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Significado de Êxodo 34:18-26

Tendo mencionado os tipos de adoração dos quais os israelitas deveriam se manter afastados, o SENHOR descreve os requisitos da adoração adequada. Eles são uma reafirmação de alguns dos itens apresentados na Lei da Aliança no Capítulo 23.

O primeiro item mencionado é que o povo deveria observar a Festa dos Pães Ázimos. Isso foi descrito pela primeira vez em Êxodo 12:15-20 e posteriormente em Êxodo 23:15. Como lembrete, o SENHOR declara que durante sete dias comerás pães asmos, como te ordenei, ao tempo apontado no mês de abibe; porque no mês de abibe é que saíste do Egito. Esta festa deveria ocorrer no mês de Abibe, que corresponde a março-abril no calendário solar. Esta festa servia para lembrar os israelitas de que o SENHOR os havia libertado da escravidão no Egito. Ele era seu Libertador, nenhum algum outro deus. O fato é que, em questão de poucos dias após terem presenciado a libertação de Deus, o povo construiu um bezerro de ouro e disse a respeito dele: "Este é o seu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito" (Êxodo 32:4). Isso pode explicar por que esta festa anual estava no primeiro lugar na lista.

O segundo princípio repete a lei relacionada aos primogênitos, encontrada em Êxodo 13:12 e Êxodo 22:29-30. O SENHOR declara aqui que todo o que abre a madre é meu e todo o teu gado que é macho, que abre a madre de vacas ou de ovelhas. O primogênito da jumenta, remi-lo-ás com um cordeiro. “Todo ventre” incluía a ambos seres humanos e gado. Isso se devia ao fato de que todos os primogênitos de Israel, tanto humanos quanto animais, haviam sido poupados da morte na décima praga (Êxodo 12:29-30). Enquanto as religiões pagãs incluíam sacrifícios humanos, na economia de Deus os primogênitos humanos seriam resgatados.

Para transferir a propriedade do primogênito ao SENHOR, o povo deveria resgatar com um cordeiro o primeiro nascido de um jumento. O termo resgatar tem o significado básico de transferir a propriedade de um para outro por meio de algum tipo de pagamento. Os jumentos eram considerados cerimonialmente impuros (Levítico 11:2-4) e, por isso, não eram adequados para serem usados como sacrifício. No entanto, eles poderiam ser resgatados. Para resgatar a um jumento primogênito, eles deveriam usar um cordeiro como sacrifício. Em uma situação extrema e rara, se o não remires, quebrar-lhe-ás a cerviz. Embora impuros, os jumentos eram valiosos em uma sociedade agrícola, portanto, matar a um deles não era algo feito com frequência. Isso reafirmava a mesma lei encontrada em Êxodo 13:13.

Além do resgate dos animais primogênitos, as pessoas também eram obrigadas a remir a todos os primogênitos de teus filhos. O SENHOR declara que esses filhos primogênitos não deveriam comparecer diante de Mim de mãos vazias. Comparecer diante da presença do SENHOR de mãos vazias seria um ato de ingratidão. O SENHOR os havia libertado da escravidão no Egito e comparecer diante Dele sem uma oferta mostraria falta de gratidão e respeito pelo seu Libertador. Isso resume a declaração no versículo 19 de que todo o que abre a madre é meu. Este resgate contrastava com o sacrifício humano comum nas religiões pagãs. Era uma figura da redenção que Jesus proporcionaria a todos os povos como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29, 36).

No versículo 21, o SENHOR reafirma a lei do descanso sabático (Êxodo 16:23; 20:8; 30:14ff). Isso era um lembrete semanal de que Deus era o Criador, que criou os céus e a terra e descansou no sétimo dia. Ele diz: Seis dias trabalharás, porém, ao sétimo dia, descansarás; no tempo de arar e no tempo de ceifar, descansarás. (v. 21). Esta adição referente ao arar e colher é colocada aqui por causa do que se segue: as festas agrícolas.

A segunda festa mencionada aqui estava associada à agricultura - a Festa das Semanas (v. 22). Ela deveria ser celebrada com as primícias da colheita do trigo, que ocorria no final da primavera, no início da colheita das culturas, incluindo o trigo. A Festa das Semanas é chamada de "Festa das Colheitas" em Êxodo 23:16. No Novo Testamento, ela é chamada de "Festa de Pentecostes" porque era celebrada cinquenta dias após a Páscoa (Atos 2:1, 20:16; 1 Coríntios 16:8). "Pentecostes" vem do grego e significa "cinquenta".

A terceira festa a ser celebrada era a Festa das Colheitas, que ocorria na virada do ano, ou no início do outono (setembro/outubro). Nesta época, eram colhidas as safras de verão, como uvas e azeitonas. Também era chamada de "Festa dos Tabernáculos" ou "Festa das Tendas" (Levítico 23:33-36; Deuteronômio 16:13-15; 31:10; João 7:2). Cada uma dessas festas era uma oportunidade para o povo se lembrar quem eles eram e sua aliança com Deus. Eles já haviam mostrado que sua memória em relação à bondade e libertação de Deus não durava nem mesmo quarenta dias.

O versículo 23 contém um resumo das instruções do SENHOR sobre as festas. Ele afirma: Três vezes por ano aparecerão todos os teus primogênitos diante do Senhor Jeová, Deus de Israel. As festas para as quais todos os homens israelitas eram obrigados a comparecer eram a Páscoa, a Festa dos Pães Ázimos (v. 18), a Festa das Semanas (veja Êxodo 23:16) e a Festa das Colheitas (veja Êxodo 23:16). Os homens foram instruídos a comparecer às festas. No entanto, sabemos que se tornou comum para famílias inteiras comparecerem. O costume dos pais de Jesus era comparecer à Páscoa todos os anos e foi em uma dessas viagens a Jerusalém que Jesus se separou deles e maravilhou aos mestres no templo quando tinha apenas 12 anos. O grupo de famílias e vizinhos que viajavam para Jerusalém era tão grande que Maria e José não perceberam a falta de Jesus por um dia inteiro depois de iniciarem a volta para casa (Lucas 2:41-50).

Como recompensa por observar fielmente as festas, o SENHOR promete expulsar as nações diante de vós (v. 24). Isso significa que os povos que habitavam a Terra Prometida seriam expulsos e não incomodariam mais a Israel. Além disso, Ele ampliaria suas fronteiras. Haveria muita terra para o povo prosperar. Por fim, o SENHOR garante que ninguém cobiçará a sua terra. As pessoas ao redor não poderiam e não seriam capazes de conquistar a Terra Prometida e tirá-la do povo da aliança do SENHOR.

Tudo isso foi prometido pelo SENHOR sob a condição de que o povo subisse três vezes por ano para comparecer diante do Senhor seu Deus. Ou seja, o SENHOR seria fiel em protegê-los na Terra Prometida caso eles fossem fiéis em se dirigir ao local de adoração (inicialmente em Siló e eventualmente em Jerusalém) para as três festas discutidas neste texto: a Páscoa, a Festa das Semanas e a Festa dos Tabernáculos. As festas lembravam ao povo que era o SENHOR quem supria todas as suas necessidades e também os protegia de todos os seus inimigos.

A exigência de comparecer periodicamente com uma oferta diante de seu Deus Susserano era comum entre as nações do oriente médio. Ao escolher o formato de tratado de susserania-vassalagem, Deus havia optado por um formato comum e familiar naquela era para se comunicar com Seu povo. Por exemplo, em alguns documentos de tratados hititas, o vassalo (ou o rei inferior) era obrigado a viajar periodicamente ao susserano (o governante ou rei superior) para reafirmar sua lealdade. Isso incluía o pagamento de tributo anual. No Êxodo, o vassalo não era um rei, mas sim toda uma nação chamada "Israel". Os vassalos eram os cidadãos individuais de Israel. Todo homem adulto era soberano. Isso ocorre porque Deus estabeleceu a Israel como nação autogovernada, na qual Deus reinava como Susserano benevolente em busca do melhor para o povo.

Não haveria um rei tirano buscando expandir seu próprio poder por meio da extração e exploração. Cada chefe de família israelita era soberano sobre sua própria família, com a responsabilidade de amar, prover, educar e proteger à sua família (Deuteronômio 6:4-7). Deus não permitiria a exploração ou o abuso sob as leis do pacto. O Susserano é Yahweh, Aquele que havia escolhido a seus próprios vassalos (Israel) para estabelecer uma relação de aliança com eles (Êxodo 19:4-6). Ele é o monarca, que faria as leis e reinaria como rei. No entanto, Deus delegou a função judicial ao povo, para que julgassem entre si (Deuteronômio 16:18).

Assim, Yaweh exigia que o povo soberano e autogovernado de Israel se apresentasse diante Dele três vezes ao ano para comunhão.

Eles deveriam se lembrar da aliança e agradecer a Deus por todas as Suas provisões. Ao contrário dos reis tiranos, que exigiam o lucro da produtividade de seus vassalos por meio de tributos, o Deus Soberano de Israel exigia que cada pessoa praticasse a justiça, amasse a bondade e andasse humildemente com seu Deus (Miquéias 6:8). Amar a Deus significava amar ao próximo, sob a aliança de Deus.

Essas festas eram tanto uma lembrança quanto uma oportunidade para a unidade nacional e comunhão, visando mostrar a harmonia entre os vizinhos. A maioria dos sacrifícios posteriormente se tornava um "churrasco" e este eram utilizados para sustentar aos levitas ou para as festas entre as famílias. Portanto, era tanto uma lembrança quanto uma aplicação prática da harmonia comunitária. Era semelhante às celebrações modernas de feriados nacionais, como o Dia da Independência de uma nação. No caso de Israel, eles deveriam lembrar-se de sua independência da escravidão no Egito pela poderosa mão de seu Deus Soberano. Foi esse Deus quem decretou as leis, que foram projetadas para criar uma cultura de respeito mútuo, amor e serviço, resultando em harmonia comunitária, segurança e produtividade. Se eles obedecessem, teriam a bênção natural que decorre dessa cooperação mútua, além da bênção adicional de Deus.

Três outros mandamentos que estavam na Lei da Aliança no capítulo 23 são repetidos aqui:

Não oferecerás o sangue do meu sacrifício com pão levedado; nem ficará até pela manhã o sacrifício da Festa da Páscoa. (v. 25). Isso foi visto pela primeira vez em Êxodo 23:18. O fermento na Páscoa representava a impureza e o pecado (Mateus 16:6-12; Lucas 12:1; 1 Coríntios 5:4-8). Portanto, não devia haver pão levedado comido ou oferecido durante a Páscoa. Isso também era uma lembrança da saída do Egito às pressas, com a bênção dos egípcios. Conforme registrado em Êxodo 12:33-34: "Os egípcios apressaram o povo para que saísse da terra rapidamente, pois diziam: Nós estaremos todos mortos. Então o povo levou sua massa antes de levedar, com as amassadeiras amarradas nas roupas sobre os ombros". Os israelitas não tiveram tempo para o pão levedar, pois empacotaram tudo e partiram cedo.

O sacrifício da Festa da Páscoa não deveria ser deixado para a manhã seguinte. Tudo deveria ser comido naquela noite ou ser queimado. Esta era uma lembrança do requisito para a primeira refeição da Páscoa, que foi consumida às pressas. Os israelitas deixaram o Egito na manhã seguinte à Páscoa. Conforme registrado em Êxodo 12:10-11, parte das instruções de Moisés para o povo sobre a primeira refeição da Páscoa: "E não deixareis nada dele ficar até pela manhã; mas o que dele ficar até pela manhã, queimareis com fogo. E assim o comereis: os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor."

As primícias da tua terra trarás à casa de Jeová, teu Deus. (v. 26). Isso havia sido primeiramente ordenado em Êxodo 23:19. As primícias representavam a primeira parte das colheitas. O princípio é que a generosidade deveria vir da primeira parte do que era ganho. Se eles dessem somente as sobras, não teriam nada para dar. O princípio das primícias perpassa toda as Escrituras. Jesus é chamado de “as primícias daqueles que dormem”, significando que Jesus foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos com um novo corpo que nunca mais veria a morte (1 Coríntios 15:20). Tiago chama aqueles que haviam crido em Jesus de uma espécie de "primícias" entre as criaturas de Deus, aqueles que foram dos primeiros a nascer de novo (Tiago 1:18). Paulo diz aos crentes em Corinto para honrarem a este princípio, separando no primeiro dia da semana uma quantia para uma oferta que ele recolheria, visando ajudar aos crentes judeus que sofriam perseguição em Jerusalém (1 Coríntios 16:2-3).

Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe. (v. 26). Isso havia sido mencionado pela primeira vez em Êxodo 23:19. Provavelmente, esta prática era proibida porque era um costume pagão e o SENHOR não desejava qualquer vestígio de idolatria ou paganismo no culto a Ele.

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