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Significado de 1 Coríntios 9:15-18

Paulo pregava o Evangelho porque Jesus o havia chamado. Embora defendesse o direito dos ministros de serem apoiados financeiramente, ele não queria o pagamento. Ele pregava o Evangelho sem cobrar as pessoas por isso, por obediência voluntária a Jesus. Isso era sustentado por seu objetivo maior.

Paulo está lidando com alguns desafios à sua autoridade apostólica. Seus oponentes o criticavam por não depender de apoio monetário em seu ministério. Até este ponto, Paulo faz uma extensa defesa da prática de que os ministros do Evangelho deveriam receber apoio em seus ministérios. Ele argumenta isso a partir do ponto de vista prático, mas também da perspectiva da Lei e das práticas dos sacerdotes levíticos. Porém, ele agora proclama: “mas nenhuma dessas coisas tenho eu usado”. Ele tinha esse direito. Ele apoiava a prática. Porém, decide abster-se de exercer tal direito.

O apóstolo deixa claro que não queria receber apoio. Ele afirma: “Nem escrevo isso para que se faça assim comigo”. Ele não fez valer o seu direito de ser amparado. Ele não estava pedindo apoio. Ele não estava tentando colocar a culpa em ninguém. Na verdade, ele faz uma declaração um tanto quanto surpreendente, dizendo: pois melhor me fora morrer do que alguém fazer vã a minha glória”. Paulo deixa claro que seu objetivo era alcançar a glória e ganhar o grande prêmio da aprovação de Jesus por sua fidelidade na corrida da vida. Paulo é bastante cuidadoso ao evitar que qualquer pessoas o impedisse em seu caminho, tornando vazia sua glória de correr a corrida da vida de forma a ganhar o grande prêmio (v. 24). Paulo irá, de fato, morrer pelo Evangelho (2 Timóteo 4:6).

O apóstolo, agora, oferece sua lógica interna, seu próprio raciocínio quanto ao motivo de er escolhido abrir mão de seu direito de receber pagamento para exercer seu ministério. Ele diz acreditar que isso tornaria seu ministério mais eficaz. Mas, antes disso, descobrimos que ele se abstinha de receber apoio financeiro devido à sua própria fraqueza. Paulo não queria correr o risco de abusar de sua autoridade e perder seu prêmio.

Ele afirma: “Se eu pregar o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação: ai de mim se não anunciar o evangelho!” Jesus o havia chamado para pregar o Evangelho (Atos 9). Paulo reconhece que Jesus era seu Senhor e que se ele desobedecesse a seu chamado ele estaria em problema. Sua avaliação sobre uma eventual recusa em pregar o Evangelho era: “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho”. Paulo deixara claro no início desta carta que ele desejava que sua obra durasse para a eternidade (1 Coríntios 3:11-17). Ele sabia que sua obra poderia ser como "madeira, feno e palha" e queimar no fogo do julgamento de Jesus. Ele também sabia que a quem muito fosse dado, muito seria exigido (Lucas 12:48). Ele entendia que sofreria grandes perdas caso decidisse não pregar o Evangelho.

Se não pregasse o evangelho, Paulo seria como os filhos do Reino nas trevas exteriores, sendo proibido de juntar-se ao banquete de honra de Jesus em Seu Reino, enquanto gentios que demonstraram fé estariam sentados à mesa de honra com Abraão, Isaque e Jacó (Mateus 8:10-12). Ele deixara claro no capítulo 3 que haveria grande perda para os que não administrassem adequadamente seu tempo na terra (1 Coríntios 3:11-15). Paulo aplica esse princípio a si mesmo e calcula que, em seu caso, se ele não pregasse o Evangelho, ele sofreria grandes perdas. É claro que ele estava olhando para além desta vida. Trabalhar com as próprias mãos, em vez de angariar apoio financeiro, não facilitaria sua vida. Paulo tornará isso explícito nos versículos 24-27.

O apóstolo raciocina que aumentaria muito sua esperança de recompensa ao abrir mão de seu direito ao apoio financeiro em seu ministério. Ele diz: “Se faço isso de vontade própria, tenho galardão”. Paulo passara um tempo considerável defendendo o princípio de que os ministros do Evangelho deveriam ser recompensados por seu trabalho na forma de apoio financeiro, assim como o soldado, o fazendeiro ou o pecuarista. Cada um era estimulado pela esperança de receber recompensas na forma de apoio financeiro (1 Coríntios 9:7-12). Porém, agora, Paulo expressa desejar uma recompensa muito maior do que o mero apoio financeiro. Ele desejava a recompensa de Jesus. Ele raciocinava que o caminho para se obter esta recompensa maior era obedecer a Jesus “de vontade própria”. A expressão “de vontade própria” pode ser traduzida como "voluntariamente". No contexto, a expressão traz a idéia de "entusiasticamente".

Paulo havia afirmado ser compelido a pregar o Evangelho. Porém, fica claro aqui que essa compulsão decorria de sua própria avaliação dos riscos e recompensas quanto às suas decisões. Ele claramente estava ciente da responsabilidade que tinha de seguir ou não à ordem de Jesus de pregar o Evangelho. Ele podia se recusar a fazê-lo - Jesus lhe dera essa escolha. No entanto, Paulo avalia a realidade do que estava em jogo e encontra uma resposta clara e convincente. Apenas um "acéfalo" desobedeceria a Jesus. Paulo havia sido compelido pela pura realidade de causa-efeito em jogo.

O apóstolo reconhece que poderia pregar o Evangelho contra sua vontade. Ele afirma: “...se não é de vontade própria, apenas se me tem confiado o ofício de despenseiro”. Paulo poderia pregar apenas o suficiente e dizer: "Jesus, eu fiz o que o Senhor me pediu". Ele cumpriria a mordomia que lhe havia sido confiada por Jesus. Ele certamente completaria seu trabalho. O resultado de meramente fazer seu trabalho seria muito melhor do que o resultado provocado pelo "ai de mim" se me recusar a pregar o Evangelho. Porém, Paulo desejava mais do que apenas fazer o mínimo.

Quando Jesus contou a parábola dos talentos em Mateus 25, Ele indicou que se o servo que havia recebido um único talento o tivesse colocado no banco, ele teria feito o mínimo. Paulo raciocina que podia fazer isso. Entretanto, ele desejava uma recompensa maior. Ele acreditava que a maior recompensa vinha da obediência a Jesus voluntariamente. Paulo confessa seu motivo mais profundo: ele desejava alcançar o maior prêmio da vida (v. 24-27). Ele, agora, faz uma pergunta e a responde: "Qual é, pois, o meu galardão?" Paulo se recusara a receber qualquer apoio financeiro para ministrar o Evangelho. Para ele, tal recusa fazia parte da conquista de uma recompensa maior. Uma recompensa decorrente da pregação voluntária do Evangelho. Paulo decidiu trabalhar para prover seu próprio sustento buscando colocar-se disponível e servir em obediência em um nível muito mais alto.

O apóstolo faz a pergunta que fundamentava a acusação e o ataque ao seu apostolado, abordando abertamente seu motivo. Ele pergunta: “Qual é, pois, o meu galardão?Paulo não tenta fingir não ter interesses próprios. A Bíblia reconhece claramente que o interesse próprio é algo ao qual todos os seres humanos buscam. É por isso que o segundo maior mandamento ordena aos seres humanos que amem uns aos outros da mesma forma que desejam ser amados (Mateus 22:39). A conclusão nesta declaração feita por Jesus é a de que todos nós naturalmente buscamos os nossos próprios interesses. Paulo admite abertamente buscar a seu próprio interesse. Ele elabora uma extensa explicação sobre seu motivo.

Ele afirma: “...anunciando o evangelho, eu o faça sem preço, para não usar em absoluto do meu direito no evangelho”. Paulo continua a explicar que, para ele, fazer isso o colocava em uma mentalidade que o levaria a uma obediência maior e a uma recompensa maior.

A frase “usar em absoluto do meu direito no evangelho” está claramente conectada com sua decisão de oferecer o Evangelho sem custos. A frase é traduzida em algumas versões como "não abusar da minha autoridade no evangelho". Pode ser que Paulo se conhecesse o suficiente para saber que receber dinheiro das pessoas a quem ele ministrava se tornaria um obstáculo para ele, impedindo o ministério voluntário do Evangelho e dificultando a recompensa maior à qual ele desejava alcançar.

Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo aponta para missionários que abusavam de sua posição como mestres: "...julgando que a piedade é um mero interesse" (1 Timóteo 6:5). Aqueles mestres, na verdade, não estavam levando as pessoas à piedade, mas sim a "contendas de palavras, das quais se originam invejas, brigas, calúnias, suspeitas injustas" (1 Timóteo 6:4). Paulo aqui parece estar dizendo: "Não desejo ser colocado na posição de ser tentado a abusar da minha autoridade como mestre do Evangelho".

Paulo nos mostra que praticava o autoexame (1 Coríntios 4:4). Ele encoraja outras pessoas a praticarem o autoexame para garantir que não sejam desqualificadas da corrida da vida e do recebimento do maior prêmio (2 Coríntios 13:5). Ele parecia se conhecer muito bem e desejava se humilhar ao se auto-sustentar financeiramente. Ele nos dirá a seguir que não desejava pregar o Evangelho apenas para se ver desqualificado do recebimento do maior dos prêmios (v. 27). O apóstolo parecia acreditar que receber apoio financeiro oferecia um grande risco ao seu projeto; assim, ele decide abrir mão do direito no Evangelho.

Em seguida, Paulo registrará outras razões pelas quais ele escolheu renunciar ao seu direito de receber apoio financeiro — ele acreditava que tal decisão tornaria seu ministério mais eficaz. Por sua vez, sua decisão aumentaria sua potencial recompensa, uma recompensa eterna.

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