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Significado de Deuteronômio 5:1-5

Moisés exorta os israelitas a obedecerem aos mandamentos de Deus, lembrando-os da manifestação de Deus no Monte Horebe (Sinai), onde Ele havia estabelecido um relacionamento de aliança com eles visando torná-los uma nação sacerdotal, caso andassem em obediência.

Tendo relatado as experiências passadas de Israel do Monte Sinai até as planícies de Moabe (1:1 - 3:29) e tendo-os ensinado a obedecer às leis de Deus caso quisessem permanecer em Canaã e ser abençoados (capítulo 4), Moisés agora exorta os israelitas a obedecer aos mandamentos de Deus, lembrando-os da manifestação de Deus no Monte Horebe (Sinai), onde Ele havia estabelecido um relacionamento de aliança com eles. Ao fazê-lo, Moisés convocou todo o Israel e disse-lhes: "Ouvi, ó Israel, os estatutos e as ordenanças de que falo hoje em tua audiência".  O verbo "ouvir" (Shemá) descreve tanto a atividade mental da audição (ouvir) quanto seus efeitos. Em outras palavras, ouvir é sempre seguido de obedecer ao que foi dito. A Bíblia equipara o ouvir com o obedecer e guardar os mandamentos de Deus. Como diz Tiago: "Provai-vos fazedores da palavra, e não meros ouvintes que se iludem" (Tg 1:22).

Moisés exorta os israelitas a obedecer aos estatutos e às ordenanças que ele estava apregoando a sua audiência. As palavras "estatutos" e "ordenanças" são usadas para descrever os mandamentos de Deus (como em 4:1). No entanto, cada um tem um significado distinto. O termo "estatutos" ("ḥuqqîm" em hebraico) refere-se a algo prescrito por uma autoridade. Como tal, pode ser traduzido como "prescrições" ou "decretos". O segundo termo ("mišpāṭîm") refere-se a procedimentos legais, ou ordens emitidas por um juiz. Moisés fa uso desses dois termos juntos para enfatizar a totalidade da autoridade de Deus e a importância de obedecer a todo o decreto de Deus. Tal ênfase é explicitada na próxima declaração: "Para que possais aprendê-las e observá-las cuidadosamente".

No versículo dois, Moisés identifica os estatutos e as ordenanças que tinha em mente como a aliança original dada no Horebe (Monte Sinai). Ele afirma: "O Senhor, nosso Deus, fez uma aliança conosco em Horebe". Assim, o que Moisés estava prestes a dizer aos israelitas não era algo novo. Pelo contrário, era uma reafirmação para aquela geração sobre o que Deus já havia acordado com Seu povo. Além disso, a palavra "aliança" aqui não se refere apenas aos Dez Mandamentos, mas ao relacionamento que o SENHOR havia estabelecido com Seu povo no Monte Horebe (Êxodo 19-20). Os patriarcas tinham um relacionamento com Deus e recebiam promessas de Deus. Porém, aqui, vemos algo que vai além do relacionamento que Deus tinha com eles. Moisés diz: "O SENHOR não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco, com todos aqueles de nós vivos aqui hoje".

Em Gênesis 17, Deus havia feito uma aliança mútua com Abraão para abençoá-lo e multiplicá-lo, caso ele andasse de forma irrepreensível (Gênesis 17:1). O pacto mosaico feito em Horebe seguia a mesma estrutura mútua, onde cada parte tinha obrigações. Porém, a aliança mosaica trazia uma promessa específica de bênção. Ele explicitava como andar de forma "irrepreensível". O episódio ao qual Moisés se refere está registrado em Êxodo 19:5-6. Lá, Deus diz a Moisés que fizesse esta oferta ao povo:

"Agora, pois, se de fato obedecerdes à Minha voz e guardardes a Minha aliança, então sereis Minha posse entre todos os povos, pois toda a terra é Meu; e sereis para Mim reino de sacerdotes e nação santa".

Embora as promessas anteriores feitas aos pais de Israel passassem para o povo, esta era uma nova oferta. Deus estava garantindo que, caso eles andassem em obediência às Suas leis específicas, não explicitadas anteriormente, Ele faria com que Israel servisse a outras nações em uma função sacerdotal. A seus pais havia sido prometido que seus descendentes se tornariam uma nação. Agora, a aliança estava sendo feita com toda a nação.

A nação de Israel intercederia em favor de outras nações, servindo-lhes na função de sacerdotes. Israel demonstraria a outras nações como serem abençoadas por Deus, servindo de exemplo de uma vida construtiva. Jesus disse que a Lei poderia ser resumida em duas declarações: amar a Deus e amar ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22:37-40). Ao seguir as leis de Deus, Israel demonstraria o benefício construtivo de se viver sob o império desta lei, em vez do poder de um tirano humano. Esta é a essência do amor a Deus. Israel também demonstraria o poder da cooperação mútua, sendo uma nação de pessoas que amariam ao seu próximo como a si mesmos.

Esta proposta não foi feita aos pais. Foi uma aliança feita "conosco, com todos nós vivos aqui hoje". Além disso, era um acordo mútuo que eles haviam "assinado", dizendo em resposta à proposição de Moisés em Êxodo 19:7-8:

"Então, Moisés veio e chamou os anciãos do povo, e pôs diante deles todas estas palavras que o Senhor lhe ordenara. Todo o povo respondeu junto e disse: 'Tudo o que o SENHOR falou nós faremos!' E Moisés trouxe de volta as palavras do povo ao Senhor."

Deus havia feito tal aliança trinta e oito anos antes e, sem dúvida, havia pessoas que agora ouviam a Moisés que não haviam expressado sua concordância com a aliança mútua de Êxodo 19. No entanto, o acordo com a nação ainda estava em vigor. A ênfase de Moisés estava na nação de Israel como um todo orgânico, não em indivíduos ou numa única geração. O "acordo" era que a nação andasse em obediência à lei e, por sua vez, se tornasse uma bênção para outras nações por meio do serviço numa função sacerdotal e intercessora.

Moisés, então, lembra o povo da manifestação de Deus em Horebe. Ele diz: "O SENHOR falou-vos face a face no monte do meio do fogo". A expressão "face a face" não implica que os israelitas viram Deus em uma forma física, porque Deus é espírito (Deuteronômio 4:12, 15, 33; João 1:18). Em vez disso, significa que Deus falou sem intermediação. Isso ocorreu logo após a "assinatura" do acordo mútuo. Deus fez com que Moisés estabelecesse limites para evitar que as pessoas se aproximassem demais de Sua presença, e "Moisés tirou o povo do acampamento para encontrar-se Deus" (Êxodo 19:17).

O povo viu os relâmpagos e ouviu os trovões, e "então Deus pronunciou todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da escravidão" (Êxodo 20:1-2). Deus, então, deu a Moisés os Dez Mandamentos. Este foi o "novo acordo" de Deus para aquela geração. Em Deuteronômio, Moisés lembra ao povo desse acordo. Era um alento, porque eles ainda não haviam entrado na terra. A terra ainda estava por ser conquistada. Ao reiterar a promessa de que Deus os tornaria uma nação sacerdotal caso andassem em obediência, Moisés garante a Israel que sua campanha militar para tomar a terra teria sucesso, caso continuassem a andar em obediência.

Os israelitas "não viram forma - apenas uma voz" quando Deus lhes falou "do meio do fogo" (Deuteronômio 4:12). Assim, os israelitas ouviram a voz de Deus do meio do fogo. No entanto, como os israelitas tiveram medo quando viram o fogo ardente, pediram a Moisés que agisse como seu mediador, para que ele relatasse a eles o que o SENHOR estava dizendo (Êxodo 19:16-17). Moisés declara: "Enquanto eu estava entre o SENHOR e você naquele tempo, para declarar-lhe a palavra do SENHOR; porque tivestes medo por causa do fogo e não subiste a montanha". É a palavra do SENHOR (os Dez Mandamentos), recebida no Monte Horebe (Sinai), que Moisés irá repetir à nova geração de israelitas nos versículos seguintes (vv.6-21).

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