Add a bookmarkAdd and edit notesShare this commentary

Significado de Colossenses 1:15-20

Paulo expõe a completa supremacia de Cristo. Do princípio ao fim, na vida e na morte, Jesus tem proeminência sobre todas as coisas.

Na seção anterior, Paulo ensinou sobre  a importância da realização e do plano cósmico de Deus, culminando na vinda de Jesus à terra para viver e morrer em favor da humanidade. Ao continuar, Paulo usa essa passagem para falar sobre a realidade de Jesus e o efeito da Sua obra no céu e na terra.

Jesus é a imagem do Deus invisível. Uma das coisas que diferencia o Cristianismo de outras religiões monoteístas é que o próprio Deus veio à terra. A justiça do homem jamais será suficiente para alcançar os padrões de Deus. Portanto, Jesus tornou-se a manifestação física de Deus. Ele deixou o Céu e tornou-se homem a fim de fazer a vontade de Seu Pai (Filipenses 2:5-10). A palavra “imagem” é "eikon", significando um “representante visível”. É frequentemente usada em referência a estátuas que expressam a semelhança de uma pessoa. Jesus tornou-se visível. Antes de Jesus vir à terra, Deus era invisível.

Jesus também é o primogênito de toda a criação. Pelo fato de a realidade de Deus se tornar homem ser (certamente o foi nos primeiros anos após a vida de Jesus) algo tão desafiador às pessoas, muitos céticos do primeiro século sugeriam que Jesus era um profeta, um homem que "representava" Deus da mesma maneira que Paulo, como uma espécie de embaixador humano. Paulo, aqui, refuta isso. Jesus era o primogênito sobre toda a criação. Ou seja, Ele existia antes de qualquer outra coisa. Ele não era embaixador de Deus. Ele era Deus. A palavra “criação” aqui, "ktsis", significa "estabelecido" ou "fundado". Como diz João 1:1, Jesus é o princípio de todas as coisas.

Ele estava aqui antes de tudo e, por conta disso, todo o resto da ordem criada veio através Dele. Paulo diz: Pois, por Ele todas as coisas foram criadas. Ele é o Criador de todas as coisas, tanto nos céus como na terra. Ele estabeleceu as realidades físicas como as conhecemos. Ele também estabeleceu coisas além de nossa capacidade de compreensão. Ele criou todas as coisas visíveis e invisíveis. Jesus fez as realidades físicas e as realidades além da percepção física. Ele fez tudo o que podemos ver (sol, lua, árvores, etc.) e tudo o que não podemos ver (sentimentos, capacidade de escolha, esperança, amor, etc.).

Paulo expande a percepção que os colossenses tinham de Deus. Jesus não criou apenas as coisas que vêm à nossa mente quando pensamos na criação - árvores, planetas, etc. Ele criou todas as coisas. Paulo diz: Sejam tronos ou domínios, governantes ou autoridades. Ele está por trás de tudo. A palavra para “tronos” ("thronos") denota não apenas cada rei que se assenta em um trono, mas o próprio assento em si. A palavra “domínios” ("kyriotes") significa "poder" em um sentido estrutural. A palavra “governantes” ("arco"), às vezes, é traduzida como "principados".  Por fim, a palavra “autoridades” ("exousia") significa "poder", no sentido de habilidade (como no "poder de escolher"). O poder de Jesus abrange tudo, da capacidade individual à liberdade. Isso significa que Jesus criou a capacidade de escolha dos seres criados.

Os tronos e domínios incluíam os governos humanos, bem como domínios e autoridades espirituais. Um exemplo disso pode ser encontrado em Apocalipse, onde se diz que o trono de Satanás habitava em Pérgamo (Apocalipse 2:13). Outro exemplo está em Daniel, onde dois seres angelicais se envolvem em uma batalha. Um deles é chamado de "príncipe da Pérsia", indicando um domínio espiritual que abrange um domínio físico (Daniel 10:13).

Paulo diz que todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. Pessoas, instituições, dinâmicas de poder, habilidades pessoais e todos os aspectos do mundo espiritual, apenas para citar alguns. Tudo flui de Jesus e retorna a Ele. Tudo é Dele e tudo é para Ele. Ele é a fonte e o objeto. Início e fim, Alfa e Ômega (Apocalipse 21:6), Senhor de todos.

Ele é antes de tudo, Ele é a primeira realidade. Antes que qualquer coisa existisse, Jesus era. Nele todas as coisas se unem. Jesus é o tecido que une toda a ordem criada. Ele é a realidade. Tudo foi feito por meio Dele e Ele é quem continua a manter tudo unido. Fora de Jesus, a criação deixaria de existir.

Tendo exposto a proeminência de Cristo em todas as coisas, Paulo agora passa do geral para o específico, concentrando-se na entidade à qual os colossenses pertenciam, a saber, o Corpo de Cristo (a igreja). Jesus é também o Cabeça do Corpo, a Igreja. Se Deus estabeleceu todas as coisas, obviamente isso incluía a igreja. Cristo é o Cabeça deste corpo. Considere a insignificância, a irrelevância de um corpo sem uma cabeça. A cabeça é o  lugar onde o conhecimento é armazenado. É o cérebro (cabeça) quem envia mensagens para todo o corpo. É o local da visão e da audição, uma espécie de condutor que interpreta, traduz e desencadeia todas as ações do corpo.

A palavra “igreja” (do grego "ekklesia") significa, literalmente, "assembléia". Neste caso, o povo de Deus se reúne sob a liderança de Cristo, como cooperadores e servos. A Bíblia apresenta esse conceito em um nível macro, como neste texto, onde a Igreja é composta por todos os que creram em Jesus e receberam o novo nascimento. As Escrituras também apresentam este conceito em um nível micro, observado nas palavras de Jesus: "Porque onde dois ou três se reuniram em meu nome, eu estou lá no meio deles" (Mateus 18:20).

Ele é o começo de tudo. É interessante notar que a palavra “começar” aqui, (do grego "arco") é a mesma palavra traduzida na lista de coisas criadas por Jesus (versículo 16). É uma palavra que muitas vezes pode ser traduzida como "esquina", referindo-se à pedra fundamental de um edifício - a primeira pedra colocada na estrutura. Outra tradução de "arco" pode ser "origem". Todas se aplicam aqui. Jesus é Deus e Deus é a própria existência, a pedra angular da realidade.

Paulo ainda descreve Jesus como sendo o primogênito dentre os mortos. Isso, à primeira vista, pode parecer um título comum. Porém, ele alude ao domínio de Jesus sobre toda a existência, vida e morte. A ressurreição de Jesus derrotou a morte e redimirá a criação da futilidade sofrida pela queda do homem. Jesus é o começo de tudo do que foi, é e será. O primogênito é aquele que herda o direito de primogenitura, o direito de governar a família. Jesus, sendo o primeiro a ressuscitar dos mortos, recebeu o direito de reinar sobre toda a família humana (Mateus 28:18; Filipenses 2:9). Primogênito entre os mortos é uma referência à proeminência de Jesus. Ele reinará sobre a terra (Apocalipse 19:6).

A "esperança" à qual Paulo se refere no início deste capítulo inclui a história cósmica do mundo, terminando com a ressurreição dos mortos, quando todos os santos também ressuscitarão, como Cristo ressuscitou (1 Coríntios 15:53-54). Quando pensamos no Céu, normalmente pensamos em anjos com harpas, sentados nas nuvens. No entanto, a Bíblia fala de uma nova terra na qual Deus habitará entre a humanidade (Apocalipse 21:3). Jesus é o primeiro dos ressuscitados, o precursor do que está por vir, ou seja, uma terra povoada por aqueles que O seguiram, ressuscitaram e passaram da mortalidade para a imortalidade.

Isto ocorre para que Ele mesmo venha a ter o primeiro lugar em tudo. A expressão “primeiro lugar” (muitas vezes traduzida como "preeminência") é "proteuo". Esta é a única vez na qual o termo é usado em todas as Escrituras. Jesus é o porta-estandarte dos ressuscitados. Ele venceu a morte e governa toda a vida e a morte. Ele está em primeiro lugar em todas as áreas da existência. Quando a ressurreição corporal vier, ela virá porque Ele abriu o caminho, tornando o Reino de luz acessível a todos. Jesus recebeu autoridade sobre todas as coisas, no céu e na terra (Mateus 28:18). No entanto, ainda esperamos o momento em que Ele assumirá fisicamente o trono quando Ele vier à terra uma segunda vez (Atos 1:6-8).

Paulo conclui esta seção conectando os dois extremos da eternidade, início e fim. Jesus reina sobre ambos, colocando-se entre os dois como uma espécie de ponte, não apenas em um sentido cósmico, mas para cada um de nós como indivíduos: Pois era bom prazer do Pai para toda a plenitude habitar Nele. A plenitude da vida na terra, a plenitude da eternidade, a completude, o propósito de toda a vida habita Nele, está assentada Nele.

Isso é um maravilhoso, já que o Espírito de Cristo veio habitar dentro de todos os que creem (Romanos 8:9). Isso significa que, através de Cristo, nos tornamos parte dessa realidade cósmica. Paulo procura expandir nossa perspectiva, para que possamos ver a Cristo como Ele realmente é. Ao fazermos isso, nossa perspectiva, nossas vidas e nossa própria realidade são dramaticamente alteradas. Como crentes, nos tornamos parte de algo muito maior do que nós mesmos.

Paulo conclui: E por meio Dele reconciliar todas as coisas consigo mesmo. “Reconciliar” significa retornar a um estado de harmonia. Os seres humanos, como seres imperfeitos, entraram no domínio das trevas por conta de sua imperfeição na queda (Gênesis 3). Nosso pecado nos separa de Deus. Somente a morte de Jesus na cruz e Sua ressurreição dos mortos nos leva a um estado de harmonia com Ele. Somente Ele pode trazer as pessoas de volta. Só a perfeição pode curar a imperfeição. Jesus fez isso por ter feito a paz através do sangue de Sua cruz. Ele restaurou a harmonia (fez a paz) de todas as coisas criadas, morrendo na cruz e pagando a penalidade pelo pecado da humanidade. Seu sangue foi derramado e isso abriu o caminho para a humanidade entrar em um relacionamento familiar com Ele como Seus filhos. Este é um dom incrível, concedido gratuitamente a todos os que creem (Romanos 5:15-17, 6:23).

Para enfatizar, Paulo repete: Por meio Dele, digo, sejam as coisas na terra ou as coisas no céu. O objetivo de Paulo nesses versículos é desenvolver a majestade e o escopo de seu propósito. Quão tolas são as contendas quando Jesus reconciliou todas as coisas, desde a criação até a eternidade. Quão pequenos e absurdos são os prazeres fugazes do pecado em comparação com a oportunidade de agirmos como o corpo daquele que reina proeminentemente sobre todo o céu e a terra?

Quando adotamos tal perspectiva de Cristo, que dúvida podemos ter de que Ele sabe o que é melhor e busca sempre o nosso melhor? Se o Criador de todas as coisas deu Sua vida para que pudéssemos ser redimidos, que sentido haveria em pensarmos que Suas instruções não nos levariam aos melhores resultados possíveis? Jesus criou tudo, mantém tudo junto, redimiu tudo e está acima de tudo. Esse mesmo Jesus nos instruiu sobre como podemos ordenar nossas vidas. Se crermos na perspectiva de que Jesus é tudo em todos, seria absurdo não ouvir às Suas instruções e segui-las.

Esta seção é uma das grandes passagens cristológicas das Escrituras. Outras incluem : João 1:1-18, Filipenses 2:5-11, Hebreus 1:2-4 e Judas 1:24-25. Em vez de entrar imediatamente nas questões que precisavam de atenção, Paulo trabalha para estabelecer o alicerce para a apreciação e a admiração adequadas do propósito em questão: o Evangelho de Jesus Cristo.

Select Language
AaSelect font sizeDark ModeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.