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Significado de Atos 4:5-12
No dia seguinte, os governantes, anciãos e escribas estavam reunidos em Jerusalém para lidar com Pedro e João, que pregavam sobre a ressurreição de Cristo no templo. Pedro e João passaram a noite na cadeia, já que haviam sido presos no final do dia anterior, antes que o Sinédrio (o conselho governante de 70 líderes judeus) pudesse se reunir. Agora, os governantes, anciãos e escribas se reúnem, incluindo Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, seu genro, ambos servindo como os sumos sacerdotes que haviam supervisionado o julgamento de Jesus (João 18:12-13).
Fora Caifás quem, providencial e involuntariamente, havia profetizado sobre o poder salvífico que resultaria da morte de Jesus, quando o Sinédrio se reuniu para discutir Sua prisão. Caifás, ao sugerir que deveriam mandar executar a Jesus, disse: "Nem tendes em conta que vos é conveniente que um homem morra pelo povo, e que toda a nação não pereça" (João 11:50). Ele quis dizer com suas palavras que a morte de Jesus preservaria seu poder em Israel. Porém, a verdade de suas palavras era que um homem, o Filho de Deus, morreria por Israel, para que eles se afastassem de seus pecados e não mais experimentassem a separação de Deus.
Também são mencionados no Sinédrio dois líderes, João e Alexandre, bem como todos os que eram de ascendência sacerdotal. O conselho era aparentemente composto por líderes multigeracionais. Não apenas Anás e Caifás eram da mesma família, mas o resto do concílio era de ascendência sacerdotal. Pais e filhos passando o governo ao longo dos anos, como reis e príncipes. Parece que aquilo havia se tornado um negócio de família e a maioria deles desejava vê-lo preservado a todo custo, mesmo que envolvesse o assassinato de homens inocentes e o desprezo dos milagres de Deus.
No entanto, durante o ministério de Jesus, alguns dos governantes creram Nele. Nicodemos, um fariseu, encontrou-se com Jesus à noite porque sabia que Jesus era de Deus (João 3:1-2). José de Arimatéia era membro do concílio e não concordara com a condenação de Jesus. Ele estava buscando o Reino de Deus; foi ele quem enterrou o corpo de Jesus no sepulcro, porque era um discípulo secreto de Cristo (Lucas 23:50-53, João 19:38). Podemos nos perguntar se esses homens estavam presentes no julgamento de Pedro e João, ou se seu pertencimento ao Sinédrio e à ordem farisaica haviam sido revogados por sua fé em Jesus. Sabemos que durante o ministério de Jesus outros líderes também creram Nele, porém não o expressaram abertamente, porque tinham medo dos fariseus expulsá-los da sinagoga (João 12:42-43).
Em geral, o concílio era religiosamente rigoroso, mas também corrupto e mundano. Eles exploravam ao povo de Israel. Eles queriam manter seu poder político como prioridade sobre seu serviço ao povo. O ministério de Jesus havia ameaçado a seu poder e, agora, os discípulos de Jesus continuam a ameaçar seu poder político ao realizar milagres e pregar sobre a ressurreição do Messias de Deus.
Pedro e João são levados perante o concílio para responder por suas ações: Quando os colocaram no centro, o concílio começou a indagar: "Com que poder, ou em que nome, fazeis isso?"
Era uma pergunta curiosa, considerando que a razão pela qual Pedro e João haviam sido presos era "porque estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos" (versículo 2). Em vez disso, os líderes religiosos perguntam como os apóstolos haviam curado ao homem aleijado.
Aqueles homens haviam matado a Jesus apenas alguns meses antes. Eles fazem a Pedro e João a mesma pergunta com a qual perseguiram a Jesus depois de ensinar no templo: Com que poder, ou em que nome, fizestes isso? (Mateus 21:23).
Pedro estava cheio do Espírito Santo ao responder à pergunta deles. Durante Seu ministério, Jesus advertiu aos discípulos que isso aconteceria, ou seja, eventualmente os discípulos seriam levados diante dos governantes e colocados à prova, e que o Espírito lhes daria palavras para falar:
"Quando vos trouxerem perante as sinagogas, os governantes e as autoridades, não vos preocupeis com como ou o que deveis falar em vossa defesa, ou o que deveis dizer; porque o Espírito Santo vos ensinará naquela mesma hora o que deveis dizer" (Lucas 12:11-12).
Havia um contraste gritante entre esses dois grupos: os líderes religiosos da época e os apóstolos. Os apóstolos estavam cheios do Espírito, mas os líderes religiosos estavam cheios de medo de perder o poder sobre o povo judeu. Eles pensavam que o negócio com Jesus de Nazaré havia terminado no dia em que O mataram e, no entanto, milhares de pessoas em Jerusalém já criam e ensinavam em Seu nome.
Os apóstolos realizavam atos de misericórdia. Eles curavam as pessoas, como o coxo no templo (Atos 3:7). Eles realizavam sinais e maravilhas (Atos 2:43). Os líderes religiosos os ameaçam por fazerem boas obras. Porém, mesmo depois de ficarem a noite toda na cadeia e enfrentarem aos homens poderosos que haviam matado a Jesus, Pedro não dilui a verdade do Evangelho. Ele diz:
Governantes e anciãos do povo, se estamos sendo julgados hoje por um benefício feito a um homem doente, sobre como esse homem foi bem-feito, que seja conhecido por todos.
Pedro se dirige ao Sinédrio com respeito e, embora fosse ousado, não os insulta ou ataca. Tudo o que Pedro diz é factual e lógico. Ele os chama de governantes e anciãos do povo e aponta a estranheza de que ele e João estivessem sendo julgados por terem trazido um benefício a um homem doente. Ele implicitamente argumenta que eles não haviam feito nada de errado; eles haviam ajudado a alguém necessitado. Da mesma forma, Jesus desafiou os fariseus perguntando-lhes se havia qualquer culpa Nele por ter feito uma boa ação no sábado, pouco antes de curar a mão ressequida de um homem (Lucas 6:6-11).
Quando o aleijado foi curado (no capítulo anterior), ele imediatamente louvou a Deus, enquanto as multidões ao redor se perguntavam como Pedro e João o haviam curado. Pedro pergunta ao povo judeu por que eles estavam maravilhados, como se não soubessem que somente Deus poderia curar (Atos 3:12-16). Um cego curado por Jesus durante Seu ministério fez a mesma ponderação aos fariseus que o questionavam, porque eles tentavam coagi-lo a declarar que Jesus era mau; porém, o homem com a visão restaurada argumenta de forma muito simples e justa: "Se este homem não fosse de Deus, Ele não poderia fazer nada" (João 9:33).
É bastante incrível que os líderes religiosos perguntassem a Pedro e João porque poder, ou em que nome, eles haviam curado ao homem aleijado. Eles deveriam saber que qualquer milagre de cura vinha de Deus e não por qualquer outro poder ou nome; assim, Pedro e João estavam agindo de acordo com a vontade de Deus. O fariseu Nicodemos sabia que Jesus vinha de Deus por causa de Seus milagres (João 3:2). No entanto, o concílio estava motivado em manter sua autoridade, em vez de se submeter a Deus.
Portanto, Pedro responde à estranha pergunta deles. Da mesma forma que havia apontado para o poder de Jesus, o Messias, no dia anterior ao responder à curiosidade das multidões, Pedro dá a mesma explicação ao Sinédrio, sobre como aquele homem foi curado. Que isso seja conhecido a todos vós e a todo o povo de Israel, que pelo nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos - por este nome este homem está aqui diante de vós com boa saúde.
O conselho cometeu um erro enorme. O mesmo homem ao qual eles haviam matado, Jesus Cristo, o Nazareno, o mesmo homem que eles pensavam não ser o Messias, na verdade era o Messias. E, embora o tenham crucificado, Ele não ficou morto. Ele ressuscitou. Deus o ressuscitou dentre os mortos. Ele estava vivo. O poder em Seu nome era a razão pela qual aquele homem, coxo por toda a sua vida, estava diante do conselho com boa saúde. Pedro invoca especificamente o nome de Jesus para curar o homem, dizendo: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda" (Atos 3:6).
Pedro não se ilude, não se esquiva. Ele sabe o que aqueles homens poderiam fazer com ele. Os líderes judeus não faziam ameaças vazias. Pedro sabia muito bem que eles podiam matá-lo, como haviam feito com Jesus e, ainda assim, ele tem a ousadia de anunciar o Evangelho a eles e as palavras dadas a ele pelo Espírito.
Ele continua dizendo: Ele é a pedra rejeitada por vós, os construtores, mas que se tornou a principal pedra angular. Pedro compara Jesus a uma pedra que os líderes religiosos, como construtores, deveriam ter aceitado como a pedra fundamental sobre a qual todo o resto da casa seria construído: a principal pedra angular. Em vez disso, eles O rejeitaram. No Antigo Testamento, o profeta Isaías fala do Messias de Deus como uma pedra angular:
"Eis que estou colocando em Sião uma pedra, uma pedra testada, uma pedra fundamental cara para a fundação, firmemente colocada. Quem nela crê não será perturbado" (Isaías 28:16).
Em todo o Novo Testamento, Jesus é comparado a uma pedra angular sobre a qual a casa de Deus é construída (Efésios 2:20, 1 Pedro 2:4).
Porém, a rejeição dos líderes religiosos não alterou o plano de Deus, porque Jesus se tornou a principal pedra angular. Ele é o alicerce e a rocha sobre a qual a igreja é construída. Ele é a nossa pedra angular. Tudo o que fazemos em nossas vidas deve ser construído sobre o fundamento, que é Jesus Cristo (1 Coríntios 3:10-15). Ele não pode ser removido. Porém, aqueles que deveriam ter sido os construtores, os fariseus, saduceus e sacerdotes, não entenderam isso.
Pedro prega o Evangelho: E não há salvação em mais ninguém, pois não há outro nome debaixo do céu que tenha sido dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos. Somente em Cristo há um verdadeiro fundamento espiritual.
Os líderes religiosos não acreditavam que precisavam ser salvos do pecado. Eles agiam como se fossem os únicos em Israel que seguiam a Deus, andando em Sua vontade. A justiça própria com a qual se viam os impedia de crer em um Salvador que trouxesse a salvação, ou seja, eles não achavam que precisavam ser salvos de nada. Mas, Jesus, a quem eles haviam rejeitado e crucificado, era o único nome debaixo do céu em que se podia ser encontrado justo aos olhos de Deus. Não há outro nome que possa nos perdoar de nossos pecados (João 3:14-16).
Ao falar com Nicodemos, um dos governantes judeus, Jesus lhe ensina a ser salvo espiritualmente, ou seja, nascer de novo do Espírito. Jesus diz a Nicodemos que ele precisava da mesma fé que o povo de Israel tinha ao olhar para a serpente de bronze erguida em um poste, a fim de serem salvos das picadas mortais venenosas das cobras no deserto. Jesus lhe diz para ter essa mesma fé, para olhar para Ele, erguido em uma cruz (João 3:14-15). Para se obter a grande oportunidade de receber este dom incrível, entretanto, Nicodemos precisaria admitir sua necessidade e reconhecer o veneno mortal do seu pecado. Os saduceus não pareciam reconhecer sua condição pecaminosa ou a morte iminente da qual precisavam escapar.
A idéia de que os seres humanos são pecadores e precisam de um salvador não era apenas uma crença impopular entre os líderes judeus, mas era uma crença impopular na sociedade e na cultura romana. Na sociedade romana, eles acreditavam no pluralismo. Em Roma, havia um templo, o Panteão, cheio de muitos deuses diferentes. Lá as pessoas tinham um buffet de deuses. Elas poderiam escolher a qual deles adorar com base no que quisessem alcançar. Os deuses pagãos eram adorados para serem manipulados e para trazerem lucro. Em todos os casos, o deus era um poder que supostamente podia ser manipulado para se conseguir o que a pessoas queria.
Os romanos acreditavam que os deuses egípcios haviam sido poderosos. O deus dos judeus era poderoso apenas em Israel. Os deuses romanos eram poderosos em Roma. Por causa desse pluralismo, os romanos chamavam os crentes em Jesus de "ateus". O termo "ateu" era aplicado porque outras sociedades e teologias acreditavam em muitos deuses e, ainda assim, os crentes em Jesus afirmavam que havia apenas um Deus e que a única maneira de ser justo diante Dele era através de Seu Filho, o Cristo. O Evangelho das boas novas de Cristo reconhecia a condição pecaminosa da humanidade, oferecendo uma reconciliação plena com Deus através do dom gratuito oferecido por Jesus Cristo. Os saduceus tinham orgulho demasiado para receberem a desta dádiva incrível.
Costuma-se dizer por aí que o Cristianismo ensina que há apenas uma montanha de adoração a Deus, enquanto outras religiões ensinam que há muitas montanhas para a adoração a Deus. Isso não é verdade. O Cristianismo ensina que NÃO há montanhas de adoração a Deus. É por isso que Deus se fez homem e veio à terra para morrer em nosso favor, ressuscitando e derrotando a morte. Jesus Cristo é o Deus-homem.