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Significado de Atos 3:11-16

As pessoas que testemunharam a cura do mendigo coxo seguem a Pedro e João. Pedro os confronta e pergunta por que eles estavam tão surpresos. Será que eles não sabiam que só Deus poderia operar tal milagre? Aquele milagre havia sido realizado pela fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus e o Messias, morto pelo povo judeu e a quem Deus havia trazido de volta à vida.

O homem curado louvava a Deus por sua cura, mas estava focado em Pedro e João, já que haviam sido eles os instrumentos usados por Deus para curá-lo. Ele estava muito feliz com o que Deus havia feito por ele por meio daqueles homens. Pedro percebe que todas as pessoas ali no templo acorreram juntas em uma grande multidão até eles, parando-os no chamado Pórtico de Salomão (veja ilustração na seção Mapas e Cartas). Eles estavam cheios de espanto. Talvez naquele momento Pedro e João tenham orado e saído do templo e estivessem parados no pórtico sendo abordados por todas as testemunhas oculares daquela cura.

Quando Pedro viu isso, respondeu ao povo. Assim, quando o povo se aproxima para checar o homem curado, Pedro usa isso como uma oportunidade para falar e pregar a eles. Pedro sempre tem algo a dizer. Seu público aqui é judeu e assim ele se dirige a eles como Homens de Israel e lhes pergunta: Por que estais maravilhados com isso, ou por que olhais para nós como se por nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar? Seus interlocutores eram Homens de Israel, crentes no Deus Único e Verdadeiro, e deveriam saber de onde havia vindo a cura: de Deus. O homem curado soube imediatamente quem o havia curado; não foi o poder ou a piedade de Pedro, sua própria autoridade sobrenatural ou justiça que havia feito o homem coxo andar. O homem curado louva a Deus no momento em que é curado (Atos 3:10).

Então, Pedro contesta o fato de aqueles judeus devotos ficarem maravilhados e olharem para ele e para João. Jesus havia passado três anos curando pessoas e expulsando demônios (Mateus 8:5, Marcos 1:34), indo ao templo em muitas ocasiões, desafiando aos líderes religiosos (Mateus 21:23-25). Ele também havia virado as mesas dos fariseus (Mateus 21:12-13), antes de ser publicamente julgado e executado. A morte de Jesus na cruz havia ocorrido muito recentemente, apenas alguns meses antes. Assim, Pedro traz a atenção daqueles Homens de Israel de volta a Jesus. Eles não deveriam se surpreender a cura do homem coxo. O Filho de Deus havia morrido e ressuscitado havia alguns dias. Pedro havia recentemente pregado um sermão para milhares de judeus em Pentecostes, talvez uma semana antes desse evento, sobre o fato de Jesus ser o Filho de Deus e o Messias enviado a Israel.

Pedro lembra aos judeus reunidos no pátio do templo sobre essas coisas, exatamente no lugar onde eles invocavam ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Ao listar os patriarcas de Israel, homens que haviam seguido a Deus, o Deus de nossos pais, Pedro estava conectando Jesus, e Seu poder de cura, ao poder do Deus da Bíblia. Ele era o Deus deles, o mesmo Deus que glorificou a Seu servo Jesus. A palavra “glorificar” significa "tornar a essência de algo conhecida por quem o observa". O público tinha amplas evidências para saber quem era Jesus, caso desejasse. Pedro é direto: Jesus é aquele que vós renegastes na presença de Pilatos, quando ele decidiu libertá-lo.

Pôncio Pilatos, o governador romano da Judéia, não havia encontrado culpa em Jesus sob a lei romana e decidiu libertá-Lo; Porém, como os judeus criaram um grande tumulto e exigiam que Jesus fosse executado, Pilatos cedeu à multidão. Foram os líderes judeus que entregaram Jesus a Pilatos; porém, no final das contas, a própria multidão renega a Jesus com gritos para que fosse crucificado (Lucas 23:23).

Eram apenas duas pessoas, Pedro e João, falando para aquela enorme multidão. O que Pedro decide fazer é dizer, com bastante ousadia: "O que vocês acabaram de ver é o poder da pessoa a quem vocês mataram (Jesus)". Ao fazer isso, Pedro certamente entendia que estava se colocando em risco, mas procedeu corajosamente.

Pedro era, muitas vezes, ousado. Porém, toda força também pode vir a ser uma fraqueza. Tudo depende de como a força é aplicada. A ousadia de Pedro aparece muitas vezes nos Evangelhos. No Monte da Transfiguração, sua ousadia foi uma fraqueza, porque ele quis fazer as coisas do “seu jeito”. Pedro testemunhou a transfiguração de Jesus naquela gloriosa luz, quando e Elias e Moisés aparecem e falam com Ele. A reação de Pedro é: "Devemos construir tendas aqui em homenagem a vocês três".

Deus, então, fala de forma audível algo como: “Cala-te, Pedro. Agora não é hora de falar. Escute a Meu Filho! Seus planos não são relevantes no momento. Por que você não aprende a seguir aos Meus planos? Você sempre tem um plano. É sempre o seu plano. Aprenda a seguir ao plano do Meu Filho” (Lucas 9:33-39). Em Atos 3, ao contrário, vemos a ousadia de Pedro ser canalizada para seguir ao plano de Deus. Ele havia aprendido a lição.

Pedro foi o primeiro a declarar que Jesus era o Messias. Jesus perguntou a Seus doze discípulos: "Quem vocês dizem que eu sou?" Pedro é ousado, sendo o primeiro a falar: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus abençoa a Pedro por sua resposta ousada, porém o humilha no mesmo momento, apontando que havia sido Deus quem havia revelado aquilo a Pedro (Mateus 16:13-17).

No entanto, momentos depois, Jesus começa a explicar aos discípulos que iria morrer e ressuscitar; Pedro (ousadamente) O repreende. Mais uma vez, a força de Pedro torna-se uma fraqueza, porque é aplicada ao "seu jeito". Pedro tomou Jesus de lado (para não constrangê-Lo) e disse algo como: “O Senhor precisa parar de dizer coisas assim, Jesus. O Senhor não vai morrer. O Senhor precisa fazer o que eu espero que o Senhor faça como o Messias'. E Jesus o repreende: "Para trás de mim, Satanás! Tu és um obstáculo para Mim; porque não pensas nos interesses de Deus, mas nos interesses do homem" (Mateus 16:21-23). Isso provavelmente tenha sido algo difícil para Pedro ouvir. Porém, ele finalmente aprendeu a lição. Aqui, no Monte do Templo, vemos Pedro totalmente engajado com o plano de Deus e não com o seu. Sua ousadia é, agora, uma grande força.

Outro exemplo é no momento da prisão de Jesus. Ali, Pedro corajosamente saca uma espada e se prepara para se lançar contra o grupo de soldados, porque estava disposto a morrer por Jesus. Porém, aparentemente, apenas enquanto as coisas forem ao encontro de seus planos (João 18:10). Quando Jesus se submete à prisão (o que não fazia parte dos planos de Pedro), Pedro acaba negando a Jesus com muito fervor (ousadia) por três vezes, não mais interessado em morrer por Cristo. Porém, Pedro se arrepende. Ele aprendeu.

O que antes era uma fraqueza, quando Pedro colocava seus planos e impulsos em primeiro lugar, torna-se uma força incrível na coragem em seguir aos planos de Deus. Aqui, ele confronta a multidão com a verdade, sem medo. O que antes era apenas um interesse próprio e imprudência agora é um serviço ousado a Deus. Pedro direciona seus dons para o serviço de Deus. Pedro, o cabeçudo, que sempre havia metido os pés pelas mãos e seguia a seus próprios planos; agora, ele havia sido transformado. Ele corajosamente fala a verdade às pessoas que poderiam feri-lo, matá-lo, assim como haviam feito com Jesus.

Ele continua: Vós renegastes ao Santo e Justo e pedistes que um assassino fosse concedido a vós. O assassino era Barrabás (Lucas 23:18-19). Seu nome significa "Filho do pai" ("bar" é filho, e "abba" é pai). Quando Jesus estava sendo julgado, a escolha apresentada por Pilatos aos judeus era a de libertar ao assassino e insurrecionista, Barrabás, chamado "filho do pai", ou o Filho do próprio Deus Pai. A qual "filho do pai" o povo escolhe? Ao assassino. E Pedro justamente os lembra, pela segunda vez, que eles haviam renegado a Jesus, o Santo e Justo de Deus - seu Messias há muito esperado.

Eles não apenas haviam renegado a Jesus, mas também clamado para que Ele fosse crucificado. Pediram que Ele fosse morto. Pedro não estava apenas os envergonhando por terem executado a um homem inocente. Ele estava chamando sua atenção para quem Jesus era. O povo judeu havia pedido a morte do Príncipe da vida, Aquele a quem Deus ressuscitou de dentre os mortos, fato do qual somos testemunhas. Pedro o chama de Príncipe da vida porque a morte não podia segurá-lo, conforme Pedro explica em seu sermão em Pentecostes:

"Mas Deus o ressuscitou, pondo fim à agonia da morte, já que era impossível que Ele fosse mantido em seu poder" (Atos 2:24).

Pedro aponta para o fato de ter testemunhado em primeira mão o Cristo ressuscitado, Aquele a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. Ele e João O viram. Eles passaram quarenta dias com Ele, comendo com Ele, aprendendo com Ele, assim como nos anos antes de Sua morte (Atos 1:3). Jesus foi morto e estava vivo novamente, porque era o Príncipe da vida, o Santo e Justo, o Filho de Deus.

Depois de chamar a atenção da multidão para Jesus, Pedro faz a conexão entre a cura do coxo e o poder de Cristo:

E com base na fé em Seu nome, é o nome de Jesus que fortaleceu este homem que vês e conheceis; e a fé que vem por meio d'Ele deu-lhe saúde perfeita na presença de todos vós.

Por causa da de Pedro no nome de Jesus, o homem a quem o povo via e conhecia, o mendigo que se assentava no templo há anos, incapaz de andar, fora curado. Pedro atribui a saúde perfeita do homem à fé que vem através de Jesus. Essa cura aconteceu diante de muitas testemunhas, na presença de todos os judeus que viram o milagre acontecer, ou seja, a multidão que se formou em torno de Pedro e João.

Pedro estava dizendo: “Vocês viram isso com seus próprios olhos. Jesus fez isso, o Homem a quem vocês mataram há pouco tempo. Ele era Deus. Ele está vivo. Eu o vi. Ele é o príncipe da vida. Seu poder curou a este homem porque Ele é Deus e Ele vive". Era uma acusação direta, mas ele dá ao povo a oportunidade de responder e arrepender-se no versículo 19: "Portanto, arrependei-vos e voltai, para que os vossos pecados sejam apagados". Pedro havia sido perdoado. Ele também havia rejeitado a Jesus. Ele se arrependeu e foi restaurado à comunhão (João 21:15-19). Ele, agora, oferece a mesma oportunidade a seus companheiros judeus.

A palavra grega "testemunhas" no versículo 15, aplicada por Pedro e João a si mesmos como os que haviam testemunhado a morte e ressurreição de Jesus, é a palavra "martus". A palavra "mártir" é derivada dela. Pedro seria preso por este sermão (Atos 4:3). Embora fosse libertado rapidamente e tenha vivido muitos mais anos ensinando sobre Jesus, ele seria preso e morto, tornando-se um mártir, como entendemos a palavra hoje - alguém que morre fisicamente por sua fé.

João não foi fisicamente martirizado, mas ainda o foi de certa forma. João era uma testemunha de Cristo e foi punido por isso. Seu martírio foi um tipo diferente de separação: o exílio. Ele acaba na Ilha de Patmos, onde escreve o livro do Apocalipse. A principal exortação do Apocalipse é ser testemunhas fiéis e não temer a morte de qualquer tipo - separação, perda, rejeição, até mesmo morte física - pois é vivendo esta vida de testemunho fiel, como "vencedores", que alcançamos a maior bênção da vida. Para João, que não fala aqui em Atos, mas estava tão ameaçado quanto Pedro, seu ministério (no Apocalipse) terá a seguinte mensagem: Sede testemunhas fieis e não temais a morte.

Em Apocalipse 3, Jesus fala sobre essa ideia de ser testemunha fiel e não temer a morte. Ele diz o seguinte: "Aqueles a quem eu amo, eu repreendo e disciplina; portanto, sede zelosos e arrependei-vos" (Apocalipse 3:19). Jesus, falando a várias igrejas em Apocalipse, diz basicamente a mesma coisa que Pedro diz ao povo judeu aqui: "Arrependei-vos".

Jesus estava falando à Igreja de Laodicéia em Apocalipse 3. A Igreja de Laodicéia achava que estava indo bem; na verdade, ela estava cheia de crentes ricos. Eles achavam estar bem, que tudo estava sob controle. Então, a mensagem de Jesus é: “Parem de ser auto orientados e egoístas e ouçam à Minha voz'. Ele diz à Igreja em Laodiceia: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, Eu entrarei com ele e cearei com ele, e ele comigo" Esta era exatamente a prática da igreja primitiva, ceando e comungando uns com os outros (Apocalipse 3:20, Atos 2:46). Jesus deseja ter o tipo de comunhão resultante da obediência à Sua voz, de modo que ela se torne parte de nossas vidas. É assim que obtemos verdadeiras riquezas (Apocalipse 3:18).

Foi da comunhão uns com os outros que esse comportamento ousado na igreja primitiva nasceu (Hebreus 10:24). A proximidade e o amor mútuo da igreja primitiva uns pelos outros, como testemunhas fiéis, era um testemunho que levava as pessoas a Cristo (João 13:35; 2 Tessalonicenses 1:3). O ponto principal do Apocalipse é que todo crente tem a oportunidade de ser um vencedor como testemunha fiel, "martus" (Apocalipse 3:21). Todo crente tem a oportunidade de ser um vencedor, mesmo aqueles que falham como Pedro e Paulo.

O que Pedro faz aqui em Atos 3 nos fornece um exemplo de como sermos vencedores como testemunhas fiéis. Pedro supera a ameaça de rejeição e perseguição, até mesmo a morte. Ele não apenas cura o homem através da fé em Jesus, mas permanece ali e confronta a seus companheiros judeus, falando a verdade. Era a mesma verdade pela qual Jesus havia sido executado apenas alguns meses antes. Pedro é corajoso e fala a verdade, doa a quem doer.

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