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Significado de Eclesiastes 2:24-26
Nas frases que concluem o Capítulo 2, Salomão vira o jogo. Depois de chegar à conclusão de que o significado e propósito da vida não podem ser encontrados pela razão e pela experiência, ele agora diz que não existe nada melhor para um homem do que comer e beber, e dizer a si mesmo que seu trabalho é bom. Salomão, novamente, nos instrui sobre a importância dos diálogos interiores. Quando estava receoso quanto à descoberta do significado e propósito da vida, ele odiava vida. Sua mente não tinha descanso. A solução requer que conversemos conosco mesmos. Precisamos dizer a nós mesmos que nosso trabalho é bom.
Salomão nos instrui a decidir apreciar a vida. A apreciação da vida é resultado de uma escolha, e tudo começa com a escolha da perspectiva de que nosso trabalho é bom. E escolhemos tal perspectiva através de diálogos interiores.
O que gerou essa virada de jogo? Salomão, agora, muda a base de sua explicação. Ao invés de tentar buscar o propósito da vida através da razão e da experiência, Salomão agora se volta à fé. Nosso trabalho vem das mãos de Deus. Não há como encontrarmos realização alguma na vida dependendo da nossa razão ou experiência. Não há quantidade alguma de prazer que nos pode trazer uma realização duradoura, porque não podemos ter alegria sem Deus.
Buscar uma vida de significado longe de Deus é vaidade, é como tentar reter o vapor. Porém, quando vemos a vida como um presente de Deus, podemos apreciá-la em todos os aspectos. O resultado das coisas não vêm de nós, vêm Dele. Com isso, nos resta apenas fazer o que Deus nos instruiu para fazer - realizarmos bons trabalhos, sermos agradecidos e apreciarmos a vida. A fé em Deus é o alicerce para o propósito da vida.
Isso, portanto, transforma os aspectos pragmáticos da sabedoria em uma companheira construtiva. Na seção anterior, vimos que a sabedoria é pragmaticamente melhor que a tolice, assim como a luz é melhor do que a escuridão (Eclesiastes 2:12-17). Porém, longe da fé, essa sabedoria não satisfaz a necessidade de significado e propósito da vida. Ao contrário, ela nos leva ao desespero e ódio da vida. Porém, com o alicerce da fé e da gratidão, ao invés da razão e da experiência, andar na luz é algo que faz sentido. Tentar viver uma vida de significado e propósito longe de Deus é vaidade, mas receber significado e propósito através fé traz a felicidade.
Sem Deus tudo é definitivamente inútil. A única certeza humana é a vaidade. A buscar por significado através da razão e da experiência humana é uma corrida inútil atrás do vento. Não podemos descobrir o que é a vida através da razão e da experiência. Uma vez que a encontramos, existem coisas melhores para fazermos. Mesmo que o tempo nivele tudo por baixo, existem coisas melhores a serem feitas com o tempo que nos foi dado.
Neste ponto, Salomão está operando por fé. Então, a pergunta implícita é: “Qual é o propósito que Deus nos deu?” A resposta inicial de Salomão é: quando os humanos comem e bebem e dizem a si mesmos que seu trabalho é bom, devemos reconhecer que isso é um presente das mãos de Deus. Desta forma, podemos alcançar alegria na vida. Ao invés da vaidade, ou tentar reter o vapor, correr atrás do vento, podemos ter alegria. O lugar inicial da alegria é a gratidão, reconhecer que Deus é nosso Criador e nos deu a vida como um presente.
Novamente, o mais sábio dos homens enfatiza a importância dos diálogos interiores. Salomão instrui a cada pessoa a escolher cuidadosamente as palavras que dirá a si mesma. Todos nós temos muitas vozes falando em nossa mente o tempo todo. Por exemplo, a carne e o espírito estão sempre em inimizade uma com outra, e nos dão conselhos opostos (Gálatas 5:17). Assim, é importante que cada pessoa confirme a si mesma que a vida é um presente de Deus. Ser grato é uma perspectiva a ser escolhida.
O lugar onde Deus nos coloca e o trabalho que Ele nos dá para realizar é sempre bom. Tudo vem das mãos de Deus. Tal reconhecimento e a decisão de escolhermos uma perspectiva de fé é o alicerce para a alegria na vida. Este alicerce é o próprio Deus. Com esta visão, não somente alcançaremos uma satisfação pragmática ao fazermos um bom trabalho (Eclesiastes 2:10), mas também o conhecimento, baseado na fé, de que tudo vem das mãos de Deus. É o que Deus deseja para nós e, portanto, nosso trabalho tem significado.
A frase Comer, beber e dizer a si mesmo que seu trabalho é bom pode ser traduzida como “ver por si mesmo” que seu trabalho é bom. Hebreus 11:1 nos diz que a fé é a “garantia de coisas que nos tínhamos esperança, com a convicção de coisas não vistas”. Salomão concluiu que a razão baseada no que podemos ver e experimentar não traz significado e propósito. Porém, agora ele nos diz que o conhecimento baseado na fé realmente traz significado e propósito.
Devemos “ver por nós mesmos” aquilo que não pode ser visto ou experimentado, e isso requer fé. Salomão diz a mesma coisa de outra forma ao proclamar que sem Deus ninguém pode encontrar a alegria. Existem infinitas evidências sobre Deus, declaradas em inúmeras passagens; tais exemplos incluem o Salmo 19 e Romanos 1:19-20. No entanto, não podemos ver a Deus. Podemos vê-Lo e conhecê-Lo apenas pelos olhos da fé.
O dom da vida vem das mãos de Deus. Porque sem Deus, quem pode comer e encontrar felicidade? Salomão afirma que não podemos encontrar significado supremo, sentido ou ordem pela experiência ou pela razão. Porém, podemos encontrar significado e sentido na vida pela fé em Deus. E esta é a fundação para apreciarmos a vida. Podemos apreciar as coisas do dia-a-dia, como comer, beber e trabalhar, quando reconhecermos e acreditarmos que todas elas são um presente de Deus. Se aceitarmos todas essas coisas como presentes, viveremos nossas vidas com gratidão como consequência.
Antes deste ponto, Salomão chegou a um lugar de desespero. Quando nos colocamos como o centro da vida e buscamos nosso próprio prazer, nosso próprio legado, o destino adiante é inevitável e desesperador. Agora, Salomão chegou a um lugar de paz através da fé. Podemos apreciar a vida quando escolhemos vivê-la centrada em Deus, em fé e gratidão, reconhecendo que tudo que temos é presente Dele. Não existe nada melhor do que uma vida baseada na fé. Nenhum outro caminho pode nos dar significado e propósito. Salomão sabia disso. Ele, o homem mais sábio da terra, com recursos basicamente ilimitados, tentou descobrir outros caminhos através da razão e da experiência. Eclesiastes 2:25 também pode ser traduzido como: “Porque quem pode comer, ou ter alegrias, mais do que eu?”
A seguir, Salomão apresenta outra visão que vai culminar na conclusão do livro. A alegria da vida é dada à pessoa boa na visão de Deus. Ser bom na visão de Deus significa ganhar a aprovação Dele. Pelas Escrituras, Deus concede o favor de Sua aceitação pela fé. Vemos isso de Gênesis a Apocalipse (por exemplo, Gênesis 15:6, Apocalipse 21:6). É uma mensagem constante na Bíblia. Se tornar filho de Deus, membro de Sua família, parte do Israel espiritual, é simplesmente uma questão de fé. Este também foi o foco central do Evangelho do apóstolo Paulo (Romanos 4:2-4; Gálatas 3:6-7; Efésios 2:8-9). Ninguém pode ganhar a aceitação de Deus por seus feitos. Todos nós falhamos (Romanos 3:23). A aceitação de Deus é um presente incondicional.
Contudo, o trabalho de cada pessoa será julgado para que se conclua se ela cumpriu a vontade de Deus, antes de receber recompensas, boas ou ruins (2 Coríntios 5:10-11; Apocalipse 20:12; Romanos 5-11; Eclesiastes 12:13-14). Jesus observou que, em Seu julgamento final, a cidade de Cafarnaum iria sofrer um julgamento pior que a cidade de Sodoma, porque eles tinham uma responsabilidade maior perante a Deus por terem visto as obras de Jesus (Mateus 11:23-24).
Os judeus não tinham dúvidas de que eram aceitos por Deus, muito pelo contrário. Até mesmo os judeus dos dias de Jesus acreditavam ser aceitos por Deus como Seu povo apenas por virtude de serem descendentes físicos de Abraão (Mateus 3:9; João 8:39-59).
Porém, Israel presumia que a aceitação de Deus garantia Sua aprovação. Por exemplo, eles levavam a arca para as batalhas, acreditando que ela iria protegê-los, mesmo quando Deus planejava castigá-los por sua desobediência (1 Samuel 3:13-14; 4:5-11). Eles falharam várias vezes em cumprir com suas responsabilidades designadas, o que impediu que recebessem as bençãos prometidas (Deuteronômio 30:15-20).
Esta passagem é consistente com o padrão de Deus que garante que uma promessa condicional oferece recompensas quando obedecidas. Salomão diz que viver a vida baseada na fé e gratidão a Deus traz grandes recompensas. Na verdade, as recompensas do pecador são repassadas aos fiéis. Eles juntam e coletam recompensas que serão imensamente apreciadas por aqueles que ganham o favor de Deus por sua fidelidade. A palavra traduzida como pecador também pode ser traduzida como “criminoso”. Ou seja, alguém que ofendeu uma ordem de Deus para a criação.
Como pode um pecador aumentar a recompensa do fiel? Inicialmente, pelo contraste de resultados. Tentar viver a vida longe de Deus nos conduz à futilidade e ao ódio da vida. Assim, o ofensor, cujo objetivo é o de elevar-se a si mesmo, pode juntar e coletar benefícios àqueles que são bons aos olhos de Deus, ajudando-os, assim, a alcançar uma perspectiva correta. O livro de Hebreus nos apresenta o que é necessário para ganharmos a aprovação de Deus, ou seja, sermos bons a Seus olhos:
“Sem fé é impossível agradar a Deus; pois é necessário que o que se chega a Deus creia que há Deus e que se mostra remunerador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).
Para alcançarmos a aceitação de Deus, basta exercermos nossa fé. Para alcançarmos a aprovação de Deus e agradá-Lo, necessitamos crer que isso nos trará mais recompensas na vida do que buscarmos os prazeres através da nossa própria razão e experiência. A alegria da vida, mesmo com todos os seus aspectos desagradáveis, é possível quando reconhecemos que agradar a Deus é a fonte suprema de realização.
Ainda que o poder da fé tenha produzido uma virada de mesa nos versículos finais do capítulo 2, Salomão termina com seu refrão já conhecido: Isso também é inútil, é como correr atrás do vento. Salomão fica firme na conclusão de que a vida é apenas um vapor; porém, ele estabelece dois tipos diferentes de vapor. Se confiarmos apenas em nossos próprios sentidos e inteligência, nossa razão e experiência, vamos ter de lidar com o vapor da frustração e da falta de significado. Nossa razão e experiência podem nos levar à loucur. No entanto, se nosso lugar de partida for a confiança em Deus, as realidades incompreensíveis da vida se tornam motivos para O adorar e celebrar os vastos mistérios de Seu Reino. Nossa razão pode se tornar sabedoria e nossa experiência pode se tornar em alegria quem vem da gratidão. É o paradoxo da descoberta através da rendição e da confiança em Deus.
O livro de Hebreus diz que a fé é a “evidencia das coisas não vistas” e a “substância das coisas que esperamos”. O paradoxo é que a fé transforma o intangível (esperança e coisas invisíveis) em algo tangivelmente enigmático (substância e evidência.) Jamais entenderemos completamente o significado da vida através da experiência. Porém, pela fé, o que é incompreensível se torna conhecido. E nossa experiência limitada pode transcender as limitações físicas. Podemos viver em alegria, propósito e paz, que ultrapassa o entendimento, mesmo quando estivermos envoltos em vapor.