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Significado de Eclesiastes 2:18-23
Anteriormente, Salomão se regozijou em todo seu trabalho (Eclesiastes 2:10) e nos aconselhou a valorizar o trabalho como algo bom (Eclesiastes 2:24). Agora, ele odeia o fruto de seu trabalho. Ainda que viver em sabedoria seja melhor do que viver em tolice, Salomão está totalmente consciente de que irá deixar o fruto de seu trabalho para o homem que virá depois dele, alguém que pode ser um tolo.
Que ironia cruel. O homem sábio pode acumular imensas riquezas por sua sabedoria e deixar para um tolo que pode destruir tudo. O tolo que herdar suas posses terá controle de todos os frutos do trabalho de Salomão - tudo pelo que ele havia trabalhado. Salomão trabalhou agindo sabiamente sob o sol, mas agora, talvez, deixe tudo para um tolo. Provavelmente, o mundo estará pior nas mãos de seu herdeiro. O tolo vai receber poder e produzir muito mais tolice.
Isso explica por que Salomão odiava o fruto de seu trabalho. Ao pensar sobre quem herdarria o fruto de tudo pelo que ele havia trabalhado com sabedoria, conhecimento e habilidade, ele estremece com a possibilidade de tudo aquilo cair no colo de um tolo do, não de outro sábio. Isso também é uma vaidade inalcançável, um vapor irritante que se aplica a tudo que fazemos sob o sol, tudo o que realizamos nesta vida.
Salomão busca utilizar sua vasta sabedoria para trazer algum sentido ao mundo, para encontrar algum significado através da razão. Ele buscou usar seus grandes recursos para adquirir entendimento através de uma grande gama de realizações e experiências. O resultado? Ele odiava o fruto de seu trabalho.
Deus plantou dentro do coração dos seres humanos a busca por realização duradouras, algo pelo qual possamos ser lembrados, algo que crie um legado. Porém, Salomão observa que o homem que trabalha com sabedoria, conhecimento e habilidade inevitavelmente vai entregar seu legado a alguém que não trabalhou e irá receber tudo o que ele acumulou. Essa pessoa pode ser um tolo. Não existe, então, nenhuma forma de proteger nosso legado. Isso também é vaidade e um grande mal. Ele não somente odiava o fruto de seu trabalho: ele se desesperava com ele. A única certeza é que o fruto de seu trabalho iria, por fim, cair nas mãos de outra pessoa.
O fruto do trabalho não consegue solucionar a questão do propósito, nem passar no teste do Tempo. Outra pessoa irá assumir e não saberemos o que essa pessoa irá fazer com nosso trabalho. O substituto, agora, tem controle sobre o fruto do nosso trabalho. Isso também é vaidade (veja notas em Eclesiastes 1:2).
Essas reviravoltas inexplicáveis, nas quais certas pessoas não recebem o que merecem e outras recebem o que não merecem, são complicadas. Tais reviravoltas vão receber mais atenção mais tarde no livro. Até este ponto, tudo o que Salomão pode fazer é perguntar: O que um homem recebe em todo seu trabalho? O que um homem recebe em seu esforço por todos os seus feitos sob o sol? É uma pergunta com uma resposta frustrante. Todo mundo sai desse mundo com a mesma quantidade de riquezas tangíveis: nenhuma.
Se apoiando na razão e experiência, Salomão fica desapontado e incomodado por sua inabilidade de descobrir significado. Até de noite sua mente não descansa. A realidade da futilidade da vida faz sua tarefa um processo de sofrimento e dor todos os dias. Não há nada, a não ser perplexidade e irritação em sua tentativa de descobrir significado e propósito na vida através de suas realizações, acumulação e razão.
Salomão busca deixar um bom legado através do seu trabalho com sabedoria, conhecimento e habilidade. Ele trabalhava duro e procurava fazer tudo certo. Ainda assim, de uma certa forma, seu trabalho morreria com ele. Outro o tomaria e faria à sua própria maneira. A acumulação, herança e desperdício se repetiriam. Os ciclos do tempo e da inconstância da vida fazem tudo ser vaidade. Tudo é vapor.
Como devemos responder a esta tensão? Alguns de nós, talvez a maioria, vão estar alheios, e talvez isso seja um alívio. Outros vão seguir o caminho de Salomão e vão falhar miseravelmente no final. Outros podem erguer seus punhos a Deus e acusá-Lo de colocar o desejo do entendimento neles, ao mesmo tempo em que não lhes deu a capacidade de alcançá-lo.
Salomão, por outro lado, chega ao fim deste tema, sem desistir. Agora, ele vira a página para outra abordagem: a de que o entendimento verdadeiro vem somente da vida de fé e obediência a Deus.