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Significado de Colossenses 3:1-4
A conjunção que inicia o capítulo 3 (portanto, assim, ou agora) indica que algo necessariamente decorre de outro. O termo também pode ser traduzido como "certamente". Assim, a cláusula “se/então” que compõe o versículo 1 traz a forte sugestão de que a condição se aplicava aos colossenses.
Paulo termina o capítulo 2 afirmando que os colossenses haviam "morrido com Cristo", portanto, não deveriam tentar alcançar qualquer posição em Cristo com base em regras religiosas, às quais Paulo chama de "religião feita por si mesmo" (Colossenses 2:20, 23). Não apenas os crentes colossenses haviam morrido com Cristo, mas foram ressuscitados com Cristo. Quando cremos em Jesus, somos batizados em Sua morte e ressuscitados para uma nova vida em Sua ressurreição. Paulo argumenta que, uma vez que os colossenses haviam sido sepultados e ressuscitados para uma nova vida, eles deveriam colocar sua mente nas coisas de cima, em vez de seguirem a regras religiosas e procurarem agradar aos homens.
Paulo passou grande parte do capítulo 2 convencendo os crentes colossenses a permanecerem fiéis à sua posição inicial em Cristo. Paulo procurou dissuadir os colossenses de se distraírem com "os mandamentos e ensinamentos dos homens" (Colossenses 2:22). Aqueles homens ensinavam que os crentes deveriam seguir a regras religiosas para serem justos.
Mas isso não era verdade. Os colossenses haviam sido ressuscitados com Cristo. Isso significava que eles já havia sido justificados aos olhos de Deus pela morte de Jesus e do poder de Sua ressurreição (Colossenses 2:14). A obediência a regras criadas pelos homens simplesmente os colocaria sob a autoridade de pessoas interesseiras. Paulo desejava que eles seguissem somente a Cristo.
A tese do capítulo 2 era a de que os colossenses haviam sido redimidos por meio de Cristo, não pela legalidade resultante da obediência a regras humanas. O apóstolo termina implorando aos colossenses que escolhessem a sabedoria divina sobre a sabedoria mundana e que se elevassem acima dos princípios superficiais do mundo. Por meio de sua herança em Cristo, eles haviam sido ressuscitados. Eles não eram mais escravos dos modos mundanos de pensar, nem de sua própria carne.
A carne ainda estava presente, mas seu poder havia sido quebrado. Cristo elevou os crentes a uma maior capacidade de vida. É nisso que Paulo queria que os colossenses se concentrassem: no que Cristo havia feito e no poder sobrenatural que Ele lhes havia concedido, em vez de sua própria capacidade natural de seguir a regras religiosas.
Paulo desejava que os colossenses buscassem uma compreensão mais profunda da verdade, baseada na fé. Desta forma, eles poderiam viver a realidade do poder da ressurreição de Jesus. Isso era dramaticamente superior à obediência às regras dos homens. Conforme Paulo afirma em Romanos, a lei de Deus é cumprida quando andamos em Espírito pela fé (Romanos 8:4). Quando os homens criam regras religiosas, elas geralmente tendem a colocar as pessoas sob seu controle (para seu próprio benefício) em vez de levá-las a Cristo (o que as leva ao seu verdadeiro benefício).
Por causa dessa realidade, Paulo instrui os colossenses a continuar buscando as coisas do alto, onde Cristo está. A expressão “continuar buscando” aqui é a palavra grega "zeteo", significando "procurar até encontrar". Também pode significar desejar algo. A ideia parece ser a de que, se continuarmos a procurá-lo, chegaremos a ele. Consistente com grande parte dos escritos de Paulo, ele implora aos colossenses que permaneçam firmes e busquem as coisas de cima, ao invés de buscarem as coisas de baixo. Eles haviam sido levantados com Cristo. Seria tolice abandonar as coisas de cima e abraçar as coisas de baixo.
Acima, onde Cristo está, sentado à direita de Deus. Não se tratava de geografia, como se Deus vivesse nas nuvens e Satanás no núcleo da terra, como sugere a ficção. O termo “acima” enfoca as verdades espirituais e os julgamentos morais. O caminho de Cristo é mais elevado, ou seja, é verdadeiro e real. Portanto, também é mais eficaz. É, em todos os sentidos, melhor. As coisas desta terra são uma sombra da glória e da revelação de Cristo.
Cristo está neste "lugar" (novamente, não um local físico, mas uma mentalidade/perspectiva), sentado à direita de Deus. É neste lugar que Cristo reside. A mão direita de Deus é o lugar da autoridade suprema. Jesus recebeu autoridade sobre todas as coisas no céu e na terra como recompensa por Seu serviço fiel enquanto esteve na terra (Mateus 28:18). É também um lugar de honra.
Jesus recebeu essa grande autoridade porque se humilhou e aprendeu obediência, até a morte (Filipenses 2:8-9). É também um lugar de serviço, bem como de parceria com Seu Pai (pense na expressão “braço direito”). Cristo está com Deus e é Deus. Ele é retratado sentado, mostrando Sua autoridade estabelecida sobre todos. Esta é a morada de Deus, é onde Ele se posiciona.
Assim, Paulo encoraja os colossenses a procurar as coisas que estão neste lugar de verdadeira autoridade, serviço e honra, participando dos pensamentos, ações e atitudes consistentes com o Reino dos Céus. Através da obra de Jesus na cruz (e Sua ressurreição), eles haviam sido elevados a esse lugar com Ele e deveriam tirar o máximo proveito disso, procurando as coisas daquele lugar.
Paulo faz essa distinção novamente: Pensai nas coisas acima, não nas coisas que estão na terra. A palavra grega “pensar” é "phroneo", significando "mentalidade", "pensamento" ou "consideração". Também pode significar "definição de afetos". Em essência, Paulo instrui os colossenses a orientar suas perspectivas aqui na terra pelas coisas de cima. Sintonizem seu coração com elas. Invistam seu tempo pensando nelas. Enraízem sua visão da realidade na terra com a realidade do céu.
Uma das três coisas às quais controlamos é a perspectiva ou mentalidade ("phroneo") que escolhemos, nossa atitude ou visão de mundo. Isso afeta muito as outras duas coisas às quais controlamos: em quem confiamos e o que fazemos. Paulo exorta os colossenses a escolher uma mentalidade, um "phroneo", baseado na verdade eterna (coisas acima) em vez da ilusão temporal (coisas abaixo).
A palavra grega "phroneo" aparece dez vezes na curta carta que Paulo escreveu aos filipenses. O tema em Filipenses é a escolha de uma mentalidade ("phroneo") verdadeira e real, uma mentalidade enraizada na realidade de Deus e Sua criação. A maneira de alcançarmos essa mentalidade é pensar, refletir, raciocinar sobre as coisas certas, começando com as coisas que são verdadeiras. Paulo exorta os filipenses a escolher a mesma mentalidade ("phroneo") escolhida por Jesus. Jesus escolheu deixar Seu lugar de conforto e seguir a Seu Pai em obediência. Como resultado, Ele alcançou algo muito maior do que o conforto deixado para trás (Filipenses 2:5-9).
Essa escolha de mentalidade focada no céu é contrastada pelas coisas que estão na terra. Mais uma vez, trata-se de um tipo de metáfora. Há muitas coisas celestiais neste planeta. Paulo não está dizendo que devemos desconsiderar a natureza, o casamento e as coisas que ocorrem na terra. Ele está dizendo que devemos evitar ter uma perspectiva centrada na terra. A Bíblia muitas vezes usa essa linguagem dicotômica: o caminho do Céu versus o caminho do Mundo.
Paulo elabora um pouco mais: Porque morrestes e vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Se foram ressuscitados com Cristo, os crentes colossenses também foram crucificados com Cristo. É a morte do nosso velho homem, nossa carne. A morte essencialmente significa separação. Assim, quando fomos ressuscitados com Cristo, passamos necessariamente a estar separados do mundo. Temos um novo homem recém-nascido (João 3:3). Somos novas criaturas, recém-criadas por Jesus (2 Coríntios 5:17). Para termos esse novo nascimento, precisamos estar totalmente separados do homem velho. Daí a necessidade da morte.
Esta é nossa realidade. Porém, enxergar a realidade é uma mentalidade ou perspectiva a ser escolhida. É uma mentalidade da qual a velha natureza, nossa carne, não gosta e ela vai lutar contra isso. Daí a necessidade de fazermos a escolha de nos vermos de uma forma verdadeira, não colocando fé em nós mesmo (como a carne deseja), mas em Deus.
A fé, para o crente, está em Deus e não em si mesmo. A vida está escondida com Cristo. A palavra grega “escondida” é "krypto", da qual obtemos palavras como "enigmático". É algo misterioso, enigmático, incerto. Nossas vidas agora dependem da fé em Deus. Isso exige que abracemos uma realidade que desconhecemos. Exige que cedamos as muitas coisas às quais não controlamos. Nossa ansiedade não controla o futuro. Nossa amargura não altera o passado.
A fé requer um reconhecimento de que não sabemos e não entendemos. É uma crença no que não podemos ver, coisas que não podemos experimentar tangivelmente (Hebreus 11:1). Escolher uma mentalidade celestial ("phroneo") significa que escolhemos confiar em Alguém fora (mas também dentro) de nós mesmos - Jesus. Significa escolher crer nas verdades celestiais intangíveis como se fossem algo que pudéssemos ter em nossas mãos.
Desta forma, nossas vidas são escondidas, porque nosso eu mais verdadeiro é nosso eu espiritual. Nosso eu espiritual não é visível. Nosso verdadeiro eu não é abandonado ou negligenciado, mas está escondido em Cristo. Isso significa que Jesus está conosco e nós estamos Nele. Ele é nosso Advogado e, em muitos aspectos, nosso intérprete. Nele está depositada a nossa confiança. Quando escolhemos caminhar na realidade celestial de nosso novo eu, deixando de lado a velha natureza, vivemos o poder da ressurreição de Jesus.
Assim, nossas vidas estão escondidas com Cristo em Deus. Isso significa que agora temos a oportunidade de viver como Cristo viveu e alcançar as mesmas recompensas que Cristo alcançou. Esta é uma revelação surpreendente. É claro que nunca seremos divinos. Mas, pelo fato de termos sido ressuscitados com Cristo e estarmos escondidos Nele, podemos viver a vida com uma medida plena do poder da ressurreição.
Tudo isso requer uma fé tremenda. Esta é a parte oculta. A chave é a realidade de que Jesus é o Ser supremo sobre toda a existência. Esta fonte criadora da existência está em nós e nós estamos Nele. A fim de obtermos os benefícios disso, devemos escolher uma mentalidade ("phroneo") que reconheça essas realidades espirituais. Para participarmos plenamente desta imensa oportunidade, devemos caminhar nessas realidades, como Jesus escolheu fazer (Filipenses 2:8).
Paulo diz: Quando Cristo, que é a nossa vida, for revelado, então vós também sereis revelados com Ele em glória. A palavra “glória” ("doxa" em grego) significa a essência de algo observado. Assim, quando Cristo revelar Sua essência, na próxima vida, Ele também revelará nossa essência - que será como a Sua se vivermos como Ele viveu. A glória que Jesus alcançou na terra foi imensa, incluindo Sua aprovação e recompensa de Seu Pai por Seu serviço fiel. Jesus também promete aprovar e recompensar a Seus servos que escolherem Sua mentalidade, aprenderem obediência e confiarem em Sua recompensa (Hebreus 11:6; Apocalipse 3:21, 22:12).
Nossas vidas não eram menos escondidas quando vivíamos de acordo com o mundo. Ainda tínhamos fé, só que tínhamos fé em coisas instáveis. Talvez tivéssemos fé em nós mesmos e nos permitíssemos a ilusão de controlar as circunstâncias, ou as escolhas dos outros. A ressurreição em Cristo nos liberta disso. Ela nos dá o poder divino para escolhermos a realidade e escaparmos da ilusão. Ela nos permite reconhecer nossa necessidade de confiar em algo mais elevado do que nós mesmos. Ela nos dá esse grande poder, mas devemos escolher andar nesse poder. Paulo nos oferece uma motivação para tal escolha: para que também sejamos revelados com Ele em glória.
Tudo isso é a introdução de Paulo às coisas de cima. O apóstolo nos dará mais detalhes na medida em que o capítulo avançar. Porém, ele estabelece aqui que os crentes colossenses pertenciam a Cristo e deveriam seguir ao Seu caminho superior.