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Significado de Atos 2:5-13
O Espírito Santo chegou. Os discípulos esperaram em uma sala em Jerusalém como Jesus os havia instruído e, com um som de um vento impetuoso, línguas de fogo vieram sobre cada crente. Todos começaram a falar em línguas diferentes pelo poder do Espírito.
Era a Festa de Pentecostes, a Festa das Semanas; assim, o povo judeu havia viajado para a cidade sagrada, Jerusalém, para celebrá-a. Lucas explica que havia judeus vivendo em Jerusalém, que haviam feito peregrinação para a festa. Eram homens devotos de todas as nações debaixo do céu. Neste ponto da história, os judeus viviam em todo o Oriente Médio e no mundo ocidental. Datando do exílio babilônico, os judeus foram expulsos de sua terra natal. Desde então, eles continuaram a se espalhar e se estabelecer em outras áreas, como Grécia, Egito e Roma, no que é conhecido como "diáspora" (grego para "dispersão"). Durante o domínio do Império Romano, os muitos judeus que se estabeleceram em outros países ainda se apegavam à sua identidade nacional e religiosa. Assim, eles retornavam a Jerusalém para observar os dias santos e as festas.
A cidade estava repleta de viajantes e residentes permanentes. Então, quando esse som ocorre, a multidão se reúne. O som era o som do Espírito, "um vento violento e impetuoso" (Atos 2:2), ou o barulho dos 120 discípulos falando todos de uma vez, ou ambos. Os seguidores de Jesus estavam reunidos em um cenáculo quando o Espírito chegou e eles parecem ter saído às ruas e começado a falar. A multidão de visitantes se reuniu para entender a fonte de todo aquele barulho. Eles encontraram os 120 discípulos falando em muitas línguas diferentes e ficaram perplexos. O que deixou perplexos a esses judeus que haviam vindo de todo o mundo conhecido foi que cada um deles ouvia os discípulos falarem em suas próprias línguas. Este foi um momento verdadeiramente bizarro que surpreendeu à multidão.
Eles se perguntavam uns aos outros: Por quê? Não são todos esses que estão falando galileus?
Os peregrinos judeus e moradores locais eram capazes de identificar que os falantes eram galileus, da Galiléia, a região norte de Israel onde Jesus havia passado a maior parte de Seu ministério. A maioria dos doze apóstolos vinha da região da Galiléia. Era aparentemente fácil identificar aos galileus, talvez devido ao seu sotaque. Quando Jesus foi preso, um dos espectadores ouve a voz de Pedro e reconhece que ele pertencia aos seguidores galileus de Jesus: "Certamente você também é um deles; porque até o modo como falais vos entrega" (Mateus 26:73). Atos 4:13 descreve como os líderes religiosos em Jerusalém haviam sido capazes de dizer que Pedro e João eram homens incultos e sem treinamento.
Entende-se que havia um viés social em relação aos galileus. Eles eram considerados incultos. A maneira como os galileus falavam era descrita de tal forma que eles engoliam sílabas e não pronunciavam as palavras da maneira convencional.
Os galileus não eram conhecidos por falar de uma maneira bonita, ou mesmo de uma maneira normal. Soavam estranhos para outros judeus. Então, os judeus que agora os ouvem falando em línguas estrangeiras estão pensando: "O que está acontecendo com esses galileus falando essas línguas diferentes? Eles mal conseguem dominar as suas próprias línguas!"
A multidão, composta por pessoas de todo o império romano, passa a questionar como entendiam aos galileus: E como é que cada um de nós os ouve em sua própria língua para a qual nascemos. Parece que os galileus, que não conseguiam falar sua própria língua nativa sem sotaque, estavam agora falando línguas estranhas com um sotaque local perfeito.
Lucas lista as origens dos peregrinos e colonos judeus:
- Partas, Medos e Elamitas. Eram judeus de reinos e províncias do atual Irã, mil quilômetros a leste de Israel. A Pártia resistiu aos romanos e, portanto, não fazia parte de seu império. Elam (ou Elimais) era um vassalo do Império Parta, enquanto a Média era uma província parta.
- Havia judeus residentes na Mesopotâmia, uma região entre os rios Tigre e Eufrates, atual Iraque e Kuwait. Na Mesopotâmia estava a Babilônia, a grande cidade antiga para onde o profeta Daniel foi levado como cativo. Os judeus que viviam lá provavelmente descendiam dos exilados originais durante a conquista babilônica de Israel 600 anos antes.
- Os judeus da Judéia eram os locais, aqueles que viviam na região da Judéia ou na própria Jerusalém. A Judéia era a região mais meridional de Israel; acima dela estava Samaria e mais ao norte estava a Galiléia.
- A Capadócia e o Ponto eram províncias da atual Turquia, centenas de quilômetros ao norte de Israel.
- A Ásia não é o continente asiático que conhecemos hoje; no contexto do Império Romano, era uma região a noroeste de Israel, a oeste da Capadócia, hoje parte da atual Turquia.
- A Frígia era uma província que se sobrepunha à Ásia e à Galácia (a mesma Galácia onde uma igreja seria estabelecida, para a qual o apóstolo Paulo escreveria sua carta, "Gálatas"). Tanto a Ásia quanto a Frígia também estão na Turquia. A parte moderna é a Panfília, uma região ao sul da Galácia e da Frígia.
- O Egito era a antiga terra das pirâmides e faraós, de onde o povo de Israel fora liberto por Deus da escravidão; logo depois, Ele iniciou Sua aliança com eles como nação. Ficava a sudoeste de Israel.
- Havia judeus de distritos da Líbia ao redor de Cirene. A Líbia perdura até hoje, um país a oeste do Egito. Cirene era uma cidade grega no norte da Líbia, perto do mar Mediterrâneo, a quase 2000 quilômetros de Jerusalém.
- Havia visitantes de Roma, a capital do império romano. Roma ficava a oeste de Israel, do outro lado do Mar Mediterrâneo. Lucas menciona que tanto judeus quanto prosélitos vieram de Roma para a festa. O prosélito era um convertido, uma pessoa não nascida na cultura judaica, que havia se tornado judeu por opção. Rute, no Antigo Testamento, é um exemplo de prosélito.
- Por fim, havia cretenses, pessoas da ilha de Creta, no meio do Mar Mediterrâneo e árabes da Arábia, ao sul e a leste de Israel, alguns dos quais são hoje a atual Jordânia.
Todas essas regiões e províncias faziam parte do império romano (exceto a Pártia, a Média e Elam). Durante este tempo, havia relativa paz e estabilidade em todo o império. Esta passagem demonstra até onde o povo judeu estava espalhado pelo mundo, como eles eram capazes de retornar a Jerusalém em segurança para celebrar a Páscoa ou a Festa das Semanas. No entanto, todo o povo judeu e os prosélitos falavam várias línguas nativas de todo o mundo. Os discípulos de Jesus, pelo poder do Espírito Santo, começaram a falar a cada um deles em suas próprias línguas, até mesmo em seus dialetos locais.
Os discípulos não estavam exibindo que podiam falar latim ou grego. Estavam, nessas várias línguas, falando das poderosas obras de Deus. Este era o ponto do momento. Falar das obras poderosas de Deus, tornar Seu nome grande para os homens devotos que estavam visitando Jerusalém. Isto era o que Jesus havia dito aos discípulos para fazerem antes de subir ao Céu: eles deveriam ser Suas testemunhas para o mundo inteiro. O ministério da igreja de Jesus começa a fazer isso imediatamente.
Esta exibição inicial foi direcionada aos judeus em Jerusalém, que eram homens devotos. A palavra “devoto” aparece apenas em três ocasiões no Novo Testamento. Em Lucas 2:25, Simeão é chamado devoto e justo. Era um homem que aguardava ansiosamente o advento do Messias. Lemos que o Espírito Santo estava sobre ele. Em Atos 8:2, lemos que homens devotos enterraram a Estêvão, o primeiro mártir conhecido da era da igreja, iniciada em Pentecostes. Assim, parece provável que o termo “homens devotos” se referisse àqueles que genuinamente adoravam ao Deus verdadeiro e vivo.
Muitos desses judeus eram provavelmente transeuntes, ou seja, não eram residentes permanentes de Jerusalém e voltariam às suas casas e suas nações. A palavra e a glória de Deus estavam sendo pregadas a eles para que começassem a cumprir a Grande Comissão (Mateus 28:19-20). Cada um desses peregrinos voltaria às suas nações, acreditando ou não em Jesus, contando a seus vizinhos e amigos a incrível experiência que haviam tido em Jerusalém. A partir desse acontecimento as boas novas de Jesus se espalhariam. O ministério do Espírito Santo começa de uma maneira incrivelmente eficaz através da pregação do Evangelho em todo o mundo romano desde o primeiro dia de Sua chegada.
A multidão continuou espantada e perplexa, dizendo uns aos outros: "O que isso significa?" Eles procuravam saber o que estava por trás do milagre. Eles estavam empenhados em saber mais.
Porém, sempre haverá os cínicos. Havia outros na multidão zombando e dizendo dos discípulos: "Eles estão cheios de vinho". Eles devem estar bêbados. Uma multidão de galileus falando em muitas línguas certamente haviam bebido demais, ainda que estivessem falando sobre as grandezas de Deus. Céticos que rejeitam a palavra de Deus, zombando da obra do Espírito estarão sempre conosco. Jesus expulsou demônios e foi acusado de estar possuído por demônios, apesar da contradição lógica (Lucas 11:14-20). É da natureza do coração humano resistir à obra de Deus, mas veremos que muitos responderão ao convite de Pedro.
Nesse caso, há uma espécie de reversão do que aconteceu na Torre de Babel (Gênesis 11). A Torre de Babel fora construída por todas as nações quando havia apenas uma língua e todos os homens estavam unidos; porém, Deus dividiu as nações e as fez falar línguas diferentes, de modo a se desunirem. Agora, através do Pentecostes, o Espírito Santo reverte essa maldição e reúne as línguas novamente sob a unidade do Espírito.
Este ato do Espírito Santo transcende as barreiras linguísticas. Neste capítulo, a mensagem chega apenas aos judeus em Jerusalém; mas, como o restante do livro de Atos mostrará, ela se espalharia para as nações, para os gentios. A mensagem de Deus neste momento é clara: Ele estava disposto a se revelar a todas as pessoas, de forma pessoal e individualmente, em seu nível, trazendo-lhes as boas novas da morte e ressurreição salvadoras de Seu Filho.