AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Deuteronômio 29:16-21
Em Deuteronômio 29:2-8, Moisés lembra aos israelitas o que eles haviam testemunhado com seus próprios olhos em relação ao SENHOR. Eles viram o SENHOR realizar milagres (as pragas), forçando o Egito a libertá-los da escravidão. Eles haviam visto o Senhor usar outros grandes sinais e maravilhas para protegê-los e prover para eles durante sua jornada de 40 anos até a Terra Prometida. Ele também lhes havia dado vitória sobre seus inimigos e sobre a terra desses inimigos.
Depois de exortar a todos os israelitas a obedecer a aliança na seção anterior (Deuteronômio 29:9-15), Moisés usa a história para lembrar a geração atual de israelitas do poder de Deus e da libertação que eles haviam experimentado ao confrontar os vários povos que habitavam a terra ao longo do caminho para a Terra Prometida.
Ele começa contando sobre como o povo vivia na terra do Egito e como eles passaram por entre as nações durante a jornada (v. 16). Durante a jornada de Israel do Egito às planícies de Moabe, eles encontraram várias nações pagãs e ocasionalmente misturaram a religião israelita com a dessas nações. Um exemplo claro disso foi o envolvimento de Israel em pecado sexual e na adoração de ídolos com as mulheres de Moabe (Números 25:1-9; Deuteronômio 4:1-4). Isso foi uma clara violação do primeiro mandamento (Deuteronômio 5:7).
Moisés continua a lembrar os israelitas de que eles também viram as abominações e os ídolos de madeira, pedra, prata e ouro que eles tinham consigo (v. 17). Eles viram essas coisas entre as nações estrangeiras, mas não deveriam se distrair com elas. O termo “abominação” (hebraico "shiqqūṣ") refere-se a algo detestável ou considerado abominável aos olhos de Deus (Deuteronômio 7:25). O segundo mandamento (Deuteronômio 5:7-8) proibia o povo de Deus de fazer ou adorar a tais objetos porque tais objetos eram "obra das mãos dos homens, madeira e pedra, que não veem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram" (Deuteronômio 4:28).
Tanto a primeira aliança de Deus, feita com Israel no Horebe (Sinai), quanto esta aliança adicional, eram baseadas no princípio do Estado de Direito, na idéia de que era Deus quem estabelecia as regras. Deus havia estabelecido a relação de causa e efeito e as consequências viriam, independentemente das tolices que os seres humanos possam buscar.
Essas lições da história foram projetadas como advertência ao povo: Para que não haja entre vocês um homem ou mulher, uma família ou tribo, cujo coração se afaste hoje do SENHOR nosso Deus (v. 18). Nenhum indivíduo (homem ou mulher) ou grupo (família ou tribo) deveria desviar seus corações (a essência do ser) da adoração ao SENHOR e somente a Ele. Além disso, ninguém deveria servir aos deuses daquelas nações que encontravam. Desviar o coração do SENHOR para servir a deuses pagãos era uma clara violação da aliança com o SENHOR.
Deus havia escolhido a Israel para ser Seu povo porque Ele os amava (Deuteronômio 4:7; 7:7). Porém, a aliança de Deus com Israel permitia que eles escolhessem por si mesmos se seguiriam aos caminhos claramente articulados por Deus, recebendo Suas bênçãos, ou se seguiriam a seus próprios desejos, recebendo maldições. Assim, essa aliança adicional, que se somava à primeira, também aplicava o princípio do consentimento dos governados. As pessoas decidiriam por si mesmas, com as consequências claramente estabelecidas com base em suas escolhas. Aqui, Deus os admoesta a escolher sabiamente.
O Deus Susserano (Governante) não possui rivais. Ele é Deus no céu acima e na terra abaixo, e não há outros deuses (Deuteronômio 4:39). Os outros deuses que os israelitas encontravam eram meros ídolos, feitos pelas mãos dos homens (Deuteronômio 4:28). Eles não eram reais, eram basicamente uma desculpa para seguirem aos seus próprios desejos (Tiago 1:13-14).
Por isso, como povo da aliança de Deus, os israelitas precisavam viver em perfeita obediência ao verdadeiro Deus para que não houvesse entre eles uma raiz que produzisse frutos venenosos e fel. A palavra “raiz” provavelmente se refira à idolatria que cercava os israelitas, que haviam vivido em uma cultura pagã (Egito) por mais de quatrocentos anos. Ao longo do caminho do Egito à Terra Prometida, eles foram expostos à idolatria de várias formas e o fato de terem sido afetados por isso pode ser visto no episódio do bezerro de ouro (Êxodo 32).
O fruto venenoso provavelmente se refira aos efeitos tóxicos de tolerarem a idolatria dentro da comunidade. Isso resultaria em sua propagação para outras pessoas, levando-as a se afastar de Deus e a servir a deuses impotentes, contribuindo para espalharem o mal da idolatria no meio da comunidade.
Porém, este fruto seria o fel (hebraico "la'ănâ"), uma planta que produzia um óleo muito amargo. Em alguns versículos, o termo é usado em paralelo com veneno (Amós 6:12), às vezes resultando em morte (Apocalipse 8:11). Cada pessoa tinha permissão para escolher o que beber, por assim dizer. No entanto, Deus adverte Israel de que, se bebessem o veneno da idolatria, sofreriam graves consequências. Esse antigo paganismo era basicamente uma desculpa para que os fortes explorassem aos fracos e uma justificativa moral para seguir a seus desejos baixos. É evidente que uma sociedade de exploração será dramaticamente inferior a uma sociedade baseada no amor ao próximo como a si mesmo, que era a ênfase principal da aliança de Deus (Levítico 19:18).
Moisés prossegue explicando as maldições que recairiam sobre qualquer idólatra rebelde em Israel. Ele diz: Ouvindo as palavras desta maldição, se abençoe em seu coração, dizendo: Terei paz, ainda que eu ande na obstinação do meu coração, para destruir o abeberado com o sequioso (v. 19). Alguém que vivesse uma vida idólatra poderia estar propenso a acreditar que não seria atingido pelas maldições descritas na aliança.
Apesar de seu estilo de vida idólatra, essa pessoa poderia pensar estar sendo abençoada. No entanto, um estilo de vida tão perverso poderia potencialmente infectar a toda a congregação de Israel, destruindo a terra regada junto com a seca (ou “o inocente com o culpado”). A atitude central dessa pessoa de espírito rebelde era caminhar na obstinação de seu coração. A idéia era: "Eu decidirei o que é certo e melhor e não ouvirei a Deus". Essa pessoa ignorava as instruções de Deus sobre o que realmente funcionava e o que não funcionava ao buscar seus próprios caminhos independentes.
Por esse motivo, Moisés explica que o SENHOR nunca estaria disposto a perdoar uma pessoa tão perversa (v. 20). A frase “nunca estaria disposto” é intensa no texto hebraico, enfatizando o quão abominável era o pecado da idolatria para o SENHOR. Isso indicava que quando alguém adotasse essa atitude, Deus permitiria que as consequências fossem desencadeadas. Ele não iria segurá-las. Isso é semelhante à descrição do apóstolo Paulo de como a ira de Deus se derrama sobre aqueles que O ignoram e seguem a seus próprios desejos; Deus os entrega progressivamente a si próprios. Eles se tornam viciados e, eventualmente, não conseguem pensar com clareza (Romanos 1:24,, 2628).
Deus não permitiria que tal pecado fosse amenizado ouo tivesse seu impacto negativo reduzido. Pelo contrário, a ira do SENHOR e o Seu zelo arderão contra essa pessoa, e todas as maldições escritas neste livro recairão sobre ela. Todas as consequências do pecado que Deus havia estabelecido em Sua aliança se abateriam sobre a pessoa. Isso deixa claro que este resultado é certo.
Além disso, Deus apagaria o nome do idólatra de debaixo dos céus. A expressão “apagar” (hebraico “māḥâ”) significa "eliminar" ou "deletar" completamente o nome de uma pessoa. Neste contexto, é provavelmente uma expressão figurativa que significa não deixar nenhum vestígio oral ou escrito do nome da pessoa na terra. Isso deixaria a pessoa sem descendentes e sem memoriais. Isso incluiria a morte física.
Era isso o que o SENHOR pretendia fazer com qualquer israelita que caísse na idolatria depois de ouvir e concordar em seguir fielmente a todas as palavras da aliança. Embora o Deus Susserano (Governante) fosse gracioso e compassivo, Ele de forma alguma deixaria o culpado sem punição (Êxodo 34:6-7). Deus estava lidando aqui com a desobediência intencional, um pecado deliberado. Deus, de forma frequente e contínua, perdoa aos pecados involuntários (1 João 1:7). Porém, Deus lida severamente com a desobediência intencional (Mateus 6:14; 1 João 1:9; Hebreus 10:26-27).
Moisés conclui esta seção dizendo: Jeová o separará de todas as tribos de Israel, para mal (hebraico “rā’â,” “mal”, “miséria”) (v. 21). Parece que aqui Deus promete julgar severamente aos rebeldes, a fim de proteger Seu povo do veneno que eles representam. Ele promete removê-los rapidamente. Parece que Deus segue esse mesmo princípio ao inaugurar a igreja primitiva, fazendo Ananias e Safira perecer ao mentirem para o Espírito Santo (Atos 5:1-11).
O Deus Susserano (Governante) iria identificar aos transgressores e julgá-los de acordo com todas as maldições da aliança escritas neste livro da lei. O julgamento de Deus sempre seria justo e correto, pois Ele havia dado Suas leis de aliança ao Seu povo da aliança para o seu bem (Deuteronômio 10:13). Ele lhes tinha dado esses mandamentos para que pudessem andar de maneira autogovernada, amando ao próximo como a si mesmos e alcançando as grandes bênçãos que acompanham a este modo de vida. Eles haviam concordado em seguir à aliança. Nesta seção, Deus promete julgar aos rebeldes para que não envenenassem a toda a nação. Mais tarde, Deus deixará claro que, quando a rebelião se torna suficientemente difundida, as maldições/consequências negativas se aplicarão a toda a nação.