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Significado de Eclesiastes 6:3-6
Salomão contrasta duas experiências de vida radicalmente diferentes e comparativamente extremas. Seu primeiro exemplo é sobre um homem que foi pai de mil filhos, vive muitos anos (6:3) ou até mesmo mil anos duas vezes (6:6). De qualquer forma, a alma desse homem não está satisfeita com coisas boas e ele não tem um enterro adequado. Salomão contrasta esse homem com um aborto e declara que o aborto é melhor que ele.
A criança natimorta entra no mundo e passa por ele sem nenhuma experiência de vida. Assim, a criança não tem nada do que se lembrar. A criança nasce em futilidade, passa para a obscuridade e nunca desenvolveu uma identidade. O natimorto não tem nenhuma experiência de vida (nunca vê o sol) e não chega a um estado de identidade (nunca sabe). Ela é melhor que o homem próspero que não está satisfeito com as coisas boas e não tem um enterro adequado.
Mesmo que o homem tenha tido uma vida muito mais longa que o natimorto, sua experiência termina na mesma obscuridade e futilidade. Ele teve o potencial para grandes bençãos, mas não estava satisfeito e não teve um enterro apropriado. Porém, diferente do natimorto, ele sofre a dor e a miséria provenientes da experiência humana, sem descobrir as bençãos dela. Em meio a uma vida cheia de vapor, o homem nunca aceita a oportunidade de confiar em Deus. O vapor de sua vida é inútil, confuso e cheio de angústia.
A frase “Não tem nem mesmo um enterro apropriado” é adicionada à “alma não satisfeita”. A expressão para “enterro apropriado” é “qebuwrah”, um substantivo que significa “túmulo”, um local de enterro. Salomão não nos diz por que o homem não tinha um túmulo; talvez signifique que seus mil filhos não o tenham honrado. Ele pode ter vivido como um acumulador, alguém que não aproveitou as bençãos de suas riquezas e não aconselhou seus herdeiros a serem bons administradores. Talvez os filhos tenham aprendido a lição do pai acumulador e não estavam dispostos a gastar a herança nem para o enterro de seu pai miserável.
Tal situação pode explicar a expressão “sua alma não está satisfeita com coisas boas”. A pessoa viveu sua vida sem criar conexões humanas ou afeição. Talvez, assim como o acumulador do Capítulo 5, ela gasta todo seu tempo e atenção consigo mesma. Ao desperdiçar sua oportunidade de viver uma vida de administração, generosidade e gratidão, ela não se satisfez com as coisas boas dadas por Deus, terminando a vida completamente sozinha, na escuridão. Ela é consumida pelo mistério da vida e pela compulsão de controle, em contraste com o homem do final do Capítulo 5, que usou o mistério da vida como uma chance para confiar em Deus e viver uma vida de propósito.
No versículo 4, Salomão explica que o aborto é uma futilidade. A criança tem uma existência como o vapor, porque fica no útero da mãe com promessa, mas se dissipa antes mesmo de ter a chance de nascer, ou crescer, ou viver a vida. Vai para obscuridade (literalmente “escuridão”). Seu nome é coberto pela escuridão. Seu nome, a coisa que a identifica e a diferencia de outros - uma marca de identidade - é coberto pela escuridão. Ela nunca vê o sol e não sabe de nada.
Mesmo assim, a criança está em posição melhor que o homem não satisfeito. A palavra “melhor” no final do versículo é “nachath”. Significa “descanso, silêncio”. Assim, a frase literalmente significa “ele tem mais descanso que o outro”. O homem não satisfeito vai sofrer as misérias de seu descontentamento e o aborto vai descansar.
No versículo 6, Salomão faz uma pergunta retórica: “Não vão todos para o mesmo lugar?” O homem que não está satisfeito com as coisas boas termina no mesmo lugar que o aborto. Ambos terminam voltando novamente ao pó. A diferença é que o homem que não conseguiu ver o bem durante sua vida perde tempo e oportunidades nessa terra, experimentando, assim, mais futilidade. Ainda que tivesse duas vezes mais tempo, mil anos duas vezes, seria um desperdício, caso não descobrisse como estar satisfeito com as coisas boas e viver em gratidão.
A oportunidade da vida é favorável apenas se tomarmos vantagem delas. Pesquisas modernas já identificaram a gratidão como uma chave primária da felicidade humana. Essas pesquisas confirmam o que Salomão observou 3.000 anos atrás.