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Significado de 1 Tessalonicenses 4:1-8
Paulo começa a concluir sua carta escrevendo: Finalmente, irmãos. Seus pensamentos finais nos capítulos 4 e 5 responderão às perguntas que os tessalonicenses tinham sobre a volta de Cristo, exortando-os a se concentrarem em uma coisa importante: a santificação. A santificação significa uma separação para um serviço especial a Deus e aos outros. Tornamo-nos santificados andando nos caminhos de Deus.
Paulo escreve que ele e seus colegas, Silvano (Silas) e Timóteo, pedem e exortam no Senhor Jesus, apelando nos termos mais fortes que assim como eles haviam recebido instruções deles em relação a como andar e agradar a Deus, eles deveriam abundar nisso cada vez mais. Os tessalonicenses viviam sua fé de forma excelente, mostrando amor uns pelos outros e resistência na perseguição. Porém, Paulo e sua equipe lhes dizem para se destacarem ainda mais, para crescerem em seu amor e permanecerem firmes diante de todos os ataques contra eles (1 Tessalonicenses 3:8, 12).
Paulo e companhia não apenas pedem aos tessalonicenses que abundem ainda mais, mas eles os exortam e encorajam a fazê-lo. A recompensa da fidelidade é a oportunidade de ser ainda mais fiel. O escravo perverso e preguiçoso na parábola dos talentos identificou isso corretamente como uma das características de seu senhor (representando a Deus na parábola), ou seja: a forma de Deus recompensar um serviço fiel é concedendo maiores responsabilidades ainda em Seu Reino. O Mestre valida isso ao recompensar a cada mordomo fiel, dizendo:
"Muito bem, servo bom e fiel. Foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra na alegria do teu senhor" (Mateus 25:23).
Os mordomos haviam sido "fiéis no pouco"; assim, o Senhor lhes dá responsabilidades ainda maiores. É claro que, junto com essa responsabilidade muito maior vem "a alegria de seu mestre", que é a maior realização que podemos ter como seres humanos. Esta é a parte que o servo perverso e preguiçoso parece ter perdido. Para alcançarem a alegria de seu Senhor, Paulo desejava que os tessalonicenses abundassem ainda mais na mordomia de sua caminhada com Cristo. Só há duas opções na vida: melhorar ou piorar. Ficar do mesmo jeito raramente é uma opção plausível. Paulo exorta os tessalonicenses a continuarem a se esforçar ainda mais em sua obediência aos caminhos de Cristo.
Ele lembra aos irmãos de que eles sabem quais mandamentos lhes demos pela autoridade do Senhor Jesus. Embora o tempo de Paulo com os tessalonicenses tenha sido breve, ele foi capaz de ensinar-lhes alguns mandamentos pela autoridade de Jesus. Ele claramente os ensinou a viver uma vida de obediência fiel, a esperar pelo sofrimento e a suportá-lo, a amar uns aos outros como servos — todas as coisas que o próprio Cristo ensinou durante Seu tempo na terra (1 Tessalonicenses 1:13-14). Paulo, então, aponta a razão da necessidade do crescimento em amor e da caminhada de fé com Deus: Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação.
Isso é algo muito profundo. É importante notar o quão definitiva a afirmação de Paulo é: a vontade de Deus é a santificação do crente.
"Santificar" significa separar para um propósito especial. É semelhante à idéia de ser santo ou precioso, ao invés de ser comum; valioso, ao invés de lixo. Nos tempos antigos, poderíamos nos referir a um nobre ou a alguém da realeza, ao invés de um plebeu; uma porcelana sofisticada, ao invés de um prato de papel; algo altamente útil, ao invés de algo com pouca utilidade.
Deus deseja que vivamos de acordo com o propósito extremamente especial para o qual Ele nos projetou. Qual é este propósito?
Vemos no Salmo 8 uma declaração muito clara do propósito de Deus em criar aos seres humanos. Somos designados a silenciar Seu inimigo, Satanás. Isso é mostrado neste versículo do Salmo 8, que fala dos seres humanos como "bebês que mamam" quando comparados aos seres angelicais. O escritor do Salmo 8 se maravilha com o fato de que Deus elevou os humanos sobre Sua criação ao invés dos anjos, embora os humanos sejam "inferiores". Em comparação com os anjos, os humanos são fracos e dependentes, como bebês em comparação com adultos. No entanto, no Salmo 8, o salmista declara:
"Da boca de bebês e dos que mamam estabelecestes força, para fazer cessar o inimigo e o vingador" (Salmos 8:2).
Deus designou os humanos para terem domínio sobre a terra, para governarem a terra em harmonia com Deus, uns com os outros e com a natureza. Romanos 8 nos diz que toda a criação geme, esperando que todas as coisas sejam restauradas ao seu equilíbrio adequado, o que exige que os seres humanos façam o trabalho que lhes foi designado. Isso é algo incrível! O Salmo 8 nos diz que os seres humanos são inferiores aos anjos. Então, por que os seres humanos têm precedência sobre os anjos?
A resposta é: para "silenciar o inimigo e o vingador". Nós, humanos, somos os "bebês que mamam". Quando vemos um bebê amamentando, sabemos de uma coisa com certeza: eles são seres recém-chegados. Comparados aos anjos, somos recém-nascidos. Os anjos existem há eras. Porém, Deus não os nomeou para governar a terra. Ele nomeou aos seres humanos. Por quê? Paulo expõe isso em sua carta aos Efésios:
"...para que a multiforme sabedoria de Deus possa agora ser dada a conhecer através da igreja aos governantes e às autoridades nos lugares celestiais" (Efésios 3:10).
Os anjos (os "governantes e autoridades nos lugares celestiais") existem há eras. Eles sempre estiveram na presença de Deus. Eles foram ensinados por Deus. Mas eles procuram entender a multiforme sabedoria de Deus. A igreja, o Corpo daqueles que creram em Jesus e que vivem pela fé (João 3:14-16) é observada pelos anjos. Este Corpo lhes ensina coisas sobre Deus que eles não conseguem aprender na presença de Deus. Isso nos mostra que a curta vida que temos na terra para caminhar pela fé é um tempo muito precioso. Ao primarem ainda mais por sua fidelidade, os tessalonicenses alcançariam o maior benefício possível para sua vida na terra.
Esta observação dos anjos aos seres humanos parece ocorrer apenas com os anjos bons. Porém, parte do propósito da criação dos seres humanos é "calar" ao inimigo e ao vingador, ou seja, os anjos caídos, Satanás e seus asseclas. A palavra "Satanás" não é um nome próprio, é uma ocupação. O termo significa "o acusador".
Nós, como seres humanos, temos um propósito especial. Obviamente, neste momento, as coisas não estão da forma como foram concebidas. Vivemos em um mundo decaído. Isso é reconhecido em Hebreus 2, que cita o Salmo 8 (ver comentário sobre Hebreus 2:5-8 e 2:9). O autor afirma que atualmente não vemos os humanos coroados com a glória e a honra de reinar sobre a terra conforme o plano inicial. Neste momento, Satanás é o príncipe da terra (João 14:30). Pode ser que ele tenha sido restaurado à posição de governante do mundo quando Adão caiu no Jardim do Éden.
O que vemos, no entanto, é Jesus que foi coroado de glória e honra. Ele recebeu toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra como resultado de Sua obediência ao Pai. Ele veio para morrer pelos pecados do mundo (Mateus 28:18; Filipenses 2:5-10). Isso garante que Ele retirará a Satanás do trono e assumirá Seu reinado sobre a terra (Apocalipse 12:9-12; 20:1-3).
Seguimos ao exemplo de Jesus quando escolhemos andar de maneira santificada, deixando de lado os desejos carnais e andando em obediência ao Pai. Ao fazermos isso, estaremos fazendo nosso trabalho por meio da caminhada de fé. Amarramos a Satanás, de alguma forma e, ao fazê-lo, cumprimos nossa tarefa tão significativa. Isto é o que nosso Mestre deseja que façamos: o nosso trabalho. A Igreja existe para fazer esse trabalho e isso acontece quando cada membro faz seu trabalho em prol de todo o corpo (Romanos 12:1, 4-5). Esta é a vontade de Deus para nós: andarmos em santificação, não importam as circunstâncias.
Israel recebeu a tarefa de ser um povo santo, separado de todos os outros povos e tribos da terra (Êxodo 19:6). Eles deveriam ser uma nação sacerdotal, mostrando às nações vizinhas como viver de forma autônoma, servindo uns aos outros, uma sociedade baseada no amor, em vez de uma sociedade baseada na exploração.
Paulo fornece uma explicação de como se viver de maneira santificada. Em poucas palavras, ele resume: devemos servir e amar uns aos outros, ao invés de explorar e extrair dos outros. Um dos principais meios de exploração é a exploração sexual. Paulo diz aos tessalonicenses que a vontade de Deus era a sua santificação, incluindo especificamente que eles se abstivessem da imoralidade sexual.
A imoralidade sexual era algo que todos os novos crentes gentios provavelmente precisavam desaprender. As culturas grega e romana abraçavam ao adultério, à prostituição no templo e à busca de gratificação física às custas dos outros. Paulo os intrui a trilhar um caminho diferente: Que cada um saiba possuir seu próprio vaso em santificação e honra, não em paixão lasciva, como os gentios que não conhecem a Deus. Esta é a mesma idéia básica da carta aos Gálatas: viver pelo Espírito e não pela carne.
Paulo mostra por que eles deveriam escolher a santificação e a honra em vez da paixão lasciva: esta é a vontade de Deus para nossa vida. Ações sexualmente imorais transgridem e defraudam a nosso irmão ou irmã. Essas ações exploram e prejudicam a outra pessoa. Extrair prazer do outro, fingindo cuidado, é o mesmo que transgredir contra ele, fraudá-lo. Este comportamento prejudica a outras pessoas e será punido pelo próprio Deus: O Senhor é o vingador em todas essas coisas, assim como também lhe dissemos antes e solenemente advertimos. A imoralidade sexual é exploradora - ela extrai dos outros para nosso benefício de curto prazo e, quando o SENHOR retornar, Ele vingará a exploração.
Além disso, a imoralidade sexual cria danos a nós mesmos nesta vida. Como Paulo explica em sua primeira carta à igreja de Corinto:
"Fugi da imoralidade. Todos os outros pecados que um homem comete estão fora do corpo, mas o homem imoral peca contra seu próprio corpo" (1 Coríntios 6:18).
Assim como em qualquer pecado, há uma progressão da ira de Deus. A ira de Deus é revelada contra o pecado quando Deus nos permite tornar-nos escravos de nossas próprias concupiscências, a ponto de nossa mente se tornar depravada, resultando em um vício (Romanos 1:24,, 2628). Quando escolhemos pecar, experimentaremos consequências negativas (Romanos 6:23). Felizmente, Jesus nunca nos rejeitará, uma vez que Ele se tornou pecado por nós (2 Coríntios 5:21). No entanto, colheremos as recompensas do que plantamos: vida se semearmos no Espírito e morte se semearmos na carne (Gálatas 6:8).
Os crentes são separados para demonstrar como servir uns aos outros (como Jesus fez) em vez de explorar uns aos outros (como Satanás faz): Deus não nos chamou com o propósito de impureza, mas de santificação. Mais uma vez, ao usar o termo “santificação”, Paulo se refere à realização da tarefa mais significativa concedida a nós: sermos líderes por meio do serviço, reinar como servos-reis, concentrar-nos em servir a uma missão que beneficie aos outros, ao invés de uma missão que nos eleve a nós mesmos. Quando vivemos uma vida santificada, evitamos a impureza do pecado. Pecar significa simplesmente andar longe dos caminhos de Deus. A impureza vem do esgoto do mundo. O oposto do pecado é a santificação.
Paulo, então, conclui: Aquele que rejeita esse mandamento (sobre a pureza sexual) não está rejeitando o homem, mas a Deus que dá Seu Espírito Santo. Ele quer dizer que aquilo não era uma regra criada por ele mesmo para controlar as pessoas, não era uma idéia humana para arruinar a diversão das pessoas. Era uma fundamentada na única realidade verdadeira: Deus mesmo, Aquele Ele projetou o sexo para um contexto significativo e correto. Todos os outros usos do sexo são destrutivos para a humanidade, tanto individual quanto coletivamente. Nós, crentes, rejeitamos o Espírito Santo quando escolhemos a carne, quando buscamos a exploração de qualquer tipo, particularmente a exploração sexual. Quando andamos na carne em vez do Espírito, obtemos as consequências ou recompensas corruptas e destrutivas da carne (Gálatas 6:7-8).
O primeiro princípio de santificação citado por Paulo é permanecer sexualmente puro. Por quê? Porque, em sua base, a imoralidade sexual diz respeito a usar os outros para nosso próprio prazer. É o oposto do amor e serviço. Isso resulta em famílias destroçadas e abusos, tráfico de pessoas, comércio sexual, etc.
Como Paulo afirma em sua primeira carta à igreja de Corinto, o pecado sexual é pior do que outros pecados porque é um pecado contra nosso próprio corpo (1 Coríntios 6:18-20). A pornografia começou a ser chamada de novo vício em nossa sociedade atual. São relações imaginárias que destroem as relações reais. Nesta mesma passagem, Paulo observa que unir nossos corpos ao corpo de uma prostituta significa unir o Espírito Santo àquela prostituta, demonstrando que a intimidade sexual é, em sua essência, uma atividade espiritual. É como o entrelaçamento de dois espíritos em um só. Quando realizado para exploração e não para unidade, isso acarreta consequências adversas graves, consequências negativas que corroem nossas almas. A união sexual feita corretamente é algo de grande beleza. A união sexual no casamento cria a imagem de Deus e da intimidade que Jesus tem com Sua igreja (Efésios 5:31-32).
Não podemos servir plenamente uns aos outros quando vivemos um padrão de exploração. Não podemos fazer o trabalho de liderança que Deus nos deu se estamos seguindo à imoralidade sexual. Quando estamos em imoralidade sexual, estamos fazendo exatamente o que o inimigo quer que façamos. Satanás é um explorador e ele deseja que nós também exploremos. Servimos a Seus caminhos quando exploramos e ajudamos a Satanás em sua busca desesperada para provar que Deus está errado, tentando frustrar o plano de Deus de elevar os seres humanos para reinar sobre a terra. Vemos este conflito no livro de Jó. Deus chama a atenção de Satanás para Jó, essencialmente dizendo: "Jó é um homem justo. Ele está calando você". Felizmente, nos é prometido no Apocalipse que Deus vencerá:
"E eles cantaram uma nova canção, dizendo: 'Digno és tu de pegar o livro e quebrar os seus selos; porque foste morto, e comprastes para Deus com o teu sangue homens de todas as tribos, línguas, povos e nações'. Tu os fizeste um reino e sacerdotes para o nosso Deus; e eles reinarão sobre a terra'" (Apocalipse 5:9-10).
Paulo continua em seu tema sobre a santificação. O oposto de viver uma vida de exploração é viver uma vida de amor "ágape". O apóstolo já havia exortado os tessalonicenses a "crescer e abundar em amor" uns pelos outros e por todas as pessoas (1 Tessalonicenses 3:12). Este amor "ágape" é o amor baseado na escolha de viver valores piedosos que beneficiam uns os outros, independentemente das nossas emoções.
Quando falamos em buscar a vontade de Deus, muitas vezes queremos dizer: "O que posso fazer para conseguir o que quero?" Não devemos, certamente, fazer escolhas insensatas. Nossas escolhas são nossa mordomia mais importante. Porém, a forma como fazemos o que fazemos é muito mais importante do que as circunstâncias que escolhemos (trabalho, escola, igreja, etc.). Uma chave para buscarmos a santificação, que é a vontade real de Deus para nós, é não buscarmos a tentativa fútil de manipular as circunstâncias. Viver em santificação significa viver em obediência aos mandamentos de Deus de amar aos próximo, buscando o interesse das pessoas em tudo o que fizermos, independentemente das circunstâncias.