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Significado de Colossenses 2:1-3

Paulo trabalha arduamente para anunciar o mistério de Deus ao povo de Colossos e região circundante porque era justo fazê-lo e porque era para o seu bem.

Paulo conclui o capítulo 1 de Colossenses descrevendo o propósito de suas declarações, admoestações e ensinamentos, a saber: “Apresentar todo homem completo em Cristo” (ver notas sobre Colossenses 1:28-29).  Esta é a razão pela qual o apóstolo trabalha. O capítulo 2 começa com a palavra de transição “pois”, que conecta o último versículo do capítulo 1 com o primeiro versículo do capítulo 2.

Paulo desejava que os colossenses entendessem que estava dispendendo grande esforço em seu favor. Ele esperava ajudar os colossenses a "andar de maneira digna do Senhor, agradando-O em todos os aspectos, frutificando em toda boa obra" (Colossenses 1:10a). Isso revelava a mordomia à qual Paulo havia abraçado de bom grado, mas também que lhe trazia altos custos. Os seres humanos apenas suportam grandes lutas por causa de alguma esperança no futuro. A esperança de Paulo era a de que os colossenses agradassem a Deus com suas vidas, para "apresentar todo homem completo em Cristo" (Colossenses 1:28b).

Paulo diz: Quero que saibais quão grande é a luta que tenho em vosso favor. Ele desejava que os colossenses prestassem atenção às evidências disso em sua própria vida. A palavra “luta” aqui é "agon" (de onde se deriva a palavra “agonia"), significando literalmente "uma assembléia". O termo era usado para se referir ao lugar onde os gregos se reuniam para seus jogos; assim, o termo possui um forte tom de ação, ou seja, o lugar onde uma luta, uma disputa ocorria. Em 2 Timóteo 4:7 - "Combati o bom combate" e em Hebreus 12:1 - "Corramos com perseverança a carreira que nos está proposta" - ambas as palavras sublinhadas são "ágon", a palavra traduzida “luta” aqui em Colossenses.

Assim, em essência, Paulo estava dizendo: "Eu estou na arena em favor de vocês, estou numa grande luta em seu nome.” Paulo vivia em luta constante, correndo a carreira da vida, vivendo para garantir que agradasse a Deus. Para agradar a Deus, Paulo precisava cumprir a obra que Deus lhe havia dado a fazer, que era espalhar a mensagem de que Jesus podia transformar a todos os que O recebessem e andassem em Seus caminhos. Neste caso, a preocupação de Paulo era com os crentes em Colossos. Ele desejava que eles entendessem que sua "esperança de glória" era viver o poder da ressurreição de Jesus habitando dentro deles (Colossenses 1:27).

A palavra, no entanto, não era direcionada apenas aos que viviam em Colossos, mas também aos que etavam em Laodicéia e a todos os que não veriam pessoalmente o seu rosto. Laodicéia ficava a apenas dez quilômetros de Colossos. Ambas eram cidades romanas na província da Ásia. Paulo lembra aos colossenses que eles não estavam sozinhos. O corpo de Cristo estava ativo em todo o mundo. No capítulo 1, Paulo não mede esforços para celebrar explicitamente a universalidade do Evangelho que era proclamado em todo o mundo. Ele o faz novamente aqui, convidando a todos a uma perspectiva de unidade com seus vizinhos, os laodiceanos, bem como outras pessoas que não haviam visto seu rosto e, por implicação, todos os crentes em todos os lugares.

Muitas vezes ouvimos falar sobre as viagens missionárias de Paulo e como ele escreve suas epístolas (cartas) para os grupos nos lugares por ele visitados ao longo do caminho. Porém, vemos aqui em Colossenses que algumas das cartas de Paulo eram direcionadas a lugares nos quais ele não esteve, locais onde seu rosto não havia sido visto. O livro de Romanos foi escrito para a igreja estabelecida lá antes de Paulo tê-la visitado. Talvez Paulo estivesse tentando enfatizar aos colossenses que não apenas as igrejas onde esteve ou que ele havia estabelecido estavam em seu coração; Ele estava preocupado com a propagação do Evangelho a todos. A luta de Paulo por aqueles que não viram seu rosto também podia ser sua forma de expressar a difícil tarefa de ensinar a diferentes comunidades que não o conheciam pessoalmente.

Paulo parece sugerir que havia em seu coração e em seu ministério uma área de preocupação com as pessoas a quem ele não havia conhecido pessoalmente.

Por que Paulo desenvolvia este chamado? Por que ele se engajava nessa luta? No versículo 2, ele dá a resposta: Para que seus corações sejam encorajados. A palavra “encorajar” aqui é "parakaleo", significando "implorar" ou "invocar". Talvez a melhor tradução seja "chamar para perto", como quando as crianças estão brincando no quintal e ouvem o chamado de sua mãe para entrar. É um despertar, um chamado à ação e à reunião. Paulo não estava se referindo a fazer as pessoas se sentirem bem; ele se referia ao coração das pessoas ser agitado para que vivessem as boas-novas de Cristo juntas, para que pudessem ser encontradas completas Nele.

No Sermão da Montanha, Jesus disse: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados" (Mateus 5:4). A palavra "consolado" nesse versículo também é "parakaleo". O termo não sugere que aqueles que choram se sentirão melhor; isso é uma contradição. O texto diz que os que choram seriam chamados para perto do coração de Deus. Paradoxalmente, isso traria uma espécie de conforto ao afirmar que suportar dificuldades pela fé produziria uma grande recompensa.

Por isso, a frase seguinte é bastante interessante: Estando unidos em amor. A frase está no pretérito, ou seja, é uma realidade, não uma esperança. A esperança de Paulo não era que eles estivessem unidos em amor, mas que reconhecessem a realidade e se inclinassem a ela. Pense no processo de amarrar os cadarços dos sapatos. Ao puxarmos os cadarços uma ponta se une à outra. Paulo suplica aos crentes que se conectem ainda mais uns aos outros e vivam o mandamento de Jesus de amar uns aos outros (João 13:34).

Paulo desejava estimular os crentes a estarem unidos no amor a Cristo e uns pelos outros. Isso traria grandes benefícios a todos os envolvidos. A conjunção “e” aqui traz a idéia de inclusão: E para conseguir todas as riquezas da plena certeza do entendimento. Paulo desejava que todos alcançassem grandes riquezas, as riquezas verdadeiras. Não se tratava de riquezas materiais, mas de conexões relacionais baseadas em ações mútuas de amor uns para com os outros.

A palavra “entendimento” aqui é "sinese", significando "correr junto, fluir com.” Esta frase se conecta à declaração seguinte neste versículo, indicando que a plena certeza do entendimento resultaria em um verdadeiro conhecimento do mistério de Deus, isto é, o próprio Cristo, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Quando temos plena certeza de entendimento, percebemos que os maiores tesouros a serem obtidos são a sabedoria e o conhecimento; e eles vêm através  do próprio Cristo.

Quando pensamos na palavra "synesis", traduzida como “entendimento”, podemos pensar na palavra “sinergia”. Quando chegamos a um senso interno de entendimento, isso se conecta com um contexto maior que ocorre externamente a nós, resultando em um conhecimento verdadeiro que nos leva ao próprio Cristo. Todas essas coisas se conectam. Ao termos o entendimento para ver as coisas da perspectiva de Deus, enxergamos a realidade como ela é. E isso produz frutos ou recompensas.

Quando temos a plena certeza (o termo também pode ser traduzido como "confiança" ou "convicção") de estarmos alinhados com Deus, podemos esperar receber o maior tesouro que a vida tem a oferecer, ou seja, a sabedoria e o conhecimento em Cristo. Paulo não menciona ganhos materiais. A referência de Paulo a “riquezas” se refere à plenitude de vida, abundância, riquezas espirituais. Não tinha nada a ver com posses materiais ou circunstâncias superficiais, mas com a plenitude de uma vida de sabedoria e conhecimento.

Paulo diz que isso resulta em um verdadeiro conhecimento do mistério de Deus. Aqui Paulo constrói uma boa e velha equação matemática:

Corações encorajados +

Riquezas que vêm da plena certeza do entendimento =

Verdadeiro conhecimento do mistério de Deus.

Em outras palavras, quando somos instigados/convocados a nos unir a Deus e abraçamos a perspectiva de que Ele tem nosso melhor interesse em mente, somos capazes de chegar a um verdadeiro conhecimento do mistério de Deus.

A palavra “conhecimento” aqui não significa o conhecimento em geral. Não se trata de fatos ou números. A palavra aqui é "epiginose", significando "uma compreensão precisa e correta, um conhecimento mais profundo sobre algo”. O termo se refere a intimidade e familiaridade. Conhecer alguém de verdade significa muito mais do que memorizar seu nome, sua altura ou a cor de seus olhos. Trata-se de comungar com a pessoa de modo a ver a própria essência de quem ela é.

Paulo sugere que podemos entrar em comunhão com Deus nesta vida. O mistério de Deus é o próprio Cristo. Ao adotarmos essas perspectivas, abrimo-nos para conhecê-Lo. Grande parte da essência de Deus havia estado escondida antes de Cristo aparecer. Efésios 3:8-9 diz:

"Embora eu seja menos do que o menor de todo o povo do Senhor, esta graça me foi dada: pregar aos gentios as riquezas ilimitadas de Cristo, e tornar claro a todos a administração deste mistério, que por séculos passados foi mantido oculto em Deus, que criou todas as coisas" (Efésios 3:9).

A "riqueza ilimitada de Cristo" é a revelação do mistério de Deus. A vinda de Cristo à terra foi o desvelamento deste mistério. E era para isso que Paulo se esforçava: para que todos os povos pudessem ver a Cristo, comungar com Ele e participar de Seu Reino. Uma proposta incrível.

O amor que deveria unir os colossenses é representado pela palavra grega "ágape", ou seja, um amor baseado na escolha de se buscar o melhor interesse para os outros (1 Coríntios 13:4-7). Quando vemos as coisas a partir da perspectiva de Deus e escolhemos andar na fé de que Seus caminhos nos levarão aos maiores tesouros da vida, isso nos leva a escolher ações que busquem o melhor interesse dos outros. Isso, é claro, cumpre o segundo maior mandamento de amarmos ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22:39).

Paulo conclui esta seção dizendo que em Jesus estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Curiosamente, a palavra “conhecimento” aqui não é "epiginose" (como está acima), mas "gnose", significando conhecimento da cabeça, ciência ou inteligência geral. Assim, Paulo parece estar dizendo que a única maneira de realmente obtermos conhecimento geral é, primeiro, alcançar o conhecimento verdadeiro ("epignosis") do mistério de Deus - uma perspectiva verdadeira baseada no conhecimento de Cristo. Caso contrário, os fatos e números do mundo não farão o devido sentido para nós e podem até nos desviar (porque os interpretaremos a partir de falsos paradigmas, ou falsas perspectivas).

Se quisermos ver a realidade do mundo ao nosso redor, primeiro precisamos alcançar a perspectiva de Cristo. Alcançamos a perspectiva de Cristo ao adquirirmos o conhecimento íntimo e pessoal ("epignosis") de Cristo.

Os tesouros da vida prática são encontrados apenas em Jesus.

Nesses três versículos, Paulo demonstra alguns propósitos incríveis pelos quais lutava:

  • Primeiro, para que as pessoas fossem agitadas e chamadas para mais perto de Cristo e do amor que as une.
  • Segundo, para que as pessoas pudessem descobrir os benefícios eternos provenientes da fé (plena segurança) e do alinhamento com Deus, crendo que Seus caminhos conduzem aos maiores tesouros da vida.
  • Terceiro, que isso levaria as pessoas a uma compreensão mais profunda e a uma intimidade com Jesus, o mistério de Deus revelado ao mundo.
  • Por fim, que a partir dessa intimidade com Jesus as pessoas teriam a capacidade de discernir, pensar e agir (sabedoria e conhecimento).

O Evangelho (a revelação de Jesus) é a chave para vivermos a melhor vida. Os tesouros espirituais resultantes disso não são vulneráveis aos caprichos das circunstâncias, mas estão enraizados na pessoa imutável de Cristo, no qual todas as coisas existem (Colossenses 1:16-17).

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