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Significado de Eclesiastes 2:10-11
Explorando a extensão do prazer, Salomão não se nega a nada. Ele sempre permite que seus olhos explorem tudo que desejam e que seu coração tenha tudo que o agrada.
A palavra para “trabalho” aqui é “amal”, que normalmente é traduzida como fadiga. A palavra significa “o esforço da tentativa” (veja as notas sobre 1:3-7). Criar/desenvolver dá muito trabalho. Salomão descobriu que seu coração se agradava com o esforço de seu trabalho e que tal prazer era uma recompensa, um resultado para sua fadiga.
As coisas nas quais Salomão “trabalhava” traziam alegria, ou seja, uma recompensa para si mesmo. Há muitas coisas que fazemos que não são necessariamente fáceis, mas resultam em grande satisfação quando são completadas.
Após refletir na alegria de seus muitos trabalhos, Salomão muda seu foco para avaliar seus trabalhos no contexto dos lucros. Ele considerou todas as atividades que suas mãos haviam feito e o trabalho que ele havia executado. A palavra traduzida como “Considerou” basicamente significa “voltar” - ele “voltou sua atenção” de uma perspectiva para outra.
Salomão “voltou” sua atenção para avaliar suas obras/atividades - o produto de seu próprio trabalho. Ele considerou todas as suas atividades. A palavra “atividades” está conectada com a introdução da preocupação geral de Salomão em Eclesiastes 1:13, mais especificamente, a tarefa de buscar e explorar tudo que já foi feito sob o céu, ou sob o sol. Em Eclesiastes 1:13-14, as palavras “feito” e “trabalho” vêm da mesma palavra raiz da expressão “atividades” em Eclesiastes 2:11.
Salomão queria saber se existiria algum lucro duradouro em suas atividades. Que diferença faria? Parece claro que ele, agora, estava mudando sua atenção da avaliação de como suas atividades o faziam sentir - ele as apreciava - para perguntar que diferença suas atividades faziam no grande escopo das coisas. Ele conclui que suas atividades não significavam muito, que eram vaidade (hebel). Era como tentar reter o vapor. Não existe nenhum lucro sob o sol. Salomão, agora, cria uma distinção entre o que faz o coração se sentir bem e a diferença disso para o mundo externo, se as atividades têm algum valor ou lucro duradouro.
A palavra hebraica para lucro é usada várias vezes no livro de maneiras positivas (a primeira aparece em 2:13). Salomão pode ter dito nesta passagem: “Eu observei um lucro pessoal, mas nenhum lucro duradouro”. Esse senso duplo da palavra “lucro” é apenas uma de várias indicações de que Salomão estava avaliando sua vida a partir de duas perspectivas diferentes: do ponto de vista do que ele havia realizado (suas próprias atividades) e das posses que ele havia juntado. Ele, então, conclui que sua vida havia sido enriquecida; ele a apreciava. Seus esforços deram a ele uma recompensa. Do ponto de vista do significado da vida, entretanto, nada fazia sentido.
Ambas as conclusões são validas, ambas partem da perspectiva da sabedoria sobrenatural dada a Salomão.
Salomão conclui que seus trabalhos não deram lucro sob o sol. Levando em consideração outras passagens de Eclesiastes, parece que o raciocínio de Salomão é o seguinte: A realização de atividades difíceis é algo satisfatório. Porém, se queremos aquela recompensa novamente, precisaremos começar a fazer outra coisa difícil. Voltamos para a roda do hamster. Um ciclo sem fim e isso é vaidade (hebel).
Salomão quer garantir que seus trabalhos tenham resultados duradouros. Ele entende que todos os trabalhos do homem iráo, eventualmente, desaparecer. O sábio e o tolo terão o mesmo destino e mesmo que sejam lembrados, será como memória passageira. Salomão tinha alegria em um momento, mas depois de refletir, ele descobria que aquele momento iria passar e ser esquecido, apenas para ser substituído pelos momentos de outras pessoas. Então, que diferença (o lucro) fazia?
Novamente, ele observa que tudo isso é vaidade (veja as notas em Eclesiastes 1:2) e correr atrás do vento. Ainda que a alegria que ele experimenta seja genuína, ela é temporária e inadequada. Ela não responde à compulsão que temos por compreender o significado da vida.
No capítulo 1, ele começou afirmando que tudo era “vapor”, ou vaidade. Ao final do capítulo, ele adiciona outra afirmação - tudo é como correr atrás do vento. Salomão esta evocando a prática hebraica pela qual a repetição representava uma ênfase. Agora, ele nos apresenta mais uma metáfora: Nenhum lucro sob o sol. Isso apenas dá mais ênfase à sua tese. A forma pela qual os hebreus expressavam o conceito de “grandeza” era pela repetição “bom, bom, bom”. As três afirmações sinônimas - tudo é vaidade, correr atrás do vento e não há lucro sob o sol - é a afirmação mais forte de Salomão até aqui, expressando a grande extensão da futilidade da vida.
Salomão expõe essa terrível acusação imediatamente após reconhecer o prazer e a recompensa recebidas por seu trabalho. Ele descobriu o prazer em seu trabalho, mas isso não o resgatou da vaidade. Talvez ela tenha se intensificado ainda mais.
Há tanto um elemento de esperança e frustração nesses versículos. Salomão, mais tarde, conclui que pouca alegria é melhor que nenhuma alegria. Porém, aqui, ele ainda está tentando compreender as coisas por suas experiências quanto ao prazer, algo que claramente não está funcionando.