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Significado de Atos 1:6-8
Enquanto se preparava para voltar ao Céu, Jesus instrui Seus discípulos a permanecer em Jerusalém e esperar pelo Espírito Santo, a quem Deus lhes enviaria para ajudá-los. Porém, não estava claro aos discípulos que Jesus estava prestes a deixar a terra. Ele fora crucificado quarenta dias antes e ressuscitado três dias depois de Sua morte. Em seu entendimento, eles O haviam perdido; agora, Ele estava de volta. Eles entendiam que as Escrituras exigiam que Jesus fosse crucificado e ressuscitado, porque Jesus lhes havia ensinado isso a partir das próprias Escrituras, enquanto esteve com eles durante aqueles quarenta dias (Lucas 24:45-49).
Porém, os discípulos ainda previam que Jesus estabeleceria um reino físico em Israel, sendo Ele mesmo o rei, conforme foi profetizado no Antigo Testamento (Daniel 2:44; 7:13-14; Zacarias 14). Eles esperam que o Jesus vitorioso, que havia afirmado que "toda a autoridade" lhe havia sido concedida, governasse a partir de Jerusalém e esmagasse ao império romano, estabelecendo um reino para sempre. Durante toda sua vida, os discípulos viveram sob à força de ocupação romana; eles olhavam para as promessas de Deus nas Escrituras que diziam que, um dia, Deus restauraria Israel e que Seu Messias reinaria para sempre.
Os onze discípulos fiéis eram provenientes da Galiléia, a sede da resistência aos romanos. Gamla, a cidade-sede dos zelotes, ficava a poucos quilômetros das vilas de pescadores na costa do Mar da Galiléia, incluindo Cafarnaum. Os discípulos tinham uma tremenda paixão por ver Israel restaurado. Eles deram suas vidas a essa causa. Um tema constante dos ensinamentos de Cristo era sobre o Reino de Deus, o Reino dos Céus, sobre quem entraria nele, quem o herdaria e quem não teria permissão de entrada. Agora que Jesus morreu e ressuscitou em obediência ao Pai, Ele herdou autoridade sobre a terra (Mateus 28:18; Hebreus 1). Os discípulos, compreensivelmente, pensam que o próximo passo seria que o Reino dos Céus fosse fisicamente trazido à Terra:
Então, quando eles se reuniram, eles estavam perguntando a Ele, dizendo: "Senhor, é neste momento que Tu estás restaurando o reino a Israel?"
A resposta de Jesus foi: Não vos compete a vós conhecer tempos ou épocas que o Pai fixou por Sua própria autoridade.
Jesus redireciona seu zelo por espalhar o reino espiritual por toda a terra. No entanto, Ele não corrige seu entendimento a respeito de um reino físico, deixando claro que haveria, de fato, um retorno físico de Jesus e que Ele estabeleceria uma presença física em Israel e restauraria o reino a Seu povo de aliança. Aqui, Jesus apenas esclarece que não cabia aos discípulos saber quando isso ocorreria. Seu negócio era ser Suas testemunhas em toda a terra.
Um dia, Jesus restaurará Seu reino a Israel. Ele herdou toda a terra em recompensa por Sua obediência fiel. Ele restabelecerá o trono de Davi em Israel (2 Samuel 7:13). Porém, estabelecer o Reino ainda não faz parte do programa de Deus. A resposta de Jesus deixa claro que haverá um tempo em que Ele restauraria o reino a Israel. No entanto, Jesus diz explicitamente que não cabia aos discípulos saber quando. É claro, no entanto, que Jesus voltará e restaurará o reino. Veremos no capítulo 3 que o entendimento de Pedro é que, se Israel se arrependesse, Jesus voltaria prontamente e restauraria o reino.
Isso é semelhante ao que Jesus já lhes havia dito durante Seu ministério. Alguns dias antes de ser traído e crucificado, Jesus estava com Seus discípulos no Monte das Oliveiras, o mesmo local de Atos 1, pouco antes de Sua ascensão. Alguns dos discípulos perguntaram-lhe: "Diga-nos, quando serão estas coisas, e qual será o sinal quando todas estas coisas se cumprirem?" (Marcos 13:4).
Jesus lista muitos sinais que indicariam o fim dos tempos vindouros, mas Ele é muito claro que os discípulos não saberiam quando Seu retorno aconteceria: "Mas daquele dia ou hora ninguém sabe, nem mesmo os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai" (Marcos 13:32).
Nesse diálogo, Ele também afirma expressamente que "o evangelho deve primeiro ser pregado a todas as nações" (Marcos 13:10). Ele repete esse ponto a eles, dando-lhes algo para concentrar sua atenção, em vez da restauração física do Reino e do fim dos tempos. Esses dias virão, assegurou Jesus, e Deus restaurará a criação e estabelecerá um Reino para sempre, tendo a Cristo como Rei; porém, não nos cabe saber quando o fim acontecerá. Apenas sabemos que acontecerá.
Jesus retoma o tema de que os discípulos precisavam se preparar para que recebessem poder quando o Espírito Santo viesse sobre eles.
O Espírito Santo os capacitaria. Para quê? Para pregar o Evangelho (boas novas) sobre Jesus. Cristo lhes diz: Sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até mesmo na parte mais remota da terra. Este é um mandamento semelhante aos versículos conhecidos como "A Grande Comissão" (Mateus 28:18-20). Esses mandamentos resumem o trabalho dado a todos os crentes em Jesus, até que Ele retorne. Continua até hoje. Cristo não estava estabelecendo Seu Reino fisicamente na terra. Tal decisão caberia a Deus Pai, por Sua própria autoridade. O Reino de Jesus ainda não era deste mundo (João 18:36). O trabalho dos discípulos era o de encher aquele Reino espiritual de cidadãos espirituais.
Os discípulos deveriam ser testemunhas de Jesus em Jerusalém, para o povo judeu, em Samaria, para aqueles que eram metade judeus e metade gentios, e em toda a Judéia, toda a população do povo judeu, e até mesmo nas partes mais remotas da terra, para todos os povos, em todos os lugares. Todos os judeus, todos os gentios, todos os povos, até as partes mais remotas da terra, deveriam ouvir das testemunhas de Cristo o que Ele havia ensinado, como Ele morreu e que Ele havia ressuscitado para libertar a humanidade do pecado e dar-lhes um relacionamento eterno com Deus.
A palavra grega traduzida como “testemunhas” é o substantivo "martys", do qual deriva a palavra "mártir". Todos os crentes têm o trabalho de ser mártires, no sentido de viver suas vidas sacrificialmente, entregando suas vidas a serviço de Jesus. Alguns perderão a vida fisicamente. Todos devem perder a vida espiritualmente, morrer para viver. Como disse Jesus: "Porque quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas todo aquele que perder a sua vida por minha causa a encontrará" (Mateus 16:25).
Ao nomear a Seus seguidores como testemunhas, Jesus estava ordenando que eles perdessem suas vidas por causa de Seu Reino. É desta forma que o Reino de Jesus virá à terra durante a era que o Espírito Santo inaugurará através das ações de seguidores que andam no poder do Espírito.
No momento da ascensão de Cristo ao Céu, o Cristianismo (que, na época, foi inicialmente chamado de "o Caminho") era basicamente uma seita judaica com algumas centenas de pessoas. No final de Atos, entretanto, em questão de apenas algumas décadas, o Cristianismo já era um vasto movimento que varria todo o Império Romano. Pessoas de todas as esferas da vida, judeus e gentios, tornavam-se parte do Reino através da fé. Isso ocorreu porque os apóstolos obedeceram à ordem de Jesus. O plano de Deus para restaurar a terra está sendo executado por meio de Seu povo, andando em fé e obedecendo a Seus mandamentos.