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Significado de Deuteronômio 14:1-2

Os israelitas são instruídos a não se cortarem, nem rasparem a testa quando estiverem de luto, porque são um povo santo ao SENHOR que os havia escolhido para serem Sua preciosa propriedade.

Moisés abre este capítulo lembrando os israelitas quanto a seu relacionamento único com seu Deus Susserano (Governante). Ele lhes diz: Tu és filho do Senhor, teu Deus. A relação entre o Senhor e os israelitas é expressa numa linguagem que lembra uma família humana. Ser reconhecidos como filhos do SENHOR implicava que o SENHOR era seu pai e por isso eles tinham um relacionamento especial com Ele. Em outras palavras, os israelitas era a família de Deus. O Deus Susserano os havia adotado como Seus filhos e, portanto, Ele era seu pai, bem como seu Deus. Como tal, a vida de Israel não deveria refletir o estilo de vida das nações vizinhas. Em vez disso, a vida de Israel deveria estar de acordo com as exigências de seu pai, Javé. Um bom pai sabe o que é melhor para seus filhos e os conduzirá de acordo. Este lembrete deixava claro que as instruções destinavam-se para seu bem. Deus não coage a ninguém. Ele deixa claras as consequências, mas mantém uma relação paterna.

Com base nesta relação, Moisés emite uma dupla ordem a Israel. A primeira ordem diz: Não vos cortareis. O verbo "cortar-se" (hebraico "gādad") significa fazer incisões em si mesmo. Aqui, refere-se ao corte ritual. Esta prática era predominante no Antigo Oriente Próximo, especialmente na terra de Canaã, onde as pessoas se cortavam para manipular aos deuses e fazê-los agir em seu favor. Por exemplo, o livro de 1 Reis nos diz que os profetas cananeus tentaram manipular o deus cananeu ao invocar o nome de Baal de manhã até o meio-dia, dizendo: 'Ó Baal, responda-nos' (1 Reis 18:26). Porém, como não houve resposta, os profetas pagãos clamaram em voz alta e se cortaram, de acordo com seu costume, com espadas e lanças até que o sangue jorrasse sobre eles (1 Reis 18:28).

Esses corte foram feitos para implorar o favor e a simpatia de Baal, visando fazê-lo agir em seu favor. Isso não é apropriado numa relação pai/filho saudável. O pai não quer que os filhos se prejudiquem. O pai está acima de qualquer maniuplação. Tratar a Deus como se Ele pudesse ser coagido a fazer a nossa vontade é tratá-Lo como um ídolo. Deus deseja o bem a Seus filhos, não o mal autoinfligido.

Na parte restante do versículo, Moisés lhes diz que não eles deveriam raspar a testa por causa dos mortos. O texto hebraico diz literalmente: "Não produzirás calvície entre os teus olhos para os mortos". Raspar a testa significava remover os pelos na frente da cabeça. Essa raspagem da testa também era uma prática pagã comum do Antigo Oriente Próximo para pessoas que choravam a morte de um ente querido. A crença geral era que as sombras do falecido observavam aqueles que choravam para garantir que lamentassem o suficiente por ele. Assim, o enlutado produzia uma calvície artificial para mostrar ao morto que se importava com ele. Esta prática pagã perpetrava a falsa noção de vida após a morte a qual Deus desejava erradicar do meio de Seus filhos.

A prática de cortar o corpo e raspar a testa era proibida em Israel (Levítico 21:5) não apenas por causa das associações pagãs, mas também porque os israelitas deveriam ser consagrados ao seu Deus Susserano. Moisés lhes diz que eles eram um povo santo ao Senhor, seu Deus. O termo "santo" refere-se àquilo que é separado para um propósito específico. Deus chamou a Israel para viver de uma maneira em que amassem ao próximo como amavam a si mesmos. Isso os separaria do modo comum de viver. Qualquer comunidade em que cada pessoa cuide dos outros é um ótimo lugar para se viver. Israel tinha um Pai espiritual que desejava o melhor para eles. Os israelitas eram santos (separados) porque um Susserano santo os havia escolhido como Seus vassalos (servos) e separado para um propósito especial. Este propósito incluía serem sacerdotes (mediadores) para outras nações, mostrando-lhes uma maneira melhor de viver, uma forma de amar, em vez de explorar uns aos outros.

Além de Israel ser separado para o SENHOR, Moisés afirma que o SENHOR os havia escolhido como Sua propriedade. O termo traduzido como “propriedade” é a palavra hebraica "segūllā". Este termo muitas vezes se refere a uma propriedade valiosa e, às vezes, era usado para se referir ao tesouro dos reis, como em 1 Crônicas 29:3. Aqui, o termo é usado para o povo de Deus (Israel), descrevendo-o como pessoas que pertenciam exclusivamente a Deus, escolhidos dentre todos os povos que estão na face da terra.

Este versículo repete o que o SENHOR lhes havia dito muitos anos antes, logo após sua libertação do Egito. Em Êxodo 19:4-6, o SENHOR chama os israelitas de Sua propriedade. Deus fez essa escolha porque os amava. Agora que a escolha havia sido feita, Deus estava direcionando a Seus filhos para o caminho de bênção. Se eles obedecessem ao que o SENHOR dizia e cumprissem as estipulações da aliança que Ele havia feito com eles, eles alcançariam os grandes benefícios provenientes das instruções de Deus.

Esses versículos também são aplicados à Igreja do Novo Testamento. A chamada Igreja é propriedade exclusiva do SENHOR (Tito 2:14;  1 Pedro 2:9).

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