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Significado de Eclesiastes 5:4-7

Salomão continua seu conselho sobre como nos comportar em nossas interações com Deus, nos alertando contra os perigos dos juramentos impróprios e sugerindo uma alternativa poderosa: manter nossas promessas.

O versículo 4 nos aconselha a não nos atrasar em pagar nossos votos a Deus. Quando um voto é feito a Deus, seu cumprimento não deve se atrasar. Já que um voto é completamento voluntário, é melhor não o fazer do que deixar de pagá-lo. Deus mantém Suas promessas. Salomão é muito direto em nos aconselhar a pagar o que prometemos, seguindo o exemplo de Deus, e cumprir o que dizemos. Nossa maior felicidade na vida é que Deus se alegre com nossas ações. Porém, Ele não se agrada com os tolos, porque o tolo é alguém que promete algo a Deus e não cumpre sua promessa.

Isso é similar à seção anterior, onde somos admoestados a não nos chegar a Deus como se Ele fosse o gênio da lâmpada, buscando encontrar as palavras certas para forçá-Lo a conceder nossos desejos. No caso aqui, a pessoa faz um voto provavelmente para que Deus faça algo por ela (assim como quando alguém diz: “Se você me tirar dessa situação desesperada, eu nunca mais vou fazer isso de novo” e, logo depois, tentam se justificar dizendo: “Ah, foi apenas um erro.”

A raiz da palavra “pagar” na frase “Pagar o que prometeu” é “shalom”. Esta palavra em hebraico é tradicionalmente celebrada como a palavra para a “paz”. A ideia aqui é que uma promessa não cumprida traz conflito e tensão. Quando uma promessa é paga, conflitos são solucionados e a paz é alcançada. Salomão nos mostra duas formas de perturbarmos a paz e a comunhão com Deus. Primeiro, atrasar o cumprimento de um voto ou promessa. A paz e a comunhão também são perturbadas quando nos atrasamos em pagar o voto que fizemos. Devemos prometer apenas o que seremos capazes e estaremos dispostos a cumprir. Devemos votar apenas o que pretendemos cumprir. Calcule o custo, não prometa mais do que está disposto a entregar. Talvez a razão de nos atrasarmos em cumprir um voto é por vermos a Deus de uma maneira transacional. Quando conseguimos o que queríamos, pensamos que temos uma posição forte de negociação e podemos nos recusar a entregar algo que prometemos.

A segunda forma com a qual podemos ferir o “shalom”, a paz e a comunhão, é dizer que apenas cometemos um erro na presença de um mensageiro que pode estar nos cobrando o cumprimento do voto feito. Somos instados a não alegar ignorância. A reinvindicação de que nosso voto foi um erro não convence. Se fazemos um compromisso, não é aceitável que mudemos logo depois. Deus espera que nossas promessas sejam mantidas. Ele conhece os pensamentos e intenções do nosso coração, então é tolice pensar que podemos dar um golpe Nele (Hebreus 4:12).

Salomão talvez tivesse em mente os sacerdotes que oficializavam os votos de oferta de paz. Os sacerdotes agiam como um tipo de mensageiro e como testemunhas para os votos, confirmando a responsabilidade quanto àquilo que estava sendo dedicado a Deus. Não existe possibilidade de “des-votar” em Levítico, o livro que apoia a instrução de Salomão de sermos cuidadosos com o que prometemos a Deus. A palavra traduzida como “erro” é a palavra usada em Levítico para “pecados não intencionais”, pecados que um Israelita iria cometer involuntariamente. Então, logo depois de dar-se conta de ter feito algo errado, a pessoa poderia fazer uma oferta de purificação.

A instrução de Salomão se aplica a alguém que esteja tentando escapar de pagar seu voto se apoiando nessa condição do código de Levítico. Sua justificativa poderia permitir que os votos fossem substituídos por um sacrifício mais barato, ao invés de manter o sacrifício mais caro ou mais difícil. Isso era uma forma de se evitar o voto original e, ainda assim, se segurar à ilusão de obediência. Esta é outra ilustração de um louvor tolo, como se Deus pudesse ser enganado. É claro que vai haver consequências negativas da parte de Deus quando O tratamos dessa maneira.

Salomão deve ter aprendido com seu pai Davi como Deus se importava com o cumprimento de promessas. Deus trouxe uma fome de três anos sobre Israel durante o tempo de do Rei Davi. Davi perguntou ao Senhor e Ele respondeu: “Há sangue sobre Saul e sobre a sua casa, porque matou os gibeonitas” (2 Samuel 21:1). Josué tinha concordado em fazer um tratado para proteger os gibeonitas havia mais de quatrocentos anos (Josué 9). Saul quebrou esse tratado e Deus estava responsabilizando Israel. Deus é muito sério quanto a mantermos nossa palavra aos outros. Salomão estende esse princípio ao cumprimento de nossas palavras a Deus.

Salomão resume essa seção com perguntas e respostas em relação a como devemos nos chegar diante de Deus: Por que se iraria Deus contra a tua voz e destruiria a obra das tuas mãos? A única voz referenciada nessa seção é o discurso que leva alguém a pecar por dizer, na presença do mensageiro de Deus, que fazer o voto foi um erro. Ainda estamos no contexto de atrasar o pagamento de um voto, ou tentar evitar de pagá-lo justificando-o como um erro. Deu destruirá o trabalho das mãos de quem demonstre tal falta de integridade. A palavra “qatsaph”, traduzida como “irritado”, significa literalmente “explodir de raiva”.

A forma de evitarmos isso é termos a certeza de que quando fizermos um voto a Deus, não iremos tardar em pagá-lo. É apropriado temer a Deus. Assim como já vimos anteriormente em Eclesiastes, Deus é o juiz de tudo. Cada ação terá uma consequência apropriada. O temor do Senhor deve nos levar a pagarmos os votos conforme foram prometidos, sem desculpas. Palavras e sonhos levam ao vazio. O que é construtivo é termos ações consistentes com as intenções por nós expressadas. Ao fazermos uma promessa, mantenhamos a promessa.

Tratar a Deus como se Ele fosse um servo muito poderoso é arriscar deixá-lo irritado ao ponto de destruir o trabalho de suas mãos. Isso pode se referir a muitas possibilidades. O livro de Romanos, no Novo Testamento, diz que a ira de Deus se derrama sobre aqueles que andam em desobediência. Uma forma pela qual isso ocorre é pela agência dos governos, que Deus deu para punir os comportamentos ruins (Romanos 13:4). O governo certamente tem o poder de destruir o trabalho de suas mãos.

Outra forma que Deus derrama Sua ira é nos entregar à nossa carne, ao ponto da escravidão, do vício e de uma mente degradada (Romanos 1:24-28). É outra forma como o julgamento de Deus pode alcançar, entregando-nos a nossos próprios desejos, dando-nos o que queremos. A progressão dessa depravação pode causar a destruição do trabalho das suas mãos. Pode também se aplicar aos atos que fazemos na terra sendo queimados no dia do julgamento como madeira, feno e palha (1 Coríntios 3:11-15).

Salomão faz uma aplicação prática, afirmando: Pois em muitos sonhos e muitas palavras existe o vazio. Isso tem aplicação imediata à questão de fazermos um voto a Deus, algo que realmente não pretendemos cumprir. São sonhos e muitas palavras. Um sonho não é algo real. Esse voto não é real, é apenas conversa, muitas palavras, ao invés de ser um plano que resulta em ação. O uso dos sonhos e palavras vazias nesta passagem apoia a “interpretação de sonhos” no versículo 3 como algo que alguém almeja que aconteça (o que é oposto aos sonhos dados por Deus). Intenções não realizam nada. Se tememos a Deus, precisamos fazer com que nossas intenções se transformem em ações.

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