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Significado de Daniel 8:9-14
Outro chifre cresce dos quatro chifres na cabeça do bode. Esse chifre cresce até alcançar o céu e derruba as estrelas do céu, pisoteando-as. Ele se glorifica como se fosse um deus. Ele se coloca no templo de Deus e impede o povo judeu de fazer sacrifícios. Daniel ouve um anjo dizer a outro anjo que esse tempo maligno duraria 2.300 dias e noites, antes que o templo fosse resgatado.
O capítulo 8 relata outra visão de Daniel. Em sua visão, ele está ao lado do Rio Ulai em Susã, uma das cidades do império babilônico durante o reinado de Belsazar. Um carneiro (o império medo-persa) aparece ao lado do rio. Ele tinha dois chifres e um chifre era mais longo que o outro. Ele ataca tão brutalmente que nenhuma outra fera conseguia ficar em seu caminho. Ninguém podia detê-lo. Ele era poderoso e arrogante. De repente, um bode (Grécia) com um chifre gigante (Alexandre, o Grande) voa pelo ar e quebra os chifres do carneiro, passando a pisotear o carneiro até a morte. O bode é orgulhoso, mas assim que alcança a vitória, seu próprio chifre se rompe e quatro outros chifres crescem de sua cabeça.
Esta cena prenuncia a ascensão do império medo-persa, sua derrota pelo império grego, a morte de Alexandre, o Grande, e os quatro reinos que surgem a partir daí, liderados por quatro generais de Alexandre. Um dos generais de Alexandre, Seleuco I Nicator, assume o controle de um reino que governou grande parte do Oriente Médio, incluindo a terra de Israel.
A visão de Daniel torna-se mais específica. Ele observa: “Dum dos chifres saiu um chifre pequeno e tornou-se muito forte para o sul, e para o oriente, e para a terra gloriosa”. A terra gloriosa era Israel e Judá (Daniel 11:16). Este novo chifre começou pequeno, provavelmente indicando que o reino inicialmente era fraco. Porém, o reino cresceu exponencialmente e continuou a crescer em poder: “Tornou-se forte, até contra o exército do céu; lançou por terra alguns do exército e das estrelas e pisou-os aos pés”.
O anjo Gabriel explicará que esse chifre, assim como os outros chifres da visão, representava um rei (Daniel 8:23). Os chifres tradicionalmente representavam o poder. Este rei viria de um dos quatro sucessores de Alexandre, o Grande. A história mostra quem foi esse rei: Antíoco Epifânio, da dinastia selêucida. Os selêucidas descendiam de um dos generais de Alexandre, o Grande, chamado Seleuco. Os selêucidas governaram a terra gloriosa (Israel) durante vários séculos após a conquista de Alexandre, oprimindo ao povo de Deus (os israelitas).
Antíoco Epifânio queria que os judeus assimilassem a cultura grega. Sua pior ofensa é descrita aqui e em outra visão de Daniel, na qual ele "acabaria com o sacrifício regular” e criaria “a abominação da desolação" (Daniel 11:31). A Abominação da Desolação (em outras palavras, uma malignidade que causa horror) aconteceu quando Antíoco estabeleceu um altar para Zeus no templo judaico, sacrificando porcos ali. Ele matou e escravizou a muitos judeus, provocando uma rebelião.
A arrogância desse chifre (Antíoco) foi muito maior do que a do bode ou do carneiro: ele se igualava ao comandante da hostes do céu. O chifre removeu os sacrifícios do templo e o santuário de Deus foi destruído.
O título de Antíoco, "Epifânio", foi dado a ele por ele mesmo. O título significa "Deus Manifesto". Ele alegava ser deus, assim como Alexandre, o Grande antes dele. Antíoco era inimigo da verdade e metaforicamente a lançava por terra, opondo-se ao verdadeiro Deus, afirmando ser deus.
Durante anos, Antíoco foi capaz de realizar sua vontade e fazer o que quisesse, especialmente aos judeus. E ninguém consguia resisti-lo. Ele foi tão bem-sucedido que transgride o templo de Deus, blasfemando contra o Senhor e oferecendo sacrifícios impuros a seus ídolos. Ele destruiu a fé judaica e espalhou os fiéis judeus por todo o país. Ele tinha como alvo o povo judeu e buscava destruir sua fé. O pior de tudo era que ele assumiu controle do templo em Jerusalém e impediu os judeus de fazerem sacrifícios a Deus.
Daniel vê que, por conta dessa transgressão, os exércitos foram entregue ao chifre, juntamente com os sacrifícios. A transgressão aqui se refere à primeira Abominação da Desolação, ou seja, a ordem de Antíoco para que o culto religioso judaico fosse interrompido, em rebelião direta aos mandamentos de Deus. Nesse ponto, o sacrifício regular cessaria. As hostes seriam entregues ao chifre, representando o poder de Antíoco. As hostes descritas aqui podem se referir aos exércitos angelicais que passariam a ter sua influência restringida. Daniel descreve que essas hostes seriam “pisoteadas”.
A palavra “exército” aqui pode ser aplicada a qualquer grande assembléia ou ajuntamento. No entanto, geralmente se refere a um exército. O comandante das hostes aqui é uma descrição de Deus. Deus é o comandante de todos os exércitos celestiais. Embora Deus fosse supremo sobre tudo, Antíoco Epifânio ousaria desafiá-Lo diretamente. Ele “removeu o sacrifício regular e o lugar de Seu santuário foi derrubado”. Isso era uma afronta direta a Deus.
Não temos uma explicação de quem são as “hostes do céu” ou as “estrelas” que caem à terra. Sempre a frase “hostes do céu” aparece em outras partes das Escrituras, na maioria das vezes ela se refere literalmente às estrelas do céu (Deuteronômio 4:19, 17:3). No entanto, em alguns casos, a expressão “hostes do céu” se refere aos seres angelicais (2 Crônicas 18:18; Neemias 9:6). Esta parece ser a referência mais provável aqui e pode dizer respeito a um conflito angelical, enquanto o conflito humano é descrito. Podemos ver um indício disso quando Gabriel é enviado para explicar a visão a Daniel. Ele luta contra uma força espiritual descrita como o "Príncipe da Pérsia" que o resistiu por vinte e um dias (Daniel 10:13). O conflito parece ter sido tão grave que alguns desses seres angelicais foram derrotados.
Aparentemente, a descrição aqui é de um grande conflito entre forças espirituais combinadas com as manobras de figuras políticas. Isso é semelhante aos eventos descritos no livro de Apocalipse, que descreve eventos no céu sendo diretamente conectados a eventos terrenos. O chifre que representava o poder de Antíoco Epifânio lançaria a verdade ao chão. Quando os tiranos governam, eles redefinem a verdade. A verdade torna-se uma extensão de sua vontade de poder. Essa redefinição da verdade, removendo o que Deus diz para consolidar o que eles dizem, é parte integrante do fato de Antíoco Epifânio ter sido capaz de realizar sua vontade e prosperar. A verdade já não estava mais em seu caminho. Por um tempo, ele deixa de reconhecer fronteiras ou limitações ao seu poder.
Quanto tempo duraria esse mal? Não sabemos se Daniel ponderou ou não sobre essa pergunta. Ele ouve a conversa entre dois anjos: "Então, ouvi a um santo falar, e outro santo disse àquele que falava: Até quando durará a visão relativamente ao holocausto perpétuo e à transgressão assoladora, visão na qual são entregues tanto o santuário como o exército para serem pisados aos pés?" A pergunta referia-se ao tempo em que Antíoco seria autorizado a profanar a prática religiosa judaica.
A outra voz responde a Daniel, em vez da primeira voz: “Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; então, o santuário será purificado".
A frase “2.300 tardes e manhãs” faz referência ao período de tempo entre a proibição de sacrifícios no templo até sua restauração.
Assim como Deus disse nesta visão, este seria o tempo da transgressão que causaria o horror (ou, a Abominação da Desolação). A perseguição de Antíoco contra os judeus começou no final de 171 a.C. e terminou em dezembro de 165 a.C., aproximadamente um período de seis anos e três meses (2.300 dias).
Um israelita chamado Judas Macabeu, filho de um sacerdote, foi uma figura central nessa luta contra o ímpeto de Antíoco de acabar com o judaísmo. Macabeu iniciou uma revolta e, contra todas as probabilidades, ajudou a expulsar os ocupantes selêucidas. Judas Macabeu e seus seguidores limparam o templo (“então o lugar sagrado será devidamente restaurado”) e reacenderam o candelabro (a "menorá") que é celebrada pelo povo judeu todos os anos como o Festival das Luzes, também conhecido como "Chanuca".
Como veremos no capítulo 11, Antíoco Epifânio prenuncia a besta e o anticristo do Apocalipse, que também conduzirá atividades descritas como uma Abominação da Desolação. Cerca de 200 anos após a época de Antíoco Epifânio, Jesus diz a Seus discípulos que Ele não retornaria à terra até que o sinal da "ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO, falado através do profeta Daniel" fosse visto (Mateus 24:15). Portanto, esta profecia de Daniel, escrita durante o tempo do Império Babilônico, já se cumpriu parcialmente; no entanto, outra parte ainda está por vir.