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Significado de Deuteronômio 6:10-15
Após a introdução no versículo 10 (“Então acontecerá”), Moisés abre esta seção com a conjunção "quando" (“ki”, em hebraico), olhando para as circunstâncias futuras de Israel. Esta admoestação tem o objetivo de prepará-los para viver bem na Terra Prometida, quando sua necessidade de Deus não fosse tão aparente como havia sido no deserto. Ele claramente chama a atenção deles para o fato de que seu bem-estar ou prosperidade em Canaã poderia fazê-los esquecer os atos poderosos de Deus e Sua majestade, conforme expresso em 6:4-9. Então, ele os exorta a serem diligentes para se lembrar de sua história e não se esquecer de sua necessidade de depender de Deus. É a dependência de Deus que os levaria a obedecer às leis de Deus, ao invés de decidir seu próprio caminho.
Em sua exortação, Moisés começa lembrando a Israel da concessão da terra por Deus a seus pais, da qual eles estavam por tomar posse. Ele afirma: Então acontecerá quando o SENHOR, seu Deus, te trouxer para a terra que Ele jurou a seus pais, Abraão, Isaque e Jacó, para te dar. Aqui Deus deixa claro que a promessa aos pais incluía a ocupação da terra por seus descendentes.
E eles tomariam a terra através de conquistas. No processo eles conquistariam grandes e esplêndidas cidades que não haviam construído e casas cheias de todas as coisas boas que não haviam enchido e cisternas talhadas que não haviam cavado, vinhas e oliveiras que não haviam plantado. Cidades e cisternas levam tempo e esforço substancial para serem construídas. Vinhedos levam anos para se tornarem produtivos, assim como as oliveiras.
A terra já está desenvolvida e era produtiva. Os israelitas entrariam na agricultura e desfrutariam da recompensa da terra. Em vez de confiar todos os dias na provisão de maná de Deus, eles agora comeriam e desfrutariam das recompensas de seu próprio trabalho. Como resultado, eles comerão e ficarão satisfeitos. É neste ponto, quando as circunstâncias são confortáveis, que eles correriam grandes perigos. O perigo seria o de se esquecer da provisão de Deus. Em vez de depender de Deus, eles começariam a depender de si mesmos. Nessa época, a autodependência era apenas um disfarce para a idolatria. As pessoas construíam uma estátua, imagem ou aspecto da natureza que lhes "desse o que queriam". Isso lhes dava a aparência de controle e autodependência.
Deus os chama a se lembrar de Seus atos poderosos, refletir sobre quem Ele era e como se havia revelado. Eles precisavam continuar a depender de Deus e a obedecê-Lo. Caso seguissem a Deus, serviriam e amariam uns aos outros, criando uma sociedade abundante e próspera. Seu foco seria externo. Porém, caso passassem a viver em prol de si mesmos, eles se tornariam egocêntricos e passariam a exigir, em vez de servir, uns aos outros. Tornar-se-iam mini-tiranos, algo que os levaria a viver em pobreza, uma pobreza acelerada por Deus, que traria tiranos externos para conquistá-los. Vemos este ciclo repetido várias vezes no livro dos Juízes.
Enquanto os israelitas faziam os preparativos finais para entrar e possuir a Terra Prometida, Moisés lhes diz que eles encontrariam muitas estruturas e tesouros cananeus esperando por eles. O povo de Deus deveria usar essas dádivas como bem entendesse, porque elas haviam estavam sendo concedidas pelo Deus Susserano/Governante. No entanto, o povo de Deus também foi advertido a não se esquecer do Doador daqueles presentes.
Deus fez promessas incondicionais a Israel, através de Abraão (e mais tarde Isaque e Jacó), fazendo do povo de Israel Seu povo e concedendo-lhes o título da terra (Gênesis 12, 26 e 28). Ele também fez uma aliança condicional e mútua com Abraão prometendo multiplicar a sua descendência sobremaneira caso ele andasse de forma irrepreensível (Gênesis 17). Em Deuteronômio, Moisés expande o conceito de Gênesis 17 ao dar-lhes a Lei. Israel seria o povo de Deus. Isso lhes foi concedido incondicionalmente. A terra era deles. Isso também lhes foi concedido incondicionalmente (Gênesis 15).
Porém, para cumprir sua função sacerdotal e viver como nação santa e ser testemunha do grande benefício de seguir a Lei de Deus, o povo precisaria escolher andar em obediência. Moisés lembra o povo quanto à fidelidade de Deus, mas também de suas responsabilidades. Para conquistar e manter as bênçãos de habitar na terra, eles precisariam andar em obediência. Eles eram obrigados a temer e obedecer a Deus, que lhes ordenava que tratassem os outros de maneira amorosa e justa.
Nesta seção, tais responsabilidades são descritas da seguinte forma:
(1) Lembrem-se dos atos poderosos de Deus (v.12);
(2) Reverenciem ao SENHOR por quem Ele é (v.13);
(3) Abstenham-se de seguir a outros deuses (vv.14-15).
A primeira responsabilidade de Israel era ser grato ao poderoso ato de salvação da escravidão no Egito por Deus. Moisés declara: "Então, vigiai-vos, para que não vos esqueçais do Senhor que vos trouxe da terra do Egito, da casa da escravidão". Israel foi escravizado por aproximadamente 400 anos sob o Faraó e os egípcios (Gênesis 15:13; Êxodo 12:40-41). Porém, Deus os livrou de sua escravidão no Egito e os redimiu "com braço estendido" (Êxodo 3:13-15; Ex: 6:6-7). Uma vez que o SENHOR os havia redimido da escravidão do Faraó, era vital que eles se lembrassem de Seus atos poderosos.
Tal lembrança nos leva à segunda responsabilidade, que é o temor do Senhor. Moisés declara: "Temerás somente ao Senhor, teu Deus; e O adorarás e jurarás pelo Seu nome." O verbo "temer" aplicado a uma autoridade - Deus como Susserano ou governante neste caso - pode ser pensado da mesma forma que pensamos na aplicação da lei. Temer a polícia significa colocar grande peso sobre as consequências que experimentaremos caso infrinjamos a lei. Requer que 1) entendamos a lei; 2) acreditemos que a lei será cumprida; e 3) acreditemos que as consequências da desobediência não valem a pena (Romanos 13:3). Tal temor permitiria que Israel guardasse a todos os princípios de Deus durante todos os dias de sua vida.
Assim, ao invés de servirem ao Faraó, como haviam feito no Egito, os israelitas agora adorarão o Senhor e jurarão pelo Seu nome. Deus, agora, é seu governante, seu Rei (1 Samuel 8:7). Este tratado entre Ele e a nação deveria governar seu relacionamento. Era vital que eles se lembrassem de suas responsabilidades quanto à Aliança, a fim de evitar as consequências adversas da desobediência. Jurar pelo nome de Deus reenfatizava que Deus era sua autoridade final.
Finalmente, a terceira responsabilidade de Israel era dar a Deus adoração exclusiva. Moisés declara: "Não seguirás a outros deuses, nenhum dos deuses dos povos que te rodeiam". A declaração proibindo a adoração de outros deuses tinha a intenção de reconhecer ao SENHOR como o único Deus verdadeiro, porque os outros deuses eram apenas ídolos sem poder (Deuteronômio 32:21). A Bíblia é clara ao dizer que somente o SENHOR é "Deus no céu acima e na terra abaixo; não há outro" (Deuteronômio 4:39).
O próprio SENHOR diz: "Eu sou o primeiro e sou o último, e não há Deus além de mim" (Isaías 44:6). A crença na existência de outros deuses era a antiga visão de mundo do Oriente Próximo, baseada em uma falsa concepção da realidade. Como as outras divindades eram impotentes e insignificantes, Moisés desafia Seu povo a rejeitá-las porque somente Deus havia redimido do cativeiro a Seu povo escolhido (Deuteronômio 5:6-7). Portanto, o Deus Susserano tinha o direito de exigir lealdade exclusiva de Seus vassalos.
A aplicação prática disso era fazer com que as pessoas prestassem atenção à vida externa, servindo umas às outras, honrando as pessoas e os bens uns dos outros sob o estado de direito dado por Deus. A lealdade exclusiva a Deus faria com que Israel prosperasse através de servir e amar mutuamente uns aos outros. Além disso, muitas das leis de Deus criavam outros benefícios para a comunidade. Alguns desses exemplos seriam: evitar alimentos propensos a transmitir doenças; de dejetos humanos de forma sanitária (Deuteronômio 23:12-14); e evitar contato com pessoas que adquitiriam doenças transmissíveis (Levítico 13:45-46).
Outra razão para Israel ser leal ao SENHOR era porque o SENHOR, seu Deus, no meio de vós, é um Deus zeloso. O adjetivo "zeloso" não significa que Deus tinha inveja do que pertence aos outros. Isso é impossível, já que Deus é o dono supremo de tudo (Salmo 50:12). Significa que Deus exige lealdade daqueles que estão em relacionamento de aliança com Ele, da mesma forma que um marido ou esposa vê seu relacionamento com seu cônjuge. Na verdade, Deus usa o casamento para ilustrar Seu relacionamento com Seu povo ao longo das Escrituras (Ezequiel 16; Efésios 5:28-32). Uma vez que Deus, como Governante ou Susserano, deseja preservar e fazer cumprir Seu relacionamento de aliança com Seu povo, Sua ira pode ser fatal. Moisés adverte a Israel: "A ira do Senhor, vosso Deus, será acesa contra vós, e Ele vos limpará da face da terra". Esta frase nos lembra da declaração anterior de Moisés em 4:24 de que o SENHOR era um "fogo consumidor". A idéia é que, assim como o fogo pode destruir tudo em seu caminho, Deus também pode destruir a qualquer um.
O relacionamento de Deus com os crentes do Novo Testamento reflete Seu relacionamento com Abraão e seus descendentes. Diz-se que os crentes do Novo Testamento são espiritualmente "enxertados" em Israel (Romanos 11:17). Os crentes do Novo Testamento recebem a dádiva de serem justos aos olhos de Deus simplesmente ao crerem em Jesus (Gênesis 15:6; Romanos 4:1-4). Não há mais nenhuma condição necessária. As pessoas se tornam filhos e servos de Deus simplesmente pela fé (João 3:14-16).
Deus recompensa a obediência e disciplina a desobediência de Seus filhos e servos (Gálatas 6:6-10; Hebreus 12:29). Isso, às vezes, inclui a morte física (1 Cor 11:27-32; Atos 5:1-10). E, semelhante à aliança mosaica, grande parte da ira de Deus é uma consequência natural de más escolhas, como em Romanos 1:18,,,, 242628 onde a ira de Deus é derramada sobre a injustiça ao entregar as pessoas às suas próprias concupiscências carnais, para tornarem-se seus escravos (poderíamos dizer "viciados"). A ira de Deus vem quando a pessoa se entrega ao que busca. Veremos, em muitos casos, o castigo de Deus a Israel quando Ele simplesmente os entrega ao que desejam. Porém, aqui, Deus os está advertindo a temê-Lo, para que possam evitar as consequências negativas.