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Significado de 2 Coríntios 2:1-4
Na seção anterior, Paulo disse que sua decisão de cancelar seu retorno planejado a Corinto foi para "poupá-los", o que significa poupar aos crentes de Corinto de nova tristeza (2 Coríntios 1:23). Paulo inicia o capítulo 2 afirmando que isso servia para ele próprio também: “Eu, porém, determinei isso por mim mesmo: não ir ter convosco outra vez em tristeza” (v. 1).
Assim, não foi apenas para poupar aos crentes de Corinto de tristeza que Paulo decidiu cancelar seu plano de visitá-los, mas também para seu próprio bem, para que ele não viesse a eles com tristeza. A intenção de Paulo era poupar tanto a si mesmo quanto aos coríntios da tristeza que experimentariam caso ele conseguisse cumprir a visita agendada.
Paulo aparentemente pretendia fazer duas visitas de retorno. Ele tinha a intenção de fazer uma visita a Corinto em seu caminho em direção à Macedônia e, então, uma nova parada lá na viagem de volta da Macedônia para a Judéia (2 Coríntios 1:15, 16).
Mais tarde nesta carta, descobrimos que Paulo estava se preparando para visitar Corinto em seu caminho para a Judéia; ele pede aos irmãos que preparassem uma dádiva financeira para os crentes judeus (2 Coríntios 9:3-5). Essa proposta de visita mencionada mais tarde na carta seria sua terceira visita a Corinto (2 Coríntios 13:1). Isso vasignifica que ele já os havia visitado duas vezes no momento em que a carta era escrita.
Temos o registro da primeira visita de Paulo a Corinto em Atos 18, mas aparentemente houve uma segunda visita não registrada, já que Paulo diz em 2 Coríntios 13:1 que a visita indicada na carta seria sua terceira. Isso significava que, quando 2 Coríntios foi escrito, Paulo já os havia visitado duas vezes. Nossa única informação sobre essa segunda visita não registrada vem de referências feitas em 2 Coríntios. Uma delas é que sua segunda visita a eles havia acontecido sob muita tristeza.
Não nos são dados detalhes explícitos do que aconteceu, ou do por que ou como. Parece evidente, pelas referências, que tanto Paulo quanto os coríntios tinham plena consciência do que havia ocorrido naquela visita. A visita havia produzido muita tristeza. Paulo não tinha o desejo de reviver aquela tristeza novamente; assim, ele queria poupar tanto a igreja quanto a si mesmo do que havia sido uma experiência mutuamente desagradável.
Uma das principais funções do ministério apostólico de Paulo era o de promover a alegria (2 Coríntios 1:24; 2:3). Ele não desejava voltar a Corinto e ter outra experiência de tristeza. Portanto, ele diz: “Pois, se eu vos entristeço, quem é, então, o que me alegra, senão aquele que por mim é entristecido?” (v. 2).
A declaração indicava que Paulo havia concluído que seria improdutivo para todos reviver uma outra rodada de tristeza mútua. Portanto, pareceu-lhe melhor evitar a viagem. Paulo já sofria bastante, suportando grandes dificuldades. Ele as menciona no capítulo 1 (2 Coríntios 1:5; 8-9). Ele dará detalhes mais adiante na carta. Vemos que a dor suportada pelo apóstolo por causa do Evangelho foi realmente intensa (2 Coríntios 11:23-28).
Podemos inferir que, se ele tivesse que vir a Corinto, ele provavelmente enfrentaria uma situação de ser obrigado a trazer disciplina aos crentes e isso seria doloroso tanto para ele quanto para a igreja em Corinto. Sua alegria era ver o desenvolvimento contínuo da igreja e o ministério de reconciliação que estava ocorrendo através doas irmãos em Corinto.
Sua declaração a eles era: se ele havia causado apenas tristeza a eles, onde estaria a alegria mútua? “Isso mesmo escrevi, para que, chegando, eu não tenha tristeza da parte dos que me deviam alegrar, tendo esta confiança em todos vós que o de meu gozo é o de todos vós” (v. 3).
Paulo insinua ter desejado a oportunidade de visitar aos irmãos em Corinto, a fim de se alegrar por ver que seus filhos na fé estavam progredindo. Em vez disso, ele se recusa a visitá-los, presumivelmente devido à sua falta de progresso como discípulos. Os crentes em Corinto deveriam ser encorajados, porque apesar de suas falhas, Paulo ainda se referia a eles como "santos" que compunham a "igreja de Deus". Ele se refere a eles como "irmãos" (2 Coríntios 1:1; 8:1).
Isso ressalta a realidade de que nossa aceitação na família de Deus como filhos é incondiciional, independentemente de nossas ações. Nascer de novo é simplesmente uma questão de cremos em Jesus (João 3:14-16). Para saber mais sobre sermos aceitos na família de Deus por meio da fé, leia nosso artigo: "O que é a Vida Eterna? Como Obter o Presente da Vida Eterna"
No final desta carta, Paulo exorta os crentes em Corinto a examinarem-se para ver se estavam andando na fé (2 Coríntios 13:5).
Em vez de visitá-los e discipliná-los, Paulo os exorta a olhar para dentro de si mesmos e a se submeter à disciplina do Espírito Santo. Não havia questão alguma quanto ao seu pertencimento a Deus; eles eram plenamente aceitos em Cristo. A questão eram se eles estavam caminhando na vida que lhes havia sido dada. As cartas de Paulo enfatizam a realidade de que os crentes podiam escolher andar na carne, mesmo tendo sido libertos da morte e da escravidão ao pecado (Romanos 6:12, 16).
O desejo de Paulo era o de que seus filhos na fé tivessem paz espiritual e alegria provenientes de uma caminhada fiel ao Senhor. Paulo abre seu coração à igreja e compartilha com eles seu profundo amor e preocupação por eles e seu ministério. Paulo escreve que, ao planejar visitá-los, ele tinha a “confiança de que em todos vós que o de meu gozo é o de todos vós” (v. 3).
O plano de Paulo parecia ser o de visitar Corinto pela terceira vez, a fim de trazer-lhes alegria. Portanto, quando se tornou evidente que sua visita seria uma fonte de tristeza, ele cancelou a viagem. Isso aparentemente criara uma controvérsia em Corinto, fornecendo munição aos detratores de Paulo. O apóstolo parece explicar o motivo do cancelamento da visita planejada, porque o propósito da visita (trazer alegria a todos) não era mais alcançável.
A palavra “alegria” usada aqui e em todo o Novo Testamento vem da palavra grega "chara". Embora traduzida como "alegria", o termo vai mais fundo do que seu contexto cultural ocidental, enraizado em emoções temporais. Em nosso dicionário, a palavra "alegria" é definida como "uma emoção evocada pelo bem-estar, sucesso, boa sorte ou perspectiva de possuir o que se deseja; DELEITE".
A alegria de Paulo e dos seguidores de Cristo era mais do que uma emoção. Era, antes, uma expressão da vida abundante que transcendia as circunstâncias e as emoções. Paulo escreve às igrejas na Galácia que "o fruto do Espírito é a caridade, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, a temperança" (Gálatas 5:22, 23). Assim, o "amor", a "alegria" e a "paz" descritos por Paulo iam muito além das meras emoções. Era o resultado da caminhada de fidelidade e obediência a Cristo, seguindo ao Seu Espírito.
Paulo afirma que a alegria vem do Espírito de Cristo. Como fruto, a alegria nos equipa para o trabalho de ministrar produtivamente dentro do corpo de Cristo (1 Coríntios 12). Assim, a alegria persistirá, mesmo diante dos sofrimentos, sempre que nos apresentemos a Cristo para a obra do ministério e serviço (Romanos 12:1).
Quando Paulo diz que sua alegria era a alegria deles, ele estava expressando que sua alegria era fundamentada no cumprimento da vontade de Deus na igreja de Corinto e em sua própria vida. Isso novamente inferiria que a decisão de Paulo de não visitar Corinto tinha a ver com sua falta de progresso espiritual e ausência de uma caminhada de fidelidade a Cristo.
Isso nos faz lembrar de Jesus, quando Ele diz a Seus discípulos em João 15:10-11:
Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos tenho dito essas coisas a fim de que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo.
Para Jesus e Paulo, a alegria vinha quando a vontade de Deus era cumprida. Portanto, a alegria bíblica é uma realização humana com raízes espirituais profundas que suportam dificuldades e decepções. Esta era a realidade de Paulo: “Pois, em muita tribulação e angústia de coração, vos escrevi com muitas lágrimas” (v. 4).
A carta à qual Paulo se refere aqui provavelmente seja a mensagem escrita entre 1 Coríntios e 2 Coríntios. Não temos registro dessa carta ou do que ela continha. Temos apenas poucas referências feitas por Paulo nesta carta: “Vos escrevi com muitas lágrimas”. Se examinarmos todas as epístolas escritas por Paulo no Novo Testamento — o corpus paulino — esta é uma declaração extraordinária.
Parece que a carta à qual ele se refere foi enviada em substituição à sua visita a Corinto, planejada por ele originalmente. Com angústia, aflição de coração e muitas lágrimas, Paulo lhes escreve, desejando que eles soubessem o verdadeiro motivo da carta: “Não para que fôsseis entristecidos” (v. 4). Ainda que a carta fosse triste, este não era seu propósito ou motivação. Paulo não escreveu com o propósito de ferir aos sentimentos deles, embora eles tivessem sido, de fato, entristecidos. A tristeza foi apenas um subproduto. A razão de Paulo para escrever-lhes a carta com muita tristeza era “para que conhecêsseis o amor que mais abundantemente tenho para convosco” (v. 4).
Isso nos mostra que o amor verdadeiro sempre compartilha a verdade. Corrigir a alguém com sabedoria significa demonstrar amor. Jesus se refere à sabedoria corretiva como sendo "santa". Ela é tão valiosa quanto as "pérolas" no Sermão da Montanha (Mateus 7:6). Jesus instrui Seus discípulos a não desperdiçarem as valiosas e preciosas palavras da sabedoria corretiva a pessoas desinteressadas em ouvi-las.