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Significado de Deuteronômio 21:22-23

Moisés instrui aos israelitas sobre como lidar com o corpo morto de uma pessoa que tenha cometido um delito capital e foi executada.

Tendo acabado de tratar sobre a questão da pena capital para filhos indisciplinados (21:18-21), Moisés agora explica o que deveria ser feito quando um homem cometesse um pecado digno de morte, e fosse morto, e o enforcasse em uma árvore (v.22). Pendurar alguém em uma árvore significa fixar o cadáver em um poste ou em uma estaca cravada no chão. Essa prática era amplamente utilizada tanto em Israel quanto em outras antigas nações do Oriente Próximo como forma de executar criminosos (Josué 8:23;  Ester 2:23; 5:14) ou como forma de envergonhar alguém que já estava morto (Gênesis 40:19; 2 Samuel 4:12). Em ambos os casos, a vergonha lembrava aos outros das consequências de se infringir a lei, agindo como um dissuasor para potenciais crimes futuros.

Neste contexto, Moisés coloca o ato de pendurar o cadáver na árvore após o ato de matar o indivíduo. Vale dizer que Moisés não proibe a prática de enforcar criminosos em árvores, uma vez que a prática era bem conhecida entre os israelitas. Ele simplesmente impõe certas limitações à prática, visando garantir que os israelitas o fizessem de uma maneira que agradasse ao seu Senhor Susserano (Governante) e honrasse a santidade da vida humana.

Moisés estabelece tal limitação dizendo: Seu cadáver não ficará pendurado a noite toda na árvore (v.23). Em vez disso, eles deveriam enterrá-lo no mesmo dia. Isso provavelmente impediria que o corpo fosse comido por pássaros ou animais. Além disso, o SENHOR provavelmente não queria que a Terra Prometida fosse associada à morte, ou que encorajasse o povo a ser obcecado pela morte (como os egípcios eram). Se alguém obedecesse ao pacto, haveria vida, mas a quebra do pacto pelo cometimento de um crime digno de morte resultaria em morte.

Um exemplo disso foi quando Josué, sucessor de Moisés, conquistou Ai. Lá, "enforcou o rei de Ai em uma árvore até a noite; e ao pôr-do-sol Josué deu ordem e tiraram o seu corpo da árvore e o jogaram na entrada da porta da cidade, e levantaram sobre ela um grande amontoado de pedras" (Josué 8:29).

A justificativa para essa lei foi porque aquele que é enforcado é amaldiçoado por Deus. Entendemos que o indivíduo pendurado numa árvore estava sob a maldição de Deus por ter quebrado a aliança. Esta provisão tem uma aplicação profética, na medida em que retratava Jesus sendo pendurado em uma cruz por nossos pecados (Colossenses 2:14;  Gálatas 3:13).

Eles deviam enterrar o criminoso morto antes do pôr do sol para que não contaminasse sua terra que o Senhor, seu Deus, lhe dá como herança. O verbo traduzido aqui como “contaminar” (hebraico "ṭāmē'") significa "tornar-se imundo". Não é explicado como a maldição sobre o criminoso executado se aplicaria à Terra Prometida, mas o Senhor afirma que isso ocorreria.

Neste caso, contaminar a terra seria torná-la impura, permitindo que o cadáver permanecesse nela. Em um sentido literal, o cadáver do criminoso poderia contaminar a terra se fosse deixado pendurado na árvore, porque as partes do corpo em decomposição acabariam sendo comidas e espalhadas por pássaros e animais. Simbolicamente, a Terra Prometida deveria ser vista como um presente do Senhor Susserano aos israelitas e deixar um cadáver visível por muito tempo era desnecessário e manchava a Terra e, talvez, a sociedade dos israelitas. Deus queria que eles vivessem em harmonia uns com os outros, que se concentrassem em amar uns aos outros e andar em comunhão com Ele, sem encher suas comunidades de carne podre. O morto deveria ficar pendurado por um tempo. Após a lição ser aprendida, a vida deveria ser retomada e o morto deveria ser enterrado adequadamente.

Paulo cita o versículo 23 em Gálatas 3:13 ao falar do que Jesus Cristo fez por nós na cruz. Ele foi crucificado "em uma árvore" (uma referência poética à cruz feita de madeira) e, assim, tornou-se uma "maldição para nós" para que não ficássemos sob a maldição de Deus por causa de nosso pecado. Pode ser que essa provisão tivesse uma aplicação profética, já que Jesus foi retirado da cruz no mesmo dia em que foi crucificado e enterrado antes do anoitecer (Mateus 27:45, 57).

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