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Significado de Colossenses 3:18-22
É importante lembrar-nos aqui de que as passagens e versículos que encontramos em nossas Bíblias modernas são invenções relativamente modernas. Paulo escreveu esta carta aos colossenses como um documento contínuo. Esta passagem se conecta tanto com a passagem anterior quanto com a seguinte, ou seja, não é um anexo aleatório.
Paulo acabara de descrever aos crentes colossenses que, mais do que qualquer ação correta específica, o importante era se ter a mentalidade correta. Seus corações deveriam estar alinhados com Cristo. Este alinhamento os levaria a ações corretas.
A porção seguinte, portanto, não é necessariamente um comentário sobre como as coisas devem ser. É, ao contrário, um encorajamento para servirmos ao Senhor do modo como as coisas são. Isso não nega a necessidade de melhoria das coisas à nossa volta (por exemplo, lutarmos pela abolição da escravatura); porém, ao mesmo tempo, não tal atitude exige que a justiça circunstancial esteja presente para executarmos uma administração adequada dentro das situações da vida.
Paulo começa com uma instrução às mulheres, um lugar notável para se começar. Ele diz: Mulheres, estai sujeitas a vossos maridos, como convém no Senhor. Estar sujeito significa, basicamente, servir, liderar através do serviço, dar e capacitar. Na época em que isso foi escrito, não havia dúvida sobre o papel do marido como "chefe" ou "líder" da família (o que torna interessante o fato de Paulo começar sua instrução pelas esposas e não pelos maridos). No entanto, falar primeiro com as mulheres é um padrão nas Escrituras.
O papel da esposa em um casamento é servir ao marido de uma maneira que convenha ao Senhor. Outras escrituras descrevem o que é apropriado para as esposas em relação a seus maridos. O apóstolo Pedro admoesta as esposas a usarem seu exemplo piedoso e de caráter para ajudar seus maridos a obedecerem à Palavra. O apóstolo também as encoraja a evitar o uso de palavras corretivas (1 Pedro 3:1-4). Isso provavelmente ocorra porque os homens são tímidos e as palavras corretivas de sua esposa podem parecer rejeição.
Pedro indica que quando as mulheres usam palavras de afirmação e respeito, juntamente com seu exemplo piedoso, os homens tendem a seguir seu exemplo (1 Pedro 3:1-6). Este é o poder da mordomia "em nome do Senhor" para o benefício do marido. Ao fazerem isso, as esposa servirão a Deus.
O serviço da esposa crente a seu marido deveria se distanciar do costume social. Isso é algo que ela tem a incrível oportunidade de fazer "em nome do Senhor Jesus" (Colossenses 3:17). É correto, apropriado e conveniente que as esposas sirvam a seus maridos como convém ao Senhor. É um ato de amor e um ato de serviço a Deus. Paulo encoraja as esposas a servirem a seus maridos em amor, algo sobre o qual elas possuem controle total. Ninguém pode impedir uma esposa de amar a seu marido como ao Senhor. Em seguida, Paulo se volta aos maridos.
“Maridos, amai a vossas mulheres e não as trateis asperamente. A palavra “amor” aqui traduz a palavra grega "agapeo". Este é o tipo de amor que Deus teve por nós quando enviou Jesus para morrer em nosso lugar. Amar ("ágape") significa que o marido deve servir ao melhor interesse de sua esposa, liderar através do serviço, dar e capacitar. Isso é, novamente, algo fora das normas sociais do mundo. O amor do marido pela esposa deve ser feito como ao Senhor, como um serviço a Ele.
Outras passagens descrevem como os homens devem amar a suas esposas. Pedro diz aos homens que entendam suas esposas e as convidem a participar plenamente com elas como parceiras na vida (1 Pedro 3:7). A mulher foi criada à imagem de Deus como ajudadora (Gênesis 2:18). A palavra hebraica traduzida como "ajudadora" em Gênesis 2:18 é usada principalmente no Antigo Testamento para descrever a Deus como nosso Ajudador. Uma maneira de os maridos amarem a suas esposas é convidá-los a servir em seu papel de ajudadora.
Homens e mulheres são diferentes e as manifestações de serviço/amor em um casamento são diferentes para cada gênero. Porém, no final, são duas metades da mesma agenda: amar e servir um ao outro. Quando o marido e a esposa servem um ao outro, eles exibem a imagem de Deus. Deus é Um (Deuteronômio 6:4). O desígnio de Deus para o casamento é que os dois se tornem um só (Gênesis 2:24; Marcos 10:8; 1 Coríntios 6:16; Efésios 5:31).
Logo a seguir, Paulo diz aos maridos para não tratar a suas esposas asperamente. A palavra grega “asperamente” é "pikraino", significando "amargurar" ou "tornar amargo". A palavra é usada apenas quatro vezes nas Escrituras. Todas as outras três ocorrências estão no Livro do Apocalipse. Tornar algo amargo é tirar a doçura dele, poluir ou perverter sua essência. Todas as três referências de Apocalipse falam sobre algo bom que se torna amargo.
Aqui em Colossenses, o marido é o agente que torna as coisas amargas. A palavra aqui é uma preposição, na maioria das vezes traduzida como "para" ou literalmente "para a vantagem de". Assim, a instrução de Paulo é que os esposos não devem ser uma força que envenene a bondade de suas esposas. Eles não devem explorá-las, não devem azedar sua bondade e sufocar sua capacidade. Isso é o oposto do amor, abafando o valor delas. Os maridos devem amar de tal forma que a luz dentro de suas esposas brilhe ainda mais, em vez de desaparecer.
Em sua carta aos Efésios, Paulo exorta os maridos a usar palavras de apoio que ajudem suas esposas a crescer, prosperar e se tornar tudo o que podem ser, assim como Cristo usa palavras para santificar Sua noiva, a Igreja (Efésios 5:25-27). Quando os maridos amam a suas esposas desta maneira, eles amam a si mesmos, já que no casamento os dois se tornaram um só (Efésios 5:28).
Paulo, então, passa a dar instruções aos filhos: Filhos, obedecei a vossos pais em tudo. Esta instrução é consistente, na medida em que Paulo reconhece a liberdade que Deus deu a cada pessoa de fazer escolhas por si mesma. O verbo “obedecer” é a palavra grega "hypakouo", que literalmente significa "ouvir atentamente", “internalizar e promulgar o que se ouviu”. Assim, os filhos devem prestar atenção ao exemplo, instrução e orientação de seus pais. É responsabilidade dos pais ensinar e dos filhos ser obedientes. Os pais não podem fazer escolhas por seus filhos e os filhos não podem fazer escolhas por seus pais.
Paulo instrui os filhos a serem obedientes aos pais em tudo. A expressão “em tudo” é a tradução de uma única palavra grega que significa "tudo". É a mesma palavra raiz em 3:17 traduzida como "tudo" e "o que quer que seja" na frase "Tudo o que fizerdes em palavras ou ações, fazei tudo em nome do Senhor Jesus". Assim como não há ressalvas no mandamento de se fazer tudo, seja palavra ou ação, em nome do Senhor Jesus, não há ressalvas para os filhos em relação à obediência aos pais.
Curiosamente, a justificativa de Paulo para a obediência dos filhos não é porque eles são seus pais. Pelo contrário: Pois isto é agradável ao Senhor. A motivação para que os filhos se submetam a pais imperfeitos deve ser a de agradar a um Deus perfeito. Além disso, ao se submeterem a seus pais em palavras e ações, os filhos aprendem a se submeter a Deus em palavras e ações quando amadurecem e se tornam adultos.
Por sua vez, os pais são instruídos a não irritar a seus filhos para que eles não se desanimem. É interessante que os filhos são instruídos a obedecer a seus pais (a palavra grega é "goneus", incluindo pai e mãe) no versículo 20; porém, aqui, são apenas os pais (singular, "pater" em grego) quem recebem essa advertência.
“Irritar” aqui significa “agitar”, algo como “esgotar”. O resultado disso é que o filho vai se desanimar. Literalmente, esta é a palavra grega "athymeo" - uma combinação de "a", um particípio negativo, e "thymos", que significa "paixão". Quando irritamos aos nossos filhos, eles tendem a desanimar. Talvez isso seja especialmente verdadeiro em relação à influência dos pais. Talvez seja por isso que Paulo destaque este problema. Por implicação (já que isso é o que os pais não devem fazer), os pais devem ser engajados, ao mesmo tempo em que são pacientes e encorajadores.
Paulo permanece consistente em reconhecer a soberania de Deus em conceder a cada pessoa o poder de administrar suas próprias escolhas. Os pais não são responsáveis pela obediência de seus filhos. Pelo contrário, eles são responsáveis apenas por serem bons pais.
Por fim, Paulo fala aos escravos, visando incentivá-los a viver fielmente: Em tudo, obedecei a vossos senhores segundo a carne. A ordem é exatamente a mesmo da instrução para os filhos: “Em tudo” eles deveriam “obedecer” ("hypakouo", que significa "ouvir").
“Vossos senhores segundo a carne” é uma frase interessante. A palavra “senhores” é a mesma palavra para Senhor que encerra este versículo (em referência a Deus). A palavra “carne” é a palavra grega "sarx", significando "corpo". O escravo tinha um senhor sobre seu corpo, mas o verdadeiro Senhor de todas as almas era Deus.
Paulo instrui os escravos a obedecer, não servindo somente à vista, como para agradar a homens. “Serviço à vista” aqui significa algo semelhante a quando dizemos que alguém está apenas “falando da boca para fora". “Agradar a homens” significa fazer algo para receber aprovação de outras pessoas, como tentativa de se obter favores. A imagem é de alguém fazendo o mínimo possível, sendo fiel apenas em coisas medidas ou supervisionadas. Pelo contrário, Deus desejava que os escravos servissem a seus senhores de coração, como se estivessem servindo a Deus.
Ambas as palavras "senhor" e "carne" só aparecem juntas duas vezes nas Escrituras, aqui e em uma advertência semelhante para que os escravos obedeçam a seus "senhores na carne" ou senhores na terra, em Efésios 6. A ideia é que a administração adequada de si mesmo não tem a ver com o cumprimento de obrigações ou busca dos benefícios superficiais do sistema mundano, mas trata-se de colocar a mente focada na única coisa que nenhuma circunstância mundana pode tirar: a escolha de vivermos nossas vidas dedicadas ao Senhor.
Em contraste com o trabalho de acordo com padrões humanos, Paulo instrui os escravos a ser mordomos com sinceridade de coração. Em outras palavras: faça as coisas não pela medida dos padrões externos dos homens, mas de acordo com quem você é como pessoa, não de acordo com as circunstâncias, mas de acordo com seu caráter.
Ninguém pode impedir qualquer ser humano de escolher ter bom caráter. Assim, há aqui uma mensagem subjacente de que, na economia de Deus, cada pessoa pode alcançar a grandeza, agradando a Deus em "tudo o que faz, em palavras ou ações". É uma questão de administrar bem o que se tem. Não há nenhum indício, em nenhuma dessas admoestações, de que Deus exija que alguém alcance uma posição particular na vida ou crie qualquer circunstância em particular. Em vez disso, todos somos convidados a ser bons administradores em qualquer período da nossa vida em tudo o que escolhermos fazer ou dizer.
Paulo conclui com a frase: Temendo ao Senhor.
O temor do Senhor é uma ideia predominante nas Escrituras. Em Provérbios 1 e Salmo 111, é descrito como o "princípio da sabedoria". Em Provérbios 14, é descrito como "fonte de vida" (para mais exemplos, ver Deuteronômio 10:12, Eclesiastes 12:13, Lucas 1:50). A palavra “temor” nesses contextos significa uma preocupação saudável. Afinal, se Cristo é verdadeiramente o Senhor, decepcioná-Lo é uma perspectiva assustadora. A palavra também carrega a conotação de reverência. Quando tememos algo, reconhecemos seu poder superior.
Parte da realidade expressa aqui é a de que todos os seres humanos operam pelo temor. A grande questão é como priorizamos nossos temores. Podemos ver isso em Êxodo 20. O povo pediu que Deus não falasse com eles do Monte Sinai, mas falasse através de Moisés, porque temiam a morte física. Deus responde e pede que priorizem seu temor de forma diferente:
"Moisés disse ao povo: Não temais; porque Deus veio para testar-vos para que o temor Dele permaneça convosco, para que não pequeis'" (Êxodo 20:20).
Aqui em Êxodo, Moisés exorta o povo a substituir seu temor natural da morte pelo temor de pecar. Pecar é desagradar a Deus e escolher uma consequência de morte e autodestruição. Em vez de temer aos homens, o que nos leva a escolher prioridades mundanas, temos a oportunidade de escolher temer a desaprovação de Deus pela má administração das oportunidades que Ele nos proporciona para aprender, nos beneficiar e crescer para sermos quem Ele nos projetou a ser e, assim, alcançarmos nossa maior realização.
A razão pela qual Paulo inclui aqui uma admoestação para fazerem tudo isso com uma atitude de temor ao Senhor é porque ele desejava trazer os crentes colossenses para fora das circunstâncias. Ele não queria que eles temessem ou obedecessem movidos por sua carne, pelo mundo ou por qualquer outra coisa. Ele desejava que eles colocassem suas mentes e corações em Cristo, não importando o que acontecesse ao seu redor. As instruções nesta seção são formas práticas de nos orientarmos nessa direção.