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Significado de Atos 9:26-30
De acordo com o testemunho de Saulo em sua carta aos Gálatas, ele passou três anos na Arábia antes de voltar a Jerusalém (Gálatas 1:17). A Arábia naquela época não era parte da região moderna da Arábia Saudita. Ela ainda não existia. O consenso geral é que era o reino dos Nabateus árabes, uma região a leste da Judéia. A Bíblia não descreve o que Saulo fez naqueles três anos, mas presumivelmente ele estava obedecendo a Cristo e anunciando o Evangelho aos nabateus.
Lucas, o autor de Atos, não aborda esse período, mas escreve sobre o que aconteceu quando Saulo finalmente retorna a Jerusalém. Ele provavelmente deixa isso de fora porque seu objetivo ao escrever Atos era validar a autoridade de Paulo como apóstolo de Jesus.
Quando Saulo chegou a Jerusalém, tentou fazer amizade com os outros crentes em Jesus, assim como havia feito em Damasco. Ele estava tentando se associar aos discípulos, mas todos tinham medo dele, não acreditando que ele era um discípulo. Os discípulos aqui incluíam o grupo geral de crentes e seguidores de Cristo. Os doze discípulos que seguiram a Jesus de perto durante Seu ministério, conforme relatado nos Evangelhos, são chamados de apóstolos em Atos.
Assim, por um breve período de tempo, Saulo se aproximou de outros crentes, discípulos, tentando associar-se a eles, mas eles tinham medo e não acreditavam que ele era sinceramente um discípulo. A reação deles era compreensível. Saulo havia destruído a igreja em Jerusalém anos antes (Atos 8:1), colocando seus amigos na prisão, possivelmente levando a algumas mortes. Da última vez que haviam ouvido falar dele ele estava em Damasco e provavelmente ninguém soube o que aconteceu a ele por algum tempo. Agora, ele aparece em Jerusalém novamente, alegando crer em Jesus. Não era descabido que os irmãos pensassem que ele estava mentindo, que estava tentando se infiltrar na igreja de Jerusalém, que havia acabado de ser reconstruída a partir dos destroços que ele havia causado.
Um nome familiar reaparece na narrativa de Lucas. Um homem anteriormente chamado José, renomeado como "filho da exortação" pelos apóstolos: Barnabé. Ele "possuía um pedaço de terra, vendeu-o, trouxe o dinheiro e colocou-o aos pés dos apóstolos" (Atos 4:37). Lucas caracteriza Barnabé como um homem magnânimo, cheio de fé, não movido pelo medo, alguém que via o bem nos outros e tentava cultivá-lo. Podemos ver isso em seu nome, filho da exortação, e suas doações de caridade para a igreja, bem como seu desejo de trazer ao jovem João Marcos em uma futura jornada missionária, embora João Marcos não tenha se mostrado confiável no passado (Atos 15:36-39).
Aqui, Barnabé dá a Saulo a chance de se explicar, o que o leva à aceitação de Saulo como um dos irmãos em Cristo: Mas, Barnabé se apoderou dele e o levou aos apóstolos. Saulo recebeu a oportunidade de dar seu testemunho aos apóstolos: Descreveu-lhes como vira o Senhor no caminho, e que falara com ele, e como em Damasco falara corajosamente em nome de Jesus.
Como Barnabé era alguém em quem a comunidade de crentes confiava, sua garantia de Saulo foi fundamental para que a igreja o recebesse. Esta dupla, Barnabé e Saulo, logo se tornariam parceiros de ministério em sua primeira viagem missionária (Atos 13:2).
Saulo, em sua carta aos Gálatas, fornece alguns detalhes extras desse retorno a Jerusalém. Na verdade, foi algo muito breve e ele só conheceu a dois dos apóstolos:
"Subi a Jerusalém para conhecer Cefas [Pedro] e fiquei com ele quinze dias. Mas não vi a nenhum outro dos apóstolos, exceto Tiago, irmão do Senhor" (Gálatas 1:18-19).
Não sabemos quantos dias ele passou em Jerusalém antes de se encontrar com os apóstolos, mas ele conheceu a Pedro. Saulo ficou com ele por apenas duas semanas, antes de partir.
Aqui em Atos 9, a explicação de Lucas ao motivo que levou Saulo a fugir de Jerusalém foi a ameaça de morte dos judeus helenistas. Os judeus helenistas eram judeus de língua grega. Alguns eram crentes em Jesus, desde o início da igreja de Jerusalém, quando Pedro pregou na festa de Pentecostes (Atos 2:9-12). Houve tensão entre os judeus helenistas crentes e os crentes judeus hebreus nativos que levaram à criação da posição dos diáconos (Atos 6:1-6).
Saulo conversava e discutia com os judeus helenistas, mas eles tentavam matá-lo. Com base no testemunho de Saulo em seu primeiro retorno a Jerusalém em Atos 22, ele diz que Cristo o advertiu em uma visão de que havia um desejo de vingança contra ele:
"Aconteceu quando voltei a Jerusalém e estava orando no templo, que entrei em transe, e o vi me dizendo: 'Apresse-se e saia de Jerusalém rapidamente, porque eles não aceitarão seu testemunho sobre mim.' E eu disse: 'Senhor, eles mesmos entendem que em uma sinagoga após outra eu costumava aprisionar e espancar aqueles que acreditavam em Ti. E quando o sangue de Tua testemunha Estêvão estava sendo derramado, eu também estava de pé aprovando e cuidando dos casacos daqueles que o estavam matando." E Ele me disse: 'Vai! Porque eu te mandarei para longe para os gentios'". (Atos 22:17-21)
Assim, embora Saulo tenha sido aceito por Barnabé e pelos apóstolos Pedro e Tiago (irmão de Jesus, autor do livro de Tiago), os judeus helenistas estavam determinados a eliminá-lo. Jesus o adverte a deixar rapidamente Jerusalém, porque eles, os judeus de língua grega, estavam dedicados a matá-lo. Então, Cristo diz a Saulo para partir e prosseguir o ministério entre os gentios.
Aqui em Atos 9, Lucas nos diz que os irmãos também souberam dessa tentativa de matar a Saulo. É possível que Saulo tenha contado a Pedro, com quem estava hospedado, sobre sua visão. Barnabé e Tiago podem ter ouvido rumores e relatos dessa ameaça de morte de outras pessoas. Então, eles enviam Saulo para fora de Jerusalém e o trazem em segurança para Cesaréia, uma cidade costeira construída pelo rei Herodes, o Grande, no Mar Mediterrâneo, e o enviaram de barco para sua cidade natal, Tarso. Lemos que ele foi trazido para Cesaréia, embora Cesaréia estivesse localizada ao norte de Jerusalém (abaixo se refere à elevação). Geralmente a Bíblia fala em subir a Jerusalém. Um exemplo são os "salmos de ascensão", escritos para os peregrinos que subiam a Jerusalém (Salmos 120-134).