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Significado de 2 João 1:1-3
Esta carta é atribuída ao apóstolo João com base na tradição da igreja. Ele começa a carta dirigindo-se a si mesmo como o ancião. João foi apóstolo de Jesus e, portanto, podia dirigir-se a si mesmo como tal. Com tal autoridade, ele poderia tomar um lugar de autoridade. Porém, parece que seu objetivo era o de servir como protetor à igreja, que era exatamente o papel dos presbíteros. Em seu papel de protetor, ele teve o cuidado de não exercer dominação sobre os irmãos, mas de servir em verdade e em amor (1 Pedro 5:1-4).
O termo “ancião” aqui vem da palavra grega "presbyteros". Essa palavra é traduzida como "presbítero" em todos os Evangelhos ao referi-se aos líderes em Israel. Assim, o termo é emprestado da cultura judaica e aplicado à igreja cristã. João, claro, é judeu, tendo sido discípulo de Jesus. A palavra grega emprestada da cultura grega também traduzida como "ancião" é "episkopos". Ela se aplica da mesma forma.
O trabalho dos presbíteros é proteger a igreja, como um pastor protege ao seu rebanho de ovelhas. Eles devem servir como co-pastores, pois Jesus é o Pastor Principal e a igreja é Seu rebanho (1 Pedro 5:1-4). João exercerá esta função nesta carta. Ele dirige a carta à senhora eleita e a seus filhos, a quem amo na verdade. O termo “senhora eleita” provavelmente se refira a uma igreja e “seus filhos” referem-se aos membros daquela igreja, incluindo talvez os indivíduos que se reuniam nas casas dentro daquela cidade (Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:19; Colossenses 4:15; Filemom 1:2).
Isso parece provável, já que João se dirige a si mesmo como "presbítero", uma posição apropriada de autoridade para dirigir uma igreja, mas não adequada para dirigir uma mulher em particular. Também parece provável ser uma igreja por conta da frase de João no final da carta: "Os filhos de tua irmã eleita te cumprimentam". Esta frase indica que João estava escrevendo em outra igreja e enviava saudações dos "filhos" dessa igreja, ou seja, aqueles que frequentavam a igreja-irmã. Parece fora de contexto pensar no apóstolo João enviando saudações entre duas mulheres e seus filhos, enquanto se dirige a uma única pessoa a respeito de falsos ensinamentos.
Pode ser que João tenha usado o que nos soa como uma saudação obscura para proteger os destinatários de qualquer possibilidade de perseguição, no caso de a carta ser interceptada. O fato de esta carta não mencionar nomes ou lugares também apoiaria essa ideia.
João chama esta igreja de a “senhora escolhida”. A palavra “eleita” é usada em todo o Novo Testamento para se referir à posição dos crentes em Deus. A palavra é usada na LXX (tradução grega do Antigo Testamento) para se referir a algo deliberadamente selecionado, bem como para indicar favor, como no caso das sete vacas gordas "favorecidas/escolhidas" no sonho que José interpretou (Gênesis 41). Ambos se aplicam.
A Bíblia deixa claro que cada indivíduo possui o poder de escolher crer em Cristo, uma escolha pela qual será responsabilizado (João 3:14-16; Atos 17:27). Porém, a Bíblia também sustenta que Deus determina todas as coisas, incluindo a seleção dos crentes antes da fundação do mundo (Efésios 1:4). Isso se encaixa na natureza paradoxal de Deus, cujo Reino é verdadeiro e permanente, não deste mundo. Ele nos diz que o caminho para alcançarmos a salvação da nossa alma é perdê-la e a maneira de sermos os primeiros é sermos os últimos (Mateus 16:25; 20:16). Seus caminhos são mais altos do que os nossos, mas também são verdadeiros e corretos. A nós somente cabe fazer o que nos foi dado a fazer, ou seja, escolher confiar em Deus, crer que o que Ele diz é para o nosso bem.
A Bíblia deixa claro que todos os crentes são justificados aos olhos de Deus como resultado da graça (Efésios 2:8-9). A graça é o favor de Deus, estendido por Sua misericórdia. Assim, a “senhora” (igreja) pode ser “eleita” no sentido de ter recebido favor aos olhos de Deus e alcançado Sua misericórdia. No caso da justificação aos olhos de Deus, Deus estende Seu favor aos que crêem em Jesus unicamente pelo que Jesus fez em nosso favor (João 3:14-16).
João diz que os crentes nessa igreja eram aqueles a quem eu amo na verdade. O fato de João acrescentar o termo "verdade" ao seu amor pelas pessoas daquela igreja fundamenta a admoestação que ele fará em breve para que a igreja andasse na verdade. Não era apenas João quem amava aquela igreja na verdade. A igreja também era amada por todos os que conhecem a verdade. João queria dizer que se alguém realmente conhecia a verdade, eles amariam aquela igreja na verdade.
Isso significava, é claro, que qualquer um que tentasse desviar os crentes da verdade não os amava, mas eram predadores. O trabalho de um ancião, como João, era o de pastorear ao rebanho de crentes e protegê-los dos lobos enganadores que desejavam predá-los. Isso significava que o trabalho de um ancião era baseado na verdade. A verdadeira expressão de amor de um ancião seria confrontar falsos ensinamentos, opondo-se ao que era falso e elevando o que era verdadeiro.
João dá uma razão pela qual tanto ele como todos os que conhecem a verdade amavam aquela igreja na verdade: a verdade que habita em nós e estará conosco para sempre. A verdade habita em nós porque Cristo habita em todos os crentes. Claramente, João era um crente em Cristo e estava se dirigindo a um grupo de crentes em Cristo. Não havia dúvida alguma quanto ao seu status de estarem ou não em Cristo. Muito pelo contrário. João insiste que a verdade permanece "em nós". Ao usar o pronome "nós", João inclui os "filhos" da igreja, bem como a si mesmo. Jesus Cristo é a verdade e a verdade permanece neles e estará com eles para sempre.
João registra essas palavras de Jesus em seu Evangelho:
"Então Jesus disse aos judeus que tinham crido Nele: 'Se permanecerdes em Minha palavra, sereis verdadeiramente Meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará'" (João 8:31-32).
Este versículo do Evangelho de João indica que ingerimos a verdade através de ingerir a Palavra de Jesus. Aqui no Evangelho de João, Jesus se refere à "Minha palavra" no singular, em vez de "Minhas palavras" no plural. Isso parece indicar que "Minha palavra" é um sinônimo do próprio Jesus. João indica em 2 João que a verdade que habita em nós é a verdade que estará conosco para sempre. Uma vez que a verdade estará conosco para sempre, parece que João estava se referindo aquia Jesus como a Verdade viva. Conhecer a Verdade significava conhecer a Jesus; conhecer a Jesus significava conhecer a Verdade.
O tema introduz o tópico principal da carta: a verdade e a permanência na verdade em amor. O trabalho do presbítero João era o de proteger a igreja dos falsos ensinamentos. E ele faz isso defendendo a verdade contra os falsos ensinos.
João, agora, faz uma saudação, dizendo:
A graça, a misericórdia e a paz estarão conosco, de Deus Pai e de Jesus Cristo, Filho do Pai, na verdade e no amor.
O apóstolo não diz isso como uma oração, como o faz em muitas cartas. Ele faz uma afirmação factual. Ele afirma que a graça, a misericórdia e a paz estariam sempre com eles. Ele não desejava ou esperava que a graça, misericórdia e paz os alcançasse. Ele afirma que essas coisas já estavam com eles. Elas vinham de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai. A graça, a misericórdia e a paz viria a eles em verdade e amor.
Este é um tema do Evangelho de João, no qual ele escreve: "Porque a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade foram realizadas por meio de Jesus Cristo" (João 1:17).
Uma vez que a graça e a verdade são realizadas através de Jesus, andaremos em graça e verdade ao caminharmos com Jesus. Quando andamos em Cristo, a graça, a misericórdia e a paz estarão sempre conosco.
“Graça” é a palavra grega "charis", que significa "favor". O contexto determina quem concede favor a quem e por qual motivo. "Charis" é traduzido como "favor" em Lucas 2:52 para descrever o "favor" dado a Jesus por Deus e pelos homens, porque Jesus crescia em sabedoria e estatura. Deus dá "favor" ou graça a qualquer um que creia em Jesus, concedendo-lhe o favor imerecido do perdão (Efésios 2:8-9). Porém, Deus também concede favor ou graça ("charis") exaltando/recompensando aos que se humilham diante Dele (1 Pedro 5:5-6). Deus nunca deve favores a ninguém; assim, o favor de Deus nunca é merecido no sentido de que alguém pode exigir qualquer coisa de Deus. No entanto, Deus deixa claro que nos honrará e nos concederá favores ou recompensas se crermos Nele e seguirmos a Seus caminhos.
Toda vez que Deus nos concede algum favor este é um ato de misericórdia. Paulo orou para que Onesíforo recebesse misericórdia no Tribunal de Cristo pelas boas ações que havia feito (2 Timóteo 1:18). Deus nunca deve nada a ninguém. Suas recompensas provêm de Sua misericórdia. Felizmente, Deus é um Deus de misericórdia (Salmo 86:15).
A paz que o judeu João afirma que estaria com todos era a idéia judaica do "Shalom". O termo é usado como uma saudação em Israel até hoje, carregando a idéia de uma vida holisticamente harmoniosa, incluindo coisas espirituais e físicas. João afirma que a graça, a misericórdia e a paz chegariam a todos eles por meio da verdade e do amor. E isso vinha de Deus Pai, e de Jesus Cristo, o Filho do Pai. A igreja é uma parte do Corpo de Cristo. Temos todas essas bênçãos quando permanecemos Nele.