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Significado de Daniel 10:15-21

Daniel sente-se indigno de ser visitado pelo mensageiro angelical. O anjo o tranquiliza e diz que ele era estimado por Deus e deveria ser corajoso. Ele o fortalece e começa a lhe contar a mensagem sobre o futuro de Israel.

Daniel escreve que após o anjo ter-lhe falado essas palavras (sobre o futuro de Israel), ele abaixou o rosto para a terra e ficou calado. A aparência inicial do mensageiro foi suficiente para fazer com que Daniel desmaiasse (v. 8-9). Agora que Daniel ouve o motivo da vinda do anjo, ele fica mudo e desvia seu olhar. O anjo já havia fortalecido ao profeta depois de ele desmaiar repentinamente. Agora, mais uma vez, o anjo restaura suas forças. Ele toca os lábios de Daniel, de modo que ele abre a boca e fala. Ele agora fala com o anjo que estava diante dele.

O anjo parece ter mudado de forma ou velado sua aparência alarmante de antes (v. 5-6), ou talvez agora Daniel tenha superado seu choque inicial e pudesse vê-lo mais claramente. Daniel o descreve como alguém que “se assemelhava a um ser humano”. Certamente era a mesma pessoa que falava com ele, porque o anjo se identifica como aquele que havia vindo até Daniel e voltaria a lutar contra o príncipe da Pérsia de entregar sua mensagem. O príncipe da Pérsia era o poder demoníaco que havia atrasado o anjo por três semanas (v. 13). Este anjo aparentemente voltaria a lutar contra o príncipe.

Daniel, capaz de falar novamente, diz ao anjo: “Meu senhor, por causa da visão, apoderam-se de mim as minhas dores”. O anjo apareceu pela primeira vez em uma forma não humana, com pele e olhos ardentes como o relâmpago e uma voz estrondosa. Daniel ficou impressionado com a visão. Ele explica que se sentia fraco e com medo, incapaz de suportar a presença do visitante celestial: “Pois como pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor? Porque, quanto a mim, logo não ficou em mim força alguma, e não me foi deixado fôlego”. Daniel, ao mesmo tempo humilhado e com medo, não entendia como um mensageiro de Deus poderia conversar com um mortal como ele. Ele diz ao anjo estar fraco e sem fôlego.

O anjo, agora na forma de ser humano, conforta Daniel mais uma vez. Daniel escreve: “Então, tornou a me tocar um que tinha a aparência dum homem e me confortou”. Aparentemente, o anjo tinha o poder de transmitir energia para Daniel. O anjo traz palavras encorajadoras, dizendo: “Não tenhas medo, homem muito amado; paz seja contigo, esforça-te, sim, esforça-te.” Apesar do sentimento de inadequação de Daniel diante da visita celestial, o anjo o tranquiliza dizendo que Deus tinha Daniel em alta estima e não havia o que temer. O anjo estava lá para servi-lo. Daniel era tido em alta estima. Aqui talvez tenhamos um vislumbre da descrição que a Bíblia faz em relação aos seres humanos serem "um pouco inferiores aos anjos" (Hebreus 2:7, 9), destinados a governar sobre os anjos (1 Coríntios 6:3). Talvez vejamos também um pouco do que significa o fato de os anjos ansiarem por compreender as coisas reveladas aos seres humanos (1 Pedro 1:12).

Daniel é instruído duas vezes a ser corajoso e a não temer. Ele é exortado pelo anjo, que lhe abençoa com a paz. As palavras e o toque do anjo trazem forças a Daniel. Ele responde: “Fala, meu senhor, porque me confortaste”.

O anjo responde: “Sabes porque eu vim a ti?O anjo não esperava uma resposta. Talvez ele estivesse se certificando de que Daniel estivesse alerta o suficiente para entender o que havia acontecido até aquele ponto e estava suficientemente satisfeito; então, ele prossegue. Ele parece se propor a responder à sua própria pergunta. Neste caso, a frase seguinte traz uma resposta estranha. Ele diz: “Agora voltarei a pelejar contra o príncipe da Pérsia; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia”. Ao refletirmos, o anjo parece dar uma resposta à pergunta “sabes por que eu vim a ti?”, informando o profeta de que ele estava prestes a ouvir referências a eventos futuros que envolveriam vários reinos (Pérsia e Grécia). A Grécia já era uma potência em ascensão.

Outra parte da resposta sobre o motivo de o anjo ter vindo a Daniel veio em seguida: “Eu te anunciarei o que está expresso na escritura da verdade”. É interessante refletir sobre o que se entende por “escrita da verdade”. Não se referia à Bíblia da época. Tratava-se de informações novas não registradas anteriormente. Assim, a escrita parece pertencer a algum registro feito no céu. A Bíblia fala de "livros" no céu várias vezes. O Salmo 40 pode ser uma referência a este livro ao diz:

"Eis que venho; no rolo do livro está escrito a meu respeito" (Salmo 40:7).

Sabemos por Hebreus 10:5-7 que este texto fala sobre Jesus. Pode ser que "o livro" seja um registro no céu do que irá acontecer na história.

Apocalipse 13:8 diz:

"...todo aquele cujo nome não foi escrito antes da fundação do mundo no livro da vida do Cordeiro que foi morto".

Este versículo indica que há livros no céu com o registro de todos os eventos futuros. Embora o "livro da vida" registre a todos cujos nomes foram "escritos antes da fundação do mundo", a “escrita da verdade” parece se referir a um livro semelhante, porém relacionado a eventos. Agora, o anjo sem nome revela alguns dos eventos da “escrita da verdade” a Daniel.

Por que as forças das trevas investitiam tanta energia para impedir que esses eventos do “livro da verdade” fossem anunciados? Não sabemos, mas talvez essas forças demoníacas ainda tenham a esperança de frustrar os “escritos da verdade” e torná-los nulos. Impedindo o encorajamento e a compreensão oferecidos a Daniel (e a qualquer um que busque entendimento) teoricamente os ajudaria em seu plano maligno de desencorajar e enganar.

O anjo continua a falar sobre o que parece ser uma resposta para a pergunta “sabes por que eu vim a ti?” Ele acrescenta: “Ninguém há que esteja ao meu lado contra estes, senão Miguel, vosso príncipe”. Talvez o anjo estivesse reforçando o motivo de ter-se atrasado para trazer a mensagem. Se isso for verdade, seria uma fala curiosa, já que o anjo parece se desculpar diante de um ser humano trêmulo. Talvez o anjo estivesse medindo as palavras para explicar sua mensagem referente ao "grande conflito" (Daniel 10:1). Este grande conflito se estenderia até aos céus.

Por que não havia nenhum outro anjo com ele contra as forças do mal além de Miguel, o príncipe do povo judeu? A expressão “estar a meu lado” também pode ser traduzida como "endurecer" ou "prevalecer", carregando a idéia de persistência obstinada. Talvez Miguel fosse o único aliado confiável, porque apenas os judeus estavam orando e as orações dos santos sempre liberam as forças espirituais (Efésios 6:12). As orações diárias de Daniel possivelmente haviam exercido particular influência e esta pode ter sido a razão da observação do anjo feita àquele ser humano de alta estima.

O mensageiro diz a Daniel que voltaria a lutar contra o príncipe da Pérsia, porque a batalha não havia terminado. Pode ser assim que toda guerra espiritual aconteça ao nosso redor. O anjo sabia que futuros inimigos se levantariam contra ele: “Eis que virá o príncipe da Grécia”. A Grécia derrotaria ao império medo-persa e governaria em seu lugar, conforme havia sido profetizado em outros lugares (Daniel 3:39, Daniel 7:6, Daniel 8:21). As forças demoníacas, lideradas pelo príncipe da Grécia, semelhante ao príncipe da Pérsia, aparentemente desempenhariam um papel importante e tomariam o lugar dos reis da Pérsia. Eles provavelmente influenciariam e corromperiam aos governantes gregos.

Antes de terminar de entregar a Daniel a mensagem, o anjo comenta uma última vez sobre a guerra espiritual na qual estava envolvido: “ninguém há que esteja ao meu lado contra estes, senão Miguel, vosso príncipe”. Miguel é identificado como príncipe de Daniel e, por implicação, o príncipe de Israel. Assim como havia um príncipe da Pérsia e, eventualmente, da Grécia, o príncipe de Israel era o arcanjo Miguel, poderoso o suficiente para ajudar o mensageiro a chegar até Daniel.

A mensagem do anjo sobre “o que há de suceder ao teu povo nos últimos dias” (v. 14) está registrada nos capítulos seguintes, 11 e 12.

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