AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Eclesiastes 7:23-26
Salomão nos informa que já havia testado as observações anteriores pela sabedoria. Ele novamente reforça o diálogo interior. Ele dix a si mesmo: Vou ser sábio, e então continua em suas investigações. Porém, ele descobre algo: Ficou longe de mim. Assim como vimos anteriormente em Eclesiastes, o homem mais sábio do mundo, com recursos amplos para fazer qualquer investigação que seu coração desejasse, não foi capaz de entender os mistérios da vida. As perguntas profundas da vida permaneciam remotas e extremamente misteriosas.
Salomão nos dix isso muitas vezes, de várias maneiras diferentes, então porque a repetição? Isso provavelmente demonstre a sabedoria de Salomão. Na nossa era moderna, reaprendemos a importância da repetição na aprendizagem e podemos observar isso no exemplo de Salomão.
A expressão “O que já foi é remoto e extremamente misterioso” se encaixa em todo o livro de Eclesiastes, mas particularmente, nas realidades de seu contexto imediato. Mais especificamente, os humanos são inclinados a pecar, porém são capazes de viver sabiamente. Aqueles que vivem sabiamente também pecam. Além disso, a ação de corrigir alguém que esteja incorrendo em erro não é sempre a melhor opção. Podemos terminar não trazendo benefício alguma à pessoa e ainda nos machucar no processo.
A afirmação de Salomão no versículo 16 sobre “não ser excessivamente justo e nem sábio demais” parece se encaixar na descrição de uma visão “excessivamente misteriosa”. Esta afirmação significa que casa situação possui sua própria solução em relação à justiça e como ela deve ser aplicada sabiamente. Tudo está no controle de um Deus imutável que declara verdades imutáveis. Nós simplesmente não podemos nos sentar no trono de Deus e ver as coisas através de Seus olhos. Precisamos confiar e reconhecer nossas falhas, assim como dos nossos companheiros.
Depois de sua investigação, Salomão conclui: Quem pode descobrir? Ele havia armazenado palavras para introduzir sua tentativa de pesquisar, descobrir e saber. Ele havia dirigido sua mente para investigar, buscar e conhecer.
Ele estava buscando explicações. A palavra em hebraico usada aqui é “cheshbown”. Ela não é encontrada em nenhum outro lugar nas Escrituras fora de Eclesiastes 7, um fato que reflete a beleza e a peculiaridade do livro. Salomão tenta encontrar uma razão, uma explicação, usando todas as suas capacidades. A ideia básica dessa palavra envolve o usa da mente, não tanto para compreender informações, mas para compreender ou “elaborar” motivos. Claro, seu problema é que os pensamentos de Deus (literalmente, “elabora” - Isaías 55:9) são maiores que os nossos - algo que relega nosso entendimento a uma posição lamentavelmente ignóbil.
O objeto da investigação de Salomão é o mal (impiedade) ou a tolice e a estupidez da loucura. Ele correlaciona as palavras usadas em sua busca com uma lista dos problemas que estava buscando resolver.
A palavra traduzida como “tolice” é “kecel”. Ela é traduzida de várias maneiras - “lombos”, em Levítico; “confiança”, em Jó e Provérbios; “tolice”, aqui em Eclesiastes, assim como alguns versículos dos Salmos. A palavra parece ter um sentido de esperança ou desejo. Salomão observa que muitos dos desejos humanos nos levam à tolice.
O mal da tolice parece estar conectado com a estupidez da loucura. Alguém é considerado “louco” quando se comporta de uma maneira que não se encaixa com a verdadeira natureza de causa-e-efeito do mundo ao seu redor. A pessoa se recusa a ver as coisas como elas realmente são, a realidade não é bem-vinda e ela prefere viver em uma realidade falsa. Infelizmente, Salomão está inidicando que isso é o comportamento humano normal. Ele, o mais sábio de todos os homens, buscou investigar e compreender mas, no fim de tudo, falhou em seu propósito.
Uma das áreas na qual Salomão falhou miseravelmente foi na arena das mulheres. Apesar de sua sabedoria, ele foi desviado dos caminhos de Deus, assim como veremos em 1 Reis 11:4:
“Sendo já velho, suas mulheres perverteram-lhe o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não foi perfeito para com Jeová, seu Deus, como o fora o coração de Davi, seu pai.”
Talvez Salomão estivesse se referindo à sua vida pessoal como exemplo de algo mais amargo que a morte - a mulher cujo coração é laço e rede e cujas mãos são grilhões. A ameaça da mulher sedutora é um tema importante em Provérbios (2:16-19; 5:1-6; 7:7-27). O próprio Salomão sucumbiu diante desses laços e redes.
É interessante notar que ambas as sabedoria e a tolice são personificadas como sendo femininas em Provérbios (Provérbios 9:13-18; Provérbios 1:20). A observação de Salomão pode ser aplicada para a tolice em geral. No exemplo da mulher sedutora, seus laços e redes sugerem uma presa sendo capturada e controlada. Ela tinha planos para sua presa. Não existe amor, nenhum benefício para a presa; mesmo assim, a isca para os laços e redes eram promessas de amor e afeição, prazer e realização, mas o que a presa recebe ao invés disso é algo mais amargo que a morte.
Isso é verdade em qualquer pecado. A oferta parece ser de grande benefício, a realização de uma profunda necessidade humana. O resultado verdadeiro é a morte. O apóstolo Paulo afirma esse princípio com termos brutais, dizendo que o “pagamento”, ou a consequência do pecado é a morte (Romanos 6:23). É válido notar que Salomão não fala em termos de certo e errado, mas faz uso das palavras “sábio” e “tolo”. Esta ênfase é para nosso benefício: a qual caminho devemos buscar como a melhor opção? O melhor caminho aqui é deixar de lado os apetites da carne, as tolices, bem como a luxúria da mulher com laços e redes.
Salomão também nos diz que as mãos da mulher sedutora são como correntes. As correntes são outra metáfora para descrever uma captura. Talvez o desejo de ter o toque e carinho de suas mãos criem o vício dos prazeres dela, algo que nos leva a um fim mais amargo que a morte. O apóstolo Paulo descreve a escolha de andar em pecado como a escolha de viver em escravidão (Romanos 6:15-16).
Contudo, como é normalmente o caso em Eclesiastes, Salomão mostra um escape. Aquele que agrada a Deus vai escapar dela. Salomão não discerniu os mistérios da vida, mas descobriu que existe uma forma de escapar da tolice! Não podemos compreender porque temos esses apetites, esses desejos para o prazer (neste caso para o prazer sexual), mas eles nos levam facilmente para consequências mais amargas que a morte. Como pode ser que a busca por algo parecido com a liberdade termine nos capturando em correntes de vício, quando a realização verdadeira ocorre somente quando colocamos esses prazeres de lado e agradamos a Deus? Tudo parece estar de cabeça para baixo.
Porém, é assim que as coisas são. A vida é um mistério, um paradoxo, um vapor. Salomão nos aponta para a sabedoria, mas ela vem somente quando confiamos em Deus, ao invés do nosso próprio entendimento. Assim como Salomão vai afirmar em Provérbios 3:5-6:
“Confia, de todo o teu coração, em Jeová e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.”
Parece que os desejos fáceis que temos são os que nos levarão à ruína. Porém, se os colocarmos de lado e buscarmos desejos ainda mais profundos, encontraremos o que estamos buscando. Nosso desejo mais profundo pode ser descoberto apenas quando agradamos a Deus. Quando agradamos a Deus, Ele vai prover formas de escapar das tolices e loucuras da vida.