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Significado de 3 João 1:9-10

João critica um homem chamado Diótrefes, que se colocava em primeiro lugar na igreja, em vez de servir aos crentes. Diótrefes rejeitava ao que João e outros líderes da igreja ensinavam e havia feito falsas acusações contra eles. Pior ainda, ele trabalhava contra a ajuda aos missionários e removia os membros da igreja que desejavam apoiá-los.

Agora, João chega à parte da carta que parece ser a principal razão para o seu envio. João afirma esperar ver os irmãos "em breve". Porém, as ações de Diótrefes precisavam ser condenadas imediatamente. João afirma que pretendia chamar sua atenção para as obras que faz. Essas obras tornavam Diótrefes inapto para ser ouvido ou seguido. As Escrituras deixam claro que não devemos julgar outros crentes. Jesus disse: "Não julgueis para não serdes julgados" (Mateus 7:1). Paulo declarou: "Portanto, não julgueis antes do tempo, mas esperai até que o Senhor venha" (1 Coríntios 4:5a).

Há uma exceção, no entanto, para os falsos mestres: "Cuidado com os falsos profetas, que vêm até vocês em pele de ovelha, mas interiormente são lobos vorazes. Vós os conhecereis pelos seus frutos" (Mateus 7:15-16). Mestres e líderes devem ter seus atos examinados para se determinar se são dignos de serem seguidos ou ouvidos. João deixa claro que as obras de Diótrefes o desqualificavam.

João lista as obras desqualificadoras de Diótrefes. Primeiro: ele gosta da primazia entre eles. João e o restante dos discípulos haviam aprendido através de seus fracassos que buscar ser o primeiro não era uma maneira construtiva de viver. Jesus os repreendeu rotineiramente por serem egoístas. Um exemplo pode ser encontrado em Marcos 9, onde Jesus se dirige aos discípulos engajados em uma discussão a respeito quem seria o maior entre eles. A resposta de Jesus foi: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o último de todos e servo de todos" (Marcos 9:35b). João havia aprendido bem essa lição e agora a aplica a Diótrefes. O apóstolo Pedro também aprendeu esta lição e afirma em sua primeira epístola:

"Portanto, exorto aos anciãos entre vós, como vossos companheiros anciãos e testemunhas dos sofrimentos de Cristo, e participantes também da glória que há de ser revelada, apascentem o rebanho de Deus entre vós, exercendo a vigilância não sob compulsão, mas voluntariamente, segundo a vontade de Deus; e não para ganho sórdido, mas com ânsia; nem ainda como dominando-o sobre os que lhe são atribuídos, mas revelando-se exemplos para o rebanho. Quando o Grande Pastor aparecer, recebereis a coroa inabalável da glória" (1 Pedro 5:1-4).

A busca pela primazia entre eles desqualificou Diótrefes da liderança. Esta não foi sua única má ação. Havia mais. João afirma que Diótrefes não o recebia. João havia escrito algo para a igreja, mas Diótrefes não o ouviu. As pessoas que desejam ser as primeiras não ouvem às outras. Faz sentido prestar atenção à voz de outras pessoas quando procuramos crescer em sabedoria, ou servir uma missão. Por outro lado, não faz sentido ouvir aos outros se desejamos ser os primeiros entre eles. Ouvir aos outros nos coloca em uma posição de humildade. Ter uma posição de primazia significa que os outros precisam nos ouvir.

Além disso, Diótrefes falava palavras malignas contra nós. João usa o pronome “nós” e “nos”, ao invés de "eu". Isso é consistente com a realidade de que Diótrefes desejava ser o primeiro entre eles. A inferência parece ser a de que Diótrefes era um ancião que buscava ter preeminência no grupo de anciãos. A frase traduzida como “gosta da primazia” vem da palavra grega "philoprōteuōn", composta pelos termos "philo" (amor) e "prōteuōn" (primeiro lugar). Esta segunda palavra, "proteuon", é usada apenas em um outro lugar no Novo Testamento (Colossenses 1:18), que diz que Jesus tem proeminência sobre todas as coisas. Assim, quando Diótrefes buscou assumir a preeminência na igreja, ele estava usurpando a autoridade do próprio Cristo. Era uma acusação muito grave. Este era o modelo de liderança "rei no Reino", ao invés do que Jesus ensinou, ou seja, líderes-servos.

João era um apóstolo de Jesus; por isso tinha maior autoridade que Diótrefes. Porém, João não se autodenomina nesta carta como o ancião principal. Tampouco se apoia em seu apostolado. Pelo contrário, ele apela à verdade. Ele não dá ordens. Ele apela ao julgamento dos membros da igreja e os encoraja a buscar a verdade e a ouvir Caio, a quem João amava na verdade.

Faz sentido que, se Diótrefes quisesse ser o primeiro entre eles, ele acusasse e humilhasse a qualquer outro líder, a fim de puxar o tapete dos outros para poder crescer. Além disso, ele não gostava do que os líderes superiores diziam, pois isso equivaleria a endossar sua superioridade. O apetite de Diótrefes em ser superior às outras autoridades anulava a verdade.

A orientação interesseira de Diotrephes manifestava-se ainda mais na sua falta de hospitalidade. João afirma que o próprio Diótrefes não recebia os irmãos. João está falando aqui sobre os ministros judeus que viajavam e ministravam em nome de Jesus. Diótrefes foi além da negligência, no entanto, e proíbia aqueles que desejavam fazê-lo e os colocava para fora da igreja. O fato de Diótrefes colocar as pessoas para fora da igreja indicava que ele estava em uma posição de autoridade, provavelmente era reconhecido como presbítero. Porém, ele não servia aos irmãos; ele dava ordens. Ele dominava. Onde quer que o termo "presbíteros" ocorra nas epístolas do Novo Testamento no contexto da liderança da igreja, ele sempre aparece no plural. Diótrefes parecia preferir ser um autocrata. João infere que isso era mau; por isso, a próxima instrução dada pelo apóstolo aos crentes amados na igreja foi: Não imites o mal, mas o bem" (v. 11). A propósito, o nome Diótrefes significa "nutrido por Zeus".

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