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Significado de Êxodo 34:5-9

O SENHOR aparece a Moisés em preparação para a renovação da aliança. Ele aparece na nuvem, passa adiante de Moisés e proclama Seu caráter. Moisés, por sua vez, se curva em adoração diante do SENHOR. Em seguida, ele pede ao SENHOR mais uma vez que permanecesse no meio do Seu povo, apesar de sua infidelidade.

Em preparação para a renovação da aliança com Israel, o Senhor desceu na nuvem. A nuvem, assim como havia acontecido quando a aliança foi feita pela primeira vez (Êxodo 19), era a manifestação visível do SENHOR. Aqui, o SENHOR ficou ali com Moisés enquanto ele proclamou o nome do SENHOR.

Durante essa nova visão, o Senhor passou diante de Moisés e proclamou quem Ele é: O Senhor, o Senhor Deus. O termo hebraico literalmente diz "SENHOR, SENHOR DEUS". SENHOR (em hebraico, "Yaweh") é o nome da aliança de Deus. A repetição do nome é uma expressão intensa que visa enfatizar Sua existência, Sua eternidade e Sua relação de aliança com Seu povo.

Misericordioso e clemente. A palavra hebraica para “misericordioso” é "rakham" e se refere a um amor profundo de uma pessoa para outra. Por exemplo, é usada em Isaías 49:15 para descrever o amor de uma mãe para “o filho de seu útero”. O SENHOR é misericordioso e também clemente, concedendo perdão e favor para aqueles que não os merecem. Deus acabara de demonstrar isso ao abster-se de julgar Israel pela quebra da aliança com a qual haviam acabado de concordar em seguir. Essas duas palavras, misericordioso e clemente, são usadas juntas em vários outros lugares nas Escrituras para descrever o SENHOR, como em 2 Reis 13:23, 2 Crônicas 30:9, Neemias 9:17 e Joel 2:13.

Tardio em irar-se. A expressão hebraica literalmente significa "longo de nariz" ou "longo de narinas". Um nariz curto refere-se a alguém de pavio curto ou que se irrita facilmente. Ser "longo de nariz" descreve alguém que é o oposto de "cabeça quente", ou seja, longânimo e paciente. Felizmente para nós, Deus é paciente e tardio em irar-se.

Abundante em amor e verdade. Esta expressão explora ainda mais o significado de o Senhor ser tardio em irar-se. A palavra hebraica para misericórdia ("hesed") pode ser traduzida de várias maneiras diferentes, como "amor leal", "bondade" e "gentileza", referindo-se à lealdade amorosa do Senhor para com a aliança com Seu povo.

O Senhor também transborda em verdade. Embora Deus seja amoroso, a verdade jamais é comprometida. As pessoas podem quebrar a aliança com Ele, obtendo repercussões adequadas à aliança, porém Deus sempre cumprirá Sua palavra. Mesmo que, às vezes, o SENHOR seja misericordioso e, às vezes, aplique o julgamento que as pessoas merecem, a justiça sempre é feita e a verdade é sempre mantida. Embora seja misericordioso, Deus de maneira alguma deixará o culpado sem punição.

Aquele que guarda misericórdia. Sua misericórdia (novamente "hesed") é guardada por milhares de gerações (ou "até a milésima geração"), uma expressão que afirma que o "hesed" do Senhor é inesgotável. A misericórdia de Deus não tem limites e não pode se esgotar. Quando alguém é infiel, a bênção de Deus sobre eles continua ininterrupta.

Que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado. Outra expressão da misericórdia do Senhor é que Ele perdoa (também "levanta", "remove") o pecado. Aqui são usadas três palavras para pecado. Iniquidade (em hebraico, "avon") se refere ao que é torcido ou distorcido. Transgressão (em hebraico, "peshah") tema raiz na violação de um acordo ou autoridade entre pessoas, seja no nível interpessoal ou espiritual. A palavra é traduzida como "rebelião" em 1 Samuel 24:11, onde Davi assegura ao rei Saul que ele não é um rebelde contra o seu reinado, provando que Saul estava em suas mãos para matá-lo, e Davi poupou sua vida. A palavra “pecado” (hebraico, "hatah") é a palavra primária para “pecado” no Antigo Testamento e traz a ideia de errar o alvo, o padrão de comportamento, ou perder o caminho correto.

Além de declarar Sua infinita bondade, o Senhor afirma que é completamente justo. Sua justiça pode ser vista no fato de Ele, de forma alguma, deixar o culpado sem punição. A expressão “o culpado” não aparece no texto em hebraico. A frase é intensa, significando que não haveria chance de absolvição aos que não desejassem viver de acordo com os mandamentos de Deus. Na verdade, as consequências de se rebelar contra o reinado benevolente de Deus, onde cada mandamento é projetado para beneficiar cada pessoa e sua comunidade, O levarão a visitar a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os netos até a terceira e quarta gerações.

A frase “terceira e quarta gerações” provavelmente ressalte tanto a justiça quanto a paciência de Deus, já que Ele é tardio em irar-se. Se a iniquidade persistir, as consequências eventualmente se manifestarão completamente na terceira e quarta gerações. A consequência do pecado é a morte, a separação. Esta é a realidade da causa e efeito no mundo atualmente. Porém, a paciência de Deus permite que várias gerações tenham a chance de se arrepender antes que toda a iniquidade seja julgada. Deus é justo e de forma alguma deixará o culpado sem punição. É claro que Deus, em tempo oportuno, viria à Terra como humano, na pessoa de Jesus, e assumiria os pecados do mundo, tornando essa afirmação completamente verdadeira, ao mesmo tempo em que ofereceria Sua misericórdia a todos os homens (João 3:14-16). Diante da revelação do SENHOR sobre Si mesmo, Moisés se apressou e, curvando-se para a terra, adorou. (v.8). Estar na presença do SENHOR, conforme descrito nos versículos anteriores, deve sempre resultar em adoração. Moisés havia experimentado em primeira a realidade do que Deus havia revelado. Deus não estava se gabando, Ele estava simplesmente declarando a verdade. Ele estava falando com Moisés, o homem mais humilde da terra (Números 12:3). Humildade é ver as coisas como elas são; enxergar o mundo através das lentes da realidade. Moisés reconhece a verdade do que Deus afirma e responde de maneira adequada, prostrando-se e adorando a Deus, reconhecendo a verdade de Suas declarações.

Então, Moisés suplica ao SENHOR, com base na declaração anterior feita por Deus de que ele havia encontrado favor aos Seus olhos (Êxodo 33:17). Moisés suplica a Deus para que, se ele realmente havia encontrado favor aos olhos do SENHOR, que Deus fosse junto com eles no meio do povo. Deus havia afirmado em Êxodo 33:3 que Ele não iria no meio do povo, para não julgar a iniquidade deles. Mais tarde, Moisés consegue fazer com que Deus concordasse em acompanhar a Israel com Sua presença (Êxodo 33:14). Agora, Moisés busca a reversão da decisão de Deus e pede a Ele para ir no meio deles, apesar do fato de o povo ser tão obstinado.

O humilde Moisés não contesta a realidade de que o povo é obstinado. Ele mesmo já tinha experimentado isso. Moisés havia pedido anteriormente a Deus para que todas as consequências adversas que fossem devidas ao povo recaíssem sobre ele, uma proposta rejeitada por Deus (Êxodo 32:31-33). Agora, Moisés pede a Deus para amenizar Sua disciplina sobre o povo, não distanciando Sua presença do meio deles. Sua nova linha de argumento é pedir a Deus para fazer isso como extensão do favor que Deus expressava em relação a ele próprio, por causa de sua fidelidade. O argumento de Moisés pode ser expresso da seguinte forma: "Se o Senhor quer me mostrar quanto me favorece, por favor, venha conosco e esteja em nosso meio, mesmo que o povo seja obstinado".

Moisés continua a interceder pelo povo, apesar do fato de resistirem constantemente à sua liderança (Êxodo 14:11, 15:24; 16:3, 16:19; 17:2-3). Claro que isso não era uma via de mão única - Moisés provavelmente também se beneficiaria disso, já que a presença de Deus no meio deles tornaria mais provável que o povo seguisse a Moisés durante a viagem, resultando em obediência a Deus e manutenção de sua aliança com Ele. Isso pode simbolizar uma ilustração do princípio bíblico de que a melhor decisão que podemos tomar é servir aos outros em obediência a Deus.

Moisés também pede ao SENHOR que perdoasse a iniquidade (em hebraico, "avon") e o pecado (em hebraico, "hatah") do povo, e finalmente toma-nos por tua herança. Em suma, Moisés desejava que o SENHOR perdoasse as ações pecaminosas de Seu povo rebelde e restaurasse plenamente a comunhão que Ele tinha antes do terrível pecado em Êxodo 32. À luz da intercessão bem-sucedida de Moisés para obter perdão e restauração para o povo com base no favor de Deus para com Moisés, vale a pena considerar o trecho do livro do Novo Testamento, Tiago. Tiago era judeu, meio-irmão de Jesus e líder da igreja em Jerusalém. Além da passagem de Elias, ele pode ter aprendido sobre a intercessão por outros a partir desse episódio da intercessão de Moisés pelo povo:

"Alguém está doente entre vocês? Então, ele deve chamar os anciãos da igreja e eles devem orar por ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a oração feita com fé restaurará aquele que está doente, e o Senhor o levantará, e se ele tiver cometido pecados, eles lhe serão perdoados. Portanto, confessem seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que sejam curados. A oração eficaz do justo pode realizar muito. Elias era um homem com natureza como a nossa, e ele orou com fervor para que não chovesse, e não choveu sobre a terra por três anos e seis meses. Depois ele orou novamente, e o céu derramou chuva, e a terra produziu seu fruto. Meus irmãos, se algum de vós se desviar da verdade, e algum outro o converter, sabei que aquele que converte um pecador do erro do seu caminho salvará uma alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados (Tiago 5:19-20).

Moisés ora para que o SENHOR os tomasse como Sua própria herança. Este é um pedido adicional de perdão, pois Deus já havia dito que faria de Israel Sua herança como recompensa pela obediência do povo aos Seus mandamentos e aliança:

Subiu Moisés a Deus, e do monte Jeová o chamou, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel: Tendes visto o que fiz aos egípcios, de que modo vos trouxe sobre asas de águias e vos cheguei a mim. Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos...” (Êxodo 19:3-6).

Logo depois de Deus fazer esta proposta de obediência à Sua voz, Moisés "apresentou [aos anciãos] todas estas palavras que o SENHOR tinha ordenado" (Êxodo 19:7). Pouco depois, o povo concordou com o "pacto", a aliança, e disse: "Tudo o que o SENHOR falou, nós faremos!" (Êxodo 19:8). Em questão de dias, eles violaram completamente a aliança no incidente do bezerro de ouro, o que claramente violava a condição estabelecida por Deus para fazer de Israel Sua própria herança. Agora, Moisés pede a Deus para fazer de Israel Sua própria herança com base em Seu favor a Moisés.

Deus não responde diretamente ao pedido de Moisés de fazer de Israel Sua própria herança neste trecho. Quando Moisés se despede e prepara Israel para entrar na terra, conforme registrado em Deuteronômio, ele declara:

Porém Jeová vos tomou e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, para ter um povo que fosse a sua herança, como hoje se vê” (Deuteronômio 4:20).

Moisés repete isso em Deuteronômio 7:6 e 14:2. Isso indica que Deus estabelece uma oportunidade condicional para que o povo fosse Sua própria herança como recompensa especial por sua obediência à aliança. Esta recompensa em particular - uma posição especial como Sua herança, como uma jóia preciosa entre as nações - era condicional à obediência de Israel. No entanto, a escolha de Deus de ter a Israel como Seu povo escolhido era uma concessão irrevogável, com base em Suas promessas aos patriarcas (Romanos 11:1-3, 26-29).

Deus, em breve, instruiria ao povo quanto à construção do tabernáculo. Ele estaria no meio deles, já que cumpriria o acordo de ir adiante deles em direção à Terra Prometida, conforme solicitado por Moisés.

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