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Significado de Êxodo 7:1-7
O versículo 1 inicia a seção (versículos 1-7) descrevendo a preparação final de Moisés para seu papel de libertador. Novamente, o Senhor disse a Moisés várias coisas que ele precisava saber, incluindo dando uma resposta à sua pergunta em 6:30 ("Como, então, Faraó me ouvirá?") Para aliviar o medo de falar que Moisés tinha, o SENHOR lhe diz: Eu te faço como Deus ao Faraó. A palavra para "Deus" usada aqui é Elohim, a mesma de Gênesis 1:1. É usada raramente para se referir aos seres humanos, como no Salmo 82:1 e Salmo 82:6. Jesus cita o Salmo 82:6 para responder à objeção dos judeus a Ele alegando ser Deus em João 10:33-39. A idéia principal da palavra Elohim é uma “autoridade com poder para governar”. Deus é o maior dos Elohims, porém há outros subordinados a Ele. Os anjos também são referidos como Elohim, como no Salmo 8:5 (o Salmo 8 fala sobre governo e autoridade).
Além disso, o hebraico não tem a palavra "as" - ela foi adicionada pelos tradutores para transmitir o significado subjacente ao que havia sido dito antes em relação à palavra Elohim, ou seja, Moisés não se tornou, de repente, um ser divino. Em vez disso, significa que Moisés seria um representante divino aos olhos do Faraó, uma autoridade nomeada por Deus para se dirigir ao Faraó. Isso fica evidente para o Faraó quando Moisés lhe direciona as palavras do Senhor e também quando Moisés parece ser capaz de controlar as pragas.
Além disso, o SENHOR diz a Moisés que seu irmão Arão será seu profeta. O trabalho de um profeta era falar a palavra de Deus. Neste caso, o Elohim ou "deus" estava em Moisés. Em outras palavras, Arão deveria ser o porta-voz para falar diretamente ao Egito e a Israel, em vez de Moisés. Esta graciosa provisão resolve de uma vez por todas a relutância de Moisés de não ser um orador habilidoso. Agora, ele deveria transmitir a mensagem do SENHOR ao seu profeta Arão, que deveria então dar a mensagem ao Faraó.
O SENHOR, então, descreve no versículo 2 qual seria o procedimento a partir de agora -Falarás tudo o que Eu te ordenar e seu irmão Arão falará ao Faraó. Com esse sistema, Moisés não precisava falar diretamente com o Faraó. Este deve ter sido um pensamento reconfortante para ele. Ele só precisava falar com seu irmão mais velho, Arão. No entanto, a responsabilidade da liderança permaneceu com Moisés e ele continuou a cumprir sua responsabilidade com grande diligência.
O propósito e o objetivo de tudo isso é que Faraó deixe os filhos de Israel saírem de sua terra. O que estava prestes a acontecer tinha o objetivo de libertar Israel.
A próxima parte da resposta do SENHOR (versículos 3-5) diz respeito às Sua relação com os egípcios. O texto começa com o SENHOR dizendo: Porém, endurecerei o coração do Faraó. Esta é uma declaração enfática do envolvimento direto do Senhor com o Faraó. Os tradutores acrescentaram o pronome "Eu" ao texto original para mostrar isso. Assim, podemos traduzir como: "Mas, quanto a mim, Eu vou..." O tempo imperfeito da palavra usada aqui para "endurecer" (qashah) é usado apenas na seção que descreve as pragas e é um dos três termos usados para descrever a teimosia do Faraó. O tempo imperfeito aqui provavelmente indica que algo está prestes a acontecer e Deus se certificará de que isso ocorra.
A idéia de o SENHOR endurecer o coração do Faraó e depois responsabilizá-lo por suas decisões causa muita discussão e discordância. Como um Deus de bondade e justiça pode ditar os resultados e ainda responsabilizar a pessoa por seus atos? Uma das perspectivas afirma que "endurecer" o coração é uma linguagem hebraica e não deve ser tomada ao pé da letra. No entanto, parece melhor vermos o endurecimento como imposto por Deus, mas também como resultado da teimosia natural por parte do Faraó. Um princípio geral do juízo de Deus é tipicamente dar às pessoas o que elas desejam. As pessoas que rejeitam a Deus desejam coisas destrutivas para si mesmas. Vemos isso em Romanos 1, onde Deus "entrega" as pessoas que rejeitam a Deus "às suas concupiscências". No caso do Faraó, Deus estava lhe dando o que seu coração desejava.
Deus mostra misericórdia a quem quer, mostra favor a quem quer e se opõe a quem quer. No exemplo do Faraó, o Faraó já se opunha a Deus e resistia a todos os métodos que Deus usava para se comunicar com ele, fosse através de Moisés e Arão literalmente dizendo ao Faraó o que Deus ordenava, ou das muitas pragas que Deus enviaria para causar o caos em seu reino. Deus sabia que Faraó O desafiaria em todos os momentos e é por isso que Deus permitiu que ele fosse Faraó em primeiro lugar. Ele usou um governante poderoso e rebelde para mostrar que Ele, Deus, era muito mais poderoso e que toda a terra deveria ver isso.
Faraó resume sua própria atitude rebelde em relação a Deus em Êxodo 5, onde pergunta a Moisés: Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz para deixar Israel ir? Não conheço o Senhor e, além disso, não deixarei Israel ir. O que se segue são as dez pragas do Egito, resultando finalmente na morte do filho do Faraó. Mesmo assim, o Faraó persegue aos israelitas para recuperá-los como escravos. Deus trabalha contra esse rei perverso, endurecendo-o, sobrecarregando-o com mandamentos, pragas e devastação e Faraó diligentemente responde: Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz? O legado do Faraó é exatamente como as Escrituras afirmam: Deus mostrou Seu poder, Deus resgatou Seu povo e o mundo soube da queda daquele rei perverso de quem os israelitas foram libertados, por causa do poder de Deus e da vontade de Deus.
Paulo se refere a esta passagem em Romanos 9:18 - "Então ele tem misericórdia de quem deseja, e endurece a quem deseja". A palavra grega usada aqui para "endurece" é a mesma usada no Antigo Testamento grego em 7:3. Está dentro da soberania de Deus endurecer o coração do Faraó, se isso for parte de Sua vontade. Por outro lado, há três lugares no relato das pragas em Êxodo onde Faraó endurece seu próprio coração (8:15, 8:32, 9:34). Aqui, a teimosia do Faraó é o resultado de sua falta de vontade de perceber que as pragas estavam fora de seu controle e que ele se recusou a reconhecer o verdadeiro soberano no Egito.
O SENHOR diz que o propósito do endurecimento é que Ele multiplique os Meus sinais e as Minhas maravilhas na terra do Egito. Os "sinais" que o SENHOR mostrou ao endurecer o coração do Faraó e, posteriormente, através das pragas, é que Ele é maior e mais poderoso do que os governantes mais poderosos do mundo.
Nos versículos 4 e 5, o SENHOR diz a Moisés o que estava prestes a acontecer quando o Faraó não o ouvisse. Ainda que Moisés tenha sido feito "deus" para o Faraó, o tirano não o ouvirá e parecerá a Moisés que o plano foi um fracasso. Mas, o SENHOR proclamou: Porei a Minha mão sobre o Egito e tirarei os Meus exércitos, Meu povo, filhos de Israel, da terra do Egito por grandes juízos. A frase "colocar a mão" denota um julgamento forte, envolvendo ações hostis e que podem levar à morte (ver 2 Samuel 18:12 e Lucas 20:19 como exemplos). O ponto do SENHOR aqui parece ser o de que os confrontos de Moisés e Arão com Faraó não libertariam os israelitas - seria obra do SENHOR através de Seus grandes julgamentos. O SENHOR também está informando a Moisés com antecedência que mais rejeição do Faraó estava por vir, mas que tudo se encaixava em Seu plano.
O SENHOR chama os israelitas de seus "exércitos". Este é um termo frequentemente usado para descrever exércitos, como em "o Senhor dos Exércitos" (Isaías 1:24 é um exemplo). O uso do termo aqui implica que os israelitas partirão do Egito em uma formação de batalha organizada, não em uma multidão desorganizada.
O SENHOR, então, afirma que os egípcios saberão que Eu sou o Senhor, quando Eu estender a mão sobre o Egito e tirar os filhos de Israel do meio deles. A frase "estender a mão" é semelhante a "colocar a mão" no versículo anterior. Os egípcios deveriam perceber ("saber") que era o SENHOR quem estava causando a destruição de sua terra, não um de seus próprios deuses. Sabendo que foi o SENHOR perpetrando esses juízos, os egípcios pediriam alívio. Os israelitas também "saberiam" que o SENHOR foi seu libertador.
Em resposta às palavras do Senhor, Moisés e Arão fazem Conforme o Senhor lhes ordenou, assim o fizeram. A repetição de que eles "fizeram" o que lhes foi ordenado enfatiza que eles fizeram exatamente o que o SENHOR lhes disse para fazer. As Escrituras chamam Moisés de o homem mais humilde de toda a terra (Números 10:3). O fato de Moisés obedecer a Deus tão completamente, apesar das reservas, e apesar de Deus prever a rejeição vindoura do Faraó, é a atitude de humildade. Moisés aceitou plenamente sua responsabilidade e obedeceu completamente, apesar das dúvidas e preocupações.
A seção termina com uma nota sobre a idade de Moisés e Arão. Diz que Moisés tinha oitenta anos e Arão oitenta e três, quando falaram com o Faraó. Muitas vezes, na Bíblia, a idade de uma pessoa é mencionada na ocorrência de um evento significativo ou de algo que está prestes a ocorrer (Gênesis 7:6, 16:16; Josué 14:7).
É interessante que Moisés levou oitenta anos para ser preparado para a tarefa de libertar Israel do Egito. Ao pregardor D. L. Moody é atribuída a seguinte frase: "Moisés passou quarenta anos na corte do Faraó pensando que era alguém; quarenta anos no deserto aprendendo que não era ninguém; e quarenta anos mostrando o que Deus pode fazer com alguém que descobriu que não era ninguém". Moisés viverá mais quarenta anos e ainda terá a saúde de um jovem quando morrer no Monte Nebo (Dt 34:7).