AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Êxodo 19:1-9
Os dois primeiros versículos do capítulo 19 parecem ser uma descrição formal da chegada dos israelitas ao Monte Sinai. Já foi mencionado que eles estavam no Monte Sinai em 18:5. Lá, Jetro chegou para visitar Moisés. Aqui, afirma-se que os israelitas chegaram ao monte no terceiro mês depois que os filhos de Israel saíram da terra do Egito. Não só isso, eles chegaram lá no mesmo dia em que entraram no deserto do Sinai. Ou seja, chegaram ao Monte Sinai três meses antes do dia em que partiram do Egito. Eles estavam vindo de Refidim, onde ocorreram os eventos do capítulo 17, a provisão de água (Êxodo 17:1-7) e a derrota dos amalequitas (Êxodo 17:8-16). Foi depois desses eventos que eles vieram para o deserto do Sinai e acamparam no deserto, e lá Israel acampou em frente à montanha.
Tem havido muita discussão (e discordância) sobre a localização exata do Monte Sinai. O local tradicional é identificado como Jebel Musa (árabe para "montanha de Moisés"), na parte sul da Península do Sinai. Outra possibilidade é um vulcão no lado noroeste do que hoje é a Arábia Saudita. Alguns estudiosos preferem este local porque está na terra de Midiã (para onde Moisés fugiu em Êxodo 3:1) e ocasionalmente produziria fumaça e outros fenômenos naturais, semelhantes aos eventos descritos em Êxodo 19:18. Além disso, Paulo afirma em Gálatas 4:25 que o Monte Sinai está na Arábia. Alguns estudiosos sugerem outros locais, como Edom (ao sul do Mar Morto) ou Neguev. De qualquer forma, a localização exata do Monte Sinai permanece incerta.
Os versículos 3-6 indicam o momento extraordinário do Pentateuco (Gênesis - Deuteronômio). É o lugar onde a Aliança Mosaica é estabelecida entre o Senhor e Israel. Este parágrafo é importante porque fornece um resumo da aliança do Sinai ou aliança mosaica, na qual o relacionamento de Deus com Israel foi estabelecido. Neste parágrafo, o preâmbulo — as duas partes envolvidas na aliança — são identificadas no v. 4a como Tu (Israel) e Eu (o Senhor). Assim, o SENHOR é o susserano, ou governante, e Israel é o vassalo, ou súdito. O prólogo também é identificado no v. 4a, que afirma: Vistes o que eu fiz aos egípcios e como os carreguei nas asas das águias e os trouxe para Mim mesmo. Este prólogo histórico narra a relação passada das partes. Deus, o susserano, havia redimido a Israel da escravidão de forma milagrosa. Eles foram "levados pelo ar" do Egito.
As propostas para a aliança são descritas nos versículos 5-6: Agora, então, se realmente obedecerdes à Minha voz e guardardes a Minha aliança. Isto é seguido por uma sanção positiva: Sereis minha posse entre todos os povos, pois toda a terra é minha, vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. A consequência da obediência - Israel se tornaria um reino de sacerdotes e uma nação santa - depende do cumprimento da aliança por parte de Israel: guardar a Minha aliança. Israel só cumprirá sua função de demonstrar às nações vizinhas os benefícios de ser autônomo se eles realmente se comportarem de maneira autônoma.
Enquanto os israelitas estão acampados na base do Monte Sinai, Moisés subiu a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo. É interessante que tanto "Deus" (hebraico "Elohim") quanto "o SENHOR" (hebraico "Javé") são usados no v. 3. Elohim é a palavra genérica para Deus. "Elohim" é o Criador (Gênesis 1:1 e em Gênesis 1) e "Javé" é o nome que Deus leva na aliança. Moisés sobe a montanha para encontrar-se com Deus e o SENHOR ("Javé")fala. Isso mostra que o Deus de Israel é, ao mesmo tempo, seu Criador soberano e Aquele com quem eles estão prestes a entrar em aliança.
Deus chamou Moisés do monte e Moisés atendeu ao chamado e chegou-se a Deus. Neste ponto, Moisés obedece ao convite de Deus e sobe a montanha sozinho, para falar com Deus face a face.
Nos vv. 4-6, o SENHOR registra Seu discurso, porque Ele é o iniciador ou o doador da aliança . Ele instrui Moisés a dizer à casa de Jacó e contar aos filhos de Israel. Jacó foi renomeado Israel, então Israel e Jacó são a mesma pessoa. Essa repetição é uma maneira hebraica de indicar uma ênfase de que essa aliança era exclusivamente entre o SENHOR e os descendentes de Jacó, os israelitas. Moisés é o intermediário entre Deus e o povo. O pacto não se baseava em um conceito abstrato. Ao contrário, o SENHOR lembra aos israelitas três coisas:
Há duas frases fundamentais para a obediência envolvidas nessa aliança. Primeiro, o SENHOR diz: Agora, então, se realmente obedecerdes à Minha voz. Essas palavras implicam um intenso esforço no texto em hebraico. Pode-se traduzir como: "envide todos os esforços para obedecer". O SENHOR deseja, principalmente, esforço e intenção em obedecer à Sua voz. Esta é uma declaração objetiva de que Deus desejava ser ouvido e obedecido. Sua voz falava de uma maneira que podia ser compreendida. Além disso, os resultados vêm Dele, Ele cuida dos resultados. O que Ele deseja de Seu povo é um esforço vigoroso para obedecer à Sua voz.
Em segundo lugar, eles deveriam guardar a Minha aliança. O aspecto específico da voz que Deus esperava ser obedecida foi estabelecido nos requisitos da aliança, ou acordo, entre Ele e Seu povo. A aliança consistiria em mandamentos e outras leis (capítulos 20-23) que deveriam ser aplicados à vida diária na comunidade de aliança.
A maioria das bênçãos práticas seriam consequências diretas de seguirem as leis que Deus incluiu no pacto. Por exemplo, uma comunidade onde as pessoas dizem a verdade umas às outras, cuidam das propriedades umas das outras e não invejam, será uma comunidade próspera. As pessoas não terão que gastar recursos se protegendo. Da mesma forma, ninguém estará tentando subtrai nada uns dos outros. Pelo contrário, todos orientarão suas energias para produzirem benefícios mútuos. Qualquer comunidade com essas características prosperará muito. O desejo claro de Deus era que Israel demonstrasse a superioridade de viver de maneira autônoma e a espalhasse para o resto da humanidade.
Os capítulos 20-23 são apenas o início das leis da aliança no Sinai, uma vez que essas leis começam em Êxodo 20 e vão até Levítico 27. O livro de Êxodo inicia a aliança mosaica, porém não a completa. Mesmo as leis do livro de Números são devidamente vistas como uma continuidade ou uma extensão da aliança mosaica. No entanto, os Dez Mandamentos fornecerão resumo dentro do qual se encontram detalhes das leis.
Um dos resultados de sua obediência é descrito desta maneira pelo Senhor: Eles serão Minha possessão entre todos os povos, pois toda a terra é Minha. A palavra para possessão vem da raiz da palavra "segulla" no hebraico, significando "propriedade pessoal". Aparece apenas oito vezes no Antigo Testamento. É usada para a riqueza material (Ec 2:8; 1 Cron. 29:3), mas é mais frequentemente usada para descrever o relacionamento especial do SENHOR com Seu povo escolhido (Deuteronômio 7:6, 14:2, 26:18; Salmos 135:4; Malaquias 3:17). No Novo Testamento, este conceito é aplicado à Igreja em 1 Pe 2:9 e Tito 2:14, onde os cristãos são chamados de "possessão" de Deus.
Isso levanta uma questão, uma vez que Deus já havia declarado que Israel seria Sua própria possessão, em resposta à obediência do povo. Em Deuteronômio, Moisés fala sobre isso ao relatar as seguintes palavras:
"Porque tu és um povo santo para o Senhor, teu Deus. O SENHOR, teu Deus, escolheu-te para ser um povo para a sua preciosa posse, dentre todos os povos que estão na face da terra. Não foi porque fostes mais numerosos do que qualquer outro povo que o SENHOR pôs o seu amor sobre vós e vos escolheu, pois fostes o menor de todos os povos, mas é porque o SENHOR vos ama e está a cumprir o juramento que jurou aos vossos pais, que o SENHOR vos trouxe com uma mão poderosa e vos redimiu da casa da escravidão, da mão do faraó rei do Egito" (Deuteronômio 7:6-8).
Também:
"Sabei, pois, que o Senhor, teu Deus, não te dá esta boa terra para possuires por causa da tua justiça, porque és um povo teimoso" (Deuteronômio 9:6).
Israel foi escolhido por Deus como possessão por causa de Seu amor e por causa de Suas promessas a Abraão, Isaque e Jacó. Ele deu a terra como posse a Israel para cumprir a concessão da terra que havia dado a Abraão como recompensa por sua fidelidade (Gênesis 15). Israel era um bem precioso, independentemente de sua obediência. Eles continuam a ser amados por Deus mesmo quando disciplinados e espalhados ao vento no exílio (Jeremias 29:11). No entanto, a razão pela qual Israel foi exilado foi porque eles não foram fiéis em obedecer às leis de Deus (1 Crônicas 9:1). Deus os expulsou para o meio de todos os povos como nação porque eles não cumpriram sua missão de agir como sacerdotes, demonstrando os meios superiores de viver em comunidades autônomas.
Deus, aqui, acrescenta outro qualificativo à frase "Minha possessão": "Entre todas as nações". A posição de Israel como Minha possessão é incondicional. A posição de Israel como nação sacerdotal entre todas as nações depende de sua obediência. Deus também afirma que Toda a terra é minha. Deus é o verdadeiro dono da terra. E, como seus mordomos, Ele deseja que vivamos em prosperidade, beneficiando-nos uns aos outros, desfrutando de harmonia relacional. Deus quis que Israel demonstrasse a todas as nações a melhor e mais adequada maneira de viver, de modo que o florescimento humano fosse maximizado. Desta forma, Israel seria Um reino de sacerdotes e uma nação santa. Eles deveriam demonstrar o modo de vida superior de Deus e serem testemunho desse benefício por toda a terra, pois Deus é o dono da terra e deseja que ela seja bem administrada.
A expressão "reino dos sacerdotes" significava que toda a nação deveria ser formada por sacerdotes. Eles serviriam como exemplos e testemunho para outras nações. Deveriam demonstrar a superioridade de viverem em autogoverno. As bênçãos deveriam ser tão óbvias que outras nações perceberiam sua necessidade e buscariam a Deus e Seus caminhos por meio de seu testemunho. Deus não nomeou nenhum rei sobre Israel. Ele era o Rei sobre deles; Ele reinaria sobre eles (1 Samuel 8:7). Israel deveria obedecer aos mandamentos de Deus e amar ao próximo como ao SENHOR.
Como resultado de sua obediência à aliança, eles seriam uma nação santa. Ser "santo" significado ser separado para um propósito especial. Os israelitas foram deixados de lado para servir a seu Deus, sendo exemplos de vida para o mundo ao seu redor. Eles deveriam ser separados das influências das culturas circundantes, especialmente evitando coisas associadas ao paganismo. O paganismo é interesseiro e se concentra em satisfazer os apetites humanos. A adoração aos ídolos esconde comportamentos egoístas. A aliança com Deus se concentrará em respeitare servir aos outros, bem como construir uma comunidade autônoma.
Levítico 18 contém uma lista chocante dos comportamentos corruptos mantidos em comum tanto na cultura egípcia quanto na cananéia. Esta lista inclui incesto, todo tipo de imoralidade sexual (incluindo relações sexuais com animais) e a prática satânica do sacrifício de crianças. A exploração de crianças e mulheres era um comportamento normalizado no paganismo. Israel deveria se separar do paganismo e viver de maneira autônoma, servindo uns aos outros, fornecendo proteção aos inocentes e vulneráveis como uma expressão de devoção ao SENHOR. As mulheres deveriam ser respeitadas e as crianças treinadas com cuidado amoroso (Deuteronômio 6:7). Seu testemunho deveria ser o de exalar uma vida construtiva e gerar resultados de florescimento e prosperidade.
O SENHOR lembra a Moisés de que Estas são as palavras que falareis aos filhos de Israel. Israel foi a única nação a fazer uma alilança com o Senhor. No Novo Testamento, uma Nova Aliança é feita entre o SENHOR e aqueles que crêem em Jesus para a vida eterna. Esta Nova Aliança está escrita nos corações, não em pedras, e é baseada no sangue de Jesus, ao invés do sangue de ovelhas (Jeremias 31:31; Mateus 26:28).
Tendo estabelecido as condições da aliança nos vv. 4-6, Moisés veio e chamou os anciãos do povo, e colocou diante deles todas essas palavras que o Senhor lhe ordenara. Eles precisavam ser informados sobre o que o SENHOR estava propondo no pacto e, então, decidir se o aceitariam ou não.
O versículo 8 contém a resposta do povo. Eles (todas as pessoas) responderam juntos e disseram: "Tudo o que o Senhor falou nós faremos!” Então, Moisés volta ao Senhor e lhe diz a resposta do povo. Os israelitas concordaram com os termos da aliança e entraram, assim, em um relacionamento especial com seu Senhor. Sua resposta parece genuína e entusiástica. Infelizmente, no entanto, o Antigo Testamento está cheio de exemplos em que o povo não fez (não quis fazer) o que o SENHOR desejava que fizessem. O pacto do Sinai fez provisões para tais comportamentos. Ele explicita bênçãos pela obediência e maldições pela desobediência aos preceitos do pacto de Deus. Assim, quando os israelitas obedeciam, eles recebiam bênçãos de seu Deus. Quando desobedeciam, eram julgados por Deus, porque violaram os termos da aliança.
O propósito do versículo 9 parece ser uma confirmação de Moisés como mediador da aliança. Para isso, o Senhor diz a Moisés: "Eis que virei até vós numa espessa nuvem, para que o povo ouça quando eu falar convosco e também creia em vós para sempre". A palavra Eu é enfática, dando a entender que o SENHOR ("Eu mesmo") viria até Moisés. A palavra convosco é singular, referindo-se apenas a Moisés. Este foi o padrão estabelecido pelo SENHOR — Moisés deveria ser o mediador entre Deus e Seu povo de aliança. Moisés cumpre o papel designado a ele como mediador e leva as palavras do povo ao Senhor.
O SENHOR escolheu Abraão em uma nação pagã e prometeu abençoá-lo imensamente. Deus prometeu abençoar a Abraão e seus descendentes com uma terra e um povo (Gênesis 12:7) e esses dons eram irrevogáveis (Romanos 11:29). Israel nasce como povo de Deus e Deus lhes concede o título de propriedade da terra de Canaã. No entanto, era responsabilidade de Israel obedecer ao Doador da terra, a fim de desfrutarem dos benefícios da terra e viverem muito tempo nela. Portanto, o Deus Susserano explica claramente as propostas da aliança a Moisés para que ele pudesse transmiti-las a Seus vassalos (Israel). Isso garantiria que Deus fosse justo quando julgasse os violadores do pacto.