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Significado de Colossenses 3:12-15
Nos versículos 5-8 e 9-11 do capítulo 3, Paulo instrui os crentes colossenses a deixar de lado as coisas que estejam desalinhadas com Cristo e com o Reino de Deus. Aqui, no versículo 12, ele volta seu foco às coisas alinhadas com Cristo. Quando roupas sujas (luxúrias, paixões) são retiradas, roupas novas devem ser colocadas. A ilustração de vestir ou tirar as roupas demonstra a necessidade de um ato da vontade.
Este processo não tem o objetivo de garantir o dom da vida eterna, mas de obter o benefício total desta dádiva, semelhante à obediência que Deus exigia de Israel antes de possuírem a Terra Prometida que Ele havia concedido. O crente deve tomar a decisão de agir, de andar em obediência ao Senhor, para possuir o que já lhe foi concedido. Como acontece com qualquer ação, este ato da vontade é moldado pela escolha de uma perspectiva fundamentada no que é verdadeiro e real (as coisas de cima - ver comentários sobre Colossenses 3:1-4 e Colossenses 3:5-8) em vez das coisas falsas e ilusórias (coisas de baixo).
O versículo 11 da seção anterior termina proclamando que o Reino dos Céus está aberto a todos porque "Cristo é tudo em todos". Esta passagem começa com a conjunção “assim”, ou portanto. Ou seja, a expressão deve levar os crentes às ações descritas por Paulo a seguir.
Paulo lembra aos colossenses para agirem como aqueles que foram escolhidos por Deus. Lembre-se, Paulo está escrevendo esta carta aos crentes (Colossenses 1:2). Ele não estava tentando converter pessoas incrédulas. Ele busca lembrar aos crentes que lutam contra o pecado e os falsos caminhos do mundo (como todos os crentes devem fazer) de quem eles eram em Cristo e como sua fé deveria ser. Ele os exorta a usar sua capacidade de fazer escolhas de uma maneira que reflita seu verdadeiro eu e que os leve a seu verdadeiro interesse.
Os cristãos colossenses haviam sido escolhidos por Deus. Paulo usa um eufemismo aqui para referir-se aos crentes em Cristo. No Antigo Testamento, os judeus eram o povo escolhido de Deus. Agora, a vida, morte e ressurreição de Cristo abriu as portas para que todas as pessoas, de todas as nações, fossem escolhidas por Deus através da fé em Cristo.
Paulo também lembra aos colossenses que eles eram santos e amados, apesar de sua pecaminosidade. Como aprendemos no último capítulo, todos os seus pecados já haviam sido pregados na cruz (Colossenses 2:14). Jesus pagou o preço total por todos os pecados. A palavra “santo” significa puro ou separado. Os colossenses eram santos e irrepreensíveis aos olhos de Deus pelo que Jesus fizera na cruz por eles.
Assim, não era porque os colossenses faziam tudo corretamente que eles eram plenamente aceitos aos olhos de Deus, mas porque Cristo era santo em seu favor. A pressão para realizar obras e ser perfeito para ser aceito diante de Deus havia sido removida. Cada crente é plenamente aceito por causa do dom gratuito da justificação aos olhos de Deus através de Jesus (Romanos 5:15-16).
A questão aqui não era ser plenamente aceito por Deus; os colossenses eram. A questão era se eles agora andariam na realidade de sua posição em Cristo, ou continuariam a andar nos caminhos de seu velho eu. Ainda que todos eles tivessem sido plenamente aceitos em Cristo, ainda haveria consequências para suas ações. Suas ações os levariam à experiência de vida (conexão proveniente da obediência) ou morte (separação decorrente da desobediência).
Por causa do novo poder que eles haviam recebido de Cristo, eles poderiam trabalhar em santidade. Eles eram amados. Eles eram incondicionalmente aceitos por Deus. Deus os via como via a Cristo. Ele cuidaria deles como Seus filhos. Como Pai Celestial, Ele desejava que eles realizassem boas escolhas que os levariam à vida e às bênçãos.
Deus não remove as escolhas dos crentes; fazê-lo seria diminuir a humanidade deles. Em vez disso, Deus fornece muitas formas de instrução para que os crentes possam ser informados sobre como fazer as melhores escolhas. Ele nos dá Sua palavra, como esta carta escrita por Paulo e preservada através dos séculos. Ele nos dá o Espírito Santo que nos dirige nos caminhos da vida (Romanos 8:15-16). Ele nos mostra a realidade da causa/efeito na natureza (Romanos 1:20).
Assim, os colossenses eram escolhidos, santos e amados. Paulo os celebra. É uma ação muito mais eficaz celebrar o bem nas pessoas e incentivá-las a compartilhar a chama dessa bondade do que cobri-las de vergonha e condenação. De fato, Paulo afirma em sua carta aos romanos que não resta mais condenação alguma aos que estão em Cristo (Romanos 8:1).
Para que os crentes colossenses pudessem viver de uma maneira que os levasse a experimentar plenamente as grandes dádivas de Deus, Paulo lhes instrui a "vestir roupas novas". Ao fazermos escolhas deliberadas de obediência aos caminhos de Deus, alcançamos novas experiências de vida, harmonia, paz e realização, vivendo de acordo com o desígnio pretendido por Deus e, assim, obtendo o máximo benefício dessas experiências na terra.
Com todo esse encorajamento a tiracolo, Paulo instrui os crentes colossenses a vestirem um coração de compaixão. A eliminação dos comportamentos listados por Paulo nos versículos anteriores os teria deixado numa posição de neutralidade. Não bastava ficarem nus, despidos de maus comportamentos. Os crentes deveriam substitui-los por bons comportamentos e estar intencionalmente alinhados com Cristo. A palavra “colocar” aqui é a palavra grega "endyo", significando "entrar", literalmente vestir uma roupa (o termo é usado em relação ao novo homem no versículo 10). Exercer compaixão pelos outros é uma questão de ação.
A palavra “coração” na frase é a tradução da palavra grega "splagchnon", que tem mais a ver com o termo "intestinos”. É provavelmente uma metáfora para o eu interior, enfatizando que cada uma dessas ações começa com a escolha de uma perspectiva interior. Paulo desejava que os crentes escolhessem a perspectiva de que se seguissem aos caminhos de Deus isso os levaria à vida e a grandes benefícios. Além disso, ele desejava que eles escolhessem a perspectiva de que seguir aos caminhos do mundo era algo autodestrutivo e os levaria ao vício e à miséria.
Paulo lista cinco coisas localizadas no “intestino”, ou seja, no eu interior dos crentes, coisas que deviam ser colocadas em prática para que eles vivessem uma vida de coerência e alinhamento com Cristo.
A primeira é a compaixão. Algumas vezes, esta palavra grega é traduzida como "misericórdia". A compaixão é a capacidade de ver a posição do outro e agir para o melhor interesse dele. Uma vez que enxerguemos a perspectiva dos outros, estaremos melhor adaptados para estender-lhe graça e perdão. Também estaremos bem preparados para tomar ações que busquem o seu melhor interesse, incluindo dizer coisas que a pessoa preferiria não ouvir, levando-a a evitar comportamentos autodestrutivos e oferecendo luz em seu caminho. Fazemos isso honrando a soberania dada por Deus de que cada um deve fazer suas próprias escolhas.
A segunda palavra listada é a benignidade. Não se trata de ser simpático. A simpatia é tipicamente egoísta. Exercer a simpatia significa nos comportar de forma a ganhar a aceitação dos outros. A benignidade envolve a realização de coisas construtivas para os outros, mesmo que não consigam retribuir e até mesmo possam rejeitar nossa dádiva. A palavra grega “benignidade”, "chrestotes", está mais próxima de "integridade" do que da ideia de ser educado ou simpático. Uma das traduções de "chrestotes" é "utilidade". Paulo não estava incentivando os colossenses a demonstrarem uma positividade superficial. Ele desejava que eles se comprometessem a tomar ações que realmente buscassem o benefício dos outros, sem levar em conta como o que eles retornar o favor.
Ao defender a benignidade, Paulo instrui os colossenses a agir da maneira mais útil possível a seu próximo, fazendo o bem, agindo com integridade, segundo os valores da verdade e do amor, liderando-o de forma a honrar a realidade da causa/efeito que Deus lhes havia dado para administrar. Frequentemente pensamos na benignidade como uma forma de dizer: "não seja idiota". Mas é muito mais do que isso. Trata-se de ser útil de uma forma construtiva para indivíduos e comunidades.
A terceira palavra da lista é a humildade. Esta é outra palavra comumente mal compreendida (como a benignidade). A humildade significa ver as coisas como elas são, abraçar a realidade e agir de acordo com ela. Paulo estava dizendo: "Enxerguem a realidade como ela é". A tarefa da humildade é observar e interiorizar a realidade, nem mais nem menos. Moisés foi um grande exemplo de humildade. As Escrituras dizem que ele era o homem mais humilde de toda a terra (Números 12:3). Moisés era franco e direto com as pessoas às quais liderava no papel que lhe havia sido designado a desempenhar.
A quarta palavra da lista é a mansidão. Esta é a palavra grega "prautes". Temos vários exemplos para este contexto aqui:
A imagem básica aqui é que "prautes" carrega a idéia de se colocar no lugar de outra pessoa, incluindo saber que tom de voz usar, como pressionar, que vocabulário usar para melhor orientá-los, discipulá-los ou exortá-los. O termo encoraja a sabedoria, ouvir com atenção para entender as pessoas e encontrá-las onde estão. Consistente com a lista, a mansidão se concentra nos interesses da outra pessoa, em vez dos interesses egoístas.
Jesus sempre desafiou as pessoas com quem se encontrava, visando conduzi-las à vida (seu melhor interesse). Porém, Ele o fazia da maneira que as pessoas precisavam, falando com mansidão, dando-lhes oportunidades para ouvir. Com os fariseus Ele era contundente e direto (Mateus 23:25-26). Com a mulher samaritana, Jesus foi provocador e contundente, mas ela O ouviu (João 4:7-25). Com o centurião romano Ele foi encorajador (Mateus 8:10).
A última palavra da lista é a longanimidade, também traduzida como "paciência". Ser paciente é estar disposto a esperar e escolher atrasar uma gratificação em vez de se adquirir uma gratificação instantânea. Todas essas características funcionam juntas. Por exemplo, quando corrigimos alguém com mansidão ("prautes"), precisaremso também de paciência para dar tempo para que a pessoa responda. Ter paciência é deixar de lado a ansiedade. A falta de paciência normalmente resulta da atitude egoísta de não se obter o que se deseja rapidamente, o que nos leva a forçar nossas escolhas sobre as pessoas e buscar controlar coisas que estão além do nosso controle.
Ser paciente é escolher colocar os detalhes da vida em uma perspectiva eterna. Agindo desta forma, conseguiremos ver como o sofrimento gera aperfeiçoamento, pois esta vida é a única oportunidade que temos de conhecer a Deus pela fé. Ao escolhermos uma perspectiva eterna podemos ter esperança para as coisas que almejamos, mas que ainda não se realizaram.
Por definição, só temos a oportunidade de demonstrar paciência quando estamos na presença de circunstâncias irritantes, inconvenientes ou desagradáveis. Ser paciente requer escolher a perspectiva de que temos muitas oportunidades para servir, para ser gentis, úteis, etc, em vez de explodirmos ou cedermos a ataques de raiva.
Neste sentido, Paulo diz: Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver queixa contra outro. A palavra grega para “suportar” é "anecho", significando "aguentar". Assim, o apelo é para apoiarmos uns aos outros, em vez de derrubarmos uns aos outros. Devemos sofrer lado a lado como companheiros de peregrinação nesta vida. Quando alguém comete um erro, quando uma queixa é trazida à baila, devemos praticar o perdão uns aos outros.
A idéia de perdoar uns aos outros gera a oportunidade para transformarmos disputas, tristezas e decepções em oportunidades de união, em vez de permitirmos que isso gere divisão. Isso requer a decisão, a escolha de não levarmos as coisas para o lado pessoal quando alguém traz uma queixa contra nós. Não tem nada a ver com um indivíduo, mas com a nossa jornada juntos". Isso significa reconhecer que nosso verdadeiro interesse é o de perdoarmos uns aos outros e não abrigarmos ressentimentos.
Perdoar uns aos outros significa nos concentrarmos no que podemos fazer pelos outros e no que podemos fazer juntos, em vez de nos concentrarmos no que os outros podem ou "devem" fazer por nós. Em vez de "apresentarmos queixas" para ganhar algo ao qual acreditamos ter direito, devemos assumir a responsabilidade de investir nos outros. Assim como o Senhor nos abençoou, devemos escolhemos abençoar aos outros, em obediência a Seus mandamentos.
Paulo lembra aos crentes colossenses: Assim como o Senhor vos perdoou, também vós deveis perdoar uns aos outros. Viver em alinhamento com Cristo significa fazer as coisas da maneira que Ele as fez. Cristo nos perdoou. Ele perdoou até mesmo aqueles que O crucificaram (Lucas 23:34). Ele é o nosso exemplo. Nosso objetivo e destino é ser conformado à Sua imagem (Romanos 8:29). Portanto, devemos perdoar uns aos outros. Cristo percebeu o sofrimento como uma oportunidade de edificar as pessoas e trazer o Reino de Deus a este mundo (Filipenses 2:5-9). Nós também devemos fazê-lo. Este é o caminho para a vida.
Paulo resume a lista (e o coração dela) concluindo: Sobretudo, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição. A palavra grega “sobretudo” é "epi". É uma preposição, um termo de sobreposição, ou seja, o que se segue (o amor) cobre todas essas coisas.
O amor é a essência da mensagem do Evangelho, do qual todas essas coisas fluem. Ele é o elo perfeito da unidade. Ser perfeito, conforme Paulo o usa aqui, significa ser completo. Usadas de forma isolada, cada um dos itens da lista de Paulo poderia ser usado às custas das outras, ou transformado em ídolo. O amor impediria isso. O amor funciona como um cesto que reúne todas essas coisas boas em um só lugar e as mantêm juntas. Essa unidade de propósito, o amor, nos capacita a colocar em prática todas essas coisas ao mesmo tempo.
O amor referido aqui é a tradução da palavra grega "ágape". O amor "ágape" é uma das várias palavras gregas traduzidas como "amor". Na Bíblia, o amor "ágape" é o amor da escolha baseada em valores. Isso fica evidente em passagens como 1 Coríntios, que descreve o amor "ágape" em termos de escolha e ação:
"O amor é paciente, o amor é bondoso e não é ciumento; o amor não se vangloria e não é arrogante, não age de forma imprópria; não busca os seus, não é provocado, não leva em conta um mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Coríntios 13:4-7).
O vínculo que une todos é a decisão de se buscar as coisas de cima como prioridade sobre as coisas de baixo, as recompensas duradouras e gratificantes provenientes da obediência a Cristo, em vez da escolha pelas recompensas fugazes e, em última análise, autodestrutivas oferecidas pelo mundo. Em suma, escolhamos o amor.
Paulo exorta os colossenses: Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual também fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos. É provável que o próprio Paulo tivesse em mente aqui a noção hebraica de "Shalom" ao mencionar a paz. Shalom é algo muito mais amplo do que uma mera tranquilidade. Shalom é a noção de todas as coisas trabalhando juntas de acordo com seu desenho. É uma harmonia de espírito, alma e natureza. O shalom transcende as circunstâncias, ainda que não as ignore. É um estado de ser. O shalom não ocorre fisicamente neste mundo decaído. Mas, podemos ter shalom, paz e governo em nossos corações.
Esta é, novamente, uma escolha: Deixar a paz de Cristo reinar em nossos corações. Fazemos isso quando escolhemos ser gratos, mesmo quando as circunstâncias não são aquelas que preferimos. Fazemos isso quando desempenhamos voluntariamente nosso papel em benefício dos outros, pois somos chamados em um corpo. Fazemos isso quando nos recusamos a estar de acordo com nossos desejos e apetites.
Deixamos que a paz de Cristo reine em nossos corações quando assumimos voluntariamente a responsabilidade de fazer o que podemos em todas as oportunidades, confiando que Cristo cuidará das coisas que não podemos controlar. Fazemos o que podemos, quando podemos, para servir à causa de Cristo e uns aos outros.
Quando tomamos essa atitude, somos um em nossos corações porque entregamos o domínio dos nossos corações a Cristo. Temos paz em nossos corações porque escolhemos o caminho de obediência a Cristo, vivendo nossa verdadeira realidade como mordomos da graça de Deus (1 Pedro 4:10).
Ninguém pode nos impedir de escolher fazer qualquer coisa que Paulo tenha ordenado neste capítulo. Ninguém, nada, pode nos impedir de perdoar, amar, ver a realidade como ela é, ou lidar bem com os outros. Portanto, a frustração pode ser eliminada, porque estamos plenamente capacitados para tomar cada uma dessas ações. Pelo fato de aceitarmos nosso lugar no Corpo e confiarmos em Cristo, que é o Cabeça, podemos evitar a preocupação com as coisas que estiverem fora do nosso controle.
Quando escolhemos o caminho do amor, verdade e perdão, ficamos em paz em nossos corações pela fé. Esta é uma das grandes recompensas de caminharmos em Cristo: vivemos em paz, ainda que passemos por várias provações (1 Coríntios 9:24).
A palavra “reinar” no grego é "brabeuo", significando "ser árbitro, decidir ou determinar". Ou seja, ter autoridade. O verbo "brabeuo" ocorre duas vezes nesta frase, sendo traduzido a segunda vez como “reinar”. Este é um verbo no imperativo, ou seja, é um comando. O primeiro comando parece significar "permita", ou seja, a pessoa decide se vai ou não receber. A segunda citação infere que, se "permitirmos", Cristo governará. Quando Cristo governa nossos corações vivemos a experiência da verdadeira paz, uma paz à qual nem os adversários nem as circunstâncias podem destruir.
"Brabeuo" (deixar e governar) está no tempo passivo, ou seja, é algo que age sobre nós. Também está no singular, indicando que cada pessoa deve fazer esta escolha, ou seja, cada um deve escolher permitir que a paz de Cristo reine em seu coração no primeiro exemplo de "brabeuo". No segundo exemplo, temos: "Quando decidirmos, a paz de Cristo agirá e governará o nosso coração".
A palavra “coração” nesta frase não é a mesma palavra traduzida como "coração" no versículo 12. Lá, "splagchnon" significava "intestinos", representando cada o nosso ser interior. A palavra “coração” aqui é "kardia", referindo-se à parte do corpo a partir da qual todas as outras partes ganham vida. O termo é usado para representar tanto a sede física quanto a sede espiritual da vida. A paz de Cristo, assim, deve fluir da parte central de quem somos. Quando decidimos que Cristo governe nosso coração, essa vida de integridade, amor e serviço é o que fluirá para cada parte de nosso ser.
A frase seguinte - para a qual de fato fostes chamados em um só corpo - é um lembrete de que cada um dos crentes colossenses era chamado a viver em unidade de propósito, servindo aos outros membros do corpo com seus dons, assim como os vários membros do corpo humano servem ao todo. Trata-se de um apelo unilateral. Cada crente é chamado como parte do corpo. Cada crente é chamado porque cada crente está em Cristo e Cristo é o Cabeça do Corpo (1 Coríntios 12:13-14).
Servir aos outros com nossos dons é uma questão de obediência e interesse próprio. Não devemos esperar que os outros nos sirvam primeiro para depois retribuirmos. Precisamos assumir a liderança. Devemos servir com nossos dons, independentemente do que os outros possam fazer em troca (para o bem ou para o mal). Como resultado, seremos governados pela paz, porque ninguém pode nos impedir de escolher viver de acordo com essas diretrizes.
Deve ser nossa escolha permitir que Cristo governe nossos corações. Portanto, a frase “para a qual fostes chamados em um só corpo” começa com uma responsabilidade individual. Quando escolhemos permitir que a paz de Cristo reine em nossos corações nos colocamos sob Cristo, o Cabeça do Corpo. Poderemos, assim, desempenhar nosso papel adequado como membros do Seu Corpo.
Tudo isso deve nos lembrar que todo o nosso corpo, toda o nosso ser, é chamado à obediência a Cristo. Se desejamos viver a experiência do shalom (paz) devemos tornar a paz de Cristo central ao nosso coração, de onde opera a totalidade do nosso corpo.
Esta seção termina com uma advertência: Sede agradecidos. Esta é outra escolha. A escolha de deixar a paz de Cristo reinar em nossos corações é uma escolha passiva, na qual permitimos que algo aconteça. No entanto, as várias escolhas de "vestirmos" a lista de características positivas (como o amor e a paciência) são escolhas ativas (Colossenses 3:10, 12). Ser grato é uma escolha ativa, é a escolha de se aceitar a realidade como ela é e decidir que qualquer circunstância é boa quando Deus nos coloca nelas.
Temos vários lembretes nas Escrituras de que, às vezes, Deus escolhe nos conduzir a circunstâncias difíceis para o nosso bem. Deus escolheu levar Israel por muitas dificuldades, visando dar-lhes a oportunidade de andar em humildade e na realidade, conhecendo que "nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor" (Deuteronômio 8:1-3). Jesus citou esse versículo na difícil circunstância do deserto, quando o Pai permitiu que Satanás O tentasse. Aqui e em todas as coisas, Jesus escolhia ser grato, sabendo que tudo o que Seu Pai tinha para Ele era para o Seu melhor (Filipenses 2:5-9).
Este é um lembrete de que todas as oportunidades que temos na vida serão transformadas. Tudo o que ocorre em nossas vidas é uma oportunidade única de vivermos pela fé. É uma bênção maravilhosa termos a oportunidade de viver em alinhamento com Cristo. Todos nós estamos destinados a nos conformar à Sua imagem (Romanos 8:29). Porém, as Escrituras afirmam que alcançaremos a maior experiência da vida quando, pela fé, escolhermos aproveitar as oportunidades para fazer boas escolhas. Jesus é consistente ao afirmar que os atos de fé produzirão grandes recompensas (Mateus 8:10-13; Apocalipse 22:12).
A gratidão é a postura do coração que reconhece a realidade da nossa atual condição no grande esquema das coisas. Na vida eterna, a fé será algo desnecessário; quando estivermos lá, veremos ao Senhor face a face. Ao abraçarmos a incrível oportunidade que Deus nos deu de conhecê-Lo pela fé aqui nesta terra nos permite reconhecer a benevolência de Deus para conosco. Conforme Paulo afirma à igreja em Corinto, está além de nossa capacidade compreender o que Deus tem reservado como recompensa aos que O amam e seguem a Seus mandamentos (1 Coríntios 2:9).
Viver em Cristo não é uma obrigação, é uma oportunidade única de adquirirmos um tesouro de sabedoria que até os anjos anseiam entender (Efésios 3:10; 1 Pedro 1:12). Ser grato é escolher essa perspectiva. Nós, como crentes, temos a chance de participar de uma vida significativa — uma existência alinhada com o Criador de toda a vida. Podemos desempenhar um papel significativo na redenção de um mundo decaído, agindo na obediência da fé. Ao fazermos isso, alcançaremos a realização completa e um benefício que vai além de qualquer coisa que possamos imaginar. Escolher essa perspectiva nos permite ser profundamente gratos.