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Significado de Deuteronômio 15:19-23
A última seção deste capítulo trata do gado primogênito macho, que incluía os ovinos e caprinos. Da mesma forma que os primogênitos dos seres humanos, todos os primogênitos dos animais precisavam ser separados, porque pertenciam ao seu Senhor Susserano (Êxodo 23:2, 12). Os primogênitos humanos do sexo masculino eram separados para o serviço de Deus e deveriam ser sacrifícios vivos. Animais primogênitos eram oferecidos como sacrifícios a Deus. Ambos deveriam ser totalmente dedicados ao serviço de Deus.
Moisés diz ao povo que eles deveriam consagrar ao SENHOR, seu Deus, todos os primogênitos do sexo masculino que nascem do seu rebanho e do seu rebanho. “Consagrar” algo é separá-lo para um propósito específico. Aquele item não deveria ser usado para fins comuns e cotidianos. Os primogênitos do rebanho referem-se aos primogênitos machos de bois, ovelhas e cabras que o adorador sacrificava a Deus (Êxodo 13:2; Números 18:15-18).
Além de não usar os primogênitos dos animais para tarefas cotidianas, Moisés acrescenta que eles não deveriam trabalhar com os primogênitos dos rebanho. Isso provavelmente se refere ao uso dos primogênitos para lucro pessoal, incluindo o uso do primogênito para fazer trabalhos na agricultura ou outros tipos de tarefas diárias. Nos tempos antigos, as pessoas usavam alguns animais (o boi, por exemplo) para os trabalhos agrícolas (Deuteronômio 22:10). Esses animais também eram usados para transportar cargas. Moisés adverte aos israelitas contra o uso dos machos primogênitos de seu gado para qualquer trabalho feito para fins econômicos, porque eles pertenciam ao Deus Susserano.
Além da proibição de usar animais primogênitos para o trabalho agrícola, os israelitas receberam a ordem de não tosquiar aos primogênitos de seus rebanhos. “Tosquiar” um animal significava cortar o pelo (lã) que formava a pelagem do animal (ovelha ou cabra), um processo que na maioria das vezes era feito na primavera. Os agricultores podiam usar o pelo ou a lã para fazer vestimentas ou para vendê-la para obter lucros pessoais. Assim, em vez de usarem os primogênitos para o trabalho que enriqueceria o dono, os israelitas deveriam dedicar cada animal primogênito ao SENHOR.
O primogênito deveria ser reservado para um momento especial. Especificamente, Moisés ordena que as famílias o comessem todos os anos diante do Senhor, seu Deus. O animal primogênito deveria ser reservado para ser um sacrifício na presença do Senhor todos os anos (literalmente "ano após ano"). Depois que o animal era morto, a família deveria comê-lo na presença do Senhor. Este era um reconhecimento visível da dependência do povo em relação às provisões dadas a eles por seu Senhor Susserano. Deus dava a eles (Seu povo) e eles deveriam devolver uma parte das dádivas ao Senhor. Seu sacrifício ao Senhor deveria ser seguido de comunhão uns com os outros, compartilhando uma refeição comemorativa. Isso é consistente com a aliança de Deus, que tem o objetivo principal de impedir a tirania ou a opressão de um israelita sobre outro, enfatizando a harmonia social e o benefício mútuo.
Essas refeições deveriam ser comidas na presença do SENHOR, no lugar que o SENHOR escolher. Deus era o Susserano, só Ele podia determinar a lei. Os israelitas deveriam seguir Seus caminhos, incluindo o lugar onde deveriam sacrificar e consumir os primogênitos na presença de Deus.
Os israelitas não eram livres para escolher onde adorar ao Senhor na refeição sacrificial. Deus fazia as leis, não o povo. As família eram instadas a participar dessa refeição todos os anos no santuário central, o lugar escolhido por Deus para tais tarefas religiosas. Isso criava uma ocasião para lembrar ao povo sobre a estrutura básica do pacto que eles haviam concordado em seguir. O governante Susserano decidia a lei, incluindo o lugar para a adoração, e o povo deveria comungar com Ele, oferecendo esses sacrifícios a Ele e desfrutar de comunhão uns com os outros ao consumirem juntos a carne cozida. O propósito da lei de Deus era levar Seu povo a amar uns aos outros e construir comunidades fortes e prósperas.
No entanto, nem todos os animais deveria ser oferecidos pelo adorador. O sacrifício aceitável aos olhos do Deus Susserano (Governante) era o de um animal imaculado. Moisés deixa claro ao lhes dizer que se o animal tivesse algum defeito, eles não deveriam oferecê-lo. A palavra “defeito” (hebraico "mûm") é usada para algo fisicamente anormal. O exemplo que Moisés dá aqui são condições como paralisia ou cegueira, ou qualquer defeito grave. O termo “paralisia” (hebraico "pisēaḥ") refere-se à incapacidade de andar. Era usado tanto para homens (Levítico 21:16-18) quanto para animais. O termo “cegueira” (hebraico " ̀iwwēr") refere-se à incapacidade de enxergar. Essas condições, bem como qualquer outros defeito grave (literalmente, "qualquer mácula maligna") tornariam o animal inaceitável como sacrifício ao Deus Susserano.
Tal animal, embora defeituoso e inaceitável para ser oferecido como sacrifício, não era completamente inútil. Moisés declara que eles poderiam comê-lo dentro de seus portões. Em outras palavras, um animal defeituoso poderia ser preparado e comido em casa como uma refeição normal. Esses defeitos físicos (paralisia, cegueira, etc.) não desqualificavam o animal para o consumo em casa. Eles simplesmente o desqualificavam de ser oferecido ao Deus Susserano (Governante), já que não seria aceito por Ele (Levítico 22:20-22). Isso pode simbolizar que Deus desejava receber sempre o melhor deles.
O animal defeituoso poderia ser comido por qualquer um: o impuro e o limpo podem comê-lo, bem como a gazela ou o veado. A expressão “o impuro e o limpo” refere-se à impureza e pureza cerimonial. Pessoas impuras (como as que tadquiriam lepra, corrimento corporal, mulheres menstruadas) eram impedidas de participar do culto comunitário até que o ritual adequado tivesse sido realizado para remover a impureza daquela pessoa (Levítico 11-15; Números 19). Por outro lado, as pessoas consideradas limpas eram aquelas que podiam participar do culto comunitário. Essa disposição provavelmente tinha fins de saúde pública, como evitar a propagação de doenças, bem como um significado simbólico. Os israelitas deveriam andar na pureza diante do SENHOR, amando o próximo e seguindo os caminhos de Deus, o que levaria à grandes bênçãos.
A gazela e o veado eram animais selvagens. A gazela era um animal parecido com um pequeno antílope. O veado era um animal com chifres com dois cascos grandes e dois pequenos. Nenhum desses animais silvestres era considerado limpo pela Lei e, portanto, não era adequado para o abate sacrificial. As pessoas eram livres para comer a carne desses animais selvagens para fins não sacrificiais. Nenhuma limpeza cerimonial era necessária para comer a carne desses animais selvagens.
Moisés termina esta seção com uma ordem universal: Não comerás seu sangue, deves derramá-lo no chão como água (v.23). Levítico 17 contém as razões pelas quais o sangue dos animais não deveria ser ingereido. O trecho afirma:
"Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que permaneçam entre eles, que coma qualquer sangue, porei o meu rosto contra aquele que come sangue e o cortarei do meio do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue, e eu a dei no altar para fazer expiação por suas almas; pois é o sangue em razão da vida que faz a expiação. Por isso disse aos filhos de Israel: 'Ninguém entre vós pode comer sangue, nem qualquer estrangeiro que permaneça entre vós coma sangue" (Levítico 17:10-12).
Portanto, os vassalos de Deus (Israel) eram proibidos de ingerir o sangue. A obediência completa era a chave para o relacionamento entre o Susserano e Seus vassalos, a única maneira pela qual Ele poderia ser satisfeito e Seu povo ser abençoado. Os caminhos de Deus produzem grandes benefícios práticos. Deus criou as relações de causa e efeito no mundo, então claramente Ele sabe o que é melhor para nós. Suas instruções nos mostram como fazer as coisas para o nosso bem. No entanto, devido ao pecado, nossa inclinação natural é buscarmos nossos próprios caminhos. Em vez de amarmos ao próximo, somos inclinados a explorá-lo. Deus estabelece claramente que não seguir a Seus caminhos gera consequências adversas que ocorrem naturalmente. Porém, como Susserano e Pai de Israel, Deus também disciplinará a Seu povo, para o seu bem (Jeremias 29:11).