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Significado de Atos 4:31-37
Por mais incrível que pareça, depois que os discípulos e apóstolos oraram, o lugar onde eles se reuniram foi abalado. Deus responde imediatamente enviando um tipo de terremoto para mostrar que Ele os tinha ouvido e todos eles ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar a palavra de Deus com ousadia. Os discípulos e apóstolos haviam orado pedindo confiança diante das ameaças que estavam recebendo e Deus responde imediatamente à oração deles enviando-lhes ousadia.
Todos os crentes recebem o Espírito Santo ao crer em Cristo, transformando-se em habitação do Espírito (Efésios 1:13-14; Gálatas 5:17; 2 Coríntios 11:4). Esses crentes em Atos já haviam recebido o Espírito, que habitava dentro deles. Possivelmente muitos deles haviam experimentado isso no dia de Pentecostes (Atos 2:1-4). Portanto, ser cheio do Espírito Santo aqui significa algo diferente de ter o Espírito como residente permanente.
A habitação do Espírito Santo nos crentes é uma característica permanente. Porém, Efésios 5 indica que o enchimento do Espírito é algo que transparece quando eles se encontram; portanto, é algo temporário:
"E não vos embriagueis com vinho, pois isso é dissipação, mas enchei-vos do Espírito, falando uns aos outros em salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e fazendo melodia com o coração ao Senhor" (Efésios 5:18-19).
Uma vez que a analogia oposta em Efésios 5 é se embriagar com vinho (algo também temporário), estar cheio do Espírito parece significar estar totalmente "sob a influência" de Deus. Assim como o álcool pode tomar todas as nossas faculdades, podemos entrar em um lugar onde o Espírito de Deus possui todas as nossas faculdades. A ideia parece ser a de que, quando os crentes se reúnem em unidade, eles são cheios do Espírito. Neste caso, o enchimento do Espírito inclui falar a palavra de Deus com ousadia como uma das formas de manifestação.
Os discípulos em Atos estavam reunidos, como em Efésios 5, e quando oraram juntos, foram cheios do Espírito naquele momento. A prova de seu enchimento foi que eles começaram a falar a palavra de Deus com ousadia.
Lucas conclui este capítulo resumindo como a igreja continuava a ministrar e prosperar, semelhante ao final de Atos 2: E a congregação daqueles que creram eram de um só coração e alma, e nenhum deles afirmava que qualquer coisa que lhe pertencesse, mas todas as coisas eram propriedade comum a todos.
Tendo enfrentado sua primeira onda de perseguição, a igreja estava mais forte do que nunca. Lucas relata que a congregação dos crentes estava unida. No meio de tudo o que Satanás estava tentando fazer para destruí-los, eles estavam unidos em um só coração e uma só alma.
Era algo tão forte que nada que lhes pertencia era considerado como seu. Esta é uma frase interessante. As pessoas não reivindicavam como suas as propriedade, mas consideravam tudo o que possuíam como posses as quais administravam para o benefício de todos na congregação.
Como isso funcionava na prática? Se todo mundo vendesse e doasse tudo, logo todo o grupo ficaria sem nada. Em vez disso, vemos que a congregação distribuía aos necessitados. Sabemos que, biblicamente, isso não significava apoiar pessoas preguiçosas (2 Tessalonicenses 3:10). A ação era direcionada a apoiar àqueles que estavam sendo perseguidos por sua fé.
Pedro e João fazem exatamente o que haviam dito diante do Sinédrio, ou seja, desafiam suas ordens (Atos 4:19-20), dando testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Todos os apóstolos, com grande poder, persistiam em ensinar sobre a ressurreição de Jesus. Não temos informação sobre o tipo de poder manifestado pelos apóstolos enquanto dando testemunho de Cristo, mas com base no que Lucas registra em Atos, incluía grande poder de fala, ousadia e confiança, exatamente as coisas pelas quais eles haviam orado. Além disso, no final de Atos 2, os apóstolos começam a realizar milagres que atestam a verdade de sua pregação; assim, é provável que eles tivessem continuado a curar as pessoas e a expulsar demônios, o que demonstrava que eles eram enviados de Deus (Atos 2:43).
Devido à generosidade dos crentes e ao ensinamento dos apóstolos, uma graça abundante estava sobre todos eles. A palavra grega traduzida como “graça” também pode ser traduzida como "favor". Aqui, Deus continuava a favorecer suas ações, dando-lhes ousadia e sucesso na conquista de mais corações para Jesus. A graça ou favor concedido por Deus os levaria a sofrer uma grande perseguição. Porém, essa perseguição era a semente da missão de expansão da igreja (Mateus 28:18-20; Atos 1:8). As perseguições levam os discípulos a alcançar suas recompensas (Romanos 8:17b; Filipenses 2:5-10).
Era importante para a igreja primitiva cuidar das necessidades práticas uns dos outros: Não havia uma pessoa necessitada entre eles, pois todos os que eram proprietários de terras ou casas as vendiam e traziam o produto das vendas e o colocavam aos pés dos apóstolos, e eles eram distribuídos a cada um conforme as necessidades.
Dado o que acabamos de testemunhar, algo que também veremos em Atos 7, parece provável que alguns crentes judeus tenham experimentado dificuldades financeiras como resultado de sua fé em Jesus. Alguns podem ter perdido empregos ou sido rejeitados por suas famílias. Assim, o grupo de crentes garantia que aqueles que tinham necessidade fossem adequadamente providos. É claro que este não era um programa obrigatório de distribuição de riqueza, porque Pedro deixa claro que cada pessoa tinha pleno arbítrio para decidir por si mesma o que fazer com suas propriedades (Atos 5:4). Em vez disso, sua atitude era consistente com o ensino bíblico a respeito da generosidade e do amor de Deus pelos doadores alegres (2 Coríntios 9:7; 1 Timóteo 6:18).
Também fica claro que a distribuição era baseada na necessidade. O apóstolo Paulo (com quem Lucas, o autor de Atos, ministrou) diz aos crentes tessalonicenses: "Porque, mesmo quando estávamos convosco, costumávamos dar-vos esta ordem: se alguém não está disposto a trabalhar, também não deve comer" (2 Tessalonicenses 3:10). Isso é consistente com a noção do cuidado aos pobres da lei mosaica, onde aos pobres era permitida a dignidade de trabalhar (Levítico 19:9-10; 23:22).
Os ricos, os donos de terras ou casas, vendiam suas propriedades para gerar recursos e, então, traziam o produto das vendas e os colocavam aos pés dos apóstolos, confiando aos doze a distribuição dessas doações com base na necessidade, para que não houvesse pobres ou necessitados na congregação dos crentes.
Os crentes tinham essa unidade única e poderosa, reunindo-se para ver os apóstolos pregando a ressurreição de Jesus através de milagres, sinais e maravilhas.
Como resultado da unidade de seus corações e almas, o favor de Deus aumentava (graça abundante) para com eles. A igreja era conduzida pelo Espírito e começa a compartilhar seus bens uns com os outros. Eles davam a quem precisasse de ajuda, cada um conforme a necessidade.
Este propósito unificado e a identidade entre os crentes os levavam a ações tangíveis. Eles realmente faziam alguma coisa. O Espírito Santo os conduzia a este estilo de vida de generosidade e caridade. O livro de Atos é assim chamado porque fala sobre os Atos dos apóstolos, mas poderia facilmente se referir aos Atos do Espírito Santo, porque Ele era o Ajudador enviado por Deus e Jesus para continuar a obra da salvação.
Da mesma forma que os Evangelhos falam sobre o ministério de Jesus, o livro de Atos fala sobre o ministério do Espírito Santo. Vemos o Espírito se mover poderosamente neste livro. Ele remove dos crentes qualquer noção de acumular riquezas materiais e os inspira a ser generosos, vivendo como servos. Isso certamente significava que, para aqueles que eram generosos, suas posses não os controlavam. Como eles procuravam viver como servos, eles agiam como mordomos. Quando os discípulos de Cristo vivem em mordomia, eles não consideram suas propriedades ou posses como suas, mas como de Deus. Eles não são, portanto, possessivos. Eles não acumulam. Eles administram sabiamente, sendo generosos (1 Timóteo 6:17-18).
Eles seguiam aos ensinamentos de Jesus relacionado a investir em recompensas eternas, não em ganhos terrenos temporários:
"Vende os vossos bens e daí à caridade; fazei-vos cintos de dinheiro que não se desgastam, um tesouro infalível no céu, onde nenhum ladrão se aproxima nem a traça destrói. Pois onde está o teu tesouro, lá estará também o teu coração" (Lucas 12:22-24).
Todos os crentes podem aplicar essa admoestação literalmente "vendendo" seus bens a Deus, o que resulta em não mais afirmarem que qualquer coisa que pertença a eles, na verdade, pertence a Deus. Quando nos tornamos mordomos, não temos mais nada a perder. Porém, temos tudo a ganhar sendo mordomos fiéis, pois Deus sempre recompensa a boa mordomia (Mateus 25:21, 23).
Lucas, o autor de Atos, nos dá um exemplo dessa caridade ao nos apresentar Barnabé, uma figura importante na igreja primitiva: Ora, José, um levita cipriano de nascimento, que também era chamado de Barnabé pelos apóstolos (que traduzido significa filho da exortação), e que possuía um pedaço de terra, vendeu-o, trouxe o dinheiro e colocou-o aos pés dos apóstolos.
Barnabé se torna um grande pastor, missionário e evangelista. Ele era um levita, o que significava que havia nascido na tribo de Levi, separada por Deus como sacerdotes e servos do templo de Israel (Deuteronômio 18:1-2). No entanto, ele era de nascimento cipriano, o que significava que ele havia nascido em Chipre, uma ilha no Mar Mediterrâneo e uma província romana naqueles dias. Barnabé traz Paulo, o Apóstolo, para o rebanho da igreja em Antioquia, depois que os discípulos em Jerusalém aparentemente se recusaram a se associar a ele por causa de seu antigo papel na perseguição à igreja. Barnabé defendeu a Paulo diante dos apóstolos (Atos 9:27).
Barnabé se junta a Paulo em sua primeira viagem missionária, quando visitam a terra natal de Barnabé, Chipre (Atos 13:4). Sua conduta foi tão contagiante que ele recebe um novo apelido dos apóstolos, não mais chamando-o José, mas Barnabé, que significava filho da exortação. Barnabé era alguém que encorajava, servia e estimulava os outros a agir. Nosso primeiro encontro com ele ocorre na venda de um pedaço de terra que possuía e no depósito do dinheiro aos pés dos apóstolos.
No capítulo seguinte, um exemplo oposto ao espírito generoso de Barnabé é revelado: Ananias e Safira. Embora a igreja primitiva tivesse um só coração e alma, cheia de graça abundante e caridade incrível, o pecado começava a ameaçar a unidade da congregação e Deus teria que lidar com isso de forma definitiva.