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Significado de 2 Timóteo 2:14-19
Paulo deseja que Timóteo viva sua vida na terra com uma perspectiva firme. Ele deseja que Timóteo jamais se esqueça de que o verdadeiro prêmio da vida vem através da fiel obediência a Deus e dos sofrimentos de rejeição experimentados por Jesus. Paulo também deseja que Timóteo ensine aos que estão sob sua influência essa mesma perspectiva. Paulo admoesta a seu discípulo a lembrá-los dessas coisas. A expressão "essas coisas" remete aos versículos anteriores do capítulo, ou seja, o verdadeiro prêmio da vida vem através da fiel obediência a Cristo.
Paulo admoesta Timóteo a garantir que as pessoas a quem ele ensinava não deveriam se irritar com palavras. Paulo desejava que Timóteo continuasse a se concentrar no ponto principal, isto é, que sofrer a rejeição do mundo como resultado da obediência a Cristo era algo eternamente proveitoso. As recompensas da obediência fiel é o que levaremos conosco para o céu, algo que durará para sempre. As discussões seriam inúteis e levariam os ouvintes à ruína. Quando nos distraímos do ponto principal, isso nos leva a nos concentrar em "estar certos", ao invés de nos concentrar em sermos fiéis. Tal atitude gera a ruína dos ouvintes. No contexto desta carta, tal ruína tem a ver com a perda da recompensa de reinar com Cristo resultante da obediência a Ele.
Timóteo falava às pessoas na presença de Deus. Ou seja, os ensinos de Timóteo estavam envolvidos em um ambiente coletivo de adoração a Deus. As Escrituras nos dizem que onde dois ou três se reúnem em nome de Cristo, Ele estará ali com eles (Mateus 18:20).
A configuração do grupo no qual Timóteo estava envolvido parece ser interativa, pois permitia às pessoas a oportunidade de discutir. Isso é similar ao quadro do grupo de 1 Coríntios 14. Aqui, Paulo admoesta a igreja em Corinto a trazer ordem ao culto e permitir que apenas uma pessoa por vez falasse. É provável que este culto ocorresse nas casas das pessoas, conforme frequentemente observado nas cartas de Paulo (Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:19; Colossenses 4:15; Filipenses 1:2).
No exercício de seu papel de professor, Timóteo se porta como um trabalhador de Deus. Ele exerce seu dom em favor do Corpo de Cristo. Voltando ao ponto principal de exortar Timóteo a persistir em ser fiel para que possa receber a grande recompensa de compartilhar o Reino de Cristo, Paulo o instrui a ser diligente e apresentar-se a Deus aprovado como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Como trabalhador de Jesus, Timóteo precisaria lidar com precisão com a palavra da verdade ao ensinar os crentes em Éfeso. Ele precisaria ser diligente e cuidadoso para lidar com a palavra de Deus, concentrando-se nos pontos principais, a fim de apresentar-se aprovado diante de Deus no tribunal de Cristo. Mais uma vez, Paulo exorta Timóteo a viver o presente em preparação ao futuro - o Dia do Juízo.
Timóteo foi o co-autor de vários livros da Bíblia com Paulo. Ele esteve em missão com Paulo. Ele era um ministro do Evangelho. No entanto, Paulo o admoesta a continuar sendo fiel, a fim de que pudesse receber a aprovação de Cristo no julgamento. Cristo não recompensará aos que correm até o meio da carreira. Ele recompensará aos que suportam até o fim da corrida. Como Paulo enfatiza no versículo 12, "se suportarmos, reinaremos com Ele".
Paulo apresenta um contraste a Timóteo, lembrando de que a alternativa para a aprovação era a vergonha no tribunal de Cristo. Por que um filho de Deus se envergonharia na presença de Deus? Pela mesma razão que qualquer criança se envergonharia na presença de seus pais. Em 1 Coríntios 3, Paulo apresenta uma imagem do tribunal de Cristo como uma forja. A imagem é que cada crente terá todos os seus atos lançados ao fogo da forja. O fogo (do juízo) determinará quais feitos são duradouros, como ouro, prata ou pedras preciosas. Todos eles representam materiais que são ainda mais valorizados pelo fogo. Ao serem refinados, eles se tornam ainda mais puros, um tesouro ainda maior. Os feitos não duradouros serão como madeira, feno e palha. Eles são queimados, não duram. Paulo resume sua imagem do tribunal de Cristo em 1 Coríntios, dizendo:
"Se a obra de alguém permanecer, este receberá uma recompensa. Se a obra de alguém for queimada, sofrerá perda; mas ele mesmo será salvo, assim como pelo fogo” (1 Coríntios 3:14-15).
A expressão "sofrer perda" se aplica a qualquer um dos nossos atos na terra após sermos colocados na forja do julgamento. Neste ponto, perceberemos que investimos nosso tempo e recursos nas coisas do mundo, coisas egoístas, coisas temporais, em vez de coisas eternas. Quando "sofremos perda" devemos esperar a vergonha. Deus nos dá a oportunidade de exercermos grande mordomia; se não conseguimos exercê-la bem, teremos que enfrentar a queima de todas as nossas auto-racionalizações.
No entanto, "receberemos uma recompensa" pelas coisas que perdurem, tudo o que for feito por amor e obediência a Cristo, tudo o que for verdadeiro e justo, tudo o que beneficie ao nosso próximo e promovem seu bem-estar. É assim que seremos aprovados e não passaremos vergonha. No caso de Timóteo, em sua a administração do dom e da oportunidade de ser um mestre, Paulo especificamente o instrui a evitar se envergonhar pelo manuseio correto da palavra da verdade.
É encorajador o exemplo usado por Jesus a respeito de uma ação que será recompensada no céu: dar a alguém um copo de água em Seu nome (Mateus 10:42: Marcos 9:41). As coisas consideradas grandes no céu são as coisas aparentemente triviais aqui na terra.
A razão pela qual Timóteo deveria lidar bem com a palavra da verdade é para que as pessoas sob seu ensino aprendessem a viver a palavra e a alcançar os mesmos benefícios do aprendizado do sofrimento com Cristo, ou seja, a rejeição do mundo.
Paulo desejava que Timóteo manejasse bem a palavra da verdade. Assim, o apóstolo desejava que Timóteo evitasse conversas vãs e profanas. A expressão “conversas vãs” carrega o sentido de um "som vazio", algo como falar sem contribuir em nada para a vida de uma forma benéfica. A “palavra da verdade” tem tudo a ver com abençoar a nós mesmos e aos outros. Ela nos leva a descobrir o que é melhor. As conversas vãs e profanas deveriam ser evitadas porque acarretariam ainda mais impiedade. As conversas vãs certamente podem ser reivindicadas como verdade e ser oferecidas como contraposição à palavra da verdade. Logo mais descobriremos ser este o caso de dois homens a quem Paulo nomeia.
O princípio fundamental aqui é que a conversa precede a ação. Primeiro pensamos, depois falamos, depois agimos. Nossos pensamentos e palavras impulsionam nossas ações. Portanto, devemos nos certificar de que nossos pensamentos e palavras estejam alinhados com nossa missão.
O princípio de pensamentos ou palavras levarem a ações pode ser encontrado por toda a Escritura Sagrada. Um exemplo é Deuteronômio 30:11-14, uma passagem citada por Paulo em Romanos 10. A passagem termina assim: "A palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração, para que possas observá-la". A ideia é: "Fale, creia em seu coração e tome uma atitude". Nossas palavras ou pensamentos moldam o que está em nossos corações. É em nosso coração que fazemos escolhas, que determinamos nossas ações. Assim, é extremamente importante termos o cuidado de nos debruçar sobre as coisas coerentes com a palavra da verdade. No capítulo 4, Paulo recomendará algumas coisas específicas para focarmos nossos pensamentos.
A atenção aos pensamentos corretos nos leva a uma vida de ações que serão aprovadas por Jesus. Devemos fazer isso ao invés de nos envolvermos em conversas vãs e profanas que nos levarão a mais impiedade ainda.
O tipo de conversas vãs que levam à impiedade pode se espalhar como gangrena. A palavra “gangrena” é bastante literal, vem do grego "gangraina". A gangrena é uma doença que se espalha e ataca todo o corpo, a menos que seja interrompida por um tratamento. Antigamente, a amputação era um tratamento comum. Paulo pode ter isso em mente ao encorajar Timóteo a cortar o contato com as pessoas que falam de tal maneira.
Paulo, então, dá nome a dois perpetradores de conversas vãs, dizendo: Entre eles estão Himeneu e Fileto. Esses dois não eram os únicos, mas estavam entre os que falavam dessa forma. No entanto, aparentemente eles são dignos de nota, pois são chamados especificamente. Paulo descreve a Himeneu e Fileto como homens que se desviaram da verdade. Esta seção começa com o encorajamento de Paulo a Timóteo para que seu discípulo evitasse se envergonhar diante de Cristo, manejando bem a palavra da verdade. Parte do manejo preciso da palavra da verdade é evitar pessoas que espalhem conversas vãs. Isso nos ajuda a proteger nossos pensamentos e palavras, para que possamos ter ações adequadas.
Paulo, então, indica que tipo de conversa inútil estava sendo espalhada por esses dois homens. Himeneu e Fileto diziam que a ressurreição já havia ocorrido. Paulo não elabora expõe essa filosofia estranha. Talvez ao dizerem que a ressurreição já havia acontecido, esses dois estivessem dizendo que todos os desejos das pessoas eram aceitáveis, então cada um podia fazer o que quisesse, buscando justificar os comportamentos perversos e ímpios. Ou talvez eles estivessem reivindicando algum poder divino para controlar as pessoas. O que quer que eles estivessem afirmando, Paulo observa que eles estavam perturbando a fé de alguns. Um efeito negativo das conversas vãs é que elas podem derrubar as pessoas que seguem à "palavra da verdade".
No entanto, apesar do falso discurso que estava sendo difundido por aquele grupo de pessoas, o firme fundamento de Deus permanece. Ideias falsas nunca derrubam a verdade. A verdade sempre prevalece. A "palavra da verdade" se sustenta independentemente do que as pessoas possam dizer. Pode ser que a alegação desses falsos mestres de que a ressurreição já havia ocorrido viesse do seu entendimento da Bíblia, o que pode ser parte da razão pela qual Paulo admoesta Timóteo a manejar bem a palavra da verdade. Claramente não era verdade que a ressurreição já houvesse ocorrido.
Paulo diz que o fundamento firme de Deus permanece, tendo esse selo; o apóstolo, então, segue essa afirmação com duas declarações diferentes descrevendo um selo. O selo no mundo antigo era uma marca que mostrava identidade e autoria. O firme fundamento de Deus é a palavra da verdade. A verdade permanece, mesmo na presença de falsos ensinamentos. O selo mostra duas coisas em relação à verdade em contraste com a falsidade:
O primeiro destes dois aspectos do selo do firme fundamento de Deus é que o Senhor conhece os que são Seus. Isso provavelmente fala do dom da vida eterna a todos os que demonstrem fé para olhar para Jesus, esperando ser libertos do veneno do pecado (João 3:14-15). Como saber se alguém tinha essa fé? Pode ser que não consigamos identificar essas pessoas e somos instruídos a não julgar a ninguém (Mateus 7:1). Porém, Deus conhece os que são Seus.
Isso se conecta com a porção A/A' do quiasmo nos versículos 11-13: "Se morrermos com Ele, viveremos com Ele" e "Se formos infiéis, Ele continua fiel, porque não pode negar-se a Si mesmo". Isso significa que algumas pessoas que pertencem a Deus podem ser infiéis. Pessoas com aparência de justiça podem ser bastante pessoas más. Deus conhece o coração. As aparências podem enganar.
Como Jesus explicou na parábola do trigo e do joio, nem sempre é óbvio quem são os filhos dos ímpios. Não cabe a nós decidir quem pertence ao Senhor. O Senhor conhece os que são Seus.
O segundo aspecto do selo do firme fundamento de Deus é a parte B/B’ do quiasmo nos versículos 11-13. Paulo diz: Todo aquele que pronuncia o nome do Senhor deve abster-se da iniquidade. Para ser um servo fiel, o "obreiro" aprovado precisa se abster da maldade. Não basta apenas pronunciar o nome do Senhor. Deus deseja que Seus servos se abstenham da iniquidade. Eles devem acrescentar ações à palavra de verdade.
Pronunciar o nome do Senhor e abster-se da iniquidade é um versículo referente ao prêmio que os crentes podem alcançar por serem fiéis. Nenhum ser humano pode tornar-se filho de Deus abstendo-se da maldade. Conforme Paulo escreve:
"...porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados como dom pela Sua graça através da redenção que está em Cristo Jesus" (Romanos 3:23-24).
Este versículo de Romanos deixa claro que todos somos pecadores e a única maneira de alguém ser justificado na presença de Deus é pela graça de Deus, através da fé em Jesus Cristo.
Para nos tornarmos filhos de Deus basta exercermos fé e olharmos para Jesus, esperando ser libertos do veneno do pecado (João 3:14-15). Abster-se da maldade não é suficiente para nos justificar na presença de Deus.
No entanto, uma vez que os crentes nascem de novo, eles podem ganhar ou perder a recompensa da herança por meio da obediência ou desobediência (Colossenses 3:23; Romanos 8:17:b). A recompensa pela fidelidade ocorre tanto na era vindoura quanto nesta vida atual. Em Gálatas, Paulo fala longamente sobre a escolha dos crentes em Cristo de seguir à sua carne (com as consequências negativas dos frutos da carne) ou de seguir ao Espírito (com as consequências positivas do fruto do Espírito) (Gálatas 5:16-25).
Com relação às recompensas na era vindoura, Paulo deixa claro no início deste capítulo que, se perseverarmos em uma vida fiel, seremos recompensados e reinaremos com Cristo; se não formos fiéis, não obteremos essa recompensa (2 Timóteo 2:12). Os crentes podem escolher a maldade, trazendo consequências espirituais adversas, ou podem escolher o nome do Senhor e abster-se da maldade, com incríveis consequências espirituais.
Não devemos nos preocupar se alguém parecer estar "se safando de algo". Isso jamais irá acontecer.
Conforme afirma Hebreus:
"E não há criatura escondida de Sua vista, mas todas as coisas estão abertas e expostas aos olhos daquele a quem teremos de prestar contas" (Hebreus 4:13).
Somos instruídos a não julgar (Mateus 7:1). Porém, isso não significa que não haverá julgamento. Significa apenas que Deus é o Juiz. Ele irá corrigir todas as coisas.
A "palavra da verdade" à qual Paulo admoestou a Timóteo a manejar bem (2 Timóteo 2:15) se conecta a essa admoestação de manter nossa atenção no fim da nossa vida na terra, ou seja, no Tribunal de Cristo. Quando todas as obras que fizemos durante nossa vida forem avaliadas e nossa mordomia for julgada, devemos esperar ser considerados "obreiros aprovados” ao invés de "envergonhados" (2 Timóteo 2:15). Devemos prosseguir fazendo boas ações para alcançarmos a recompensa da herança de "reinar com Ele" (2 Timóteo 2:12).