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Significado de Colossenses 3:5-8
Esta seção, como a anterior, começa com uma conjunção, “pois”. Paulo fala sobre um conjunto de argumentos, ponto a ponto. Na última seção (ver comentário para Colossenses 3:1-4), Paulo implora aos crentes que se lembrassem de que haviam sido ressuscitados com Cristo e os instrui a pensar nas coisas de Cristo (acima) em vez das coisas terrenas (abaixo). Como crentes, temos a alegria de participar de Seu Reino (acima), juntamente com a responsabilidade de participar de Seus sofrimentos, enquanto vivemos nossa existência física aqui (abaixo). Nossas vidas são guardadas (mantidas) em Cristo. Ao vivermos de acordo com as coisas de Cristo (acima) trazemos os princípios do Reino (acima) para o mundo físico (abaixo).
Este é um resumo dos quatro primeiros versículos do capítulo. O termo “pois” é sucedido pelo seguinte princípio: se pertencemos a Cristo e somos parceiros em Sua glória, as declarações seguintes fazem sentido lógico.
Nesta seção, a progressão lógica de Colossenses 3 sugere que devemos considerar os membros de nosso corpo terreno como mortos. Esta declaração começa com a expressão grega traduzida como “considerar morto”. A palavra é "nekroo", significando literalmente "mortificar" ou "matar". Os membros do corpo terreno são literalmente nossos membros corporais - braços, pernas, etc, nossas partes físicas. O que Paulo sugere é que os colossenses deveriam garantir que seu comportamento físico correspondesse à realidade espiritual exposta nos versículos 1-4 do capítulo 3, ou seja, deixando de lado atributos físicos como apetites e ego (abaixo) e optar por andar nos atributos espirituais como a verdade e o amor (acima).
Paulo não estava defendendo a anulação do corpo humano. A forma física (os membros do corpo terreno) é uma coisa maravilhosa, é uma manifestação do poder criador de Deus. O que Paulo sugere é que as escolhas que fazemos em nossa existência física devem estar alinhadas com as coisas espirituais, as coisas de cima. Na verdade, esta é a maneira de alcançarmos os maiores benefícios e alegria de nossa existência física — deixando de lado as coisas de baixo e buscando as coisas de cima.
É importante ressaltar que há questões específicas a serem mortas: Considerem os membros do corpo terreno como mortos para...
Paulo identifica para o que nossos corpos devem morrer, ou seja, para as coisas que não são de Cristo, coisas que levam à morte, ou à separação. Elas nos separam do nosso chamado (acima) para viver mas como Deus projetou e, assim, sermos completos Nele. Essas coisas de baixo, coisas às quais devemos escolher matar (recusar-se a responder) são todas as escolhas do mundo que prometem nos levar à felicidade, mas que, na verdade, nos levam à autodestruição.
O primeiro item da lista é a imoralidade. A palavra grega aqui é "porneia", da qual deriva o termo "pornografia", muitas vezes traduzido como "fornicação". Os colossenses certamente entenderam que o termo incluía coisas como incesto, promiscuidade, perversão sexual, adultério, sexo com animais - qualquer tipo de sexo fora do projeto de Deus para o casamento bíblico. Isso significava utilizar o corpo físico de forma inadequada para se satisfazer a um apetite. Quando seguimos aos nossos apetites, eles se tornam nossos senhores e perdemos nosso verdadeiro eu. Essa escravidão aos apetites nos leva ao vício. Devemos dominar aos apetites e não permitir que eles nos dominem.
O próximo item da lista é a impureza. A palavra grega aqui é "akatharsia", significando "aquilo que é imundo". Essas são as coisas que nos prejudicam e nos fazem operar contrariamente à nossa condição ideal - pense no que acontece quando bebemos água suja ou comemos um alimento estragado. Isso inclui qualquer coisa que se torne uma mentalidade, uma perspectiva que priorize as coisas de baixo sobre as coisas de cima. As coisas de baixo são como comida estragada e água suja - elas nos levam à doença da alma e à perda da vida.
O fato da paixão estar na lista de coisas às quais devemos fazer morrer pode surpreender a alguns de nós. A palavra grega "pathos" traduzida aqui como “paixão” poderia ser melhor traduzida como "afetos" - especificamente afetos desmedidos, ou apetites. Paulo não está falando dos verdadeiros desejos do nosso coração, mente e alma, como, por exemplo, o desejo de sermos aceitos e aprovados. Ele está falando sobre apetites físicos e sentimentos/emoções. Nossas emoções podem sugerir que, por exemplo, estamos sendo enganados por todo mundo e nos levar a reagir contra esse “ataque”. Esta conclusão pode ser facilmente identificada como algo claramente 1) falso e 2) inútil. Em vez de sermos regidos pelas paixões, deveríamos enxergar a realidade como ela é (verdade) e agir de forma a beneficiar as pessoas na comunidade na qual habitamos (amar).
Em quarto lugar na lista estão os maus desejos, relacionados às coisas que são simplesmente erradas, perversões da verdade, irrealidades. A palavra grega “desejos” aqui é "epitimia", significando "desejo", como, por exemplo, um vício. Desejar coisas não verdadeiras é fruto de tolice e resulta em destruição tanto para o corpo quanto para a alma. O vício é uma forma escolhida de escravidão. A escravidão nos leva à perdição.
O último item nesta lista de Paulo é a ganância. Algumas traduções escolhem registrar a palavra "cobiça" aqui. A palavra grega "pleonexia" tem a ver com o desejo de acumular minérios, entre eles os metais preciosos como o ouro. Muitas vezes associamos a cobiça ao sentimento de desejar ter o que os outros possuem e a ganância ao crescente e imparável desejo de ser ter mais e mais e mais. Ambos, no fim das contas, equivalem à mesma coisa: os escravos da cobiça e da ganância definem a felicidade como o ato de "possuir o que ainda não têm". A escolha desta perspectiva sempre conduz a pessoa à miséria, pois, logicamente, ela nunca será plenamente feliz porque sua felicidade se fundamenta na busca por conseguir obter o que ainda não possui.
A falta de contentamento leva à infelicidade. Desejar mais do que já temos nos conduz, pouco a pouco, ao descontentamento. Podemos também desejar o que outras pessoas têm; neste caso, temos o descontentamento pela comparação. No final, é o mesmo veneno: uma filosofia autodestrutiva e enganadora de que a pessoa será feliz quando adquirir mais. O antídoto para isso é a gratidão. A gratidão nos permite desfrutar das coisas que já possuímos.
Paulo confere à ganância uma cláusula descritiva especial. Ele descreve a ganância como algo que equivale à idolatria. A expressão “pelas quais coisas” no original aparece no singular, não no plural. Assim, Paulo não está falando sobre toda a lista ao usar essa expressão. Ele está falando especificamente sobre a ganância.
Por que a ganância é considerada idolatria? Bem, lembre-se de que toda essa lista diz respeito a fazer morrer algumas coisas no corpo que não estejam alinhadas com as afirmações do apóstolo nos versículos 1-4. Nesses versículos, Paulo lembra aos colossenses que eles "foram ressuscitados com Cristo" (acima). A ganância significa buscar o que percebemos que nos falta. Como sempre haverá algo a ser buscado, abraçar esta perspectiva sempre nos levará à infelicidade.
Assim, o ponto principal de Paulo aqui é que nada nos falta, uma vez que fomos enxertados no Reino por meio de Cristo. Cristo é o dono de tudo. Dito de outra forma, Cristo nos convida a administrar o que já nos foi dado, que é tudo de que precisamos em relação à vida (2 Pedro 1:3). Quando começamos a pensar que não possuímos o suficiente, estamos basicamente colocando nossa esperança e nossa confiança nessa "outra coisa", ao invés de as colocarmos na pessoa de Cristo, on que Ele fez por nós e no que Ele nos prometeu. Portanto, este "algo a mais" é um ídolo; passamos a confiar naquilo, não em Cristo.
Paulo, então, adverte: É por causa dessas coisas que a ira de Deus virá sobre os filhos da desobediência. É assim que a realidade funciona: há consequências para as nossas escolhas. Quando alguém decide seguir aos caminhos da maldade, isso o leva ao mal, à morte. Já sabemos que a morte significa separação; neste caso, ao seguirmos a tais concupiscências, somos separados da vida sobrenatural que nos foi presenteada por Cristo.
Quando os crentes escolhem seguir aos caminhos do mal, eles se tornam filhos da desobediência, porque o caminho de Deus é o único caminho bom. Sempre que fazemos, percebemos ou dizemos algo de forma a contrariar a verdade de Deus, agimos em desobediência. A consequência, ou herança, do mal é a destruição, morte, ira. A desobediência significa separação de Deus. E, assim, ela produz Sua ira.
A palavra “ira” tem em sua raiz o significado de “emoção intensa”. Nossa mente moderna pensaria em punição; porém, talvez a palavra seja melhor definida como uma grande e profunda tristeza. Deus dá aos desobedientes o que eles desejam. Ele permite que os desobedientes adquiram aquilo que buscam. Deus se recusa a anular o livre-arbítrio concedido aos homens. Essa tristeza intensa e violenta tem mais a ver com a autodestruição das pessoas do que com a punição de Deus.
Muitos dos escritos de Paulo falam sobre o necessário alinhamento com Deus e este é certamente o caso aqui. Se os colossenses haviam sido ressuscitados com Cristo, diz Paulo, eles deveriam pensar nas coisas de cima (3:1) e matar as coisas más (3:5). Ele propõe isso como um exercício de alinhamento, buscando ensiná-los a desenvolver consistência em suas vidas.
Paulo afirma abertamente em sua carta aos crentes romanos que a ira de Deus é executada através de um meio específico sobre qualquer um que ande em desobediência: Deus os entrega como escravos a seus próprios apetites (Romanos 1:24, 26, 28). É triste considerar que aqueles que foram libertados das coisas elementares do mundo (abaixo), incluindo a escravidão e o vício, escolheriam a morte em vez da vida.
Porém, Deus concedeu este poder aos seres humanos: o poder de fazerem escolhas. O que nos torna humanos, feitos à imagem de Deus, é a capacidade de tomar decisões à parte de nossas emoções e apetites. Paulo exorta seus filhos na fé a fazerem boas escolhas. Ao fazerem isso, eles escolheriam o caminho em direção à plenitude de sua humanidade e cumpririam o desígnio de Deus.
Se acreditarmos nisso e ainda assim fizermos o mal, as consequências negativas se alinharão à nossa ação negativa. Se acreditarmos nisso e decidirmos fazer o bem, as consequências positivas se alinharão à nossa ação positiva. Para fazermos o bem e obtermos consequências positivas, devemos buscar as coisas que estão acima, as coisas de Cristo. Se buscarmos as coisas que estão aqui embaixo, colheremos os efeitos negativos das coisas daqui de baixo. As coisas da terra (abaixo) sempre prometem a vida e entregam a morte.
Paulo lembra aos colossenses: Nas quais (as veredas da desobediência) andastes em outro tempo, quando vivíeis nelas. Antes de o conhecimento de Cristo se tornar aparente para os colossenses (ver comentário no capítulo 1) eles pensavam e agiam de maneiras carnais. "Vocês já estiveram neste lugar antes". É isso que Paulo parece estar dizendo. É como lembrar a uma pessoa que costumava viver em um quarto escuro como era difícil estar no escuro depois de ter encontrado o interruptor de luz. Será que os colossenses queriam mesmo voltar àquele lugar de escuridão? Paulo infere que eles realmente haviam experimentado muitas consequências negativas da vida carnal. Mas, com o passar do tempo, é fácil esquecer a dor.
Este era, em essência, um lembrete em relação a quão longe os colossenses haviam chegado. O grito de Paulo era: "Vocês foram libertos! Não regridam!”
Eles não apenas deveriam evitar voltar atrás, mas deveriam evitar ficar parados: Mas, agora, deixai também vós estas coisas: a ira, a cólera, a malícia, a calúnia, a palavra torpe da vossa boca. Paulo parece estar dizendo: “Vocês chegaram tão longe em seu entendimento e ação, mas prossigam adiante. O trabalho não está terminado. Há mais para administrar. E a hora de agir é agora.”
A palavra “agora” é a palavra grega "nyni", significando "neste exato momento", ou seja, no momento em que lerem esta carta, hoje! O único momento no qual podemos agir é no presente. Não podemos alterar o passado. O futuro não existe. Só podemos agir agora. A primeira ação é um colocar de lado todas as concupiscências carnais.
Deixe-as de lado, diz Paulo. A palavra grega “deixar” é "apotithemi". É diferente da palavra ("nekroo") no versículo 5 que significa "morrer". "Apotithemi" significa "adiar ou jogar fora", deixar algo de lado. A distinção é importante. A primeira lista (os pecados a serem mortificados - ou mortos) eram coisas das quais Paulo desejava que os colossenses se isolassem, construíssem uma barreira contra elas, não as deixasse entrar. Eles deveriam destruí-las, matá-las. A morte significa separação. Então, seu alerta era: separem-se dessas coisas.
Porém, nesta segunda lista, Paulo não instrui os crentes a matar a cada um dos itens. Ele os instrui a deixá-los de lado. Eles deveriam reconhecer que a lista consistia de coisas que não podiam ser eliminadas completamente. Aqueles comportamentos reapareceriam sempre e precisariam ser deixados de lado sempre que aparecessem. Os itens da primeira lista, como a idolatria, por exemplo, deveriam ser extirpados. No entanto, os itens da segunda lista eram pertinentes à natureza humana, ou seja, eram partes integrantes do estado imperfeito do ser humano. A tarefa dada aos colossenses, portanto, não era destruí-las, já que isso não seria possível, mas decidir o que fazer com elas no momento em que surgissem.
Paulo sugere que quando aqueles comportamentos aparecessem em suas vidas, eles deveriam deixá-los de lado, expulsando-os para fora do tabuleiro, todos eles. Eles não deveria abrir exceções, pois todos eles eram subprodutos da mesma podridão. Eles não seriam capazes de evitá-los completamente, mas sempre que aparecessem eles deveriam deixá-los de lado com firmeza e intencionalidade.
A primeira das coisas a serem deixadas de lado era a ira. Curiosamente, esta é a palavra grega "orge", a mesma palavra na frase “a ira de Deus” na frase anterior. Lembre-se: a palavra significa "emoção intensa". Assim, aparentemente, Deus sente isso e direciona Sua ira aos filhos da desobediência. Porém, não é algo ao qual devemos nos agarrar. Nós não temos a permissão de agirmos desta forma. Deus não exige que neguemos nossas emoções: Ele nos instrui a não sermos governados por elas.
Deixar de lado uma emoção significa: 1) reconhecer a emoção; e 2) escolher tomar uma decisão à parte da emoção. Uma maneira prática de implementar essa ideia pode ser aprendida com o acrônimo OIDD:
Agarrar-se à ira ou agir com base em uma sugestão produzida pela ira é ser regido pelas emoções ou pelos sentimentos. Deus deseja que sejamos governados pela escolha do que é certo e verdadeiro (Filipenses 4:8). Temos a capacidade de escolher. Isso significa que podemos até sentir emoções, mas que devemos deixá-las de lado e fazer escolhas baseadas em valores. Devemos confiar em Deus e fazer escolhas para administrar efetivamente o que Ele nos confiou.
A segunda palavra da lista, traduzida como “cólera”, é a palavra grega "thymos". Pode ser compreendida como uma raiva em ação, uma paixão fora de controle que ultrapassa seus limites. Novamente, isso geralmente ocorre como resposta a alguma injustiça, o que não é, por si só, uma coisa má. Porém, quando ela chega, devemos compreender (Ouvir), analisar o que é verdadeiro e correto (Investigar), confiar que os caminhos de Deus são os melhores e fazer a escolha de agir em Seus caminhos (Decidir) e então descartar a emoção, jogá-la de lado (Descartar). Se a indignação é resultado de algo ao qual podemos mudar, então devemos tomar uma atitude. Porém, em última análise, devemos fazer a escolha de confiar em Deus como o justo Juiz (Mateus 7:1-2).
A próxima palavra da lista é a “malícia”, ou o desejo de causar lesão, de prejudicar os outros. É a adoção de desejos maus. A palavra está na mesma categoria da ira e da cólera a serem deixadas de lado. Podemos até nos permitir sentir essa emoção, mas devemos imediatamente aplicar a OIDD (ouvir, investigar, decidir, descartar), como vimos acima. Podemos sentir essas emoçoes sem sermos escravos delas.
A palavra grega “calúnia” possui a mesma raiz da palavra "blasfêmia". Trata-se, essencialmente, da proclamação de falsidades ou inverdades. Muitas vezes é difícil discernir o que é verdade e o que não é. Quando descobrimos que estamos pensando ou comunicando de forma falsa, devemos imediatamente colocar isso de lado e buscar o que é verdadeiro.
O último item da lista é “a palavra torpe” Este é o único lugar nas Escrituras onde esta expressão grega aparece: "aischrologia". A condição da boca é outro lembrete de que pensamentos, ideias ou sentimentos ruins podem até entrar em nossa cabeça, mas o que importa é o que fazemos com eles. Nem sempre podemos controlar quais pensamentos vêm à nossa mente. Mas, podemos controlar o que permitimos ficar e o que falamos.
Devemos descartar a qualquer tipo de discurso abusivo, pois eles jamais estarão alinhados com a verdade do Reino dos Céus (as "coisas de cima"). Ao intencionalmente evitarmos as palavras torpes descartarmos a linguagem de baixo e buscaremos aplicar a linguagem de cima, que eleva as pessoas. Por exemplo, a intenção dos xingamentos é desejar o mal a outras pessoas. Portanto, vale a pena considerar a lógica por trás do que dizemos. Como Jesus afirmou: "Eu vos digo que toda palavra descuidada que as pessoas falarem, elas prestarão contas dela no dia do juízo" (Mateus 12:36). É melhor abençoar do que amaldiçoar.