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Significado de Colossenses 2:9-12

A supremacia de Cristo é o fundamento de todas as coisas. Há muitas práticas e tradições que tentam refletir essa realidade. Paulo implora aos colossenses para não confundirem o fundamento supremo com as tradições humanas.

Na seção anterior, Paulo adverte os crentes colossenses a não se deixarem levar pelas coisas elementares deste mundo. Ele defende a supremacia de Cristo como a verdadeira manifestação de Deus e implora aos colossenses que andem nos caminhos da supremacia de Cristo e não nos caminhos do mundo. Isso se aplicava às filosofias mundanas e às tradições religiosas. Paulo adverte os crentes colossenses a não serem enganados por falsos ensinos, nem a se concentrar em qualquer coisa que não fosse Cristo.

Nesta seção, Paulo argumenta que Cristo era tudo o que os colossenses precisavam como fundamento para a vida. Ele começa dizendo: Pois nele toda a plenitude da divindade habita em forma corporal. Esta é, talvez, a descrição mais sucinta da divindade de Cristo: Deus se fez homem. Nele, Jesus, habita toda a plenitude da Divindade.

A palavra “plenitude” aqui significa “completude”. Jesus não era um pedaço de Deus. Ele não era um reflexo de Deus. Jesus era completamente Deus. Nele estava a plenitude de Deus. Não havia nada a ser adicionado a Cristo para elevá-Lo à posição de divindade.

A palavra “divindade” significa, literalmente, "o estado de ser Deus". Este uso do termo “divindade” é o único lugar nas Escrituras em que a palavra grega "teotes" é usada. Ela engloba todas as realidades que compõem ao que chamamos de Deus - perfeição, supremacia, poder criador do céu e da terra, etc. Jesus não era um profeta ou um representante de Deus; Ele era o próprio Deus, em toda Sua plenitude. Deus veio à terra, viveu uma vida perfeita e morreu para nos reconciliar consigo mesmo. É sobre esse entendimento que se sustenta toda a sabedoria.

O incrível paradoxo é que essa Divindade plena habitou numa forma corporal. Vimos no capítulo 1 que o divino Jesus criou a tudo o que existe. Esse Criador divino, então, tornou-se parte da criação. A manifestação completa de Deus assumiu a forma de um ser humano e veio à terra para viver e morrer. O Criador tornou-se criatura para redimir Sua criação.

Paulo acrescenta algo importante aqui: Estais cheios nele, significando que a manifestação de Deus, a vida e a morte da Divindade em forma corporal, era o lugar onde cada ser humano encontraria sua completude. Precisamos de Jesus e nada mais além de Jesus para sermos completos.

Ele fez Seu trabalho. Ele cumpriu a todos os requisitos. Somos enxertados Nele quando cremos (2 Coríntios 5:17). Somos feitos plenos quando andamos em Seus caminhos e na obra que Ele preparou para nós (Romanos 8:1; Efésios 2:10). Por meio de Cristo, podemos ser restaurados ao nosso projeto original, que é o de administrar a terra em harmonia com Ele (ver comentário sobre o Salmo 8).

Todo este conteúdo sobre estar em Cristo e andar em Seus caminhos contrastava com as "tradições dos homens", os "princípios elementares" e a "filosofia enganosa" do mundo contra as quais Paulo advertia aos irmãos em Colossenses 2:8. Quando dependemos do materialismo, de nossa própria razão ou de qualquer outra coisa que não seja a supremacia de Cristo, nos deixamos levar por quaisquer tipos de engano. Em vez de colhermos os maiores tesouros da vida, chegamos ao vazio e à perda.

Nossa verdadeira completude está somente em Cristo. Só nos tornamos realizados em nosso projeto de vida quando andamos nos caminhos do nosso Criador. Temos o poder para andar nos caminhos de nosso Criador porque Ele habita dentro de todos os que crêem (Colossenses 1:27b). Resta-nos escolher ouvi-Lo e andar em Seus caminhos (Gálatas 5:16-17). Em vez de darmos lugar a autoridades substitutas e segui-las, alcançamos nosso maior benefício quando reconhecemos que Jesus é supremo sobre todas as regras e autoridades. Assim, tudo retorna ao tema da supremacia de Cristo.

A filosofia tende a colocar a razão humana como suprema. Isso leva os homens à futilidade. O paganismo tende a colocar os apetites humanos como supremos. Isso leva os homens aos vícios de suas paixões, ou seja, um caminho de destruição auto-induzida. O antídoto para ambas as doenças é reconhecer que Jesus é supremo sobre todas as regras e autoridades. Se reconhecermos isso, usaremos nossa razão para entender o que Deus nos diz, crer que o que Deus fala é a verdade e agir de acordo com a vontade de Deus.

A palavra “regra” aqui é a palavra grega "arco", significando "início" ou "origem", incluindo a supremacia do tempo. Deus existe antes de tudo. Ele criou tudo o que existe, física e espiritualmente (Colossenses 1:16-17). Portanto, Ele é a fonte, o padrão. Todas as regras - morais, legais, naturais, etc. - vêm Dele.

Jesus também é o Cabeça, significando que é Ele quem dá as diretrizes. O cérebro diz aos membros do corpo o que fazer. Todas as autoridades existentes estão sob a supremacia de Cristo, o líder supremo sobre todas as coisas (Mateus 28:18; Romanos 13:1).

A palavra grega “autoridade” é "exousia", significando "poder", "força" ou "capacidade". Assim, Jesus é a fonte de toda força. Ele é o combustível por trás de nossas escolhas, nossos limites e nossas capacidades. Isso significa que temos um recurso infinito vivendo dentro de nós e devemos aproveitá-lo para andar em Seus caminhos.

Juntos, regras e autoridades englobam o início das coisas e a energia para sustentá-las. Deus é o Cabeça de ambos. Se tentarmos seguir um caminho distante dEle, viveremos em desalinhamento com o cabeça estando, portanto,  mergulhados no caos e na confusão.

A polêmica questão da igreja primitiva que impulsiona grande parte da narrativa no Novo Testamento era a disputa sobre se os gentios precisavam ser circuncidados (e seguir aos costumes judaicos) para se tornarem justos (Atos 15:5). Os seguidores de Jesus que não fossem de origem judaica precisariam seguir aos costumes judaicos? O Concílio de Jerusalém em Atos 15 abordou essa questão controversa e decidiu que não. Porém, muitas forças continuaram a pressionar sobre esta questão e muitos dos escritos de Paulo a abordam claramente, incluindo as cartas aos romanos e aos gálatas.

Depois de expor a verdade fundamental da supremacia de Jesus, Paulo aborda essa questão dizendo: Nele fostes também circuncidados com uma circuncisão feita sem mãos. A circuncisão era um símbolo de pertencimento à aliança de Deus (Gênesis 17:13). Era a distinção física entre o povo de Israel, o povo de Deus, e as nações vizinhas. Essa marca de distinção era também uma demonstração de obediência, seguindo à tradição dada por Deus a Abraão.

O que Paulo diz aqui é que a revelação de Cristo comtinha em si uma circuncisão feita sem mãos. Ou seja, era uma separação espiritual, não física. A circuncisão havia se tornado uma tradição que suplantava a realidade espiritual por trás dela.

O processo de fazer parte da Nova Aliança não se dava como o processo da Velha Aliança, que exigia uma circuncisão física. Em vez disso, a Nova Aliança demandava a circuncisão espiritual do coração. E isso era algo encontrado somente em Cristo.

Paulo esclarece este tema. Esse novo tipo de circuncisão era realizado na remoção do corpo da carne pela circuncisão de Cristo. A palavra “remoção” aqui é a palavra grega "apekdysis", significando "adiar" ou "deixar de lado". Não significa "remoção" no sentido de erradicação ou corte. A carne sempre estará lá. Pporém, pela circuncisão de Cristo, somos capazes de deixar de lado a carne.

Jesus abriu o caminho para que a lei fosse cumprida (quando andamos em Espírito, Romanos 8:1). Somos circuncidados na Nova Aliança de Deus não no nível físico, mas no coração. É lá que escolhemos aceitar à obra de Cristo.

A revelação de Cristo abriu caminho para nos tornarmos parte da família de Deus unicamente através da fé. Jesus usou o exemplo dos israelitas, curados do veneno das serpentes quando olhavam para a cobra de bronze erguida em um poste. Da mesma forma, Jesus disse que somos libertos da morte espiritual, ou do veneno do pecado, quando olhamos com esperança para o Cristo erguido na cruz (João 3:14-16).

Assim, alcançamos os grandes benefícios de andar nos caminhos da Nova Aliança sempre que andamos pela fé e seguimos a Cristo em obediência (Colossenses 3:23-24). Quando andamos no Espírito pela fé, cumprimos as leis do Antigo Testamento de uma maneira nova e viva (Romanos 8:1; Gálatas 5:13-14).

Este é o meio pelo qual os colossenses poderiam alcançar a recompensa da herança do Reino de Deus (Colossenses 3:23-24), ou seja, recebendo a obra de Cristo em suas vidas e caminhando no poder da ressurreição da nova vida adquirida Nele.

Foi assim que Cristo abriu caminho para esta nova circuncisão espiritual do coração: Tendo sido sepultados com Ele no batismo, no qual também ressuscitastes com Ele pela fé na obra de Deus, que O ressuscitou dentre os mortos. Mais uma vez, tudo isso ocorreu em Cristo. É uma realidade espiritual. Ao morrer na cruz, Jesus pagou o preço pelos pecados do mundo. Quando cremos, somos sepultados com Ele e somos feitos parte Dele. A palavra “batismo” é a palavra grega "baptisma", significando uma submersão. Em vez de traduzir a palavra, os tradutores a transliteraram. Assim, sermos sepultados com Ele no batismo refere-se a estarmos submersos na pessoa de Cristo.

Quando cremos, somos submersos em Cristo, o que nos torna parte de Sua morte. Isso é retratado pelo batismo nas águas. Porém, não permanecemos mortos: somos ressuscitados com Ele através da fé na obra de Deus, que O ressuscitou dentre os mortos. Agora temos o poder da ressurreição de Jesus dentro de nós.

Portanto, se quisermos experimentar todos os benefícios que a vida tem a nos oferecer, devemos escolher nos unir a Cristo e viver como Ele viveu através do poder que recebemos para andarmos em Seus caminhos, incluindo participar dos Seus sofrimentos, o que nos levará à maior das recompensas: participar do reinado de Cristo (Romanos 8:17b). Os sofrimentos de Cristo incluem viver uma vida de serviço, andar no amor sacrificial, servir ao melhor interesse dos outros, amar aos nossos inimigos, etc. É uma entrega de nós mesmos, confiando que Deus nos dará recompensas, em oposição às busca dos benefícios do mundo.

Assim, tendo sido sepultados com Ele no batismo, também temos o privilégio de nos unir a Ele na redenção e ressurreição — na qual vós também fostes ressuscitados com Ele. Jesus derrotou a morte e, por meio de Seu poder, também fomos ressuscitados com Ele - espiritualmente por enquanto, fisicamente com um novo corpo no futuro (1 Coríntios 15:54).

Participamos desse renascimento espiritual através da fé. Nascemos de novo através da fé (João 3:14-16). Então, como filhos de Deus, nosso papel e responsabilidade nessa relação com o Cabeça vem através da obediência e da confiança Nele, submetendo-nos a Ele, comprometendo-nos com Seu Reino, trabalhando de coração para agradar a Deus em tudo o que fazemos. É assim que alcançaremos a recompensa da herança (Colossenses 3:23).

Colocamos nossa na obra de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. A fé tem um objeto. Temos o poder de decidir no que escolhemos confiar; a que poder nos submeteremos e do qual dependeremos. Todos têm fé em algo, seja no materialismo, seja nas pessoas ou na obra de Deus. Ao escolherem confiar na obra de Deus, os colossenses seriam unidos de forma mais plena, incluindo nos sofrimentos e ressurreições diárias do Reino de Deus. Desta forma, eles poderiam alcançar as maiores recompensas disponíveis durante sua vida nesta terra.

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