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Significado de 2 Timóteo 1:15-18

Paulo apresenta a Timóteo dois exemplos: um de homens sem fé e outro de um homem de fé. Fígelo e Hermógenes, que haviam traído a Paulo e passaram a seguir doutrinas falsas. Esses homens não deveriam ser imitados. Porém, Onesíforo era um homem digno de imitação: ele havia visitado a Paulo na prisão e o encorajado. Ele não teve vergonha de ser associado a ele. Paulo ora para que Deus mostrasse grande misericórdia a Onesíforo no Dia do Juízo por seu serviço a Deus.

Paulo oferece seu próprio testemunho como exemplo positivo da fidelidade, que deposita tesouros no céu. O apóstolo, agora, apresenta um testemunho negativo que não deveria ser seguido: um exemplo de infidelidade. Ele ainda acrescenta um testemunho de fidelidade. Ao fazer isso, Paulo deixa claro que a fidelidade é uma escolha feita por cada crente. Os crentes são feitos justos aos olhos de Deus através da morte de Jesus, pela fé. Essa justificativa é um dom não merecido e que não pode ser perdido. Porém, após nascermos de novo, ainda há uma vida para viver. Esta vida é feita de escolhas. Deus nos permite escolher se queremos segui-Lo e se queremos crer em Suas recompensas prometidas, ou se desejamos seguir aos nossos próprios caminhos e buscar às recompensas prometidas pelo mundo. A consequência das nossas escolhas é imensa.

Paulo traz primeiro o exemplo negativo, dizendo: Tu sabes isso: que me abandonaram todos os que estão na Ásiado número dos quais é Fígelo e Hermógenes. Havia os que se afastavam de Paulo. Na verdade, todos os que estavam na Ásia haviam se afastado dele.

A Ásia era uma província romana naquela época, abrangendo o que é hoje a Turquia moderna. As viagens missionárias de Paulo passaram pela Ásia. Quando Paulo menciona a Ásia, ele pode estar incluindo a região da Galácia, de onde Paulo escreveu a carta aos Gálatas. Aparentemente, os gálatas e alguns outros discípulos de Paulo na Ásia decidiram seguir um caminho diferente do ensinado por Paulo. Em sua carta aos gálatas, Paulo indica que eles haviam deixado de seguir ao Evangelho da graça e começado a seguir a um evangelho de regras religiosas. Eles estavam "procurando ser justificados", em vez de confiarem em Cristo para obter a justificação (Gálatas 2:17). Talvez eles tenham voltado ao verdadeiro Evangelho depois de receberem a carta. Mas, naquele momento, eles haviam se afastado do apóstolo.

Paulo especifica dois homens como maus exemplos: Fígelo e Hermógenes. Esses homens eram conhecidos de Timóteo e esta é sua única menção nas Escrituras. Paulo não desejava que Timóteo seguisse a esse caminho, que poderia envolver comprometer a verdade ao evitar o risco de rejeição. Mais uma vez, o fato de Paulo estar preocupado com Timóteo, seu principal discípulo, nos diz que todos nós somos suscetíveis e precisamos vigiar constantemente, reacendendo constantemente nosso fervor e zelo pelo Evangelho.

Paulo acrescenta: Que o Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, pois muitas vezes me consolou e não se envergonhou das minhas cadeias; mas, quando estava em Roma, procurou-me ansiosamente até encontrar-me. Onesíforo parece não ter tido medo de ministrar e se identificar com Paulo em Roma. De fato, quando Onesíforo estava em Roma, ele ansiosamente procurou por Paulo e o encontrou na prisão, acorrentado. Onesíforo foi destemido, pensando em Paulo e ministrando a ele não apenas uma vez, mas muitas vezes, como Paulo diz: Ele muitas vezes me consolou.

Paulo elogia Onesíforo porque ele não se envergonhou das correntes de Paulo, por estar na prisão. Isso provavelmente se conecta com a admoestação de 1:8, onde Paulo diz:

"Portanto, não se envergonhe do testemunho de nosso Senhor ou de mim, Seu prisioneiro, mas junte-se a mim no sofrimento pelo Evangelho segundo o poder de Deus" (2 Timóteo 1:8).

Parece claro que Paulo estava preocupado com Timóteo, esperando que ele fosse como Onesíforo e não como os da Ásia, que haviam se afastado dele. Esta é a terceira ocorrência da palavra “vergonha” neste capítulo. A progressão é instrutiva:

  • Paulo diz a Timóteo: "Não te envergonhes" (da prisão de Paulo, 2 Timóteo 1:8).
  • Paulo diz "Não tenho vergonha" de seu sofrimento na prisão pelo Evangelho (2 Timóteo 1:12).
  • Paulo relata a Timóteo o bom exemplo de Onesíforo, que "não se envergonhou" de se identificar com Paulo em suas correntes (2 Timóteo 1:16).

O ponto parece ser: "Siga ao exemplo de Onesíforo e ao meu, não se envergonhe do testemunho dos perseguidos, siga seu exemplo".

No versículo 16, Paulo faz um relato elogioso a Onesíforo e não apenas a ele, mas a sua casa. Seu desejo era o de que o Senhor concedesse misericórdia à casa de Onesíforo. O que Paulo tem em mente com a frase “conceder misericórdia” fica claro no versículo 18: “O Senhor conceda-lhe que encontre misericórdia do Senhor naquele dia.” Novamente, Paulo está falando sobre o dia do juízo, quando todos estarão diante do Tribunal de Cristo para receber as recompensas pelas obras feitas durante esta vida (2 Coríntios 5:10). Jesus julgará nossas ações e dará recompensas com base em uma série de fatores. Alguns deles incluem:

  • Os talentos e as oportunidades que nos foram dadas. “A quem muito é dado, muito será exigido” (Mateus 25:14-30; Lucas 12:48).
  • A medida que usamos para julgar aos outros (Mateus 7:2).
  • As coisas que fizemos por aqueles que não puderam nos pagar nesta vida (Mateus 25:40; Marcos 9:36-37).
  • Nossa ousadia em testemunhar a Cristo (Lucas 9:26).
  • Nossa fidelidade em caminhar em obediência aos mandamentos de Jesus, vencer as tentações do mundo e seguir a Seus caminhos (Apocalipse 1:3).

Paulo deixa claro que devemos viver para esse dia, priorizando agradar a Jesus com nossos pensamentos e ações.

No entanto, mesmo que façamos todas essas coisas, não seremos capazes de exigir nada de Deus. Deus não deve nada a ninguém. O fato de Deus nos conceder recompensas é resultado de Sua misericórdia. Misericórdia é a concessão de algo indevido. Deus não deve nada a ninguém. No entanto, Deus é um Deus misericordioso. Ele está ansioso para recompensar a Seus servos. Ele deseja ver Seus filhos serem bem-sucedidos. Isso é o que Paulo afirma no versículo 12: ele sabia em quem cria e estava convencido de que Ele era capaz de guardar o que ele havia confiado até aquele dia (o Dia do Juízo). Paulo sabia que Onesíforo não podia exigir nada de Deus. Ninguém pode. Assim, Paulo pede a Deus que tenha misericórdia de Onesíforo e que ele recebesse as recompensas por seu serviço ao apóstolo e ao Evangelho.

Ao desejar isso, Paulo se refere a um princípio bíblico expresso por Jesus. Jesus disse a Seus discípulos:

"Aquele que receber um profeta em nome de um profeta receberá a recompensa de um profeta; e aquele que receber um homem justo em nome de um homem justo receberá a recompensa de um homem justo" (Mateus 10:41).

Podemos considerar que Paulo estava orando por Onesíforo da mesma forma que orava por si mesmo, pedindo a Deus que recompensasse a seu amigo por ministrar a ele na prisão.

Paulo, então, adiciona mais uma declaração sobre Onesíforo: Sabeis muito bem quais serviços ele me prestou em Éfeso. Timóteo sabia tudo sobre os serviços de Onesíforo   em Éfeso, porque no momento em que Timóteo recebeu a carta ele estava ministrando à igreja em Éfeso (1 Timóteo 1:3). No final da carta, Paulo pedirá a Timóteo que saúde à família de Onesíforo.

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