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Significado de Deuteronômio 31:24-29

Após escrever a lei da aliança do Senhor, Moisés ordena aos levitas que coloquem os rolos da lei ao lado da arca da aliança, para que sirva como testemunha contra Israel na presença do Senhor, caso eles caíssem na idolatria.

O texto, agora, se volta ao que precisava ser feito com os rolos contendo a lei da aliança que Moisés havia escrito. Isso aconteceu tendo Moisés acabado de escrever as palavras desta lei num livro (v. 24). Conforme mencionado anteriormente, o termo “lei” aqui provavelmente se refira a todo o livro de Deuteronômio, possivelmente até mesmo aos primeiros cinco livros da Bíblia. A palavra “livro” provavelmente se refira a um tipo de manuscrito feito de folhas de pele de animal ou papiro.

É improvável que os hebreus tenham sido educados quanto ao registro de seus escritos enquanto viviam no Egito como escravos. No entanto, parece evidente que pelo menos os sacerdotes eram letrados. É razoável presumir que essa transição tenha ocorrido depois de Moisés. Moisés havia sido criado na casa de um nobre egípcio e foi educado a ler e escrever (Êxodo 2:5-10). Pode ser que, durante o tempo de peregrinação no deserto, Israel tenha adquirido a habilidade da escrita.

Os comandos de Moisés foram dados aos levitas que carregavam a arca da aliança do SENHOR (v. 25). A arca era uma caixa que continha as duas tábuas da aliança nas quais estavam escritos os Dez Mandamentos (Deuteronômio 4:13; 10:8). Os levitas (a tribo sacerdotal) - especificamente a família de Coate (Números 4:4, 15; 7:9) - eram os designados para mantê-la e carregá-la sempre que os israelitas viajassem, ou para algum outro propósito (Deuteronômio 10:8; Números 1:50ff; Josué 3:13).

Por isso, Moisés ordena-lhes: Tomai este livro da lei e ponde-o ao lado da arca da Aliança de Jeová, vosso Deus (v. 26). O livro não foi colocado dentro da arca, pois nela estavam as duas tábuas com os Dez Mandamentos (Êxodo 25:16). Ele foi colocado ao lado dela, onde ficaria junto à arca no Santo dos Santos, lugar em que o Senhor habitava entre o Seu povo (Êxodo 25:8).

Moisés diz ao povo que o livro deveria ser colocado na presença do Senhor para que ali esteja por testemunha contra ti. Israel havia concordado em seguir às provisões da aliança de Deus com eles, a fim de receberem Suas bênçãos (Êxodo 19:7-8). No versículo 19, o cântico de Moisés era uma testemunha contra os israelitas quando eles se desviassem de sua fé no Senhor. Aqui, uma segunda testemunha é fornecida na forma de um rolo contendo as palavras da aliança (Números 35:30; Deuteronômio 17:6; 19:15). Deus estava estabelecendo lembretes para que as escolhas de Israel fossem deliberadas, seja para obedecer e seguir aos caminhos de Deus, ou para abandoná-los em troca dos caminhos pagãos de seus vizinhos.

Moisés estava bem ciente da tendência do povo para a desobediência (veja Êxodo 32-33) e lhes diz que ele conhecia a rebelião e a teimosia deles (v. 27). Os seres humanos são propensos a buscar o que é melhor para si mesmos, em vez de amar aos outros. Também são propensos a seguir a seus próprios caminhos, em vez de se submeterem a alguém que lhes diga algo que não querem ouvir.

As duas palavras “rebelião” e “teimosia” forma uma endíase (uso de duas palavras para transmitir um conceito), significando "rebeldia teimosa". O termo “rebelião” (hebraico "merî") enfatiza a desobediência aberta de Israel à autoridade de Moisés. Eles se recusavam a se submeter às ordens estabelecidas pelo SENHOR através de Moisés. Essas ordens, que podem ser resumidas no comando de amar ao próximo como a si mesmos, foram dadas para seu próprio bem. Uma comunidade que se ama mutuamente será produtiva, agradável e solidária. Porém, isso requer que cada pessoa aceite a responsabilidade de cuidar dos outros. O termo “teimosia” (hebraico "'ōrep ha qāsheh") significa, literalmente, "pescoço duro" ou "rigidez de pescoço". Descreve um estado de espírito que se recusa a aceitar correção e disciplina. Indica alguém determinado a seguir a seus próprios caminhos, o que geralmente resulta em comportamentos exploratórios.

Como os bois que não seguem o caminho desejado por seu dono, a palavra descreve alguém que segue a seu próprio caminho, em vez do caminho do SENHOR. Isso sugere a falta de vontade de Israel em obedecer a seu Deus Susserano (Governante). A palavra “teimosia” é usada pela primeira vez no Antigo Testamento para descrever a Israel no contexto do episódio do bezerro de ouro, quando eles pedem a Arão para criar um novo deus enquanto Moisés estava no monte recebendo os Dez Mandamentos do verdadeiro Deus (Êxodo 32:9; 33:3, 5; 34:9). Tal comportamento rebelde e teimoso quase os levou à completa destruição, caso Moisés não tivesse suplicado a Deus em favor deles (Êxodo 32:11-14).

Moisés aponta: Ainda vivendo eu hoje convosco, tendes sido teimosos contra Jeová. Moisés estava correto em indicar que tal comportamento continuaria depois de sua morte.

Por essa razão, antes de morrer, Moisés ordena aos levitas que reunissem diante dele a todos os anciãos das tribos e os oficiais (v. 28), para que falasse estas palavras aos seus ouvidos e chamasse por testemunhas contra eles o céu e a terra. Como os anciãos das tribos e os oficiais eram líderes que trabalhavam ao lado de Moisés (Deuteronômio 1), era necessário que eles ouvissem às palavras da lei para aprendê-la.

Assim, Moisés convoca aos líderes para ouvir o documento da aliança e garantir que entendessem a todas as estipulações contidas nele. Ao fazer isso, Moisés proporciona a Israel uma educação completa sobre o que era do seu interesse, sem deixar espaço para qualquer confusão. O povo de Deus não poderia dizer que não conhecia Sua lei quando a desobedecesse. Portanto, se seguissem seus próprios caminhos, cedendo a seus desejos em vez de servirem uns aos outros, o julgamento de Deus seria justificado e os céus e a terra testificariam contra eles.

Assim como o Deus Susserano (Governante) (v. 16), Moisés sabia que após a minha morte, os israelitas continuariam agindo de forma corrupta e se desviariam do caminho que ele lhes tinha ordenado (v. 29). Moisés também sabia que o SENHOR não deixaria o Seu povo da aliança sem disciplina. Deus disciplina àqueles a quem ama (Hebreus 12:6; Apocalipse 3:19).

Diante da certeza de que eles quebrariam Sua aliança no futuro, Ele lhes diz: A calamidade vos sobrevirá nos últimos dias, porque fareis o mal à vista de Jeová, para o irritardes pelas obras das vossas mãos. Os atos de desobediência do povo causariam a ira do SENHOR e Ele os puniria pelo mal que fariam. Isso estava estipulado na aliança: Deus entregaria Israel a seus opressores quando eles mesmos se tornassem opressores (Deuteronômio 28:25-35).

Os israelitas recebem um aviso justo: se violassem à aliança de Deus no futuro, sofreriam as consequências porque Deus é justo. Em seguida, eles receberiam uma canção, visando lembrá-los da realidade de que suas bênçãos dependeriam de suas escolhas. Ao entrarem na terra, eles deveriam conduzir uma cerimônia em duas montanhas com o objetivo de enfatizar ainda mais a lição (Deuteronômio 27:11-12). Eles haviam recebido a lei, a qual devem aprender e repetir o dia todo, todos os dias (Deuteronômio 6:4-9). Ela deveria ser lida publicamente na comunidade a cada sete anos (Deuteronômio 31:10). Deus usa a repetição em vários momento para fazer trazer uma lição importante: "Suas escolhas terão consequências."

Deus havia dado Sua lei ao Seu povo escolhido e os havia convidado a escolher os caminhos que levam à vida (Deuteronômio 30:19). Se eles escolhessem viver em obediência, seriam abençoados. Se escolhessem viver em rebeldia, seriam amaldiçoados e sofreriam consequências graves e devastadoras. Em ambos os casos, entretanto, eles continuariam a ser o Seu povo e sempre habitariam em Seu amor. Este é o padrão pelo qual Deus sempre opera em toda a Escritura. Deus aceita as pessoas em aliança com Ele por meio de Seu amor, através da fé (João 3:14-16). A seguir, Deus fornece diretrizes claras para o nosso bem, juntamente com a provisão para seguirmos os caminhos da vida. No Novo Testamento, os crentes recebem o Espírito para guiá-los nos caminhos da vida (Gálatas 5:16).

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