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Significado de Eclesiastes 6:7-9
Salomão volta ao tema da insatisfação cheia de vapor do trabalho. Tudo o que fazemos tem o foco de prover para nossas necessidades básicas, a mais básica de todas é o alimento; mesmo assim, o apetite nunca está satisfeito. A palavra traduzida como “apetite” é “nephesh”, que também pode ser traduzida como “alma”. “Nephesh” significa “vida de uma criatura”. Alimentamos nossa boca, mas nossa “alma” nunca está satisfeita. Salomão está apontando para outra realidade da vida: a satisfação verdadeira nunca vem pela satisfação de um apetite.
Mais ou menos quinhentos anos depois de Salomão, alguns filósofos gregos transformaram em um pilar central de sua filosofia a observação de que a satisfação de apetites não traz felicidade real. Por exemplo, no trabalho escrito “Gorgias”, Platão leva Sócrates a discutir contra a ideia de que felicidade vem da realização de desejos ou apetites. Ele discute que, se isso fosse verdade, o leproso seria o homem mais feliz da terra, porque continuamente tem o “prazer” de realizar o desejo de coçar suas feridas.
Quando se trata de buscar a felicidade pela realização de desejos, o homem sábio não tem nenhuma vantagem sobre o tolo. Nenhum dos dois pode encontrar felicidade na buscar pelo prazer. Salomão está voltando para um das lições centrais dos Capítulos 1 e 2.
O egoísmo é autodestrutivo.
O pobre não tem vantagens porque sabe como andar perante os vivos. Essa frase pode se referir à capacidade que a pessoa pobre desenvolve para se virar na vida. Outra tradução possível é: “Qual vantagem um pobre tem em saber como sobreviver?” O fato de alguém saber como viver mesmo com fome não resolve o problema inicial. A pessoa ainda é governada por seus apetites e vive em insatisfação.
Qualquer foco em viver para os apetites leva à escravidão e miséria. Este é um problema do coração que não pode ser resolvido pelas circunstâncias. Buscar a felicidade na realização de desejos é correr atrás do vento.
Salomão adiciona que o que os olhos veem é melhor do que a alma deseja. Outra tradução possível é: “Aproveite o que você tem ao invés de desejar o que não tem”. Quando vivemos para satisfazer apetites, eles terminam se tornando nossos mestres. A chave para a felicidade é descobrir a satisfação no que temos. Ao invés de definir a felicidade como a realização de algo que nossa alma deseja, estejamos satisfeitos com o que nossos olhos podem ver - o que nós já temos.
Isso faz total sentido lógico. Se definirmos a felicidade como ganhar algo que não temos, algo que nossa alma deseja, nunca estaremos felizes. Assim que alcançarmos algo que nossa alma deseja, a felicidade vai embora. O próximo passo é começar a buscar outra coisa desejada pela alma. É muito melhor estarmos felizes com o que temos, aproveitar o que nossos olhos veem. Assim, a felicidade será nosso estado normal.
Futilidade e correr atrás do vento é uma boa descrição para uma vida vivida em uma busca constante pela satisfação de apetites que só vão crescer em exigências. Porém, podemos viver uma vida realizada ao sermos agradecidos pelo que temos, agradecidos com o que nossos olhos veem, agradecidos pelo lugar onde estamos e pelas bênçãos já recebidas.