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Significado de Colossenses 1:24-27
Paulo conclui o versículo 23 com uma referência a si mesmo como ministro do Evangelho. Ele afirma em Colossenses 1:7 que era um servo de Jesus. Ele expande isso aqui. Agora me alegro com meus sofrimentos. Naquele exato momento (agora), Paulo estava preso. Ele estava suportando o sofrimento por causa do Evangelho. O fato de Paulo descrever o sofrimento no plural (sofrimentos) sugere que aquilo era mais do que apenas a circunstância de estar encarcerado. Havia sofrimentos espirituais e emocionais também, ou seja, uma série de outras circunstâncias.
Paulo se alegrava com isso. Há muitos lugares nas Escrituras onde essa idéia de regozijar-se no sofrimento é prescrita (ver Tiago 1:2-4 e 1 Pedro 4:13 para dois desses exemplos). Os cristãos são chamados a se alegrar nos sofrimentos por dois motivos: primeiro, eles os unem ao sofrimento de Jesus - e somente ao nos unir aos sofrimentos de Cristo podemos nos unir à Sua glória e alcançar as maiores recompensas do Reino (Romanos 8:17b). Segundo, o mundo é um reino de trevas. Desafiar as trevas faz com que o mundo nos resista. Essa resistência nos custará algo (sofrimentos) e, ao mesmo tempo, revelará que nossa esperança, amor e confiança estão verdadeiramente colocados em um Reino diferente, o Reino de Cristo (motivo de regozijo). Não devemos buscar a dor por causa da dor. Porém, quando buscamos a Jesus e recebemos a dor como resposta, devemos nos alegrar.
Paulo diz que suporta os sofrimentos por Sua causa. Ou seja, as dificuldades não eram apenas úteis para o caráter e recompensa do apóstolo. Elas eram importantes porque o ajudavam a ministrar, modelar e ensinar os colossenses. Este era o seu chamado. Ele afirma em 1 Coríntios: "Ai de mim se eu não pregar o Evangelho" (1 Coríntios 9:16). Ele também diz: "Porque se eu [pregar o evangelho] voluntariamente, terei uma recompensa" (1 Coríntios 9:17). Paulo sabia que pregar o Evangelho era a coisa mais importante de sua vida estava disposto a pagar qualquer preço pelas recompensas futuras. Paulo vivia sua vida como um bom investidor.
Ele diz em seguida: Em minha carne faço minha parte em favor de Seu corpo, que é a igreja, preenchendo o que falta nas aflições de Cristo. Jesus havia sofrido rejeição até a morte, a fim de beneficiar aos que Ele havia servido e amado. Paulo, agora, suportava o mesmo tipo de sofrimento em favor dos crentes a quem ele ministrava. Ao fazer isso, ele preencheria o que faltava nas aflições de Cristo. Todos os que são batizados no corpo de Cristo são chamados a seguir Seus passos e a abraçar a rejeição do mundo, o reino das trevas, a fim de caminhar no Reino da luz.
Em Romanos, Paulo afirma que aqueles que preenchem o que falta nas aflições de Cristo participarão das mesmas imensas recompensas recebidas por Jesus:
"O próprio Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus, e se filhos, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo, se de fato sofremos com Ele para que também sejamos glorificados com Ele" (Romanos 8:16-17).
Nesta passagem, Paulo afirma que ter ao Senhor como nossa herança é algo incondicional, independentemente do que fazemos. Isso ocorre porque quando renascemos espiritualmente, somos feitos filhos de Deus através da obra de Jesus. Não tem a ver com o que fazemos ou deixamos de fazer. No entanto, a segunda parte do versículo 17 diz que só seremos "glorificados com Ele" se "sofrermos com Ele". Para obterem as maiores recompensas, é necessário que os crentes superem a rejeição do mundo, como Jesus o fez (Apocalipse 3:21).
A Bíblia fala sobre a Igreja como o Corpo de Cristo. Paulo faz sua parte no sofrimento em nome da Igreja. Ele não sofre como ladrão ou estelionatário. Ele sofre porque pregava a verdade do Evangelho e isso perturbava as pessoas que se opunham à verdade.
Paulo servia em seu papel de ministrar aos crentes enquanto estava aqui na terra e se alegrava ao passar pelas consequências negativas de sua decisão. O apóstolo nos ensina sobre termos uma perspectiva eterna, trabalhando hoje pelas recompensas no futuro. Porém, isso ocorre por meio de trabalho real em tempo real. Paulo não esperava usar dons e oportunidades que não possuía. Ele usava os dons e as oportunidades que tinha. Ele escolhia a perspectiva de que tais oportunidades para fazer coisas difíceis era um privilégio pelo qual ele era grato.
O sofrimento fez parte de toda a jornada do apóstolo. Conforme ele próprio documenta em outro texto, ele havia passado por provações terrível para servir à igreja (2 Coríntios 11:22-29). O que Paulo podia fazer em sua carne para servir ao Corpo e à causa de Cristo? Ele escolheu se disponibilizar ao serviço da Igreja, trabalhando diligentemente. A expressão “sofrimentos por sua causa” referida por Paulo aqui era seu sacrifício por tomar decisões reais neste mundo físico. Ao usar o termo “carne”, Paulo provavelmente estivesse falando de sua pessoa física, o que ele fazia em seu corpo físico, no tempo físico. Em outro lugar, Paulo fala da “carne” como sendo a parte de si mesmo que abrigava o pecado (Romanos 7; Gálatas 5).
Paulo havia deixado de lado as dificuldades experimentadas em sua carne/corpo físico. Ele olhava para além da dor, que era real. Paulo escolhia o caminho do Espírito, que era difícil e que exigia um alto preço. Ele fazia isso porque desejava a vida, o benefício e o tesouro que duraria para sempre, em vez dos prazeres passageiros deste mundo que se desvanecem. Ele entendia que este caminho era para o seu bem (1 Coríntios 9:17; 24-27).
Paulo suporta paciente e alegremente os sofrimentos de Jesus em favor de Seu corpo, que é a Igreja, não apenas por Cristo, não apenas por ele mesmo, mas pela comunidade de fé formada pelos crentes em Jesus. Ele faz isso para preencher o que faltava nas aflições de Cristo. A palavra grega “aflições” nesta frase é "thlipsis", muitas vezes traduzida como "tribulações", "problemas", "opressão" ou "angústia", ou seja, um sinônimo de "sofrimentos".
Participar ou não do que falta nas aflições de Cristo é uma escolha de cada crente. Deus não força os crentes a se juntar aos sofrimentos de Cristo (muito menos a se alegrar neles). Ele apenas nos convida a fazê-lo. E promete grandes recompensas aos que os aceitarem. Todos os crentes estarão no céu com Cristo, mas nem todos receberão a recompensa da herança (Colossenses 3:23). Para entrar e participar plenamente do Reino de Deus, cada crente deve seguir a Cristo e compartilhar de Suas tribulações.
A fim de obter plenamente as mesmas grandes recompensas de obediência que Cristo alcançou, os crentes devem unir-se a Ele em Seus sofrimentos (Hebreus 2:5-12). Conhecer a Cristo pela fé é uma oportunidade que só teremos nesta vida, pois na próxima seremos como os anjos, O veremos face a face.
A recusa em preencher o que falta nas aflições de Cristo é uma falha da nossa parte. Cristo fez Sua parte e somos chamados a unir-nos a Ele e a desempenhar a nossa parte (em obediência e submissão a Ele). A deficiência está em nós, não em Cristo. Jesus realizou Sua obra de forma integral. Porém, ao nos recusar a compartilhar Seu exemplo e segui-Lo, nos fechamos às lições aprendidas por Ele e à glória por Ele alcançada depois de Seus sofrimentos (Filipenses 2:5-10).
Quando sofremos neste mundo por causa de nossa fé, passamos a conhecer a Deus pela fé, algo ao qual os anjos admiram e desejam entender (Efésios 3:10; 1 Pedro 1:12). Se recusarmos essa oportunidade, ela se perderá para sempre e nossa perda será imensa.
Ao fazer sua parte para preencher o que faltava nas aflições de Cristo em sua carne/vida física, Paulo estava fazendo o que podia para fechar a lacuna entre o povo de Deus e o próprio Deus. Ele estava trazendo o Reino espiritual de Deus para o mundo físico caído através da obediência da fé. Ao servir à Igreja, Ele estava servindo ao Corpo de Cristo.
Paulo afirma: Desta igreja, eu fui feito ministro. A expressão “desta igreja” não aparece no original grego. Ela foi acrescentada para esclarecimento. A razão é enfatizar para quem Paulo havia sido feito ministro.
A palavra “feito” (grego "ginomai") significa literalmente "ser" ou "tornar-se". Paulo era um ministro, ou servo (da igreja). Ele havia sido feito, ou seja, nomeado para aquele ministério pelo próprio Cristo (Atos 9:15-16). Ao ser fiel a seu chamado, ele estava cumprindo sua mordomia e, ao fazê-lo de bom grado, receberia grandes recompensas (1 Coríntios 9:17). Ser ministro não significa apenas algo que alguém faz, mas algo que alguém é. Ao unir-se ao sofrimento de Cristo, Paulo torna-se parceiro da missão de Cristo no mundo.
Isso acontece de acordo com a mordomia que Deus me concedeu para seu benefício. A palavra “segundo” ("kata") significa "para baixo", indicando que a mordomia de Deus vem de uma autoridade superior, a saber, Cristo. A palavra “mordomia” ("oikonomia") também pode significar "dispensação". Refere-se à gestão de uma casa ou assuntos domésticos. Paulo havia recebido (concedeu) esse papel gerencial em benefício dos colossenses. Ele era seu ministro, seu servo. Ouvi-lo era quase o mesmo que ouvir a Cristo — porque Paulo servia como Seu emissário.
Tudo isso era para o benefício dos colossenses. Não se tratava de uma obrigação a um Deus distante e indiferente. Era a melhor escolha para todas as pessoas envolvidas. O ministério de Paulo não tinha o intuito de dominá-los, mas sim de servi-los, mostrando-lhes os caminhos de Cristo que poderiam levá-los à sua maior realização e alegria, um caminho contraintuitivo e paradoxal em relação aos caminhos deste mundo. Este ensino destinava-se a seu benefício.
O propósito da mordomia de Paulo em servir aos colossenses é declarado a seguir: Para que eu pudesse realizar plenamente a pregação da palavra de Deus. Literalmente, diz o grego, "cumprir a palavra de Deus". A expressão grega “para que eu possa realizar plenamente” é "pleroo", significando "encher ao máximo" ou "fazer abundar". A mordomia de Paulo era fazer de tudo para que todos os aspectos da Palavra de Deus fossem proclamados, desde o novo nascimento espiritual até o crescimento e amadurecimento em Cristo, visando reinar com Ele na nova terra.
O que é exatamente a Palavra de Deus? É o que Paulo aborda a seguir.
O termo “palavra” ("logos" em grego) não descreve uma palavra no sentido gramatical. Ele expressa o pensamento e as implicações por trás do que é dito. Talvez seja melhor entendido como "comunicação integral". Podemos até pensar na palavra "filosofia" ou na "sabedoria do conhecimento" ao pensarmos sobre a maneira como o termo "logos" era compreendido pelos gregos.
A Bíblia diz que Jesus é a Palavra de Deus, mais notavelmente no versículo de João 1:1 abaixo. Ele era a manifestação plena, a comunicação absoluta da compreensão e do conhecimento. Era a esta Palavra que Paulo havia sido incumbido de proclamar em todo o mundo:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1).
Paulo descreve a palavra de Deus da seguinte maneira: o mistério escondido das eras e gerações passadas, mas que agora se havia manifestado a Seus santos. Lembre-se que haviam se passado apenas alguns anos após a ascensão de Jesus, entre 30 e 40 anos. A revelação de Cristo como Deus tornado homem, crucificado, ressuscitado e assunto ao Céu ainda era muito recente para o mundo.
Antes daquela era, a Palavra de Deus (a comunicação completa de quem Deus era) se escondia como mistério por todas as eras e gerações passadas. Com a vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus, a Palavra de Deus se manifestou, foi totalmente revelada. A palavra grega “manifestado” é "phaneroo",s ignificando "tornar-se visível". O que havia sido apenas falado e profetizado em termos velados no Antigo Testamento havia se tornado totalmente visível e compreensível.
Deus se revelou mais plenamente aos Seus santos. Estas eram as pessoas a quem Deus decidiu dar a conhecer as riquezas da glória deste mistério entre os gentios. A palavra “santos” aqui significa os que havia sido separados para Deus, referindo-se a todos os crentes. Os santos incluíam tanto os judeus (como Paulo) quanto os gentios (como os colossenses).
Paulo retoma a ideia de benefício (versículo 25). A riqueza da glória deste mistério significava o benefício de terem a Palavra de Deus revelada. A Palavra de Deus (comunicação integral) era Jesus. Isso era um mistério antes de ser manifesto ao mundo. A ideia de riqueza significava benefício, vantagem ou lucro.
A glória desse mistério, portanto, era a revelação de Cristo, algo que expôs o que estava escondido. A palavra “glória”, "doxa", significa a observação da essência de algo, o que algo é. Assim, a expressão “glória desse mistério” era uma forma de dizer: "a revelação desse mistério". Juntando tudo isso, esse mistério incrível revelado aos gentios, algo ao qual eles podiam entender e crer, resultaria em riqueza a todos eles, abrindo um caminho para grandes benefícios.
Deus quis (tinha em mente) expor ou dar a conhecer a glória deste mistério (e as riquezas nele contidas) aos gentios. A Palavra de Deus, ao ser liberada ao mundo, agora significava que a verdade de quem Deus era pertencia não apenas aos judeus, mas também aos gentios.
Paulo estrutura esses dois últimos versículos de tal forma a mostrar que a revelação explícita do que ele queria dizer com a “palavra de Deus” e o “mistério revelado” fosse clara no final. Era Cristo! A recompensa, as riquezas, eram: Cristo em vós, a esperança da glória. Nossa esperança, toda esperança, está na glória (algo que revela a essência) de Cristo na forma como vivemos. Se vivermos uma vida de obediência a Cristo, permitindo que o poder da ressurreição de Jesus flua através de nossas vidas para o mundo ao nosso redor em serviço e amor, compartilharemos não apenas as aflições de Cristo, mas também Sua glória.
Isso é declarado abertamente no Apocalipse, onde Jesus se dirige à igreja em Laodicéia, a quem Ele descreve como "miseráveis, pobres, cegos e nus". Estes crentes eram desobedientes, mas Jesus ainda os amava, como Deus sempre ama a Seus filhos. Deus nunca rejeitará a Seus filhos, mas os disciplinará:
"Aqueles a quem amo, repreendo e disciplino; portanto, sede zelosos e arrependei-vos. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, eu entrarei nele e cearei com ele, e ele comigo. Aquele que vencer, eu lhe concederei que se sente comigo em Meu trono, como eu também venci e me sentei com Meu Pai em Seu trono" (Apocalipse 3:21).
Nossa esperança de glória é vencer a rejeição do mundo, como Jesus venceu. Não há como fazer isso sozinhos. Porém, podemos fazê-lo através de Cristo em nós (Colossenses 1:27). Escolher andar em obediência ativa o Cristo "em nós", desencadeando o poder da ressurreição de Jesus e trazendo o Reino de Deus, ao qual pertencemos, para o mundo ao nosso redor. O poder está aí, esperando que escolhamos andar nele, confiar nele para, assim, alcançarmos a glória de Cristo.
Somos criados à Sua imagem (Gênesis 1:27). A humanidade, desde o princípio, estava à espera que este mistério fosse revelado, para que pudesse caminhar plenamente na riqueza da vida. Agora, não apenas somos criados à imagem de Deus, mas temos Deus habitando dentro de nós e podemos escolher permitir que Seu poder nos transforme e se espalhe pelo mundo ao nosso redor. No fim das contas, é Deus quem faz a obra através de nós, mas Ele promete nos dar Sua recompensa.