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Significado de Deuteronômio 16:1-8

Os israelitas são ordenados a celebrar a Páscoa e a Festa dos Pães Ázimos no santuário central. Esta celebração serviria para comemorar a libertação de Israel do Egito pelo SENHOR.

A primeira peregrinação combinava duas festas: a Páscoa, comemorando os sacrifícios feitos por Israel no final do décimo quarto dia do primeiro mês, pouco antes de seu êxodo do Egito (Êxodo 12:1-6; Levítico 23:5); e a Festa dos Pães Ázimos, uma festa de sete dias que começava no décimo quinto dia do mesmo mês (Levítico 23:6Números 23:17). Como a festa dos pães ázimos ocorria logo após a festa da Páscoa e como os pães ázimos também eram comidos junto com o sacrifício pascal, Moisés, às vezes, se refere a eles alternadamente.

Ao começar suas instruções sobre a primeira peregrinação anual, Moisés ordena aos israelitas que observassem o mês de Abibe. “Observar” (hebraico "shāmar") significa basicamente "guardar", "vigiar" ou "preservar". Também ocorre da mesma forma em  Deuteronômio 5 no contexto de guardar o sábado (Deuteronômio 5:12).

O mês de Abibe é baseado na palavra hebraica "'ābîb", referindo-se à cevada madura que estava pronta para ser ingerida, ou "espiga jovem" de cevada ou "novas espigas de grão". Este nome do mês é usado em Êxodo 13:4 e Êxodo 23:15. Assim, o mês de Abibe refere-se à época em que o grão (cevada) produzia espigas. Este momento corresponde aproximadamente a março-abril em nosso calendário solar. O calendário judaico é lunar. Durante o cativeiro babilônico, este mês foi renomeado para "Nisã", um termo babilônico para Abibe (Neemias 2:1;  Ester 3:7).

No décimo quarto dia do mês de Abibe, os israelitas deveriam celebrar a Páscoa ao SENHOR, seu Deus (Levítico 23:5: Números 28:16). A Páscoa (hebraico "pāsaḥ") refere-se à sagrada observância judaica que comemorava a noite em que Javé matou a todos os primogênitos dos egípcios durante a décima praga, mas "passou" por cima das casas dos israelitas que tinham sangue nos umbrais de suas portas, poupando os primogênitos hebreus. (Êxodo 12:12-13). Moisés diz aos israelitas que a Páscoa serviria como testemunho de sua libertação, pois era o tempo em que o Senhor, seu Deus, os havia tirado do Egito à noite.

Esta celebração da Páscoa deveria se tornar um testemunho para as futuras gerações israelitas. Isto explicitado no relato do Êxodo, onde Moisés declara: "Quando seus filhos lhes disserem: 'O que este rito significa para vocês?', vocês dirão: 'É um sacrifício pascal ao SENHOR que passou sobre as casas dos filhos de Israel no Egito quando feriu os egípcios,  mas poupou as nossas casas'" (Êxodo 12:26-27).

O versículo 2 começa com instruções detalhadas sobre como celebrar a Páscoa. Primeiro, Moisés lhes diz que deveriam sacrificar a Páscoa ao Senhor, seu Deus, do seu rebanho. Isso explica o tipo de animais a serem oferecidos.

Neste ponto, duas mudanças precisam ser observadas entre o relato original em Êxodo e o relato de Deuteronômio aqui. A primeira diferença é que, no livro do Êxodo, o cordeiro - que podia ser tirado "das ovelhas ou das cabras" - era o único sacrifício aceitável (Êxodo 12:3-6). A referência às ovelhas e cabras fala do rebanho. No entanto, o sacrifício em Deuteronômio é ampliado e incluía o gado também. O rebanho também refere-se aos bois. Assim, o sacrifício de Deuteronômio incluía bois, ovelhas e cabras (Deuteronômio 15:19). Este ajuste provavelmente reflete as promessas de Deus de abençoar Seu povo quando entrassem na terra de Canaã. Como os israelitas seriam abençoados além da medida na Terra Prometida, seus sacrifícios poderiam se estender aos bois, talvez porque um animal maior fosse necessário para alimentar às grandes e prósperas famílias.

A segunda diferença é que a refeição original da Páscoa no Êxodo deveria ser consumida dentro das casas. Era uma celebração da família (Êxodo 12). No entanto, o sacrifício em Deuteronômio deveria ser oferecido no lugar onde o SENHOR havia escolhido para estabelecer Seu nome, que era o santuário central. Assim, tornou-se um festival nacional e também familiar. Esta mudança provavelmente reflete o plano de Deus de unificar Israel como uma comunidade de aliança, que adorava e comungava publicamente com o Deus Sussernao (Governante) em um local específico. Como Deuteronômio é o discurso dado por Moisés pouco antes de Israel entrar na terra, este era um mandamento prospectivo - neste ponto, Deus ainda não havia identificado o lugar central de adoração.

Seguindo as instruções sobre qual animal deveria ser oferecido, Moisés descreve a Festa dos Pães Ázimos. Ele lhes instrui a não comerem pão fermentado. Em vez disso, ele determina que durante sete dias eles deveriam comer pães ázimos. O termo “fermento” refere-se ao fermento usado no preparo do pão. O fermento era responsável por fazer com que o pão crescesse e tivesse boa textura. Sem o fermento, o pão fica com uma textura mais parecida com uma bolacha.

Os israelitas receberam a ordem de não usar fermento na produção do pão para essas festas. Na Bíblia, o fermento é um símbolo de corrupção e pecaminosidade (Mateus 16:6;  1 Coríntios 5:6Gálatas 5:9). Assim como uma pequena quantidade de fermento permeia um pão inteiro, um pouco de pecado permeia uma pessoa inteira.

O pão ázimo também era chamado de pão da aflição, porque simbolizava o sofrimento de Israel como escravos, bem como o fato de que eles terem saído da terra do Egito às pressas. Quando o Faraó finalmente lhes deu a permissão para deixar o Egito, eles partiram imediatamente e não tiveram tempo de esperar o pão crescer.

No Egito, os israelitas não tiveram tempo de preparar o pão fermentado ou assá-lo quando o Deus Susserano (Governante) estava prestes a resgatá-los da mão dos egípcios. Como dito anteriormente, o processo normal de fazer pão envolvia misturar o fermento na massa para dar-lhe textura e volume. No entanto, durante a noite em que Javé "atingiu a todos os primogênitos" dos egípcios (Êxodo 12:29), Faraó e os egípcios "se levantaram" e "chamaram a Moisés e Arão" (e a todos os israelitas) exortando-os a deixar o Egito (Êxodo 12:31-33). Assim, "o povo tomou sua massa antes que ela fosse fermentada, com suas tigelas de amassar amarradas nas roupas sobre seus ombros" (Êxodo 12:34). Portanto, os israelitas deveriam celebrar a Festa dos Pães Ázimos para que se lembrassem de todos os dias de sua vida no dia em que saíram da terra do Egito.

A festa dos pães ázimos duraria sete dias (v.4). Durante esse tempo, havia dois requisitos. Em primeiro lugar, nenhum fermento será visto convosco em todo o vosso território. O fermento poderia ser usado na panificação no restante do ano, mas não naqueles sete dias. Em segundo lugar, nenhuma carne que sacrificardes na noite do primeiro dia permanecerá durante a noite até de manhã. A noite do primeiro dia era a noite da Páscoa e não deveria sobrar nenhuma parte do animal do sacrifício (como o cordeiro pascal) para a refeição da manhã seguinte. Isso refletia o sacrifício original da Páscoa que os israelitas haviam feito no Egito (Êxodo 12:8-9).

Mais uma vez, este versículo nos mostra como as duas festas estavam ligadas. A Páscoa era celebrada na noite do primeiro dia; a festa dos pães ázimos deveria começar na manhã seguinte (v.8).

No entanto, este sacrifício da Páscoa não poderia ser oferecido em qualquer local. O povo não foi autorizado a sacrificar a Páscoa em nenhuma de suas cidades que o Senhor, seu Deus, lhes estava dando. A primeira Páscoa foi celebrada nas casas. Agora que eles estavam por entrar na Terra Prometida, Moisés diz ao povo que eles tinham que comemorar esta festa importante na presença do SENHOR no lugar onde o SENHOR, seu Deus, escolhe estabelecer Seu nome (v.6), ou seja, o santuário central. O mandamento de Deus deixava claro para Israel que sua conquista da terra era certa. Neste ponto, eles estavam no lado oeste do rio Jordão e nem sequer haviam entrado ainda.

O Deus Susserano escolheria o local onde os israelitas se encontrariam com Ele, teriam comunhão com Ele e O adoriam juntos como uma nação de aliança. Ali, os vassalos (Israel) sacrificariam a Páscoa à noite, ao pôr do sol, na mesma hora em que haviam saído do Egito. Fazer isso seria um lembrete constante de como eles haviam comido o sacrifício original da Páscoa às pressas, quando o Deus Susserano (Governante) estava prestes a redimí-los das mãos do Faraó (Êxodo 12:8). Por muitos anos, Deus escolheu a Siló para ser o lugar central de adoração. Mais tarde, o local foi transferido para Jerusalém, após a conquista da cidade por Davi.

Os israelitas não apenas deveriam sacrificar o animal da Páscoa no santuário central, mas também assá-lo e comê-lo no lugar que o Senhor, seu Deus, escolher. Após passar a noite em suas tendas no local do santuário central celebrando a Páscoa, os israelitas receberam a instrução de retornar às suas tendas pela manhã. A referência às tendas provavelmente se refira ao alojamento temporário fornecido aos fiéis que vinham ao santuário central para celebrar a Páscoa.

Uma vez de volta às suas tendas, o povo deveria celebrar a Festa dos Pães Ázimos. Moisés lhes diz: Durante seis dias comereis pães ázimos (v.8). Então, no sétimo dia, haverá uma assembléia solene ao Senhor, seu Deus, não farás nenhuma obra. O sétimo dia, o fim da festa, deveria ser observado como um dia sabático. Naquele dia, os israelitas eram proibidos de trabalhar para celebrar e refletir sobre sua libertação e redenção da escravidão no Egito. Eles deveriam se reunir para adorar ao Deus Susserano, demonstrando sua gratidão a Ele por Seus poderosos atos redentores. Eles deveriam comemorar e desfrutar da companhia uns dos outros. Eram irmãos e vizinhos. Eles deveriam amar uns aos outros. O longo período de reunião, onde podeiam adorar e comungar uns com os outros, era um meio de fortalecerem a unidade nacional e comunitária.

A festa da Páscoa, como todas as festas, prenuncia eventos realizados por Jesus ou que serealizarão no futuro. A Páscoa era um prenúncio da morte de Cristo; Ele foi crucificado no mesmo dia e hora em que os judeus estavam sacrificando seus cordeiros pascais.

Era importante que os israelitas se reunissem no lugar central que Deus escolheu nas três festas de peregrinação, em parte porque Deus pretendia visitar Israel durante essas festas no futuro, no último lugar central que Deus escolheu, Jerusalém. Cerca de mil e quinhentos anos depois de Moisés, Jesus visitou Jerusalém na Páscoa para dar Sua vida como expiação pelo mundo. Ele é o verdadeiro e vivo Cordeiro pascal.

Jesus instrui Seus discípulos, após Sua ressurreição, a permanecerem em Jerusalém até que recebessem poder do alto. Cinquenta dias depois de ressuscitar dos mortos, Jesus apareceu na próxima festa de peregrinação, chamada Festa das Semanas, ou Pentecostes (palavra grega para “cinquenta”). Foi então que o Espírito Santo visitou Jerusalém e passou a habitar os fiéis. O Espírito Santo escreveu a Lei no coração de todos os que creram, uma característica importante da nova aliança iniciada por Jesus. A Festa dos Tabernáculos (também chamada de Festa das Tendas) é a última das festas de peregrinação. Esta festa pode ter seu cumprimento final no futuro, quando Jesus Cristo retornar à Terra pela segunda vez. Jesus voltará a Jerusalém e estabelecerá Seu reino, habitando entre os homens por mil anos (Zacarias 14:4Apocalipse 20:4-5). E então, na nova terra, Jesus habitará entre Seu povo e será seu templo vivo (Apocalipse 21:1-3; 22).

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