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Significado de 1 Coríntios 9:24-27
Paulo continua a responder à pergunta do versículo 18: "Qual é, pois, o meu galardão?" Neste capítulo, Paulo lida com a acusação de que ele não tinha autoridade genuína como apóstolo por não receber apoio financeiro, mas trabalhar com suas próprias mãos e se auto-sustentar. Paulo explica sua motivação para buscar suprir às suas próprias necessidades. Ele explica que não apenas havia decidido cobrir suas próprias despesas, mas também se tornado "tudo para todos" (v. 22), encontrando cada pessoa onde elas estavam, para que pudesse "ganhar mais" para Cristo. Ao explicar seu método, Paulo deixa claro que, em cada escolha, ele tomava a decisão deliberada e intencional de colocar o avanço do Evangelho acima de seu conforto.
Paulo, agora, recorre a uma analogia para enfatizar seu argumento. Sua proposta era clara: "Quero alcançar o maior prêmio da vida", aquele concedido na próxima vida. Para isso, ele usa exemplos de uma versão do que hoje chamamos de "Jogos Olímpicos", inventados pelos gregos. A versão que acontecia em Corinto era chamada de Jogos Ístmicos. Eles aconteciam em Corinto a cada segundo e quarto ano de uma Olimpíada (as Olimpíadas ocorriam sempre no primeiro ano em cada grupo de quatro anos).
As imagens atléticas que Paulo está prestes a usar eram muito familiares a seu público. Como judeu, Paulo naturalmente sabia pouco sobre tais empreendimentos gentios. Porém, ele acabara de declarar havia se tornado todas as coisas para todos os homens (v. 22). Parte disso significava compreender a cultura gentia. Por exemplo, em Atenas, Paulo apresentou o Evangelho de Cristo aos atenienses citando poetas gentios (Atos 17:28).
Paulo ainda está respondendo à pergunta que lhe havia sido feita: Que recompensa você busca? Ele faz uma pergunta: “Não sabeis que os que correm no estádio correm, na verdade, todos, mas um só é que recebe o prêmio?” Paulo deixa claro que seu objetivo era o de correr para vencer a corrida da vida e, para isso, seria preciso não ser desclassificado.
Para participar dos Jogos Ístmicos, cada atleta tinha que atender aos seguintes requisitos. O não cumprimento de certos requisitos resultaria em sua desclassificação. Alguns deles eram:
A quebra da dieta ou a negligência aos treinamentos resultaria em desqualificação. O contexto para essa analogia certamente ra bem conhecido pelos coríntios que liam à carta de Paulo.
Muitas das competições nos Jogos Ístmicos consistiam de corridas a pé. Paulo deixa de falar sobre sua própria motivação e encoraja a todos os coríntios a se juntarem a ele, dizendo: “Assim correi, de modo que o alcanceis”. No versículo 18, Paulo fez uma pergunta retórica: "Qual é, pois, o meu galardão?" O apóstolo deixa claro que seu propósito era o de correr a corrida da vida de forma a vencer. Ele pretendia treinar com toda a seriedade e disciplina dos "atletas olímpicos". Ele se refere a seu treinamento rigoroso, observando que “Todos os atletas em tudo se moderam”. Se os atletas gregos conseguriam exercer autocontrole para ganhar uma recompensa temporal, quanto mais os crentes deveriam exercer autocontrole para alcançar uma recompensa eterna!
Paulo faz esse contraste, observando que os atletas gregos faziam aquilo para “receber uma coroa corruptível”. Os vencedores dos Jogos Ístmicos eram chamados ao "Assento Bema" e recebiam uma guirlanda feita de flores. Isso significava uma grande honra, uma das maiores honrarias disponíveis na sociedade grega. Porém, a honra era, por natureza, perecível. Seu troféu se desfaria. Sua fama se perderia. Tudo o que eles alcançavam passaria.
Por outro lado, os crentes em Cristo podiam vencer sua corrida e ser chamados ao "Assento Bema" (assento de julgamento) para receber uma recompensa eterna que nunca desaparecerá. Paulo afirma isso abertamente em outra carta a essa mesma igreja:
Pois é necessário que todos sejamos descobertos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, conforme o que praticou, o bem ou o mal (2 Coríntios 5:10).
A palavra traduzida como "assento de julgamento" é a palavra grega "bema". Ele era composto por uma plataforma elevada a partir da qual um julgamento era exarado, podendo ser decretos judiciais ou premiações atléticas. No caso do "bema" de Jesus, serão as duas coisas. Jesus julgará como cada crente "correu sua carreira" e dará recompensas "de acordo com o que cada um fez".
Assim, vemos que todos os crentes estão engajados em uma corrida. Paulo aconselha cada um deles a correr de tal forma que possa vencer. Os atletas gregos corriam para ganhar uma coroa de flores perecível. Paulo contrasta as competições gregas com a corrida da vida, dizendo: “...nós, uma incorruptível”. Na corrida da vida, não competimos uns contra os outros, mas contra a nossa própria carne.
Paulo conclui sua resposta à pergunta: "Qual é, pois, o meu galardão?": “Eu, por minha parte, assim corro, não como na incerteza; de tal modo combato, não como açoitando o ar; pelo contrário, esbofeteio o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, havendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser rejeitado.”
Paulo corria com um propósito específico: alcançar o maior prêmio da vida. É por isso que ele diz que disciplinava a seu próprio corpo. Vencer a corrida da vida requer deixar de lado o conforto terreno para buscar a recompensa celestial. Isso requer fé. Uma maneira de Paulo exercer essa fé foi disciplinando a seu próprio corpo e se auto-sustentando em seu ministério. Foi assim que este capítulo começou. Paulo estava respondendo à alegação de que sua autoridade apostólica não era genuína, já que ele não tinha apoiadores financeiros, mas trabalhava para se auto-sustentar.
Conforme Paulo explica longamente, os ministros do Evangelho tinham todo o direito de criar uma equipe de apoio para poderem ministrar o Evangelho. Paulo também tinha esse direito. Porém, ele escolheu deixar isso de lado por duas razões: a) ele não queria abusar de sua autoridade, conhecendo suas próprias tendências (v. 18); e b) ele acreditava que trabalhar e se auto-sustentar ofereceria oportunidades adicionais de alcançar mais pessoas trabalhando ao lado delas no mercado. Ao fazer isso, Paulo faz o mesmo tipo de cálculo dos "atletas olímpicos". Ele faz isso com um objetivo final em mente.
Paulo tinha um objetivo muito específico. Ele corria, mas não sem objetivo. O apóstolo deliberadamente negava a si mesmo qualquer tipo de conforto. Em cada caso, ele decidia promover a eficácia no avanço do Evangelho de Cristo. Esta era a mordomia para a qual Ele havia sido chamado (v. 17). Seu objetivo era o de cumprir voluntária e efetivamente sua mordomia com todas as suas forças, esperando ser recompensado por Cristo, a quem ele servia.
Paulo, agora, muda do tema das corridas para o boxe, que também era um esporte popular nos Jogos Ístmicos. Ele diz: “...de tal modo combato, não como açoitando o ar”. Os boxeadores tinham muita energia. Se gastassem sua energia golpeando o ar, eles perderiam a luta. Paulo não desejava desperdiçar um grama sequer de energia em nada que não importasse na luta da vida. Ele desejava que cada coisa que fizesse contasse para vencer a luta. Ele desejava que "cada golpe entrasse". Ele desejava alcançar o prêmio maior de agradar a Jesus, o Criador e Sustentador de tudo o que existe.
O apóstolo já explicara as motivações por trás de suas ações. Ele exorta os coríntios a seguir seu exemplo e correr a corrida da vida de forma a vencer. Paulo afirma: “...esbofeteio o meu corpo e o reduzo à escravidão”. Ele era como qualquer outra pessoa, preferindo o conforto à dor. Porém, ele tinha um objetivo: alcançar o prêmio maior da vida. Para isso, ele precisaria forçar seu corpo a fazer coisas que preferia não fazer, assim como um atleta de alto rendimento.
E, assim como os gregos, que treinavam para os Jogos Ístmicos e desejavam evitar a desclassificação, Paulo queria ter certeza de que, depois de ter “pregado a outros, não venha eu mesmo a ser rejeitado”. A maior parte da pregação de Paulo era orientada para exortar os crentes a suportar a perseguição, a fim de que eles também pudessem alcançar o prêmio maior da vida, ou seja, receber a glória de Jesus no tribunal de Cristo.
Paulo afirmara isso anteriormente nesta carta:
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como sábio construtor; e outro edifica sobre ele. Porém veja cada um como edifica sobre ele. Pois ninguém pode pôr outro fundamento, senão o que foi posto, que é Jesus Cristo. Contudo, se alguém edifica sobre o fundamento um edifício de ouro, de prata, de pedras preciosas, de madeira, de feno, de palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque ele é revelado em fogo; e qual seja a obra de cada um, o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra do que a sobre-edificou, este receberá recompensa (1 Coríntios 3:10-14).
Esta passagem deixa claro que tudo o que cada crente faz durante sua vida na terra é construir um fundamento que será julgado pelo fogo, o fogo da presença de Jesus (Hebreus 12:29). Os trabalhos de alta qualidade suportarão o fogo e receberão recompensas. Se não, serão queimados.
Se um grego fosse desqualificado dos Jogos Ístmicos, isso não significava perder sua cidadania. Como grego nativo, isso jamais lhe seria tirado. A desclassificação, no entanto, significaria que ele não poderia mais ganhar o prêmio. A aplicação disso aos crentes é que nenhum deles perde o novo nascimento na família de Deus. Nascer de novo é um dom gratuito, resultado da graça, pela fé (João 3:14-16; Efésios 2:8-9). Porém, para alcançarmos o prêmio maior da vida, isso exigirá disciplina e esforço. Precisaremos fazer tudo como para o Senhor. Conforme Paulo afirma em sua carta aos Colossenses:
Tudo o que fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor e não aos homens, 24sabendo que do Senhor recebereis a recompensa da herança. Estais servindo a Cristo, o Senhor (Colossenses 3:23, 24).
Paulo deixa claro que tudo o que fazia era voltado para a conquista desse prêmio. Ao final de sua vida, ele escreve sua segunda carta a Timóteo, concentrando-se principalmente em exortar a seu discípulo a ter coragem de continuar na fé, mesmo que ele, Paulo, estivesse prestes a morrer como mártir. Paulo afirma que havia alcançado a coroa da justiça e que, por ela, a perda de todas as coisas valeria a pena, inclusive sua própria vida (2 Timóteo 4:8). A última coisa que Paulo desejava fazer era ensinar isso aos outros e ser ele próprio desqualificado.
Isso significava que o apóstolo reconhecia sua própria falibilidade e fraqueza, tomando medidas para combatê-las. Ele conhecia seus defeitos e removia as tentações. Ele tinha a tendência de abusar de sua autoridade, por isso deixou sua autoridade de lado. Ele estava de olho no prêmio maior.
Vale a pena notar que Paulo teve um vislumbre do céu, um pequeno gostinho da imensa glória pela qual ele lutava (2 Coríntios 12:1-6). Embora não lhe tenha sido permitido dizer muito a respeito disso, as decisões radicais tomadas por ele em sua vida para alcançar o prêmio maior mostram quão grande era sua motivação em agradar a Jesus em todas as suas obras, tendo em vista a glória da eternidade com Deus. Paulo foi muito além de defender seu apostolado e nos deu um vislumbre das partes mais profundas de sua alma. Ele revelou suas motivações mais profundas e convidou a todos os crentes a se juntarem a ele na busca por uma vida vivida para a eternidade. O prêmio maior da vida é uma recompensa imperecível.