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Significado de Eclesiastes 2:12-17
Salomão, agora, toma uma nova direção. Saindo da consideração do valor do prazer, ele passa a considerar a sabedoria, a loucura e a tolice. Salomão consegue fazer tal consideração afirmando que nenhum homem que virá depois do rei vai fazer nada além do que já foi feito.
Não existiria nenhuma nova invenção, nenhum novo avanço que ultrapassaria sua análise da sabedoria, da loucura e da tolice porque não haveria nada novo debaixo do sol. Não existe a ideia de “futuras gerações vão entender”. A noção clara é a de que “toda geração terá a mesma experiencia básica”. Elas não irão “encontrar a solução.”
Salomão afirma que a sabedoria supera tolice, como a luz supera a escuridão. Viver em sabedoria é muito superior do que viver na tolice. Ter sabedoria é fazer escolhas de vida exatamente como a luz, que encontra um caminho para seguir adiante. Assim como a luz supera a escuridão e nos permite enxergar para caminhar ou trabalhar, a sabedoria supera a tolice porque o homem sábio consegue ver com os olhos do entendimento. Ela consegue enxergar mais verdades, enquanto o tolo caminha na escuridão. Parece que Salomão está falando aqui sobre os benefícios pessoais da sabedoria, da mesma forma como havia desfrutado de seu trabalho após completar seus projetos. A sabedoria é mais valiosa que a tolice.
Salomão, mais uma vez aborda a perspectiva mais ampla. A sabedoria excede a tolice. No entanto, o mesmo destino espera a ambas. O tempo, novamente, é o grande equalizador. Neste caso, a sabedoria e a tolice são colocadas no nível zero. Ambas morrerão e serão completamente esquecidas. Salomão personaliza seu raciocínio e lamenta que o destino do tolo o destruirá. Por que, então, a sabedoria é valiosa se ela terá o mesmo destino do tolo?
Isso também é vaidade, porque não há memória duradoura, nem do sábio nem do tolo. É irônico pensar que estamos comentando os escritos de Salomão três mil anos depois, contemplando sua afirmação de que não há memória duradoura. Quando visitamos Israel, tudo o que Salomão construiu não existe mais ou está em ruínas. A colina onde ele tinha suas esposas ainda é chamada de “Colina do Escândalo” por causa das esposas estrangeiras que faziam sacrifícios para deuses estranhos. Salomão é lembrado por sua tolice assim como por sua sabedoria. Lemos e discutimos o que Salomão escreveu, mas isso é apenas uma parte minúscula de quem ele era e do que ele fez.
A sabedoria é mais valiosa que a tolice porque ela nos traz o entendimento que nos ajuda a viver como alguém que enxerga, e não como cegos. Porém, a sabedoria nunca traz o entendimento pleno. O sábio e o tolo perecem igualmente.
O que parece valioso hoje será esquecido junto com tudo o que é menos valioso. Portanto, da mesma forma que o vapor aparenta ser sólido, porém desaparece quando tentamos segurá-lo, assim a natureza da sabedoria se dissipa com o tempo. A vantagem da sabedoria, bem como seu valor supremo, é nivelada no tempo da mesma forma que a tolice - ambas são incompletas. Ambas não respondem à compulsão por entendimento. Pior ainda, a sabedoria pode instigar a compulsão por entendimento, mesmo quando o caminho para o mesmo não pode ser conhecido. E isso é como correr atrás do vento. No quesito adquirir entendimento (ou significado e propósito supremo) pela razão e experiência, Salomão declara que tudo é vapor, vaidade, algo inalcançável.
Como resultado desta análise, Salomão declara que odeia a vida porque o trabalho feito sob o sol é algo doloroso. Ainda que reconhecesse que a sabedoria deixava sua vida muito melhor do que a vida do tolo, tudo é doloroso (ou mal: veja nosso comentário sobre Eclesiastes 1:12-15).
A causa desse sentimento de dor é a futilidade (hebel: veja nosso comentário sobre Eclesiastes 1:2), como correr atrás do vento. “Ra’uwth”, a palavra para “esforço”, tem uma conotação de anseio. Desejar segurar o vento é fútil. Assim como buscar descobrir o significado e o propósito da vida através da razão e da experiência.