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Significado de Eclesiastes 3:1-8
O poema no Capítulo 1 nasce das observações de Salomão. Esse poema começa com uma declaração de fé. Os ciclos de tempo são determinados.
Quando baseado apenas na razão, Salomão conclui que os ciclos da natureza são vaidade, é como tentar reter o vapor. Agora que ele compreendeu a futilidade de tentar descobrir o propósito da vida pela razão, pela experiência, pelas realizações e pela busca do prazer, ele volta a observar os ciclos da vida pela fé. Os ciclos da vida são determinados por Deus. Ele os fez da forma que são. Nosso propósito está embutido em Seu propósito.
E as determinações de Deus são definitivas. Se aplicam a tudo. Não existe uma única coisa aleatória, todas as coisas são pré-determinadas. Além disso, todas as coisas têm um momento determinado. Tentar explicar através da razão e da experiência todos os ciclos da vida e da natureza nos Capítulos 1-2 levaram Salmoão à conclusão de que a vida é apenas aleatoriamente repetida, sem motivo aparente. Mas, tendo a fé em Deus como alicerce para seu entendimento, ele agora compreende que todos os ciclos são parte de um plano complexo e específico. Para todas asc oisas debaixo do céu.
Todo as coisas debaixo do céu têm um momento determinado. Isso significa que tudo, por menor que seja, importa. Tudo faz parte de um grande plano. O uso das palavras debaixo do céu, ao invés de “debaixo do sol”, sugere uma perspectiva divina. As coisas podem parecer ser vapor para nossa perspectiva limitada, mas elas estão na ordem perfeita de Deus. Os ciclos da vida vão acontecer, eles não vão esperar por nós, e cabe a nós aceitá-los ou não. A oportunidade que nos é dada é a de reconhecer que não controlamos as coisas, as coisas são determinadas.
Salomão já nos instruiu sobre algo vitalmente importante que controlamos - nossa perspectiva. Ao contemplarmos a soberania de Deus nos ciclos da vida, podemos escolher se iremos olhar para aquelas coisas de uma perspectiva centrada em nós mesmos ou baseada na fé. Uma grande lição que tiramos de Eclesiastes é que não conseguimos controlar quase nada na vida. A diferença entre apreciar ou odiar a vida vem diretamente da forma como escolhemos olhar para ela. A perspectiva que escolhemos sobre como olhar para a vida determina se seremos realizados ou frustrados.
Neste poema, Salomão declara que, no sábio plano de Deus, tudo tem um tempo apropriado (Eclesiastes 3:11). O poema é composto de alguns eventos similares na experiência humana, ou seja, nascimento e morte, matar e curar, etc. Todas essas coisas na vida são apropriadamente determinadas por Deus. A palavra traduzida no versículo 11 como Apropriada é traduzida como “belo” em outras passagens (Gênesis 12:11, por exemplo). Deus criou os diferentes ciclos com beleza e plenitude. Isso provavelmente não signifique que a morte não frustre o propósito supremo de Deus. Na verdade, a morte é o último inimigo a ser derrotado (1 Coríntios 15:55; Apocalipse 20:14). Talvez o fim da morte seja uma das mais belas e propícias conclusões do ciclo da vida humana.
Todos os 14 pares são aparentemente opostos - destruir e construir; lamentar e dançar; guardar e lançar fora; etc. Porém, todos esses aspectos são partes determinadas na ordem de Deus.
Deus determinou o momento de nascer e o momento de morrer. Cada um de nós terá começo e fim. Não escolhemos quando nascemos, não escolhemos nossos pais. Deus escolheu. É algo determinado. Nossa escolha é: vamos receber com gratidão o presente da vida e nos alegrar baseados na fé, ou vamos exigir respostas a partir das nossas experiências?
Também existe uma hora para morrer. A morte não era parte original da criação, mas a humanidade escolheu conhecer o bem e o mal e a morte foi uma consequência dessa escolha. Então, estamos presos a ela aqui, até que ela seja derrotada como o último inimigo (Apocalipse 20:14). É interessante notar que a morte nasceu no Jardim do Éden e irá morrer no Lago de Fogo no fim dos tempos.
Nós podemos alcançar um pouco da perspectiva de como Deus decide o nascimento e a morte ao olharmos como o jardim era cuidado. O jardineiro decidia qual o melhor horário para plantar e o melhor horário de colher o que foi plantado. Quando o momento da colheita chegava e os frutos deveriam ser colhidos, este era o momento de colher o que havia sido plantado, arar e fertilizar a terra, deixando tudo pronto para a próxima estação de plantio. Talvez Deus decida o horário da nossa morte baseado em quando esgotamos os benefícios que podemos alcançar nesta vida terrena.
Deus também determinou o momento de matar e o momento de curar. Jesus curou a muitas pessoas durante Sua primeira vinda e, quando voltar, Ele será o perpetrador da morte de muitos (Apocalipse 19:11-15). Deus destruiu a terra com o dilúvio quando esta se encheu de violência (Gênesis 6:11). Deus destruiu a terra no momento de destruição (2 Pedro 3:5-6) e criou uma nova, a terra na qual habitamos hoje. Esta terra também terá uma morte, sendo destruída pelo fogo (2 Pedro 3:7). Depois do dilúvio, Deus deu a autoridade moral para os seres humanos tirarem uma vida que eliminou ouotra vida como função do governo humano (Gênesis 9:5-6). Ele inaugurou a execução como meio de evitar que a terra se enchesse de violência novamente. Neste caso, a execução de alguém trazia cura.
Existe um momento de destruir e um momento de construir. Provavelmente já vimos um novo prédio sendo construído. Se vivermos o suficiente, eventualmente veremos a destruição desse prédio. É comum no treinamento militar se destruir a identidade de um recruta como indivíduo que age sozinho para depois construi-lo como soldado orgulhoso de fazer sua parte na unidade militar. Paulo aconselha os crentes a destruir fortalezas, “destruindo especulações e todas as coisas arrogantes que se erguem contra o conhecimento de Deus” (2 Coríntios 10:4). Pedro exorta seus seguidores a serem “construídos como uma casa espiritual para um sacerdócio sagrado, para oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis para Deus por Jesus Cristo” (1 Pedro 2:5).
Existe um momento de chorar e um momento de rir. Um momento de lamentar e um momento de dançar. Parte de ser um bom amigo é chorar quando outras pessoas choram e se alegrar quando elas se alegram. Jesus chorou quando viu o luto dos amigos de Lázaro. Jesus chorou mesmo sabendo que iria trazê-lo dos mortos, mesmo quando todos iriam ter grande alegria novamente (João 11:35).
Salomão nota que existe um momento de lançar pedras e momento de juntar pedras. Talvez ele tivesse em mente o famoso episódio de seu pai Davi, que ajuntou pedras para enfrentar Golias e, então, lançou uma pedra para derrotá-lo (1 Samuel 17:40-50).
Depois disso, Salomão reflete que existe um momento de abraçar e um momento de rejeitar abraços. Um momento de procurar e um momento de perder; um momento de guardar e um momento de jogar fora. Essas realidades podem ser observadas através de aplicações práticas. Aqueles que passaram pelo processo de mudança para uma casa nova tiveram que organizar todas as suas coisas e decidir o que guardar e o que jogar fora. Toda pessoa perdida deve ser procurada, mas a busca não pode durar para sempre. Existe tempo e lugar para exposições de afeto. Mas em algumas situações, o afeto é inapropriado. Às vezes, abraçamos outras pessoas para mostrar apoio ou amor, outras vezes nós rejeitamos abraços quando estamos resolvendo um conflito, ou quando damos espaço para alguém, ou quando nos recusamos deixar alguém nos manipular através de demonstrações de afeição física. A vida é repleta de momento de reter e soltar.
Existe momento de rasgar e momento de costurar. O alfaiate deve primeiro rasgar as calças para ajustar a bainha, para depois costurá-la novamente. Existe um momento de ser silencioso e um momento de falar. Salomão é muito articulado sobre isso no livro de Provérbios. Tiago 1:19 nos diz: “Mas, todos devem ser rápidos para ouvir, e lentos em falar e se irritar”. Existe uma conexão clara entre saber quando escutar e quando falar para vivermos em justiça.
Salomão também nota que existe momento de amar e momento de odiar. Isso pode ser confuso, já que Jesus nos diz que se nos odiarmos alguém no nosso coração, na visão de Deus, é o mesmo que assassinar àquela pessoa (Mateus 5:21-22). Porém, Deus odeia o mal e nos aconselha a “odiar o mal” e “amar o bem” (Salmos 97:10; Provérbios 8:13). Este é o preâmbulo para estabelecermos a “justiça à porta”, ou seja, justiça dentro do governo da comunidade (Amós 5:15).
Finalmente, existe um momento para a guerra e um momento para a paz. A Bíblia é clara quanto à existência de razões justas e injustas para a guerra, e que o único uso moral de violência é para impedir que a terra se encha de violência (Gênesis 9:5-6). A forma correta de acabar com a guerra é a paz. Jesus vai executar guerra às nações no fim dos tempos, trazendo toda terra à justiça para, então, iniciar uma nova era de paz (Apocalipse 19:11-21; 20:1-6).
Deus determinou os ciclos da vida. Eles têm um ritmo, um lugar. Salmoão, aqui, celebra a ordem e a certeza dos ciclos. Eles são determinados por Deus. Isso dá a eles significado e propósito. É um forte contraste para deixemos de observar os ciclos a partir da perspectiva da razão e experiência humanas, onde eles lembram alguém correndo em uma esteira. É um mistério, um vapor, para a nossa razão, mas é um paradoxo lindo do Reino eterno de Deus. Nossa confiança Nele transcende nossas incertezas.
A natureza da determinação de Deus para todas as coisas significa que até mesmo as coisas ruins têm seu lugar no plano de Deus. Ele projetou a criação sem a morte, porém introduziu a possibilidade da morte ao dar liberdade aos seres humanos, ou seja, as escolhas. Ele disse a Adão e Eva para não comerem o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, e adicionou uma consequência caso eles comessem: eles iriam morrer. Adão e Eva escolheram a morte. Assim, agora a morte é uma parte determinada. Também sabemos que Deus determinou que a morte será lançada no lago de fogo e deixará de existir um dia (Apocalipse 20:14).
Cada atividade humana é um convite de Deus, um convite para sermos agradecidos. Este é o alicerce para apreciarmos a vida, um convite para confiarmos na mão soberana de Deus. Todas as coisas são determinadas. Este é o alicerce para vivermos uma vida de significado e propósito. Deus garantiu a cada um de nós liberdade para agir em relação à Sua criação e impactar a história humana. Quando fazemos isso pela fé e obediência, somos parceiros ativos com Deus.
Essa mensagem de Salomão não poderia ser mais encorajadora! Deus tem controle sobre tudo. Podemos confiar que todas as coisas têm um propósito, incluindo nós mesmos e nossas oportunidades de agir nesta vida.