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Significado de Colossenses 2:16-19
A conjunção “portanto” harmoniza esses versículos com os anteriores. O que se segue é o resultado do que veio antes. Na seção anterior (Colossenses 2:13-15), Paulo descreve a incrível obra de Jesus na cruz e o que isso significava para os crentes colossenses. Ele mostra o poder único de Cristo tanto no plano físico quanto no espiritual.
Esta obra única de Deus tornou possível aos crentes construir um relacionamento com Ele, tendo sido justificados por meio de Cristo. A controvérsia da época era se os gentios (não-judeus) precisavam ou não fazer qualquer coisa (como a circuncisão) para serem enxertados no Reino de Deus e se tornarem justos. A posição de Paulo era a de que Cristo havia feito tudo. Nada mais seria necessário.
Portanto (ou, como resultado do que Cristo fez), ninguém deve agir como seu juiz. Este é um alerta bastante direto de Paulo. Ele diz aos colossenses que ninguém deveria agir como seu juiz. A implicação aqui era a de que, se alguém estivesse fazendo isso, estaria errando e precisaria ser ignorado ou confrontado.
Um juiz é alguém que determina decretos. Ele aprova ou desaprova ações. Ele pronuncia uma opinião de justiça e, por causa de sua autoridade, sua opinião é obedecida e seguida. Uma maneira de buscar controle sobre outra pessoa é julgá-la. Desejamos, naturalmente, evitar julgamentos e por isso tendemos a nos conformar com os desejos dos outros, visando escapar de potenciais condenações impostas sobre nós.
O que Paulo diz aqui é que ninguém tem autoridade genuína para fazer tais julgamentos, por causa do que Deus havia feito. Colossenses 2:12-14 deixa claro que Jesus "cancelou a certidão de dívida que consistia em decretos contra nós". Nossa dívida foi quitada e, portanto, ninguém tem autoridade para tentar cobrá-la outra vez. Neste caso, a "dívida" significa nossa transgressão contra Deus. Se Deus nos perdoou, tendo pregado à dívida na cruz, que autoridade qualquer outro ser humano teria para nos condenar? Assim, qualquer tentativa de condenação proveniente de um ser humano não possui mérito algum. Paulo instrui os colossenses a não se submeterem a nenhuma autoridade que não seja Cristo.
Ele entra em detalhes para ajudar a consolidar este ponto. Ninguém deve agir como seu juiz em relação a comida ou bebida ou em relação a um festival ou uma lua nova ou um dia de sábado.
Paulo, nesses exemplos, aborda a vasta gama de práticas religiosas judaicas. Aquelas eram "tradições dos homens" (Colossenses 2:7:8). Havia orientações religiosas para comida e bebida, em grande parte relativas às leis religiosas de pureza cerimonial, sobre o que era ou não permitido, buscando auxiliar as pessoas a não se contaminar ritualmente.
Para os propósitos de Paulo aqui, parece mais pertinente pensar que essas fossem práticas diárias. A mensagem clara de Paulo é: "Não se submetam a qualquer tentativa de ser justificados através de práticas religiosas meramente para evitarem as críticas dos homens".
Além dos rituais diários, Paulo inclui os festivais periódicos. Eram várias as festas celebradas ao longo do ano, semelhantes aos nossos feriados nacionais. Eram maneiras de honrar vários aspectos da pessoa de Deus e Seu relacionamento com Seu povo. A lua nova (festa) era uma celebração mais consistente, marcando o início de cada mês, na qual nenhum israelita podia jejuar ou chorar - eles deveriam comemorar. O calendário judaico era lunar. Assim, qualquer menção a um "mês" no Antigo Testamento se refere ao ciclo da lua. As Festas da Lua Nova eram essencialmente celebrações mensais dedicando o ciclo seguinte a Deus.
Assim como na área da comida e bebida, os colossenses não deveriam se permitir participar das festas judaicas como meio para serem justificados. Eles já haviam sido justificados aos olhos de Deus através da morte de Cristo na cruz (Colossenses 2:14). Portanto, a realização de qualquer prática religiosa na busca pela justiticação diante de Deus é futilidade, significando procurar acrescentar ao que Cristo já completou (Gálatas 2:17).
Números 10:10 diz: "Também no dia da vossa alegria e nas vossas festas designadas, e nos primeiros dias da vossa lua nova de meses, soprareis as trombetas sobre os vossos holocaustos e sobre os sacrifícios das vossas ofertas de paz; e serão como um lembrete de você diante de seu Deus. Eu sou o SENHOR, teu Deus".
O Dia do Senhor era o dia tradicional de descanso na prática judaica, fazendo parte do ritmo semanal. Não havia nada de errado em celebrá-lo. Porém, os crentes colossenses não deveriam permitir que alguém lhes impusesse essas práticas religiosas por questão de necessidade para a justificação. Havia apenas um meio de justificação: a fé em Jesus levantado na cruz (João 3:14-15; Colossenses 2:14).
Paulo dá exemplos de práticas religiosas diárias, práticas religiosas semanais, práticas religiosas mensais e práticas religiosas sazonais. Ele diz que essas coisas são meras sombras do que estava por vir. Mesmo no Antigo Testamento temos indícios de que tais práticas eram representativas de algo maior. Isaías diz:
"Não tragam mais suas ofertas inúteis, o incenso é uma abominação para Mim. Lua nova e sábado, a convocação das assembleias - eu não posso suportar a iniquidade e a assembleia solene. Eu odeio seus festivais de lua nova e suas festas designadas, elas se tornaram um fardo para mim; estou cansado de suportá-las" (Isaías 1:13-14).
Essas práticas, assim, eram benéficas quando tomadas em seu devido contexto. Elas eram sombra de uma verdade mais profunda. Elas eram feitas para lembrar e refletir o que mais importava — Paulo chama de “o que está por vir”. Essas práticas eram um chamado à lembrança e deveriam apontar os corações dos colossenses para um significado mais profundo. Esse significado mais profundo deveria ser encontrado em Cristo. A crítica sempre busca o controle dos homens. Paulo desejava que seus discípulos colossenses evitassem ficar sob o controle dos homens; ao invés disso, eles deveriam viver na liberdade de Cristo (Gálatas 5:13).
Essas práticas religiosas poderiam até ter começado como atos de obediência, ou talvez com outras boas intenções. No entanto, como os seres humanos tantas vezes fazem, muitos reaproveitam essas práticas e as transformam em ferramentas para alcançarem um fim, ou seja, tornando-as parte do próprio fim. Elas são feitas para refletir o que realmente importa, não para ser o que importa.
Conforme as palavras de Jesus quanto à aplicação dos fariseus das regras relativas ao sábado: "O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado" (Marcos 2:27). O propósito do sábado era abençoar as pessoas, mas os líderes religiosos o haviam transformado em um fardo. Eles impuseram sua versão poluída do sábado por meio de críticas, conforme demonstrado quando tentaram julgar a Jesus por não guardar as regras do sábado (Marcos 2:23-27).
Os crentes colossenses são instruídos a não permitir que os críticos religiosos definissem seu padrão de julgamento. Essa autoridade pertencia apenas a Cristo. A obediência correnta às cerimônias religiosas não deveria ser sua aspiração última.
Juntar-se aos sofrimentos e à ressurreição de Cristo é o caminho para nossa maior realização. Como já somos justificados aos olhos de Deus, investir tempo procurando ser justificados por outras formas é uma completa perda de tempo e esforço (Gálatas 2:17). Devemos investir nosso tempo e esforço servindo aos outros em amor, seguindo os passos de Jesus. É através do sofrimento, como Ele sofreu, servindo aos outros, que alcançamos a maior recompensa da vida (Romanos 8:17b).
Todas essas disciplinas/práticas religiosas envolvendo comida, festas, sábado e outros elementos das práticas religiosas eram lembretes de uma realidade mais profunda: O corpo é de Cristo. A palavra grega “corpo” é "soma". Esta frase provavelmente tenha um duplo significado, representativo do paradoxo, do mistério e da beleza de Cristo e Seu Corpo, que é a Igreja, composta por todos os crentes.
De certa forma, ao dizer que o corpo pertence a Cristo, Paulo estava descrevendo como a sombra (prática religiosa) era um mero reflexo da substância que era Deus. Assim, o termo “corpo” aqui significa a matéria que realmente importa. Cristo é o ser, todo o resto é apenas a expressão. Cristo é a única autoridade, o único poder e o único juiz. Portanto, ajustar nosso comportamento para evitarmos ser julgados pelos outros nos relega à posição de sermos regidos pela sombra, não pela realidade.
O segundo ponto do duplo sentido pode ser este: Cristo é o Cabeça à qual pertence todo o corpo. Esta é a analogia usada por Paulo em todos o livro de Colossenses e em grande parte de seus escritos: os crentes são o corpo de Cristo e respondem unicamente ao Cabeça, que é Cristo. O corpor é de Cristo, então, pode ser uma maneira de dizer que os crentes estão sob a liderança de Cristo. Regras, práticas e disciplinas religiosas não nos pertencem. Os mestres religiosos que exigem nossa obediência às suas interpretações não nos possuem. Apenas Cristo nos possui.
Portanto, quando servimos ao corpo de Cristo, contribuindo com nossos dons para servir em nossa missão, participamos do verdadeiro corpo. Se temos uma oportunidade tão incrível, por que nos inclinaríamos a servir a sombra?
A chave aqui é: Cristo é a única coisa que importa. Não precisamos Dele e mais um conjunto de práticas. Precisamos Dele, ponto final. Quando andamos no poder de Sua ressurreição, temos o privilégio de viver sendo parte de Seu Corpo, a própria definição de substância.
Paulo, então, apresenta uma advertência direta e rigorosa aos colossenses: Que ninguém continue defraudando seu prêmio, deleitando-se com a autodepreciação e a adoração dos anjos. A frase representa uma única palavra em grego: "katabrabeuo", significando um árbitro (ou juiz) que toma uma decisão desfavorável. Em essência, esta decisão afasta a pessoa de sua recompensa.
Nesse contexto, Paulo expressa um imperativo - que ninguém - implorando aos colossenses que não permitissem que alguém se colocasse na posição de julgá-los indevidamente (fraudá-los). O lugar do juízo é um lugar onde somente Cristo pode estar adequadamente. Paulo os instrui a parar de ouvir aos que ensinavam qualquer outra mensagem que não fosse a supremacia de Cristo e Seus caminhos. Cristo é o único Juiz que importava.
Cristo julgará as obras de todos os crentes e decidirá suas recompensas. Todas as obras dos homens serão testadas pelo fogo do juízo (1 Coríntios 3:11-15; 2 Coríntios 5:10). Sempre que os crentes se submetem ao julgamento dos homens e cumprem suas ordens, eles deixam de cumprir às ordem de Cristo (Mateus 6:24). Assim, eles alcançam o prêmio dos homens e perdem o prêmio de Cristo. Paulo afirma que ele próprio estava focado em alcançar o prêmio da vida, ou seja, cumprir a missão que Deus havia confiado a ele (ver comentário sobre 1 Coríntios 9:24-27).
Mais uma vez, Paulo dá alguns exemplos sobre como essa fraude ocorre. O primeiro exemplo é: perder o prêmio com a humildade. A palavra “humildade” é "tapeinophrosyne", frequentemente registrada em outras partes do Novo Testamento. Sempre que esta palavra aparece nas Escrituras, ela é mais frequentemente usada de forma positiva, encorajando os crentes a cumpri-la. Porém, aqui, o termo aparece aliado a perder o prêmio, o que transforma a frase em um paradoxo, um oxímoro. Como se perde o prêmio com a humildade? Se alguém se orgulha de sua humildade, é realmente humilde? Provavelmente não. Isso é falsa humildade. A verdadeira humildade é ver as coisas como são. Essa falsa humildade fabrica uma imagem falsa.
Paulo parece sugerir que o foco da pessoa aqui é colocado em si mesmo, ao invés de estar centrada na substância, que é Cristo. Cristo deve ser o nosso único deleite e tudo deve ser a expressão desse deleite. Quando nos deleitamos com o que fazemos e como buscamos a Deus, muitas vezes confundimos os fins com os meios. Quando estamos enraizados na verdadeira substância da vida, que é Cristo, nossa humildade é genuína porque vemos a vida através das lentes da realidade.
A condenação aqui é que aqueles juízes fraudulentos haviam usurpado o lugar de Cristo como o fim último - a fonte da humildade. Homem algum pode nos conceder o maior prêmio da vida, apenas Cristo.
Na mesma linha, a adoração aos anjos confundia o(s) mensageiro(s) com a mensagem. A palavra “anjos” é uma palavra grega que significa "mensageiro". Não faz sentido adorar ao mensageiro que traz uma mensagem de alguém que é maior do que ele. Da mesma forma, não faz sentido concentrar-nos em agradar aos homens em vez de agradarmos a Deus.
Uma pessoa que adora ao mensageiro ao invés daquele que enviou a mensagem toma posição sobre visões infladas por sua mente carnal. A expressão grega “tomar posição” é "embateuo", significando "entrar". O termo pode ser traduzido como "entrada forçada" e refere-se a uma pessoa que vai longe demais em uma direção inadequada.
Paulo diz que essa pessoa toma posição sobre visões infladas por sua mente carnal. Assim, a pessoa toma visões legítimas e as usa de maneira inadequada. Pode até ser uma visão sobrenatural de anjos. Mas, a pessoa a usa de maneira inadequada. A visão é inflada (algumas versões dizem "inchada") por sua mente carnal. O fraudador aqui pega os ingredientes e os transforma em ídolos. Ele pega as partes e faz delas um todo.
Esta adoração indevida aos anjos é um meio de se controlar os outros, tendo a ver com o julgamento baseado em regras. Todos nós concentramos nossa atenção em nosso "eu". Ao invés de "eu te servir", eu me concentro em desejar que "você me afirme". Paulo não desejava que os colossenses seguissem a homens, por mais impressionantes ou persuasivos que fossem.
As pessoas que lideram a outras com base em suas visões lidera de uma maneira inflada devido à sua mente carnal - não dependendo do Cabeça. Não podemos seguir à carne e depender do Cabeça. Não podemos ter uma visão inflada de nós mesmos e, ao mesmo tempo, enxergar corretamente a Cristo como supremo.
Vale a pena notar que Paulo não contesta que uma pessoa carnal possa ter uma visão. Afinal, ele mesmo era uma pessoa carnal que havia tido uma visão (1 Timóteo 1:15; Atos 26:19). Paulo enfatiza, no entanto, que só porque alguém pudesse ter uma visão não significava que aquela pessoa deveria ser seguida.
Paulo retorna à analogia de Cristo como o Cabeça de todas as coisas e os crentes como Seu corpo. Um defraudador espiritual, no sentido explicado por Paulo, era algúem que agia como um apêndice desconectado buscando ser sua própria cabeça.
Paulo alerta os colossenses a não prestarem atenção à mensagens falsas e aos que as adotavam. Fazer isso significaria seguir ao líder errado. Cristo era seu líder e eles deveriam segui-Lo. Isso ressalta o fato de que Deus nos permite escolher a quem seguir. Nossas escolhas têm consequências imensas. Precisamos ter cuidado e sempre garantir que seguiremos a Cristo como nosso Cabeça.
Agora, Paulo retoma sua explicação sobre a liderança de Cristo e como os crentes trabalham em conjunto com Ele.
...a cabeça, de quem todo o corpo, suprido e unido por meio das juntas e ligamentos, cresce com o crescimento de Deus.
O corpo de Cristo é composto por todos os crentes em Cristo. Todo este corpo é sustentado e mantido em unidade por articulações e ligamentos. Nessa analogia, a conexão vem da cabeça, que é Jesus, e flui por todo o corpo. Os membros do corpo estão conectados porque servem à cabeça.
Em um corpo físico, articulações e ligamentos são conectores. Eles unem o corpo, levando-o a realizar tarefas complexas. Eles mantêm as partes do corpo ligadas umas às outras, a essência da unidade e da conexão, tudo sob a orientação da cabeça.
Essa unidade não apenas possibilita que o corpo desempenhe funções complexas, mas também permite que ele cresça, se expanda. A palavra grega aqui significa "aumentar". O corpo cresce com um crescimento que vem de Deus. Como todas as coisas, a expansão do corpo é guiada pela cabeça.
Portanto, é essencial que sigamos a Cristo. Não devemos seguir a homens que nos julgam por não seguirmos a suas regras religiosas. Jesus pagou toda a nossa dívida diante de Deus, por isso não devemos cair sob o domínio daqueles que nos condenam. Além disso, não devemos cair sob a influência de homens que dizem ter tido visões, mas que usam essas visões de maneira carnal. Precisamos permanecer conectados a Jesus, o verdadeiro Cabeça, para que possamos crescer e prosperar.
Qualquer mecanismo que promova crescimento ou produção diferente do Cabeça não trabalha a favor (ou com) o corpo, mas contra ele. Em certo sentido, isso era um encorajamento aos crentes colossenses. Deus fazia o corpo crescer com mais e mais crentes; cada crente era uma parte do complexo funcionamento do corpo. Portanto, esta seção é um alerta: não devemos nos alinhar com nada além de Cristo. Devemos nos certificar de que estamos seguindo à supremacia de Jesus e não devemos permitir que qualquer parte do corpo reclame a função de Cabeça. Se ficarmos desconectados, perderemos os grandes benefícios provenientes da unidade do corpo.