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Significado de 2 Timóteo 1:3-7

Paulo não desejava que Timóteo recuasse em seguir a seus passos, mesmo que isso o levasse à prisão e à morte, como aconteceria com ele. Paulo lembra a Timóteo sobre caráter de sua avó e mãe, Loide e Eunice, ambas crentes em Jesus. Paulo também lembra a Timóteo sobre o dom especial que Deus lhe dera. Ele deveria manter viva aquela chama viva, usando seu dom para servir a Deus, porque Deus não o fez para ser covarde, mas para ser forte, amoroso e sábio.

Paulo reflete sobre sua vida, o propósito para o qual Deus o havia chamado, ou seja, pregar o Evangelho e servir como embaixador de Deus, reconciliando homens pecadores com Ele através da fé em Jesus. Era um propósito especial que Timóteo também havia recebido e Paulo não desejava que Timóteo abandonasse a este chamado pelo medo da rejeição do mundo. Paulo havia sofrido por Cristo sem vergonha alguma, pois cria plenamente que Jesus o recompensaria no Dia do Juízo.

Paulo começa sua carta dizendo: Agradeço a Deus, a quem sirvo com a consciência tranquila como meus antepassados fizeram, enquanto me lembro constantemente de ti em minhas orações noite e dia. Paulo orava por Timóteo dia e noite. Paulo diz que se lembrava constantemente dele. O bem-estar de Timóteo e seu ministério nunca saía da mente de Paulo. Ele pensava nisso constantemente. Isso pode muito bem ser devido ao fato de que Paulo considerava a Timóteo como o sucessor de sua liderança no ministério de levar o Evangelho aos gentios.

Paulo acrescenta que o Deus a quem ele estava agradecendo era o Deus a quem ele servia com a consciência tranquila. Ele provavelmente adicionou essa descrição como um exemplo e desafio a Timóteo, a quem ele também exorta a viver de modo a ter uma consciência limpa diante de Deus. Paulo servia a Deus com a consciência tranquila da mesma maneira que seus antepassados haviam feito. Paulo não menciona quais antepassados ele tinha em mente ao dizer isso. Porém, como pai espiritual de Timóteo, Paulo provavelmente estivesse dando um exemplo a seu discípulo, seu filho na fé. Paulo era o antepassado de Timóteo. Assim, da mesma forma que Paulo havia seguido a seus antepassados, ele exorta Timóteo a seguir seu exemplo.

Paulo diz que estava ansioso para vê-lo, assim como se lembrava de suas lágrimas, para que pudesse ser cheio de alegria. Paulo ficaria cheio de alegria ao ver a Timóteo pessoalmente. Ele diz no capítulo 4: "Faça todos os esforços para vir a mim em breve". (2 Timóteo 4:9). Paulo não explica por que Timóteo derramara lágrimas quando esteve pela última vez na presença de Paulo. Podemos supor que as lágrimas de Timóteo fossem devido à percepção de que Paulo iria morrer e não estaria mais por perto para orientá-lo. Parece claro que havia um verdadeiro vínculo de comunhão entre Paulo e Timóteo, seu filho na fé. Paulo se encheria de alegria ao ver Timóteo e Timóteo aparentemente chorava ao ver o sofrimento de Paulo.

Paulo, então, diz: Estou atento à fé sincera dentro de ti, que habitou primeiro em sua avó Loide e sua mãe Eunice, e tenho certeza de que está em ti também. Paulo diz ter certeza de que a mesma fé sincera que habitava em sua mãe e avó também estava dentro dele. Pelo conteúdo desta carta, parece que Paulo tinha preocupação de que Timóteo mantivesse o curso e terminasse a corrida corajosamente depois de sua morte.

Em outras cartas, Paulo expressara sua preocupação em se auto-sustentar para alcançar o prêmio da vida (1 Coríntios 9:18, 27; Filipenses 3:12); assim, é natural que ele tivesse a mesma preocupação com seu filho amado. Paulo sabia, em primeira mão, que enfrentar a morte por seu testemunho não era algo fácil e desejava preparar a seu amado filho para abraçar ao sofrimento e à rejeição e até mesmo ficar feliz por eles no futuro.

A expressão “naõ fingida” é traduzida como "sem hipocrisia" (Romanos 12:9). Paulo estava confiante de que o comportamento de Timóteo em sua presença era o mesmo que ele teria quando estivesse fora de sua vista. Ele não estava escrevendo esta carta de exortação porque duvidava que a fé e o serviço de Timóteo eram distintos. Como veremos, Paulo escreve para enfatizar a Timóteo as principais perspectivas que ele precisava ter em mente. Paulo logo seria executado e não estaria mais por perto para lembrá-lo. Assim, ele desejava deixar esta carta para lembrá-lo. Podemos inferir que a carta foi bem recebida por Timóteo, porque ele obviamente fez circular a carta a outras pessoas, pois ela acabou sendo confirmada como um dos livros do Novo Testamento. Timóteo poderia tê-la rasgado e nunca saberíamos sobre seu conteúdo.

A herança espiritual de Paulo veio através de seus antepassados, enquanto a herança espiritual de Timóteo veio através de sua mãe. Isso provavelmente ocorreu porque a mãe de Timóteo era judia, enquanto seu pai era grego (Atos 16:1). Depois que Timóteo se juntou a Paulo e Silas em sua jornada missionária, Paulo circuncidou a Timóteo, como testemunho aos gentios (Atos 16:3). Isso indicava que a herança judaica de Timóteo havia sido herdada através de sua mãe. O fato de Paulo mencionar nominalmente à mãe de Timóteo, Eunice, e sua avó Loide provavelmente significava que elas também eram amigas e aliadas. Atos 16:1 diz que Loide "creu".

Paulo começa sua carta lembrando a Timóteo que tanto ele quanto seu discípulo faziam parte de uma linhagem espiritual. Eles faziam parte de uma longa linhagem de pessoas de fé. Paulo diz: Por esta razão, provavelmente ligando Timóteo à sua herança espiritual. Timóteo tinha uma herança familiar de fé e havia sido adotado à herança espiritual de fé de Paulo em razão de ter se juntado ao apóstolo no ministério, como seu filho espiritual. Paulo diz: Por isso vos recordo de reacender o dom de Deus que está em ti através da imposição das minhas mãos.

Timóteo fazia parte de uma longa linhagem daqueles que haviam andado na fé e ele não podia ser o elo fraco da corrente. Esta era a razão para reacender o dom de Deus que está em ti através da imposição das minhas mãos. Paulo parece ter concedido a Timóteo algum tipo de dom através da imposição de suas mãos. Paulo menciona esse dom em 1 Timóteo:

"Não negligencieis o dom espiritual que vos foi concedido por meio de pronunciamento profético com a imposição de mãos pelo presbitério" (1 Timóteo 4:14).

Assim, parece que o dom era um dom espiritual recebido através da imposição de mãos tanto de Paulo quanto do presbitério (o grupo de presbíteros da igreja). Paulo não descreve esse dom. É claro que era conhecido de Timóteo. Poderia estar sido associado ao comissionamento de liderança ou ao cargo de serviço. Paulo e Barnabé foram comissionados para viajar como missionários pela igreja em Antioquia pela imposição de mãos (Atos 13:3).

Talvez Paulo não descreva o dom para nos beneficiar. Como aqueles que lêem suas cartas para nossa própria instrução, podemos ter essas palavras no coração em relação aos nossos próprios dons. O ponto-chave de Paulo é que ele usasse o dom de Deus com grande coragem. Ele não deveria ter medo e vergonha de exercitar seu dom. Paulo exorta Timóteo a usar seus dons com coragem, pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de poder, amor e disciplina. Esta exortação parece estar ligada à admoestação para que Timóteo reacendesse o dom de Deus. A expressão “reacender o dom” aqui evoca a imagem do fogo do ferreiro sendo aquecido pelo sopro do ar por meio de um fole. Significa "atiçar o fogo e aumentar o zelo".

Pela introdução, não parecia que Paulo estivesse preocupado que o zelo de Timóteo diminuísse; Paulo parece simplesmente reconhecer que "o fogo deveria aumentar". O fogo do ferreiro não permanecia quente o suficiente para completar seu trabalho, a menos que uma energia fosse continuamente adicionada na forma de combustão e oxigênio (do fole). O princípio parece ser o seguinte: "Se você não adicionar zelo, você perderá o zelo; assim, alimente continuamente o fogo de seu zelo".

Neste caso, o fogo para a forja espiritual é o fogo do espírito e esse espírito é algo que  nos foi dado por Deus. Deus nos deu um espírito de poder, amor e disciplina. Esse espírito é como o vento dando oxigênio ao fogo. A palavra grega para “espírito” é "pneuma", que também significa "vento". Em sua escolha de termos, Paulo pode literalmente estar desenhando uma imagem do espírito como o vento de um fole alimentando ao fogo de nosso zelo. Esse zelo simbolizava o poder do Espírito.

Poder é energia para agir, construir, criar, engajar na batalha ou defender. Deus nos deu o Espírito para fazer a obra que Ele nos designou a fazer. Mas o Espírito que Deus nos deu é também um espírito de amor. A palavra “amor” aqui é a palavra grega "ágape", uma das várias palavras gregas traduzidas como "amor". O amor "Ágape" significa escolher agir, fazer escolhas baseadas em valores de serviço à missão que Deus nos deu para beneficiar a outros. Significa fazer a escolha de obedecer a Deus. O amor ágape é o que torna qualquer ação em algo poderoso, com sentido verdadeiro e duradouro (1 Coríntios 13:3). Deus nos deu o espírito de poder e amor, significando que temos o combustível do qual precisamos para fazer a obra que Deus nos designou.

No entanto, para aplicarmos o combustível do poder e do amor, também precisamos de disciplina. A palavra “disciplina” é traduzida em outras versões como "mente sã", "autodisciplina", "autojulgamento", "autocontrole" ou "discrição sábia". Significa autogoverno, fazer escolhas que deixem de lado nossos apetites naturais e decidir agir com base em valores verdadeiros. Essa capacidade de governar a si mesmo também é algo dado por Deus. Porém, é evidente que é necessário um exercício da nossa vontade para aplicarmos estes dons. Temos de optar fazê-lo. Deus provê tudo o que é necessário, mas deixa a cada um de nós a decisão de deixar de lado e semear no espírito, ou entregar-nos e semearmos na carne. Esta é uma escolha binária. Como Paulo disse aos gálatas:

"Porque aquele que semeia na carne colherá a corrupção, mas aquele que semeia no Espírito colherá do Espírito a vida eterna" (Gálatas 6:8).

Neste versículo de Gálatas, a "vida eterna" é a recompensa da experiência completa do dom da vida eterna que os crentes recebem ao nascerem de novo. Somos dotados da vida eterna em nosso nascimento espiritual (João 3:14-16), mas experimentamos as bênçãos da vida eterna quando escolhemos semear no Espírito.

É encorajador observar que Timóteo, co-autor das Escrituras e colaborador do apóstolo Paulo, também deveria se esforçar por manter seu zelo e permanecer forte em sua fé. Isso nos diz que esta é uma luta que todos temos em comum. Também nos diz que nunca há um ponto no qual possamos relaxar e parar de nos esforçar. Devemos reacender nosso dom e escolher aplicar constantemente o espírito que Deus nos deu.

Paulo contrasta o espírito de poder, amor e disciplina com o espírito que Deus não nos deu. Deus não nos deu um espírito de timidez. Quando cedemos ao mundo ou aos desejos de conforto, ou quando buscamos prazer em circunstâncias físicas ao invés de exercitarmos plenamente os nossos dons espirituais, cedemos ao espírito de timidez.

A palavra “timidez” pode ser traduzida como "medo" ou "covardia". Um dos principais medos que precisamos deixar de lado é o medo da rejeição do mundo. Jesus enfrentou uma tremenda quantidade de rejeição. Hebreus 12:2 nos diz que Ele desprezou a vergonha que enfrentou. Ele sentiu a vergonha, mas não lhe deu nenhum valor, em comparação com a "alegria posta diante Dele" de receber a recompensa de Seu Pai por viver em obediência. Mais tarde, Paulo dirá a Timóteo para viver a vida como um soldado fiel e se envolver nas batalhas com humildade, defendendo a verdade. Timóteo não deveria se preocupar com "o que as outras pessoas pensassem dele". Não há lugar para "sermos legais", esperando que os outros pensem bem de nós. O amor real requer o exercício do poder e da disciplina, incluindo falar a verdade, ensinar a verdade e confrontar com a verdade.

A Bíblia é muito deliberada no sentido de honrar a coragem e envergonhar a covardia (timidez). Sansão tinha poucos traços de caráter redentores, mas foi colocado no “Rol da Fé” de Hebreus 11 como exemplo positivo de fé. Isso só pode ser devido à sua grande coragem em se envolver em batalhas. A palavra deixa claro que a covardia é um traço que trará vergonha e perda no julgamento, pois é a primeira característica mencionada na lista de características que nos levarão ao fogo do julgamento (Apocalipse 21:8).

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