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Significado de Deuteronômio 32:10-14

Moisés conta algumas das obras do Deus Susserano (Governante) a Seus vassalos (servos), Israel. Deus havia servido a Seu povo muitas vezes infiel como pastor, protetor e pai. Os israelitas tinham todos os motivos para confiar e obedecer a seu Pai espiritual, porque Ele sempre foi fiel a eles.

Moisés continua a apresentar o Cântico de Moisés a ser cantado por Israel, como forma de levá-los a se lembrar de sua aliança com Deus. Isso ocorre pouco antes de sua morte e do momento em que Josué passará a conduzir o povo pelo Jordão em direção à Terra Prometida.

Nesta seção, Moisés lembra aos israelitas de como o Deus Susserano (Governante) havia suprido para eles num passado recente. Moisés diz que Deus o encontrou em uma terra deserta e no uivo de um deserto (v. 10). O pronome “o” nesta seção refere-se a Jacó no v. 9, que por sua vez representa a nação de Israel. Jacó foi rebatizado de Israel e a nação leva este novo nome dado por Deus (Gênesis 32:28).

Alguns pensam acreditam que a terra desértica e o deserto se referem ao Egito, por causa de sua condição de escravidão. Outros crêem que poder referir-se à peregrinação durante o êxodo do Egito, ou seja, ao ambiente físico pelo qual passaram. Ambos descrevem algo desolador. Foi num lugar de desolação espiritual que Deus encontrou-Se com Seu povo, um lugar de desolação física onde Ele os transformou em uma nação.

O verbo “encontrar” sugere que Jacó ou Israel foi perdido e abandonado como uma criança exposta na natureza (Gênesis 21:16-17). Quando lemos que o Deus Susserano os encontrou, isso refere-se à sua condição de desamparo no momento em que Deus se envolve com a nação. Quando estavam no Egito, eram escravos, sob completo domínio dos egípcios. Em Ezequiel 16, Deus descreve a Israel como sendo como um recém-nascido que havia sido abandonado aos elementos para morrer quando Ele os resgata (Ezequiel 16:4-6).

Depois que o Deus Susserano encontrou a Jacó, Ele o cercou, Ele cuidou dele, Ele o guardou como a pupila de Seus olhos. Isso significa que Deus cercou aos israelitas com grande proteção e cuidou deles com atenção no deserto. O tipo de cuidado que Israel recebeu era precioso, porque o Deus Susserano (Governante) os guardava como as pupilas de Seus olhos. A pupila dos olhos representam a parte mais sensível do corpo humano. Assim, Moisés diz a Israel que o Deus Susserano lhes havia prestado ajuda instantânea porque eles eram preciosos, tão preciosos quanto os olhos são para um ser humano. Como Pai de Israel, o SENHOR havia feito grandes coisas por Israel para garantir que eles estivessem seguros.

Continuando a descrição do Deus Susserano como Pai de Israel, Moisés compara o cuidado protetor do Senhor como uma águia que agita seu ninho, que paira sobre seus filhotes (v. 11). Além disso, Ele abriu Suas asas e as pegou, Ele as carregou em Seus pinhões. A águia é uma ave poderosa, com uma envergadura de asas de até sete metros e meio. Ele caça bem alto nos ares e desce sobre suas presas em grande velocidade. No mundo antigo, a águia era conhecida por sua visão aguçada, poder, bico afiado e garras (Deuteronômio 14:12). A águia não apenas protegia a seus filhotes de ferimentos e perigos, como suas capacidades de caça também lhes fornecia alimento.

Assim, como uma águia movendo-se suavemente sobre seus filhotes, treinando-os e apoiando-os para certificarem-se de que eram capazes de voar, o Deus Susserano (Governante) protegeu a Jacó (Israel) durante sua jornada pelo deserto (Salmo 36:8). Ele os treinou e apoiou para garantir que pudessem atravessar o deserto em segurança.

O Senhor o guiou (Jacó/Israel) (v. 12) pelo deserto até a Terra Prometida. O tempo do verbo “guiar” no hebraico indica que a liderança do SENHOR havia sido contínua durante aquele período. Não houve ajuda de nenhum deus estrangeiro quando Ele resgatou a Israel (Jacó) das mãos do Faraó para conduzi-lo através do deserto, uma terra cheia de serpentes ardentes e escorpiões (Deuteronômio 8:15-16).

Embora a caminhada no deserto tenha sido difícil e perigosa, o Deus Susserano (Governante) conduziu a Jacó com sucesso e agora o cenário muda para um tempo futuro, quando Israel habitará no lado leste do rio Jordão. Lá, Deus o fez cavalgar nos lugares altos da terra (v. 13), o que significa que o SENHOR fez com que os israelitas desfrutassem da prosperidade da Terra Prometida. Deus, aqui, fala no futuro no pretérito, indicando a certeza com que tudo se cumpriria. Isso deveria encorajar o povo que ouvia o Cântico de Moisés, pois eles ainda estavam no lado oeste do Jordão, se preparando para atravessar. Para as gerações futuras, esta estrofe do Cântico de Moisés refletiria, de fato, seu passado.

Jacó comeu os produtos do campo. A terra era fértil e capaz de produzir muitos frutos. O SENHOR fez com que os israelitas fossem alimentados por ela. Além disso, Deus fez sair mel da rocha. As abelhas em Canaã muitas vezes construíam suas colmeias entre as rochas. O verbo “sair” traz a idéia de uma mulher amamentando a seu bebê. Aqui, na canção, o verbo é usado para mostrar como Deus alimentou a Israel e lhes daria abundância na Terra Prometida. O Deus Susserano também forneceu óleo da rocha para Israel. A expressão “rocha” é usada para descrever a pedra na qual Moisés bateu, da qual saiu água (Deuteronômio 8:15) Como o contexto se refere à recompensa, talvez isso se refira às oliveiras (que produzem azeite) crescendo a partir de uma terra rochosa, ou seja, grande parte do território de Israel. Ou talvez as jazidas naturais de petróleo já presentes naquela época.

Ele também alimentou a Israel com coalhada de vacas e leite do rebanho (v. 14). Na Bíblia, a palavra “coalhada” aparece frequentemente combinada com o leite, como foi o caso dos três convidados que visitaram a Abraão e Sara nos carvalhos de Mamre (Gn 18:8; ver também Juízes 5:25). Pode referir-se ao iogurte (preparado pela agitação do leite fresco) ou possivelmente a manteiga. Os plurais “vacas e rebanhos” indicam grandes rebanhos, implicando chuva abundante que produzia capim para o gado.

Deus também havia fornecido a Israel o melhor gado - com gordura de cordeiros e carneiros, a raça de Basã e cabras. Além disso, Ele supriu o povo com o melhor do trigo, para que fizessem pão de alta qualidade. A palavra “gordura” indica que Jacó (Israel) tinha as melhores coisas para comer, já que seu gado era bem alimentado. A raça de Basã (literalmente "filhos de Basã") é uma expressão que aponta para Basã, o distrito montanhoso do norte localizado a leste do rio Jordão. Basã era uma rica e fértil terra de pastagem localizada no que hoje são as Colinas de Golã, a leste do Mar da Galiléia.

Finalmente, Moisés diz a  Israel que do sangue das uvas bebeste vinho, o que significa que Israel tomava suco (sangue) e vinho das uvas que cresciam nas muitas vinhas da Terra Prometida.

Moisés acumula esses substantivos para enfatizar a prosperidade e abundância que o Deus Susserano (Governante) havia providenciado a Jacó ou Israel. No momento em que o Cântico de Moisés era escrito e entregue a Israel, tudo isso estava no futuro. Os acontecimentos são anunciados no pretérito para mostrar a certeza com que se realizariam. As gerações futuras cantariam a canção e seriam lembradas de sua história.

Moisés lembra a Israel do cuidado gracioso e da proteção de Deus por eles durante sua difícil jornada no deserto até chegar à borda da Terra Prometida. Logo Moisés morreria e Josué os conduziria pelo Rio Jordão para a Terra Prometida. Deus havia suprido a todas as suas necessidades. Eles haviam tido maná para comer, uma provisão milagrosa de Deus. Suas roupas não se desgastaram. Deus até mesmo impediu que seus pés se inchassem (Deuteronômio 8:1-5).

Esse Deus, o Libertador, Provedor e Protetor de Seu povo, era digno da lealdade de Seu povo de aliança. Ele era digno de confiança pois tinha o benefício deles em mente. Seus mandamentos de aliança foram dados para seu bem. Com base nessas bênçãos, Moisés adverte Israel a ser leal para com Deus e seguir Seus caminhos.

Portanto, Moisés usa a experiência do deserto para destacar um contraste entre a posição precária de Israel e o cuidado amoroso de Deus. O contraste era entre a pobreza de Israel no deserto e as bênçãos e a prosperidade futuras que os aguardavam na Terra Prometida.

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