquistavam (Josué 6:24; 8:8; Juízes 1:8).
O fogo também era usado para refinar metais e queimar lixo (ver respectivamente Isaías 1:25 e Levítico 8:17). Esta aplicação parece se encaixar nesta passagem. Os profetas do Antigo Testamento frequentemente usavam o termo “fogo” para descrever o julgamento de Deus (Amós 1:4, 5:6; Ezequiel 36:5). Em Zacarias, o propósito do fogo de Deus era o de purificar os justos, removendo suas impurezas: “...os purificarei como se purifica a prata, e os provarei como se prova o ouro” (v. 9).
O verbo “refinar” ("ṣārap̱", em hebraico) significava a remoção de impurezas, como o processo de refino de um metal precioso. O verbo “provar” significava testar algo ou colocá-lo à prova para verificar sua natureza, incluindo suas imperfeições. No mundo antigo, as pessoas colocavam metais brutos em uma fornalha e fundiam os metais para remover as escórias (Ezequiel 22:17-22). Uma vez refinado, o metal precioso passava por uma avaliação (teste) para se estimar seu valor. Este processo isolava os metais puros dos materiais de baixa qualidade, a fim de purificar o metal. Em Zacarias, o SENHOR usa a metáfora do refinamento através do fogo para explicar como Ele purificaria os judeus no futuro. O dia do SENHOR seria como o fogo de um refinador para Seu povo (Malaquias 3:2).
O apóstolo Paulo aplica esta mesma imagem do fogo refinador a todos os crentes, dizendo que todos estaremos diante do tribunal de Cristo e teremos nossas obras julgadas pelo fogo:
"Contudo, se alguém edifica sobre o fundamento um edifício de ouro, de prata, de pedras preciosas, de madeira, de feno, de palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque ele é revelado em fogo; e qual seja a obra de cada um, o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra do que a sobre-edificou, este receberá recompensa; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas o tal será salvo, todavia, como através do fogo" (1 Coríntios 3:12-15).
Quando a transformação prevista ocorrer e os fiéis de Deus forem refinados, Deus declara: “Eles invocarão o meu nome, e eu os escutarei” (v. 9). Invocar o nome do SENHOR significava reconhecer Seu poder e adorá-Lo. Significava aproximar-se Dele com um espírito agradecido e oferecer petições com um coração sincero. Por exemplo, depois que o Senhor ordenou que Abrão deixasse sua terra e fosse para a terra de Canaã, Abrão obedeceu-O e entrou em Canaã. Enquanto estava estacionado entre Ai e Betel, ele "construiu um altar ao SENHOR e invocou o nome do SENHOR" (Gênesis 12:8). Abrão louvou ao Senhor e buscou Sua proteção e sabedoria.
Nesta passagem, Deus antevê o dia em que os remanescentes fiéis, aqueles que seriam purificados através do Seu fogo refinador, O contemplariam com gratidão e espírito arrependido. Nesse momento, Ele atenderá a suas petições (Isaías 30:19). Ele perdoará seus pecados e restaurará a comunhão com eles. O povo da aliança servirá a Deus fielmente. Deus lhes dirá: “São meu povo”. Isso provavelmente se refira ao momento em que Israel retornará a Deus e O seguirá com fidelidade.
Israel reconhecerá Javé como seu único Susserano (Governante) e o povo lhe dirá: “Jeová é o meu Deus”. Essas duas declarações lembram a aliança estabelecida por Javé com os israelitas (Levítico 26:1-2). Elas falam de uma renovação do pacto para um povo espiritualmente restaurado (Ezequiel 36:28; Oséias 2:23). Tal restauração fará com que o povo esteja em perfeita harmonia com seu Deus. A comunhão será restaurada entre Deus e Seu povo.