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Significado de Atos 2:22-28

Pedro prega que a morte de Jesus era parte do plano de Deus e que Ele ressuscitou dos mortos pelo poder de Deus. O rei Davi havia profetizado sobre Sua ressurreição em seus salmos.

Pedro termina de explicar à multidão em Jerusalém que o Espírito Santo estava agindo por meio dos discípulos. Agora, ele passa a pregar sobre Jesus Cristo, dirigindo-se pela segunda vez a seu público como “Homens de Israel”. Ele chama a atenção deles para o que estava prestes a dizer: Escutai estas palavras. As palavras que ele falaria eram direcionadas aos Homens de Israel especificamente, porque eles tinham uma conexão em primeira mão com o assunto de seu sermão, Jesus, o Nazareno, o Messias prometido de Israel.

Sem dúvida, os homens na multidão sabiam instantaneamente de quem Pedro estava falando. Jesus havia passado três anos viajando por Israel. Ele era um homem atestado diante dos israelitas com milagres, maravilhas e sinais: Ele curava doentes, trazia mortos à vida, expulsava demônios e muito mais. Esses milagres eram um testemunho ao povo de que Ele havia sido enviado por Deus. Jesus também teve muitos confrontos públicos com os líderes de Jerusalém, os fariseus. Jesus pregou sobre o Reino de Deus e atraiu um grande número de pessoas, às vezes reunindo multidões. Em um país pequeno como Israel, a maioria das pessoas já teria ouvido falar de Jesus em algum momento.

Pedro lembra a seu público que eles certamente conheciam aquele homem é  que os milagres que ele havia realizado eram atribuídos a Deus através Dele no meio do povo de Israel. Pedro afirma diretamente: Assim como vós mesmos sabeis. Eles sabiam a quem Pedro se referia. A declaração de Pedro afirmava que o público tinha conhecimento experiencial de Jesus e Suas obras.

Mesmo muitos dos peregrinos judeus de todo o Império Romano/Parta (de Roma ao Irã) provavelmente sabiam quem era Jesus, pois um grande número deles estava em Jerusalém cinquenta dias antes, quando Jesus fora levado a julgamento público e executado em uma cruz na colina. As multidões que ali se reuniam para a Páscoa participaram de Sua sentença de morte (Mateus 27:22-23).

Então, diz Pedro, esse Homem, esse Jesus de Nazaré, que foi atestado ao povo judeu como alguém enviado por Deus a partir dos milagres, maravilhas e sinais que realizou por Deus, era mais importante do que as multidões pensavam.

Pedro lembra a multidão de sua parte na crucificação de Jesus: Ele foi o homem que vocês pregaram na cruz pelas mãos de homens ímpios e o mataram.

O fato importante da questão levantada por Pedro era que Jesus havia sido entregue aos romanos pelo plano predeterminado e presciência de Deus. Sua morte fora profetizada. Não foi uma surpresa, nem uma derrota, mas uma parte predeterminada do plano de Deus. Foi exatamente para morrer que Jesus veio à terra (João 3:16).

O que as multidões não sabiam, ou talvez tivessem ouvido rumores, era que, embora O tivessem matado, Jesus não ficou morto: Mas Deus O ressuscitou, pondo fim à agonia da morte, já que era impossível que Ele fosse mantido em seu poder.

Pedro faz três afirmações incríveis aqui:

  • Deus ressuscitou a Jesus da sepultura.

Os ouvintes tinham amplos recursos para verificar as evidências que sustentam a alegação de Pedro. Se a alegação fosse refutada, tudo acabaria.

  • A ressurreição pôs fim à agonia da morte, ou seja, a morte foi derrotada (1 Coríntios 15:57).

Isso implicava que haveria efeitos de amplo alcance da ressurreição do Messias disponíveis para outras pessoas. Pedro faz essa afirmação pouco tempo depois do ocorrido para as pessoas nas imediações.

  • Era impossível Jesus ser mantido debaixo do poder da morte.

Muitas pessoas haviam sido ressuscitadas dos mortos ao longo da história bíblica e no próprio ministério de Jesus. Era algo incomum e incrível, provavelmente difícil para muitos judeus acreditarem, caso não tivessem testemunhado tal milagre; porém, eles estavam familiarizados com a ideia de que Deus ressuscitava pessoas dentre os mortos. Pessoas ressuscitaram até mesmo no momento em que Jesus morreu (Mt. 27:52-53) e isso provavelmente tenha criado um alvoroço por seu retorno à vida entre aqueles que as conheciam. Porém, a ressurreição de Jesus foi, obviamente, algo especial, com base no que Pedro diz aqui: o poder da morte não poderia segurá-lo. Era impossível. Jesus tinha, em certo sentido, se submetido à morte por um breve tempo para, logo depois, derrotá-la. A morte não seria algo que Ele experimentaria, exceto por escolha própria. Ele escolheu morrer por submissão a Deus Pai (Mt. 26:39). Porém, era impossível que Ele permanecesse morto. Ele era Deus, o Filho, Aquele a quem Pedro estava revelando às multidões.

Pedro cita os Salmos de Davi, Salmo 16:8-11, para provar que Jesus era o eterno Rei davídico prometido por Deus séculos atrás.

O contexto imediato do salmo de Davi citado por Pedro era sobre temer por sua própria vida e esperar sobreviver à ameaça de seus inimigos. Davi escreve como Deus havia preservado sua vida e lhe trazido esperança: "Eu vi o Senhor em minha presença. O Senhor não o abandonou, ele estava sempre na presença do Senhor, estava à sua direita, bem a seu lado, para lhe dar confiança, para que ele não fosse abalado (Salmo 16:8).

Pelo fato de Deus não ter abandonado a Davi, o salmista escreve: Portanto, meu coração ficou feliz e minha língua exultou. Ele é encorajado a louvar a Deus com sua língua. Além disso, escreve ele, sua carne também viverá na esperança. Seu corpo permanece, sua carne vive em esperança e segurança da ameaça de morte (Salmo 16:9).

Sua esperança é fundada na proteção de Deus a seu corpo. Davi escreve: Porque Deus não abandonará minha alma ao Hades (Salmo 16:10). A palavra hebraica neste salmo é "Seol". Lucas usa o grego Hades para traduzir "Seol" na citação que Pedro faz do Salmo 16:10. "Seol", no Antigo Testamento, é traduzido de várias maneiras (incluindo a transliteração, em vez da tradução), como “fosso”, “sepultura, "entre os mortos" e “inferno”.

Hades era o lugar dos mortos na cultura grega. Ambos os termos capturam a ideia de estar morto. Significa simplesmente que Deus havia guardado Davi da morte. Mais surpreendente ainda, Davi escreve que Deus não havia permitido que seu Santo sofresse decadência. "Santo" significa "separado" ou "escolhido". Davi era o rei ungido de Deus, um homem segundo o coração de Deus (1 Sam. 13:14).

Davi louva a Deus por protegê-lo:

"Tu me darás a conhecer os caminhos da vida."

Pedro, direcionado pelo Espírito Santo, vê um significado mais profundo para este Salmo. Não se tratava apenas de Davi ser salvo das ameaças de morte de seus inimigos. O texto falava da ressurreição de Jesus, filho de Davi e herdeiro do trono davídico. É comum que as passagens proféticas tenham múltiplas camadas de significado e múltiplos cumprimentos. Este é um dos casos em que a passagem tem uma aplicação imediata, bem como uma futura.

O fato de Lucas ter usado "Hades" para traduzir "Seol" ao citar o Salmo 16:10 indica que o modelo grego para o Hades era substancialmente semelhante à ideia judaica do lugar para onde as pessoas iam depois da morte. Isso é confirmado pela parábola de Jesus sobre o homem rico e o Lázaro, encontrada em Lucas 16:19-31. Nesta parábola, Jesus fala de um rico sendo atormentado no Hades, separado do paraíso por um abismo, ao qual Jesus chama de Seio de Abraão. Este modelo de dois compartimentos, um para os justos e outro para os ímpios, é aparentemente preciso. No final desta era, o Hades será lançado no Lago de Fogo junto com a morte e, então, será destruído juntamente com a morte (Apocalipse 20:14). O Lago de Fogo será o destino dos incrédulos e é chamado de "segunda morte" (Apocalipse 20:14, 1:8).

Ao recitar o Salmo 16, Pedro deixa claro que Jesus ressuscitaria. Jesus disse ao ladrão na cruz que eles estariam juntos naquele mesmo dia no paraíso (Lucas 23:43). Então, aparentemente, Jesus foi para o paraíso ao morrer. Porém, conforme previu o Salmo 16, Jesus não permaneceu lá, mas ressuscitou da sepultura. Paulo diz que Jesus é a primícia daqueles que morrem (1 Coríntios 15:20). O corpo ressuscitado de Jesus era capaz de desaparecer ou atravessar paredes, enquanto, ao mesmo tempo, era capaz de consumir alimentos (Lucas 24:31; João 20:20; 21:12-15). Paulo chama o corpo ressuscitado de "corpo espiritual" (1 Coríntios 15:44).

Nos dias entre Sua ressurreição e ascensão, Jesus ensinou a Seus discípulos sobre o Reino de Deus (Atos 1:3). Ele também abriu as Escrituras para que eles vissem que elas falavam Dele:

"Agora disse-lhes: Estas são as Minhas palavras que vos falei enquanto ainda estava convosco, para que todas as coisas que estão escritas a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos se cumpram. Então Ele abriu suas mentes para entender as Escrituras" (Lucas 24:44-45).

Pedro claramente estava lendo os Salmos de Davi e enxergou as camadas de significado neles depois que Cristo abriu sua mente para entender como os salmos falavam a respeito de Jesus. Tal abordagem das Escrituras era e é comum entre os judeus. Pedro citou dois Salmos em Atos 1 para mostrar que a posição de Judas Iscariotes entre os 12 apóstolos precisava ser preenchida. E aqui, neste sermão aos peregrinos judeus, ele aponta para os Salmos novamente visando mostrar que Jesus havia ressuscitado e estava com Deus Pai.

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